quarta-feira, 30 de novembro de 2011

438 Buddha Perdiz


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438
Tua progênie inocente...etc.”- Esta história o Mestre contou enquanto residia no Pico do Abutre, relata a tentativa de Devadatra em matá-lo. Foi neste momento que começaram uma discussão no Salão da Verdade, dizendo, “ Ai ! Senhores, como era baixo e sem vergonha este Devadatra. Juntando-se com Ajatasatru fez um complô para matar o excelente e supremo Buddha, subornando arqueiros, rolando rochas e soltando Nalagiri ( elefante louco ).” O Mestre veio e questionando os Irmãos sobre o quê discutiam n'assembleia e entendendo o quê foi, diz, “Não agora apenas mas anteriormente também, Devadatra quer me matar mas agora ele nem medo mete,” e relatou um lenda do mundo antigo.
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Certa vez no reino de Brahmadatra, rei de Benares, um professor renomado de Benares dava aulas em ciência para quinhentos jovens brahmins. Um dia ele pensou, “Enquanto viver aqui encontrarei impedimentos à vida religiosa e e meus pupilos não se aperfeiçoam nos estudos. Vou me retirar para os montes dos Himalaias numa casa na floresta e lá prosseguirão as aulas.” Ele disse a seus pupilos e pedindo que trouxessem sésamo ( gergilim ), arroz com casca, azeite, roupas e coisas assim foi para a floresta e lá construiu cabana de folhas e ficou residência perto da estrada. Seus pupilos também cada um construiu uma cabana para si mesmo. Os parentes enviaram arroz e semelhantes, e os nativos do local dizendo, “Um famoso professor está vivendo em tal e tal lugar na floresta e dando aulas de ciência,” traziam presentes de arroz e os mateiros também ofereciam dons, enquanto um certo homem deu uma vaca leiteira com o bezerro dela, para supri-los de leite. Bem, um lagarto junto com seus filhotes veio morar na cabana do professor e um leão e um tigre o ajudava. Um perdiz também morava lá e de escutar o mestre ensinar os textos sacros a seus pupilos, o perdiz aprendeu os três Vedas. E os jovens brahmins ficaram muito amigos do pássaro. Logo logo antes dos jovens atingirem proficiência nas ciências, o professor deles morre. Seus pupilos queimam o corpo dele, erigem um topo de areia sobre suas cinzas e com choro e lamento o adornaram com todo tipo de flores. Então a perdiz pergunta a eles porque choram. “Nosso mestre,” eles responderam, “morreu enquanto nossos estudos ainda estavam incompletos.” “Se é por isso, não fiquem estressados : ensinarei ciência para vocês.” “Como você sabe ciência ?” “Costumava escutar o mestre de vocês enquanto ele ensinava e aprendi de cor(ação) os três Vedas.” “Então partilhe conosco o que sabes de cor(ação).” A perdiz disse, “Bem, ouçam,” e expôs pontos difíceis para eles, fácil como um córrego que escorre pela montanha. Os jovens brahmins ficaram altamente deliciados e adquiriram ciência de uma perdiz letrada. E o pássaro ficou no lugar do afamado professor e deu aulas de ciência. Os jovens fizeram para ele uma gaiola dourada e amarraram um toldo por cima, servindo mel e grão escolhido em um prato dourado e presenteando-o com diversas flores coloridas, prestando grande honra ao pássaro. Foi espalhado e difundido por toda a Índia que uma perdiz na floresta estava instruindo quinhentos jovens brahmis nos textos sacros. Naqueles dias pessoas proclamaram um festival no alto – era como reunir o povo no topo da montanha. Os pais dos jovens enviaram uma mensagem para seus filhos virem e verem o festival. Eles contaram à perdiz e confiando o pássaro instruído e todo seu eremitério aos cuidados do lagarto, deixaram e partiram para suas várias cidades. Naquele momento um asceta sem piedade vagando para lá e para cá chegou naquele lugar. O lagarto vendo-o começou conversa amigável com ele, dizendo, “Em tal e tal lugar você encontrará arroz, azeite e semelhantes ; cozinhe um pouco de arroz e seja feliz,” e assim falando partiu em busca da própria comida. Cedo pela manhã o desgraçado cozinhou arroz, matou e comeu os dois lagartinhos filhotes, fazendo um prato fino com eles. Ao meio dia ele matou e comeu a perdiz letrada e o bezerro e à tarde assim que viu a vaca voltando para casa ele a matou também e comeu a carne. Depois deitou roncando e dormindo aos pés de uma árvore. À noitinha o lagarto voltou e sentindo falta dos seus filhotes ficou ao redor procurando-os. Um espírito-d'árvore observando o lagarto todo tremendo porque não achava seus filhotes, com um exercício de poder divino levantou-se na cavidade do tronco d'árvore e disse, “Cesse de tremer lagarto : seus filhotes, a perdiz, o bezerro e a vaca foram assassinados por este sujeito ruim. Morde ele no pescoço de modo a matá-lo.” E assim falando com o lagarto a deidade falou a primeira estrofe :

