quinta-feira, 7 de março de 2013

460 A Grande Renúncia


       Borobudur, a imagem em pedra da grande renúncia com as vestes,a coroa, os símbolos reais nas mãos de Channa com os deuses já descendo com uma bandeja para guardá-los. O cavalo Kanthaka também aparece na cena. Buddha corta os cabelos. 'No meio do quadrinho tinha uma pedra...'

460
Saúdo o senhor...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre a Grande Renúncia. Um dia os Irmãos haviam se reunido no Salão da Verdade. “Irmão,” disse um a seu companheiro, “o Dasabala poderia morar numa casa, ter sido o monarca universal no centro do grande mundo, possuir as Sete Coisas Preciosas, glorioso com as Quatro Faculdades Sobrenaturais ( cf. Jataka 276 ) e viver cercado por amis de mil filhos ! Contudo toda esta magnificência ele renunciou quando percebeu a perdição que descansa nos desejos. À meia noite, na companhia de Channa, o cavalariço montou seu cavalo Kanthaka e partiu : nas margens do Anoma, Rio Glorioso, ele renunciou o mundo e por seis anos se atormentou com austeridades e então atingiu a perfeição da sabedoria.” Assim falavam das virtudes de Buddha. O Mestre entrando perguntou, “Sobre o quê vocês conversam, Irmãos, sentados aí ?” Disseram a ele. Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que o Tathagata faz a Grande Renúncia. Em tempos passados ele se retirou e desistiu do reino da Cidade de Benares, que tinha a extensão de doze léguas.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez um rei chamado Sabbadatta reinava na cidade de Ramma. O lugar que agora chamamos de Benares é chamado Cidade de Surundhana no Jataka Udaya de número 458 e chamada de Sudassana no Jataka Cullasutasoma 525 e de Brahmavaddhana no Jataka Sonandana 532 e Pupphavati no Jataka Khadahala 542 mas neste Jataka Yuvañjaya é chamada Cidade de Ramma. Deste modo seu nome muda em diversas ocasiões. Nesta vez o rei Sabbadatta tinha mil filhos ; e ao filho mais velho Yuvañjana fez vicerei.
Um dia cedo de manhã ele montou sua esplêndida carruagem e em grande pompa foi fazer esporte no parque. Nos topos das árvores, nas pontas das gramas, em todas as teias e tramas de aranhas, nos caules dos juncos, ele viu gotas de orvalhos penduradas como muitos colares de pérolas. “Amigo auriga,” cotejou, comentou, “o quê é sito ?” “isto, meu senhor,” ele respondeu,”é o que cae no tempo frio e chama-se orvalho.” O príncipe divertiu-se no parque por parte do dia. À tarde, quando retornava para casa, não viu nenhum orvalho. “Amigo auriga,” disse ele, “onde está o orvalho ? Não os vejo agora.” “Meu senhor,” disse o outro, “quando o Sol sobe alto eles derretem e afundam no chão.” Escutando isto, o príncipe ficou aflito e disse, “Nossa vida, dos seres vivos, tem a forma, figura, de gotas de orvalho na grama. Devo me livrar da opressão da doença, da idade e da morte ; devo pedir licença a meus pais e renunciar ao mundo.” Assim por causa das gotas de orvalho ele percebeu os Três modos da Existência ( kamabhavo, rupabhavo, arupabhavo ) como em um fogo em brasas. Quando voltou para casa, foi até a presença de seu pai em seu magnífico Salão de Julgamento e saudando seu pai permaneceu em um lado e repetiu a primeira estrofe pedindo a ele permissão para deixar o mundo :

Saúdo o senhor dos aurigas com amigos e cortesãos ao lado :
O mundo, Ó Rei ! Renunciarei : que meu senhor não negue.

O rei repetindo a segunda estrofe para dissuadí-lo :

Se algo desejas, Yuvañjana, realizarei plenamente :
Se alguém te persegue, eu protejo : não seja eremita.

