terça-feira, 9 de abril de 2013

461 Buddha Rama




    ( as ilustras do Ramayana são de Sahib Din do séc. XVII editadas pela British Library. A primeira retrata a saída da cidade com Dasaratha na porta triste. A segunda a descoberta e construção da ermida. A terceira as sandálias no trono. )

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Deixe Lakhana...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um fazendeiro cujo pai morreu. Este homem com a morte do pai ficou tomado pela dor : largando todas as tarefas sem fazer, entregou-se inteiramente ao sofrer. O Mestre àurora do dia olhando a humanidade, percebeu que ele estava maduro para atingir o fruto do Primeiro Caminho. Dia seguinte, após as coletas de ofertas em Savatthi, tendo feito a refeição, dispensou os Irmãos e tomando consigo um Irmão noviço, foi à casa deste homem, saudou-o e se dirigiu a ele em palavras melífluas. “Estás sofrendo , Irmão leigo ?” disse. “Sim Senhor, aflijo-me em dor por causa do meu pai.” Disse o Mestre, “Irmão leigo, sábios antigos que exatamente conheciam as oito condições deste mundo ( ganho e perda, fama e desonra, elogio e culpa, benção e dor ) não sentiram com a morte do pai nenhuma dor, nem a menor que fosse.” Então com o pedido dele contou uma história do passado. 
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Certa vez em Benares um grande rei chamado Dasaratha renunciou os caminhos errados e reinou retamente. Das suas dezesseis mil esposas ( a quantidade de um harém ) a mais velha e rainha deu a ele dois filhos e uma filha ; o filho mais velho foi chamado Rama pandita ou Rama o Sábio, o segundo foi chamado Príncipe Lakhana ( Lakshmana ), ou Bem aventurado e a garota chamada de Senhora Sita ( que significa frio e fulcro aberto de terra por arado )( A história é a do Ramayana com a exceção que Sita não é esposa mas irmã de Rama ).
Com o passar do tempo, a rainha morreu. Com sua morte o rei ficou por um longo tempo arrasado de dor mas incentivado pelos cortesãos realizou as exéquias e colocou outra no lugar dela como rainha. Ela era cara ao rei e amada. Com o tempo ela também concebeu e com toda devida atenção sendo dada ela deu à luz um filho e o chamou Príncipe Bharata.
O rei amava este filho muito e disse à rainha, “Senhora, te ofereço um dom ( pedido, presente ) : escolha.” Ela aceitou a oferta mas adiou para depois. Quando o menino estava com sete anos de idade, ela foi até o rei e disse, “Meu senhor, prometeste um dom por meu filho. Me darás agora ? “ “Escolha, senhora,” disse ele. “Meu senhor,” cotejou ela, “dê o reino para meu filho.” O rei estalou os dedos para ela ; “Fora, jade ruim !” disse ele com raiva, “meus outros dois filhos brilham como fogueiras em chamas ; você os mataria e pediria o reino para teu filho ?” Ela fugiu apavorada para seu quarto magnífico e nos dias seguintes pediu repetidamente ao rei isto. O rei não daria a ela este dom, presente. Ele pensou consigo mesmo : “Mulheres são ingratas e traiçoeiras. Esta mulher pode usar uma carta forjada ou um suborno traidor para assassinar meus filhos.” Então mandou chamar seus filhos e contou tudo a eles falando : “Meus filhos, se continuarem a viver aqui algum mal pode acontecer com vocês. Vão para algum reino vizinho ou para a floresta e quando meu corpo for queimado ( quando morto ) então retornem e herdem o reino que pertence a sua família.” Ele chamou adivinhos e perguntou a eles o limite da própria vida. Eles disseram que ele viveria ainda doze anos. Então disse, “Bem, meus filhos, após doze anos vocês devem retornar e erguer o parassol da realeza.” Eles prometeram fazê-lo e depois de pedir licença ao pai deles retiraram-se do palácio chorando. A senhora Sita disse, “Também vou com meus irmãos :” pediu licença a seu pai e também saiu chorando.
Estes três partiram no meio de uma grande quantidade de gente. Mandaram o povo voltar e continuaram até alcançarem o Himalaia. Lá em um lugar com bastante água e próprio para colher frutos selvagens, construíram um eremitério e lá viveram alimentando-se do que a natureza dá.
Lakshmana e Sita disseram a Rama, “Estás no lugar de um pai para nós ; permaneça na cabana que traremos frutos e raízes para alimentá-lo.” Ele concordou ; a partir dali Rama pandita ficava onde estava e os outros traziam o alimento para ele.
Viveram assim lá de raízes e frutas ; mas o Rei Dasaratha pinhou com a falta de seus filhos e morreu nove anos depois. Quando suas exéquias foram realizadas, a rainha deu ordens para que o parassol fosse erguido, levantado, sobre seu filho, Príncipe Bharata. Mas os cortesãos disseram, “Os senhores do parassol habitam a floresta,” e não permitiram. Disse Príncipe Bharata, “Vou trazer de volta meu irmão Rama pandita da floresta e levantar o parassol real sobre ele.” Tomando os cinco emblemas da realeza ( espada, parassol, diadema, sandálias e abanador ) dirigiu-se com uma hoste completa de quatro exércitos ( elefantes, cavalaria, carros e infantaria ) para o lugar de moradia deles. Não muito distante acampou e com alguns cortesãos visitou o eremitério enquanto Lakshmana e Sita estavam fora na floresta. Na porta do eremitério sentava-se Rama pandita, impávido e tranquilo, como uma imagem em ouro firmemente estabelecida. O príncipe aproximou-se com uma saudação e permanecendo em um dos lados, contou a ele tudo que aconteceu no reino e caindo a seus pés junto com os cortesãos explodiu em lágrimas. Rama pandita nem chorou nem se lamentou ; emoção na mente dele era nenhuma. Quando Bharata já acabara de chorar e sentara-se, à tardinha, os outros dois retornaram com os frutos nativos. Rama pandita pensou - “Estes dois são jovens : sabedoria omnisciente como a minha não é a deles. Se contarem a eles de repente que nosso pai morreu, a dor será maior do que podem suportar e quem sabe mas o coração deles pode enfartar. Vou persuadi-los a descerem até àgua e encontrar um meio de apresentar a verdade.” Então apontando a eles um lugar em frente onde havia água, disse, “Vocês ficaram fora muito tempo : que seja está a penitência de vocês – entrem naquela água lá e fiquem.” Então repetiu meia estrofe :

Que Lakhsmana e Sita ambos desçam para aquele lago.