Tua progênie inocente ele comeu,
Apesar de ter-lhe dado arroz bastante ;
Com teus dentes morda a carne dele,
Não deixe o desgraçado escapar vivo.
Então o lagarto repetiu duas estrofes :

Suja como sua alma gananciosa está lambuzada, qual roupa de babá,
Sua pessoa está toda imune aos meus dentes, temo.

Falhas espreita em todo lado o abjeto ingrato,
Nem com o dom do mundo pode ser satisfeito.

O lagarto assim falando pensou, “Este sujeito acordará e me comerá,” e para salvar sua vida, fugiu. Bem, o leão e o tigre estavam em muitos bons termos de amizade com a perdiz. Algumas vezes costumavam ir e ver a perdiz e outras vezes a perdiz ia e ensinava a Lei a eles. Ho-je o leão disse ao tigre, “Já faz bastante tempo desde que vimos a perdiz ; deve ter sete ou oito dias : vá e traga novas dela.” O tigre assentiu prontamente e ele chegava no lugar no mesmo momento que o lagarto fugia e encontrou o vil desgraçado dormindo. Em seus cachos de tranças podiam ser vistos algumas penas de perdiz próximo estavam os ossos do bezerro e da vaca. Rei tigre, vendo tudo e não encontrando a perdiz na gaiola dourada pensou, “Estas criaturas devem ter sido mortas por este sujeito ruim,” e o levantou com um chute. Vendo o tigre o homem ficou terrivelmente assustado. Então o tigre perguntou, “Você matou e comeu estas criaturas ?” “Nem os matei nem os comi.” “Desgraçado vil, se você não os matou, diga-me quem o faria ? E se você não me disser, és um homem morto !” Temendo por sua vida ele disse, “Sim, senhor, matei e comi os jovens lagartos e a vaca e o bezerro mas não matei a perdiz.” E apesar dele protestar bastante, o tigre não acreditou e perguntou, “Você veio de onde para cá ?” “Meu senhor, mascateio bens mercantis para viver no país Kalinga e após apregoar uma coisa e outra cheguei aqui.” Mas quando o homem contou tudo que tinha feito, o tigre disse, “Você sujeito ruim, se não mataste a perdiz quem o poderia ter feito ? Venha, devo levá-lo para diante do leão, o rei das bestas.” Então o tigre saiu levando o homem diante dele. Quando o leão viu o tigre trazendo o homem com ele, colocando na forma de uma pergunta ele falou a quarta estrofe :

Por quê com pressa, Subahu, estais aqui,
E por quê contigo este bom jovem aparece ?
Que urgência existe, prego ?
Rápido, diga-me a verdade sem demora.

[ Subahu significa 'braço-forte' e é o nome do tigre ; cf. Jataka 361 ]

Escutando isto o tigre falou a quinta estrofe :

A perdiz, Senhor, nossa amiga valiosa,
Desconfio que ho-je teve um fim ruim :
Os antecedentes deste sujeito me fazem temer
Podemos escutar más novas da nossa boa perdiz.

Então o leão falou a sexta estrofe :

Quais podem ser os antecedentes deste sujeito
E quais os pecados que ele confessou a ti,
Para fazê-lo crer que algum infortúnio
Aconteceu com o pássaro sabido ho-je ?

