( as ilustras do Ramayana são de Sahib Din do séc. XVII editadas pela British Library. A primeira retrata a saída da cidade com Dasaratha na porta triste. A segunda a descoberta e construção da ermida. A terceira as sandálias no trono. )
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“Deixe
Lakhana...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana
sobre um fazendeiro cujo pai morreu. Este homem com a morte do pai
ficou tomado pela dor : largando todas as tarefas sem fazer,
entregou-se inteiramente ao sofrer. O Mestre àurora do dia
olhando a humanidade, percebeu que ele estava maduro para atingir o
fruto do Primeiro Caminho. Dia seguinte, após as coletas de
ofertas em Savatthi, tendo feito a refeição, dispensou
os Irmãos e tomando consigo um Irmão noviço, foi
à casa deste homem, saudou-o e se dirigiu a ele em palavras
melífluas. “Estás sofrendo , Irmão leigo ?”
disse. “Sim Senhor, aflijo-me em dor por causa do meu pai.” Disse
o Mestre, “Irmão leigo, sábios antigos que
exatamente conheciam as oito condições deste mundo (
ganho e perda, fama e desonra, elogio e culpa, benção e
dor ) não sentiram com a morte do pai nenhuma dor, nem a menor
que fosse.” Então com o pedido dele contou uma história
do passado.
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Certa
vez em Benares um grande rei chamado Dasaratha renunciou os caminhos
errados e reinou retamente. Das suas dezesseis mil esposas ( a
quantidade de um harém ) a mais velha e rainha deu a ele dois
filhos e uma filha ; o filho mais velho foi chamado Rama pandita ou
Rama o Sábio, o segundo foi chamado Príncipe Lakhana (
Lakshmana ), ou Bem aventurado e a garota chamada de Senhora Sita (
que significa frio e fulcro aberto de terra por arado )( A história
é a do Ramayana com a exceção que Sita não
é esposa mas irmã de Rama ).
Com o
passar do tempo, a rainha morreu. Com sua morte o rei ficou por um
longo tempo arrasado de dor mas incentivado pelos cortesãos
realizou as exéquias e colocou outra no lugar dela como
rainha. Ela era cara ao rei e amada. Com o tempo ela também
concebeu e com toda devida atenção sendo dada ela deu à
luz um filho e o chamou Príncipe Bharata.
O rei
amava este filho muito e disse à rainha, “Senhora, te
ofereço um dom ( pedido, presente ) : escolha.” Ela aceitou
a oferta mas adiou para depois. Quando o menino estava com sete anos
de idade, ela foi até o rei e disse, “Meu senhor, prometeste
um dom por meu filho. Me darás agora ? “ “Escolha,
senhora,” disse ele. “Meu senhor,” cotejou ela, “dê o
reino para meu filho.” O rei estalou os dedos para ela ; “Fora,
jade ruim !” disse ele com raiva, “meus outros dois filhos
brilham como fogueiras em chamas ; você os mataria e pediria o
reino para teu filho ?” Ela fugiu apavorada para seu quarto
magnífico e nos dias seguintes pediu repetidamente ao rei
isto. O rei não daria a ela este dom, presente. Ele pensou
consigo mesmo : “Mulheres são ingratas e traiçoeiras.
Esta mulher pode usar uma carta forjada ou um suborno traidor para
assassinar meus filhos.” Então mandou chamar seus filhos e
contou tudo a eles falando : “Meus filhos, se continuarem a viver
aqui algum mal pode acontecer com vocês. Vão para algum
reino vizinho ou para a floresta e quando meu corpo for queimado (
quando morto ) então retornem e herdem o reino que pertence a
sua família.” Ele chamou adivinhos e perguntou a eles o
limite da própria vida. Eles disseram que ele viveria ainda
doze anos. Então disse, “Bem, meus filhos, após doze
anos vocês devem retornar e erguer o parassol da realeza.”
Eles prometeram fazê-lo e depois de pedir licença ao pai
deles retiraram-se do palácio chorando. A senhora Sita disse,
“Também vou com meus irmãos :” pediu licença
a seu pai e também saiu chorando.
