segunda-feira, 27 de setembro de 2010

417 Buddha Sakra




            ( Imagem de Indra / Sakra / Vasava )

417
“Em brancas vestes...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo a um homem que amparava a mãe. A história é que o homem era de boa família e conduta em Savatthi : com a morte de seu pai ele dedicou-se a sua mãe e cuidava dela fazendo os serviços de lavar os dentes, os pés, serviços assim e também dar mingau, arroz e outras comidas. Ela disse a ele, “Querido filho, há outras tarefas na vida de dono de casa : deves casar com uma mulher de família adequada, que de mim cuidará e daí poderás fazer teu próprio trabalho”. “Mãe, é para meu próprio bem e prazer que cuido de ti : quem faria isto melhor ?” “Filho, deves fazer o trabalho para avançar a economia da nossa casa.” “Não tenho nenhum interesse na vida de dono de casa ; cuidarei de ti e depois que estiveres morta e cremada me tornarei um asceta.” Ela o pressionava constantemente : e por fim, sem convencê-lo e sem ganhar dele consentimento, ela trouxe-lhe uma mulher de família adequada. Ele casou e vivia com ela, porque não se oporia a sua mãe. Ela observou a grande atenção com a qual seu marido cuidava da mãe e desejosa de imitá-lo, ela também cuidava. Notando a devoção da esposa, ele passou a dar a ela toda a comida gostosa que conseguia. Com o passar do tempo, ela tolamente pensou, em seu orgulho, “Ele me dá toda comida gostosa que consegue : ele deve estar ansioso para se livrar da mãe e encontrarei algum jeito de fazer isto.” Então um dia ela disse, “Marido, tua mãe ralha comigo quando você sai de casa.” Ele não disse nada. Ela pensou, “Irritarei a velha senhora e a farei desagradável para com o filho” : e dahi em diante passou a dar o mingau de arroz ou muito quente ou muito frio, ou sem sal ou salgado. Quando a velha senhora reclamou que estava muito quente ou muito salgado, ela atirou água fria suficiente para encher o prato : e quando reclamava de estar muito frio ou sem sal , ela fez um escândalo gritando, “Agora mesmo disseste que estava muito quente e salgado : quem pode te satisfazer ?” Depois no banho ela atiraria água muito quente nas costas da velha senhora : quando ela disse, “Filha, minhas costas estão queimando,” a outra teria jogado água muito muito fria nela, e com as reclamações, teria inventado uma história aos vizinhos, “Esta mulher acabou de dizer que estava muito quente, agora grita 'está muito frio' : quem pode suportar tanto descaramento ?” Se a velha senhora reclamava que a cama estava com muita pulga, insetos, ela tirava a cama e lançava por cima dela sua própria cama e depois devolvia declarando, “Dei uma chacoalhada” : a boa velha senhora, ficando com o dobro de pulgas e insetos a picá-la, passaria a noite sentada reclamando de estar sendo mordida por toda a noite ; a outra retrucaria, “Tua cama foi chacoalhada ontem e anteontem também : quem pode satisfazer todas as necessidades de tal mulher ?” Para colocar o filho da velha senhora contra ela, ela espalhou catarro e cuspe e cabelo grisalho pelos cantos e quando ela perguntou quem estava espalhando sujeira pela casa toda, ela disse, “Tua mãe é que está fazendo isto “ ; mas se dissesse apenas a ela para não fazer isto, ela gritava : “Não posso permanecer na mesma casa com tal bruxa velha : deves decidir se ela fica ou eu.” Ele escutou-a e disse, “Esposa, ainda és jovem e podes fazer a vida em qualquer lugar que fores : mas minha mãe está fraca e eu sou o esteio dela : parta e vá para teus parentes.” Quando ela escutou isto, ficou com medo e pensou, “Ele não pode se separar de sua mãe que é muito cara a ele : mas se eu for para minha velha casa, terei uma vida miserável