Então respondendo a ele o rei tigre repetiu os versos restantes :

Como mascate através da terra de Kalinga
Ele viajou por estradas ruins, cajado na mão ;
Foi visto com acrobatas,
E bichos inocentes amarrou com trabalho ;
Com jogadores de dados também frequentemente jogava,
E armadilhas para pequenos pássaros armou ;
Nas multidões com porretes lutou,
E ganho medindo milho procurou :
Falso a seus votos, à meia-noite brigou
Ferido, lavou o sangue :
Suas mãos queimou ao ter coragem
De apanhar comida muito quente para segurar.
Tal a vida que escutei, ele leva,
Tais são os pecados sobre a cabeça dele,
E já que sabemos que a vaca está morta,
E penas aparecem no meio dos seus cabelos,
Temo grandemente pela amiga perdiz.

O leão perguntou ao homem, “Você matou a perdiz letrada ?” “Sim, meu senhor, matei.” O leão escutando-o falar a verdade, ficou ansioso em deixá-lo ir mas o rei tigre disse, “Este vilão merece morrer,” e lá e então o rasgou com seus dentes. Depois fez um buraco e atirou o corpo dentro dele. OS jovens brahmins quando retornaram para casa e não encontraram a perdiz com choro e lamento deixaram o lugar.

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O Mestre terminou sua lição dizendo, “Assim, Irmãos, Devadatra desde antigamente quer me matar,” e ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o asceta era Devadatra, o lagarto Kisagotami, o tigre Mooggaallana, o leão Sariputra, o professor renomado Kassapa e a perdiz sabida era eu mesmo.”

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

437 Buddha e o chacal


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           pintura de Ajanta, Índia

437
Por quê os olhos de Putimansa...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana relativa ao subjugar dos sentidos. Pois certa vez haviam muitos Irmãos que não mantinham guarda na avenida dos sentidos. O Mestre disse ao ancião Ananda, “Devo aconselhar estes Irmãos,” e devido à vontade deles de auto controle os reuniu na assembleia dos Irmãos e sentou no meio de um sofá ricamente adornado e assim se dirigiu a eles : “Irmãos, não é certo que um Irmão sob a influência da beleza pessoal coloque suas afeições em atributos mentais ou físicos, pois vai que ele morre em tal momento, ele re-nasce no ínfero e em estados ruins semelhantes. Um Irmão não deve alimentar sua mente com atributos mentais e físicos. Aqueles que fazem isto mesmo na presente condição das coisas estão inteiramente arruinados. Portanto é bom, Irmãos, que o olho dos sentidos seja tocado com um prego de ferro quente.” E aqui ele deu outros detalhes, adicionando, “Há um tempo para ti para ver a beleza e um tempo para não considerá-la : no tempo de vê-la, veja-a não sob a influência do quê é agradável mas do que é desagradável. Assim tu não cairás para fora da tua própria esfera. O quê então é esta tua esfera ? As quatro meditações diligentes mesmo, o caminho óctuplo sagrado, as nove condições transcendentes. Se vocês andarem neste domínio próprio de vocês, Mara não encontrará entrada, mas se vocês estão submetidos as paixões e olham as coisas sob a influência da beleza pessoal, como o chacal Putimansa, vocês cairão fora da própria esfera verdadeira,” e com estas palavras ele relatou uma história do passado.