Estes três
partiram no meio de uma grande quantidade de gente. Mandaram o povo
voltar e continuaram até alcançarem o Himalaia. Lá
em um lugar com bastante água e próprio para colher
frutos selvagens, construíram um eremitério e lá
viveram alimentando-se do que a natureza dá.
Lakshmana
e Sita disseram a Rama, “Estás no lugar de um pai para nós
; permaneça na cabana que traremos frutos e raízes para
alimentá-lo.” Ele concordou ; a partir dali Rama pandita
ficava onde estava e os outros traziam o alimento para ele.
Viveram
assim lá de raízes e frutas ; mas o Rei Dasaratha
pinhou com a falta de seus filhos e morreu nove anos depois. Quando
suas exéquias foram realizadas, a rainha deu ordens para que
o parassol fosse erguido, levantado, sobre seu filho, Príncipe
Bharata. Mas os cortesãos disseram, “Os senhores do parassol
habitam a floresta,” e não permitiram. Disse Príncipe
Bharata, “Vou trazer de volta meu irmão Rama pandita da
floresta e levantar o parassol real sobre ele.” Tomando os cinco
emblemas da realeza ( espada, parassol, diadema, sandálias e
abanador ) dirigiu-se com uma hoste completa de quatro exércitos
( elefantes, cavalaria, carros e infantaria ) para o lugar de moradia
deles. Não muito distante acampou e com alguns cortesãos
visitou o eremitério enquanto Lakshmana e Sita estavam fora na
floresta. Na porta do eremitério sentava-se Rama pandita,
impávido e tranquilo, como uma imagem em ouro firmemente
estabelecida. O príncipe aproximou-se com uma saudação
e permanecendo em um dos lados, contou a ele tudo que aconteceu no
reino e caindo a seus pés junto com os cortesãos
explodiu em lágrimas. Rama pandita nem chorou nem se lamentou
; emoção na mente dele era nenhuma. Quando Bharata já
acabara de chorar e sentara-se, à tardinha, os outros dois
retornaram com os frutos nativos. Rama pandita pensou - “Estes dois
são jovens : sabedoria omnisciente como a minha não é
a deles. Se contarem a eles de repente que nosso pai morreu, a dor
será maior do que podem suportar e quem sabe mas o coração
deles pode enfartar. Vou persuadi-los a descerem até
àgua e encontrar um meio de apresentar a verdade.” Então
apontando a eles um lugar em frente onde havia água, disse,
“Vocês ficaram fora muito tempo : que seja está a
penitência de vocês – entrem naquela água lá
e fiquem.” Então repetiu meia estrofe :
Que
Lakhsmana e Sita ambos desçam para aquele lago.
Um palavra era
suficiente, para dentro d'água eles foram e ficaram. Então
ele contou as novidades repetindo outra meia estrofe :
Bharata
diz, a vida do rei Dasaratha terminou.
Quando
escutaram as novidades sobre a morte do pai, desmaiaram. De novo ele
falou e novamente desmaiaram e quando numa terceira vez perderam os
sentidos, os cortesãos os levantaram, retiraram d'água
e os colocaram em chão seco. Quando já estavam
consolados, todos sentaram e lamentaram-se juntos. Então
Príncipe Bharata pensou : “Meu irmão Príncipe
Lakshmana e minha irmã a Senhora Sita, não conseguem
conter a dor ao escutar sobre a morte de nosso pai ; mas Rama pandita
nem chora nem se lamenta. Cogito qual seria a razão dele não
sofrer ? Perguntarei.” Então ele repetiu a segunda estrofe,
fazendo a pergunta :
Diga
Rama, por que poder não te afliges, quando há sofrer ?
Apesar
de ser dito que teu pai morreu, aflição não te
domina !
Rama
pandita explicou a razão de não sentir dor dizendo :
Quando uma
pessoa não pode manter uma coisa, apesar de alto poder chorar,
Por quê
desse modo deveria sábia inteligência atormentar-se com
isto ?
