quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

43 Buddha Eremita





           ( Imagem das ruínas de Jetavana, Índia ).
43
A pessoa teimosa...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um certo Irmão teimoso. O Abençoado pergunta a ele se é verdade que é teimoso, e o Irmão admitiu que era. “Irmão,” disse o Mestre, “esta não é a primeira vez que foste teimoso: o foste também justo como em dias passados, e, como resultado da sua teimosia em recusar seguir conselho do sábio e bom, encontraste a morte com uma picada de cobra.” E assim falando ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu em uma família rica do Reino de Kāsi. Chegando à idade da discrição, viu como da paixão brota dor e como benção verdadeira vem do abandono da paixão. Então afastou-se das luxúrias, e indo pra os Himālaias tornou-se eremita, ganhando pelo preenchimento das meditações místicas ordenadas as cinco ordens do Alto Conhecimento e as oito Consecuções. E enquanto vivia a vida em rapto de Insight, ele veio a ter depois de tempos um largo séqüito de quinhentos eremitas, de quem era o professor.

Bem, um dia um jovem víbora venenosa, vagando como as víboras vagam, veio à cabana de um dos eremitas; e aquele Irmão cresceu em afeição pela criatura como se ela fosse sua criança, deixando ela morar numa junta de bambu e mostrando simpatia por ela. E porque esta alojada numa junta de bambu, a víbora ficou conhecida pelo nome de “Bambu.” E daí, porque o eremita afeiçoara-se da víbora como se sua criança fora, chamavam a ele de “Pai de Bambu.”

Escutando que um dos Irmãos guardava uma víbora, o Bodhisatva mandou chamar o Irmão e perguntou se o relato era verdadeiro. Quando dito que era verdadeiro, o Bodhisatva disse, “Não se pode confiar numa víbora; não a guarde mais.”

“Mas,” insistiu o Irmão, “minha víbora é querida por mim como um pupilo a um professor; - não posso viver sem ela.” “Bem então,” respondeu o Bodhisatva, “saiba que esta serpente mesma fará você perder tua vida.” Mas sem escutar o conselho do Mestre, aquele Irmão manteve o bicho de estimação de quem não podia se separar. Bem poucos dias depois todos os Irmãos saíram para colher frutos, e chegando no lugar em cresciam de todos os tipos em abundância, ficaram lá dois ou três dias. Com eles foi “Pai de Bambu,” deixando a víbora para trás em sua prisão de bambu. Dois ou três dias depois, quando voltou, ele recordou-se de alimentar a criatura, e, abrindo a gaiola, esticou a mão dizendo, “Venha meu filho; deves estar faminto.” Mas irada com o logo jejum, a víbora picou sua mão esticada, matando-o ali, e escapou para a floresta.

Vendo-o lá morto, os Irmãos vieram e contaram ao Bodhisatva, que fez o corpo ser queimado. Então sentado no meio ele exortou os Irmãos repetindo a estrofe:-

A pessoa teimosa, que, quando exortada, presta
Nenhuma atenção à amigos que gentis conselhos lhe dão
Como ‘Pai de Bambu’ será levado ao nada.

Assim o Bodhisatva exortou seus seguidores; e ele desenvolveu em si os quatro Estados Nobres, e à sua morte re-nasceu no Reino de Brahma.

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Disse o Mestre, “Irmão, esta não é a primeira vez que te mostras teimoso; foste teimoso igual em dias passados, e daí encontraste a morte com uma picada de víbora.” Tendo terminado sua lição, o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Naqueles dias, este Irmão teimoso era ‘Pai de Bambu’, meus discípulos eram o bando de discípulos, e eu mesmo o professor.”

 [ Fábula de Esopo Buddhista ]

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