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Certa vez no reino de Brahmadatra, rei de Benares ( Varanasi ), muitas centenas de cabras selvagens habitavam uma caverna da montanha em um distrito de floresta nos cumes dos Himalaias. Não distante do lugar de domicílio deles um chacal chamado Putimansa com sua esposa Veni vivia numa caverna. Um dia quando ele estava vagueando ao redor com sua esposa, ele espreitou estas cabras e pensou, “devo encontrar algum meio de comer a carne destas cabras,” e com algum artifício ele matou um única cabra. Ambos, ele e sua esposa, alimentando-se de carne de cabra cresceram fortes e grandes de corpo. Gradativamente as cabras diminuíram de número. Entre elas havia uma cabra sábia chamada Melamātā. O chacal apesar de hábil em artifícios não a podia matar e aconselhando-se com sua esposa ele disse, “Minha querida, todas as cabras morreram. Devemos pensar como comer esta cabra. Bem aqui tem um plano. Você vai sozinha e torna-se amiga dela e quando confiança estiver surgido entre vocês, vou me deitar e me fingir de morto. Então você se aproxima da cabra e diz, 'cara, meu marido está morto e estou desolada ; exceto por você não tenho amigos : venha, vamos lamentar e chorar, e enterrar o corpo dele.' E com estas palavras venha e traga ela com você. Então eu vou saltar e matar ela com uma mordida no pescoço.” Ela prontamente concordou e após ficar amiga da cabra, quando confiança estava estabelecida, ela falou as palavras sugeridas pelo marido. A cabra respondeu, “Minha cara, todos os meus parentes foram devorados por teu marido. Temo ; não posso ir.” “Não tema ; que dano pode um morto te fazer ?” “Teu marido é de mente cruel ; temo.” Mas depois sendo repetidamente importunada a cabra pensou, “Ele certamente está morto,” e consentiu em ir com ela. No caminho porém ela pensou, “Quem sabe o quê acontecerá ?” e suspeitando ela fez a chacal fêmea ir na frente, mantendo um olho aguçado no chacal. Ele escutou o som das patas delas e pensou, “Aí vem a cabra,” e pendurou a cabeça e rolou os olhos ao redor. A cabra vendo-o fazer isto disse, “Este tratante patife quer me levar para dentro e me matar : ele lá jaz fingindo de morto,” e ela girou e fugiu. Quando a chacal fêmea perguntou porquê fugia, a cabra deu a razão e falou a primeira estrofe :

Por quê os olhos de Putimansa arregalam-se ?
Seus olhares me desagradam :
De tal amigo se deve ter cautela,
E para longe fugir.

Com estas palavras ela girou e foi direto para sua própria toca. E a chacal fêmea falhando em pará-la ficou com raiva e foi para seu marido e sentou lamentando-se. Então o chacal a censurou falando a segunda estrofe :

Veni, minha esposa, parece fraca da cabeça,
Xingar amiga que fez
Abandonada pode apenas sentar
E chorar, traída pela arte de Mela.

Escutando isto a chacal fêmea falou a terceira estrofe :

Você também, meu senhor, dificilmente é sábio,
E, tola criatura, levantar a cabeça,
Arregalando os olhos abertos,
Apesar de fingir estar morto.

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Em tempo apropriado aqueles que são sábios
Sabem quando abrir ou fechar seus olhos,
Quem olha no momento errado, irá,
Como Putimansa, sofrer derrota.

Esta estrofe foi inspirada pela Perfeita Sabedoria.

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Mas a chacal fêmea confortou Putimansa e disse, “Meu senhor, não se avexe, encontrarei um meio de trazê-la aqui novamente e quando ela vier, esteja preparado e pegue ela.” Então ele procurou a cabra e disse, “Minha amiga, tua vinda se mostrou útil para nós ; pois assim que você apareceu, meu senhor recuperou a consciência e ele agora está vivo. Venha e converse amigavelmente com ele,” e assim falando disse a quinta estrofe :

Nossa antiga amizade, cabra, ainda uma vez revive,
Venha com tigela cheia até nós, prego,
Meu senhor que acreditava morto ainda vive,
Com saudação gentil visite-o ho-je.

A cabra pensou, “Esta tratante patife quer me levar para dentro. Não devo agir como uma inimiga aberta ; encontrarei meios de enganá-la,” e ela falou a sexta estrofe :

Nossa antiga amizade revive,
Uma tigela bem cheia alegre cedo :
Com um grande cortejo irei ;
Para festejarmos bem, corra para casa.

Então a chacal fêmea perguntou sobre os seguidores, o cortejo e falou a sétima estrofe :

Que tipo de acompanhante trarás,
Que darei boas vindas para festejar bem ?
Os nomes de todos lembrando
Para nós, prego, diga verdadeiramente.

A cabra falou a oitava estrofe e disse :

Sabujos cinza e marrom, outro com quatro olhos,
Com Jambuka formam meu cortejo de verdade :
Vá rápido para casa e prepare
Para todos alimento abundante.