Um palavra era suficiente, para dentro d'água eles foram e ficaram. Então ele contou as novidades repetindo outra meia estrofe :

Bharata diz, a vida do rei Dasaratha terminou.

Quando escutaram as novidades sobre a morte do pai, desmaiaram. De novo ele falou e novamente desmaiaram e quando numa terceira vez perderam os sentidos, os cortesãos os levantaram, retiraram d'água e os colocaram em chão seco. Quando já estavam consolados, todos sentaram e lamentaram-se juntos. Então Príncipe Bharata pensou : “Meu irmão Príncipe Lakshmana e minha irmã a Senhora Sita, não conseguem conter a dor ao escutar sobre a morte de nosso pai ; mas Rama pandita nem chora nem se lamenta. Cogito qual seria a razão dele não sofrer ? Perguntarei.” Então ele repetiu a segunda estrofe, fazendo a pergunta :

Diga Rama, por que poder não te afliges, quando há sofrer ?
Apesar de ser dito que teu pai morreu, aflição não te domina !

Rama pandita explicou a razão de não sentir dor dizendo :

Quando uma pessoa não pode manter uma coisa, apesar de alto poder chorar,
Por quê desse modo deveria sábia inteligência atormentar-se com isto ?

O jovem em anos, o velho maduro, o tolo e acrescente o sábio,
Para ricos, para pobres, fim é certo : todos eles morrem.

Assim como para o fruto maduro chega o temor de cair,
Com certeza para mortais todos chega o temor de morrer.

Aqueles que são vistos na luz da manhã, à noite já foram,
E muitos vistos à noite, já foram de manhã
Se para um tolo enfeitiçado bênção pode advir
Quando ele se atormenta em lágrimas, o sábio faria o mesmo.

Com este atormentar-se míngua, fica pálido e magro ;
Isto não pode trazer os mortos para vida e nenhuma lágrima é de valia.

Como uma casa em chamas pode se apagar com água, assim
O forte, o sábio, o inteligente, que conhece bem as escrituras,
Espalha sua dor como algodão quando sopra tempestade de vento.

Um mortal morre – nasce em laços familiares alguém em seguida.
A bênção de cada criatura é dependente dos laços associados.

O homem forte portanto, hábil nos textos sacros,
Observador atento deste mundo e do próximo,
Conhecendo sua natureza, por nenhuma aflição
Apesar de grande, se avexa, na mente ou no coração.

Então para os meus darei, manterei e alimentarei,
O quê resta guardarei : assim age o homem sábio.

Com estas estrofes ele explicou a Impermanência das coisas.
Quando as pessoas escutaram este discurso de Rama pandita, ilustrando a doutrina da Impermanência, perderam toda a aflição. Então Príncipe Bharata saudou Rama pandita, pedindo-o que recebesse o reino de Benares. “Irmão,” disse rama, “leve Lakshmana e Sita com você e administrem o reino vocês.” “Não, meu senhor, você administra.” “Irmão, o pai me ordenou que recebesse o reino no final de doze anos. Se for agora, não realizarei a ordem dele. Após mais três anos, irei.” “Quem vai conduzir o governo todo este tempo ?” “Você.” “ Eu não.” “Então até eu voltar, estas sandálias conduzirão,” disse Rama e soltando as sandálias de palha as deu para o irmão. Então estas três pessoas tomaram as sandálias e se despedindo do sábio, foram para Benares com uma grande multidão de seguidores. Durante estes três anos as sandálias legislaram o reino. Os cortesãos colocaram as sandálias de palha no trono real, quando julgavam uma causa. Se a causa era decidida erroneamente, as sandálias batiam uma na outra, e com isto era reexaminada ; quando a decisão estava certa, as sandálias ficavam quietas.
Quando os três anos acabaram o sábio saiu da floresta e veio para Benares, entrando no parque. Os príncipes escutando da sua chegada procederam em grande companhia para o parque e fazendo Sita a rainha deu a ambos a aspersão cerimonial. A aspersão realizada, o Grande Ser em uma carruagem magnífica e cercado de uma vasta quantidade de gente, entrou na cidade, fazendo a circumbulação solene no sentido anti horário ; então subindo para o grande terraço do esplêndido palácio de Sucandaka, reinou retamente por dezesseis mil anos e então foi preencher as hostes do céu.

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Esta estrofe da Perfeita Sabedoria explica o desfecho :

Sessenta vezes cem anos e mais dez mil, todos dizem,
Reinou o forte Rama no pescoço com a tripla marca.

( três linhas como as das mãos ) O Mestre tendo terminado este discurso declarou as Verdades, e identificou o Jataka : ( na conclusão das Verdades, o fazendeiro ficou estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo o rei Suddhodana ( pai de Siddharta ) era o rei Dasaratha, Mahamaya era a mãe, a mãe de Rahul(a) era Sita. Ananda era Bharata e eu mesmo era Rama pandita.

( novamente a unidade hinduísmo buddhismo explícita ).