Escutando isto, o príncipe recitou a terceira estrofe :

Ninguém me persegue : meus desejos nenhum falta
Mas buscarei um refúgio onde a velhice não ataca.
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A guisa de explicação sobre esta matéria, o Mestre pronunciou meia estrofe :
O filho falou assim com o pai e o pai com o filho :

A meia estrofe remanescente foi pronunciada pelo rei :

Não deixe o mundo, Ó príncipe ! Assim grita o povo todo.
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O príncipe novamente repetiu esta estrofe :

Ó, da vida não mundana separado, grande monarca, não me faça ficar
Para que, intoxicado com luxúrias, seja presa da idade.

Isto dito o rei hesitou. Então disse à mãe, “Teu filho, minha senhora, é pedindo a seu pai licença para renunciar ao mundo.“ “O quê você disse ?” ela perguntou. Ela ficou sem ar. Sentada em uma liteira de ouro foi rapidamente para o Salão do Julgamento e repetindo a sexta estrofe, pediu :

Te peço, sou eu, meu querido e te farei permanecer !
Há muito desejo ver-te, meu filho : Ó por favor não vá !

Escutando isto o príncipe repetiu a sétima estrofe :

Como orvalho na grama, quando o Sol levanta-se quente,
Tal é a vida das pessoas mortais : Ó mãe, não me faça ficar !

Quando ele falou isto, ela continuou pedindo do mesmo jeito. Então o Grande Ser se dirigiu ao pai na oitava estrofe :

Que partam os que carregam a liteira : não deixe minha mãe
Me impedir, poderoso rei ! De entrar no caminho sagrado.

Quando o rei escutou as palavras de seu filho, disse, “Vá, senhora, em sua liteira, de volta para teu palácio das Delícias Perenes.” Com estas palavras os pés dela falharam : e cercada de empregadas, partiu, entrando no palácio e eprmanecendo olhando em direção ao Salão de Julgamento e cogitando as notícias de seu filho. Após a saída da mãe o Bodhisatva pediu novamente licença a seu pae. O rei não podia recusar e disse “Faça tua vontade então caro filho e renuncie ao mundo.”
Quando este consentimento foi ganho, o irmão mais novo do Bodhisatva, Príncipe Yudhitthila, saudou ao pai e do mesmo modo pediu licença para seguir a vida religiosa e o rei consentiu. Ambos os irmãos deram adeus ao pai e tendo renunciado as luxúrias mundanas partiram do Salão do Julgamento, nomeio de uma grande companhia de pessoas. A rainha contemplando o Grande Ser gritava chorando, “Meu filho renunciou ao mundo e a cidade de Ramma esvaziará !” Então ela repetiu um par de estrofes :

Apressem-se, e abençoem-se ! Vazia está Rammaka creio :
Rei Sabbadatta deixou Yuvañjana ir.

O mais velho de mil, ele, como ouro a ser guardado
Este poderoso príncípe largou o mundo vestindo o manto amarelo.

O Bodhisatva não abraçou imediatamente a vida religiosa. Não,primeiro ele se
despediu dos pais, então levando seu irmão mais moço Príncipe Yudhitthila, deixou a cidade, e mandando de volta a grande multidão que os seguia, ambos foram para os Himalaias. Construindo lá em um lugar aprazível um eremitério e abraçaram a vida de sábio sagrado e cultivando o rapto transcendente da meditação viveram por toda a vida de raízes e frutos da floresta e tornaram-se destinados ao mundo de Brahma.

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Este assunto é expllicado na estrofe da perfeita sabedoria que vem por último :

Yuvañjana, Yudhitthila, na vida santa permaneceram :
Pai e mãe deixaram, quebraram os dois os grilhões da morte.

Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que o Tathagata renuncia ao mundo para seguir a vida religiosa mas aconteceu o mesmo antes ;” então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo membros da atual família do rei eram pai e mãe, Ananda era Yudhitthila e eu era Yuvañjana.”