[ N. do tr.: Maliya e Pingiya se referem as cores dos cachorros ; Caturaksha é um dos cães de Yama no Rigveda e Jambuka um espírito no cortejo de Skanda – onde vemos novamente referências aos deuses hindus ]

Cada um destes,” ela adicionou, “está acompanhado de quinhentos cachorros : então aparecerei com um cortejo de dois mil cães. Se eles não acharem comida eles te matarão e ao teu marido para comer.” Escutando isto a chacal fêmea ficou com tanto medo que pensou, “Já tive o bastante dela vindo até nós ; encontrarei meios de impedi-la de vir,” e falou a nona estrofe :

Não deixe tua casa ou temo
Teus bens poderão sumir :
Levarei tua saudação ao meu marido ;
Não se agite : não, nem uma palavra !

Com estas palavras ela correu com grande pressa, como se corresse pela vida e tomando seu marido consigo fugiram correndo. E nunca mais ousaram voltar àquele lugar.

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O Mestre terminou aqui e identificou o Jataka : “Naqueles dias eu era a divindade que habitava lá em uma velha árvore da floresta.”



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

436 Buddha e o Asura


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                            pintura de Ajanta, Índia

436
De onde vens, amigos...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um Irmão com mente mundana. O Mestre, dizem, perguntou a ele se era verdade que ansiava pelo mundo e ele confessando que sim, disse, “Por quê, Irmão, desejas mulher ? Muitas vezes as mulheres são fracas e ingratas. Antigamente, demônios Asura engoliam mulheres e apesar de guardarem-nas na barriga deles, não conseguiram mantê-las fiéis a um único homem. Como então você seria capaz disso ?” E com isto ele contou um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva prevendo prazeres pecaminosos entrou nos Himalaias e adotou a vida religiosa. E vivia lá de frutos selvagens e desenvolveu as Faculdades e as Consecuções. Não distante de sua cabana de folhas vivia um demônio Asura ( não Sura ; devas e asuras, suras e asuras ). De tempos em tempos ele se aproximava do Grande Ser e escutava a Lei ( Dharma ) mas ficava na floresta na autoestrada onde as pessoas reuniam-se, ele as pegava e comia. Neste tempo um certa senhora nobre do reino de Kasi, de beleza extrema, estabeleceu-se na vila da fronteira. Um dia ela ia visitar os pais e quando voltava este demônio viu as pessoas que formavam o cortejo dela e correu até eles em forma terrível. Os homens deixaram cair as armas das mãos e fugiram correndo. O demônio vendo uma mulher amável sentada na carruagem, caiu de paixão por ela e levando-a para sua caverna, fez dela sua esposa. Daí em diante ele trazia para ela ghee, arroz escolhido, peixe, carne, e semelhantes, assim como frutos maduros para comer e a vestia em roupas e ornamentos e de modo a mantê-la segura, a colocava em uma caixa que ele engolia, e assim a guardava na barriga [ n. do tr. : este tema mítico é antigo, aparecendo na história da chapeuzinho vermelho e na do pequeno polegar assim como na de Shiva e na mitologia grega tb – significa dentro de um mundo mesmo, protegido como num útero ]. Um dia ele desejou se banhar, e vindo a um tanque, lago, ele puxou para cima a caixa e tirando-a de dentro dela a banhou e a ungiu e quando ele já a havia vestido disse-lhe, “Por um pouco de tempo divirta-se em ar aberto,” e sem suspeitar de nenhum dano, ele foi para uma pequena distância se banhar. Neste momento o filho de Vāyu ( Vento ), que era um mágico, cingido com uma espada, andava pelos ares. Quando ela o viu, ela gesticulou de tal modo e fez sinais para ele vir até ela. O mágico rapidamente desceu para o chão. Então ela o colocou dentro da caixa e sentou nela, caixa, esperando a aproximação do Asura e assim que ela o viu vindo, antes que ele se aproximasse da caixa, ela a abriu e entrando dentro deitou por cima do mágico e com sua veste o envolveu. O Asura veio e sem examinar a caixa, pensou que era somente a mulher e engoliu a caixa e partiu para sua caverna. Enquanto ainda no caminho ele pensou, “Já faz muito tempo desde que vi o asceta : irei ho-je e prestarei respeito a ele.” Então foi visitá-lo. O asceta, vendo-o enquanto ainda estava distante, soube que haviam duas pessoas na barriga do demônio e pronunciando a primeira estrofe, ele disse, :

De onde vens amigos ? Bem vindos sejam todos os três !
Estejam a vontade para descansar comigo por enquanto, prego :
Creio que vives em paz e feliz ;
Já faz tempo que vocês não passam por aqui.