O jovem em
anos, o velho maduro, o tolo e acrescente o sábio,
Para ricos,
para pobres, fim é certo : todos eles morrem.
Assim como
para o fruto maduro chega o temor de cair,
Com certeza
para mortais todos chega o temor de morrer.
Aqueles que
são vistos na luz da manhã, à noite já
foram,
E muitos
vistos à noite, já foram de manhã
Se para um
tolo enfeitiçado bênção pode advir
Quando ele se
atormenta em lágrimas, o sábio faria o mesmo.
Com este
atormentar-se míngua, fica pálido e magro ;
Isto não
pode trazer os mortos para vida e nenhuma lágrima é de
valia.
Como uma casa
em chamas pode se apagar com água, assim
O forte, o
sábio, o inteligente, que conhece bem as escrituras,
Espalha sua
dor como algodão quando sopra tempestade de vento.
Um mortal
morre – nasce em laços familiares alguém em seguida.
A bênção
de cada criatura é dependente dos laços associados.
O homem
forte portanto, hábil nos textos sacros,
Observador
atento deste mundo e do próximo,
Conhecendo
sua natureza, por nenhuma aflição
Apesar de
grande, se avexa, na mente ou no coração.
Então
para os meus darei, manterei e alimentarei,
O quê
resta guardarei : assim age o homem sábio.
Com estas estrofes
ele explicou a Impermanência das coisas.
Quando as pessoas
escutaram este discurso de Rama pandita, ilustrando a doutrina da
Impermanência, perderam toda a aflição. Então
Príncipe Bharata saudou Rama pandita, pedindo-o que recebesse
o reino de Benares. “Irmão,” disse rama, “leve Lakshmana
e Sita com você e administrem o reino vocês.” “Não,
meu senhor, você administra.” “Irmão, o pai me
ordenou que recebesse o reino no final de doze anos. Se for agora,
não realizarei a ordem dele. Após mais três
anos, irei.” “Quem vai conduzir o governo todo este tempo ?”
“Você.” “ Eu não.” “Então até
eu voltar, estas sandálias conduzirão,” disse Rama e
soltando as sandálias de palha as deu para o irmão.
Então estas três pessoas tomaram as sandálias e
se despedindo do sábio, foram para Benares com uma grande
multidão de seguidores. Durante estes três anos as
sandálias legislaram o reino. Os cortesãos colocaram
as sandálias de palha no trono real, quando julgavam uma
causa. Se a causa era decidida erroneamente, as sandálias
batiam uma na outra, e com isto era reexaminada ; quando a decisão
estava certa, as sandálias ficavam quietas.
Quando os
três anos acabaram o sábio saiu da floresta e veio para
Benares, entrando no parque. Os príncipes escutando da sua
chegada procederam em grande companhia para o parque e fazendo Sita a
rainha deu a ambos a aspersão cerimonial. A aspersão
realizada, o Grande Ser em uma carruagem magnífica e cercado
de uma vasta quantidade de gente, entrou na cidade, fazendo a
circumbulação solene no sentido anti horário ;
então subindo para o grande terraço do esplêndido
palácio de Sucandaka, reinou retamente por dezesseis mil anos
e então foi preencher as hostes do céu.
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Esta estrofe da
Perfeita Sabedoria explica o desfecho :
Sessenta
vezes cem anos e mais dez mil, todos dizem,
Reinou
o forte Rama no pescoço com a tripla marca.
( três
linhas como as das mãos ) O Mestre tendo terminado este
discurso declarou as Verdades, e identificou o Jataka : ( na
conclusão das Verdades, o fazendeiro ficou estabelecido na
fruição do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo o rei
Suddhodana ( pai de Siddharta ) era o rei Dasaratha, Mahamaya era a
mãe, a mãe de Rahul(a) era Sita. Ananda era Bharata e
eu mesmo era Rama pandita.
( novamente a unidade hinduísmo buddhismo explícita ).