Escutando isto o Asura pensou, “Venho completamente só para ver este asceta e ele fala de três pessoas : o quê quer ele dizer ? Ele fala com conhecimento exato do estado das coisas ou está doido e falando tolices ?” Aproximou-se então do asceta e o saudou e sentando em uma distância respeitosa, conversou e falou a segunda estrofe :

Venho sozinho te ver ho-je
Nenhuma criatura me acompanha.
Por quê então tu, Oh santo eremita, diz,
De onde vens amigos ? Bem vindos sejam todos três.”

Disse o asceta, “Queres realmente escutar a razão ?” “Sim, santo Senhor.” “Sim, santo Senhor.” “Escute então,” ele disse e falou a terceira estrofe :

Tu e tua esposa são dois, esteja certo ;
Fechada numa caixa ela está segura :
Guardada salva sempre em tua barriga, ela
Com o filho de Vayu diverte-se feliz.

Escutando isto o Asura pensou, “'Máyacos' certamente são cheios de truques : supondo que sua espada está em mãos, ele me rasgará a barriga e escapará.” E ficando muito assustado ele tirou para fora a caixa e a deixou diante dele.

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O Mestre, em sua Perfeita Sabedoria em esclarecer as questões, repetiu a quarta estrofe :

O demônio ficou muito assustado com a espada.
E de seu estômago despejou a caixa no chão ;
Sua esposa com grinalda maneira adornada, qual noiva,
Com o filho de Vayu se divertindo feliz, foi encontrada .

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Assim que a caixa foi aberta o 'máyaco' pronunciou um encanto e tomando sua espada elevou-se nos ares. Vendo isto o Asura ficou agraciado com o Grande Ser que ele falou os restos dos versos, inspirado principalmente em seus louvores :

Oh implacável asceta, tua visão viu claro
Quão baixo pode afundar um pobre, escravo de mulher ;
Como a vida mesma conquanto guardada no estômago,
O tratante ainda foi libertino, penso eu.

Cuidava dela com carinho dia e noite,
Como eremitas da floresta cuidam de chama,
Ainda assim ela pecou para além de qualquer retidão :
Lidar com necessidades femininas acaba em vergonha.

Homem com seus milhares de artifícios em vão aguentará,
Crê em vão que suas defesas são seguras :
Como precipícios que descem aos Ínferos,
Pobres almas descuidadas ela está destinada a enfeitiçar.

O homem que evita o caminho das mulheres
Vive feliz e livre de todo sofrer ;
Ele sua benção verdadeira achará na solidão,
Distante de mulher e sua traição.

Com estas palavras o demônio caiu aos pés do Grande Ser e louvou-o dizendo, “Santo Senhor, Através de ti minha vida foi salva. Devido àquela mulher má quase fui morto pelo 'máyaco'.” Então o Bodhisatva expôs a Lei ( Dharma ) dizendo, “Não a machuque : guarde os preceitos,” e estabeleceu-o nos cinco preceitos morais. O asura disse, “Apesar de guardá-la na barriga, não consegui protegê-la. Quem conseguiria ?” e assim ele a deixou ir e voltou direto para sua casa na floresta.

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O Mestre, sua lição terminada, proclamou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o Irmão de mente mundana atingiu a fruição do Primeiro Caminho :- “Naqueles dias o asceta com poderes sobrenaturais de visão era eu mesmo.”




quinta-feira, 13 de outubro de 2011

435 Buddha Asceta


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               pintura de Ajanta, Índia. 

435
Na floresta solitária...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um jovem que foi tentado por uma certa garota tosca. A história introdutória será encontrada no Jataka 348 e é a mesma do 477.
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Na velha lenda esta garota sabia que se o jovem asceta quebrasse a lei moral, ele estaria em poder dela e pensando em engambelá-lo e trazê-lo de volta ao valhacouto das pessoas, ela disse, “Virtude que está protegida na floresta, onde as qualidades dos sentidos tais como beleza e semelhantes não têm existência, não se mostra muito frutífera mas carrega fruto abundante na companhia das pessoas, na presença imediata da beleza e afins. Então venha comigo e guarde tua virtude lá. O quê você tem a ver com uma floresta ?” E ela pronunciou a primeira estrofe :

Na floresta solitária se pode ser puro,
É fácil lá resistir à tentação ;
Mas na cidade com seduções em cascata,
Um homem pode se elevar a uma vida mais nobre.

Escutando isto o jovem asceta disse, “Meu pai está indo para a floresta. Quando ele voltar, peço licença a ele e te acompanho.” Ela pensou, “Ele tem um pai, parece ; se ele me encontrar aqui, irá me bater com a ponta do cajado e me matará : devo partir antes.” Então ela disse para o jovem, “Vou pegar a estrada antes de você e deixarei uma trilha atrás de mim : você me segue depois.” Quando ela o deixou, ele nem catou lenha, nem trouxe água para beber mas apenas se sentou meditando e quando o pai chegou, não foi para fora para recebê-lo. Então o pai soube que seu filho havia caído sob o poder de uma mulher e disse, “Por quê meu filho nem cataste lenha nem trouxestes água para beber nem comida para comer mas não fizestes nada e estais sentado e meditando ?” O jovem asceta disse, “Pai, as pessoas dizem que virtude guardada na floresta não frutifica mas que produz muito fruto no valhacouto das pessoas. Irei e guardarei minha virtude lá. Minha companheira foi na frente, pedindo que a seguisse : então irei com minha amiga. Mas quando estiver morando lá, a que tipo de pessoa devo dar predileção ?” E fazendo esta pergunta ele falou a segunda estrofe (estes versos aparecem no Jataka 348 ) :

Esta dúvida, meu pai, resolva para mim, prego ;
S'eu extraviar desta floresta em alguma cidade,
Pessoas de que escola moral ou de qual seita
Devo mais sabiamente dar preferência como amigos ?

Então o pai falou e repetiu o resto dos versos :

Alguém que possa ganhar tua confiança e amor,
Que acredite em tua palavra e contigo prove paciência,
Que em pensamento, palavra e ato nunca ofenderá –
Tome em teu coração e a esta apegue-se como amiga.
Às pessoas caprichosas como macacos
Instáveis, não estejas inclinado,
Ou àlguma solidão deserta teu lote será confinado.
Evite tolos caminhos assim como te afastarias
De serpente raivosa ou um auriga
Esquiva-se de estrada esburacada. Dor abunda
Onde quer que se encontre uma pessoa no cortejo da Tolice :
Não te juntes a idiotas – obedeça minha palavra -
O companheiro de néscios é vítima de aflição.

Sendo assim aconselhado por seu pai, o jovem disse, “S'eu for para o valhacouto das pessoas, não encontrarei sábios como você. Temo ir para lá. Viverei aqui em tua presença.” Então seu pai o aconselhou ainda mais e o ensinou os ritos preparatórios para induzir a meditação mística. E logo sem demora o filho desenvolveu as Faculdades e Consecuções e com seu pai tornou-se destinado a nascer no Mundo de Brahma.

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O Mestre, sua lição terminada, proclamou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o Irmão que desejava o mundo atingiu a fruição do Primeiro Caminho :- “Naqueles dias o jovem asceta era o Irmão com pensamentos mundanos, a garota então era a mesma de agora mas o pai era eu mesmo.”




terça-feira, 27 de setembro de 2011

434 Buddha Ganso Dourado


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434
Um par de pássaros...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana relativa a um Irmão ganancioso. Ele estava, foi dito, cobiçando os requisitos Buddhistas e deixando todos os deveres de mestre e pastor, entrou em Savatthi bem cedo e após tomar um excelente mingau de arroz servido com vários tipos de comidas sólidas na casa de Visākhā e depois de comer durante o dia várias guloseimas, arroz branco, carne e arroz doce, não satisfeito com isto ele foi então para a casa de Culla-Anathapindika, do rei de Kosala e de vários outros. Então um dia a discussão surgiu no Salão da Verdade relativa a gula dele. Quando o Mestre escutou o quê estavam discutindo, mandou chamar este Irmão e perguntou se era verdadeira a gula dele. E quando ele disse “Sim,” o Mestre perguntou, “Por quê, Irmão, estais com gula ? Anteriormente também por causa da tua gula, não satisfeito com corpos mortos de elefantes, deixaste Benares ( Varanasi ) e vagando pelas margens do Ganges entraste na região do Himalaia.” E com isto contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, um corvo guloso comia corpos de elefantes mortos e não satisfeito ele pensou, “Vou comer peixe gordo na margem do Ganges,” e depois de ficar uns dias lá comendo peixe morto, foi para o Himalaia e viva de vários tipos de frutas do campo. Chegando em um largo lago de lótus abundante de peixe e tartarugas, ele viu dois gansos dourados que viviam de planta sevala ( uma espécie de maçã ). Ele pensou, “Estes pássaros estão bonitos e saudáveis : a comida deles deve ser deliciosa. Perguntarei a eles qual é e comendo a mesma comida eu também ficarei dourado.” Então foi até eles e após as saudações gentis usuais com eles pendurados em um galho, falou a primeira estrofe em conexão com louvores a eles :

Um par de pássaros vestidos de amarelo
Tão alegres perambulando de cá pra lá;
Que tipo de pássaros as pessoas amam mais ?
Estou ansioso em saber isto.

O ganso dourado escutando falou a segunda estrofe :

Ó pássaro, peste do gênero humano,
Abençoados somos entre os pássaros.
Todas as terras soam com nossa devoção
E os homens e os pássaros nos cantam louvores.
Saiba então que somos gansos vermelhos,
E destemidos vagamos sobre as águas.

[N. do tr. : o ganso vermelho é o espírito santo, a pomba, entre os hindus. ]

Escutando isto o corvo falou a terceira estrofe:

Que frutos abundam n'areia,
E onde pode-se encontrar carne para gansos ?
Digam de que comida celeste vocês vivem,
Que tal beleza e tal força concedem.

Então o ganso rubro falou a quarta estrofe :

Nenhum fruto há no mar para comer,
E onde deveriam gansos rubros encontrar carne ?
Planta sevala, descascada
Rende comida sem nada de ruim.

Então o corvo falou duas estrofes :

Não gostei, gansos, das palavras que usastes :
Acreditava que a comida escolhida
Para nos alimentar, devia concordar
Com o quê nossa forma externa mostrasse.

Mas agora duvido disto pois como
Arroz, sal,óleo, frutas e carne :
Como heróis festejam retornando da luta,
Eu também com boas provisões me delicio.
Mas apesar de viver de comida fina,
Minha aparência com a de vocês não se compara.

Então o ganso rubro disse a razão porque o corvo falhava em ter beleza pessoal enquanto ele mesmo a tinha e falou as estrofes restantes :

Não satisfeito com frutos ou lixo encontrado
Dentro do recinto do chão sepulcral,
O corvo guloso persegue em voo vadio
A presa casual que tenta seu apetite.

Apesar de tudo que fará sua vontade perversa
Para seu prazer criaturas inocentes matando
Repreendido por sua consciência definha
E vê sua força e beleza decair.

Assim seres felizes que nenhuma criatura atinge
Na forma ganham vigor e na aparência um encanto,
Pois beleza certamente seja isto entendido
Não depende absolutamente do tipo de comida.

Assim os gansos rubros de muitos modos censuraram o corvo. E o corvo tendo aceito a reprimenda disse, “Não quero a beleza de vocês.” E com um grasnido de 'caw, caw',' ele voou embora.

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O Mestre, sua lição terminada, revelou as Verdades e identificou o Jataka :- na conclusão das Verdades o Irmão guloso atingiu a fruição do Segundo Caminho :- “Naqueles dias o corvo era o Irmão guloso, a gansa era a mãe de Rahula e o ganso era eu mesmo.”