de separada : me reconciliarei com minha sogra e cuidarei dela como antes” : e dahi em diante ela fez isto. Um dia este irmão leigo foi a Jetavana para escutar a lei : saudando o Mestre ele permaneceu em um dos lados. O Mestre perguntou a ele se não descuidava de suas antigas obrigações, se cuidava devidamente de sua mãe. Ele respondeu, “Sim, Senhor : minha mãe me trouxe uma mulher como esposa contra minha vontade, ela fez tais e tais coisas improváveis,” contando a ele tudo, “mas a mulher não conseguiu que rompesse com minha mãe e agora cuida dela com todo respeito.” O Mestre escutou a história e disse, “Desta vez não fizeste o quê ela pediu : mas antes tu colocaste tua mãe para fora com o pedido dela e devido a mim tu a retomou de volta para tua casa e cuidaste dela” : e com o pedido do leigo ele contou um conto antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), um jovem de uma certa família com a morte do pai dedicou-se a sua mãe e cuidava dela como na história introdutória : os detalhes são como os dados acima. Mas neste caso, quando a esposa disse que ela não podia mais viver com a bruxa velha e que ele devia decidir qual delas devia ir, ele acreditou na palavra dela que sua mãe estava em falta e disse, “Mãe, estais sempre causando brigas na casa : portanto partas e vivas em algum outro lugar, onde quiseres.” Ela obedeceu, chorando e indo para a casa de uma amiga, ela trabalhava por salários e com dificuldade fez uma vida. Após ela partir, a nora concebeu uma criança e saiu dizendo para o marido e os vizinhos que tal coisa nunca teria acontecido se a velha bruxa estivesse na casa. Depois que a criança nasceu, ela disse ao marido, “Eu nunca teria um filho se tua mãe estivesse na casa mas agora tenho um : então vejas que bruxa ela era.” A velha senhora escutou que o nascimento do neto era pensado como sendo devido ao fato dela ter deixado a casa, e pensou, “Certamente Direito deve estar morto no mundo : se não fosse assim, este pessoal não teria tido um filho e uma vida confortável após baterem e jogar para fora a mãe deles : farei uma oferta pelo morte do Direito.” Então um dia ela pegou sésamo ( gergelim ) e arroz da terra e um pequeno pote e uma colher : ela foi para o cemitério dos cadáveres e acendeu um fogo dentro de um fogão feito com três crânios humanos : depois ela desceu para dentro d'água, banhou-se da cabeça aos pés, lavou sua roupa e voltando para o lugar do seu fogo, soltou o cabelo e começou a lavar o arroz.
O Bodhisatva era naquele tempo Sakra ( Indra ), rei dos céus ; e os Bodhisatvas são vigilantes. No mesmo instante ele viu, episcopando o mundo, que a pobre velha senhora estava fazendo uma oferta de morte ao Direito como se o Direito estivesse morto. Desejoso de mostrar seu poder em ajudá-la, ele veio disfarçado como um brahmin viajando na autoestrada : à vista dela ele deixou a estrada e permanecendo de pé próximo a ela, começou uma conversa dizendo, “Mãe, as pessoas não cozinham comida em cemitérios : que farás com este gergelim ( sésamo ) e este arroz depois de cozidos ?” E assim ele falou a primeira estrofe :-

Em brancas vestes, com cabelo pingando
Por quê, Kaccani, ferves água ?
Arroz e sésamo escolhidos,
Vai comê-los quando estiverem quente ?

Ela falou a segunda estrofe para informá-lo :-

Brahmin, não é para comer que
Uso o sésamo e o arroz :
Direito está morto ; sua memória
Coroo-a com sacrifício.

Então Sakra falou a terceira :-

Senhora, pense antes de decidir :
Quem te disse tal mentira ?
Forte em poder e de mil olhos
Direito Perfeito não pode morrer nunca.

Escutando-o, a mulher falou duas estrofes :-

Brahmin, tenho testemunho forte,
'Direito está morto' devo crer :
Todos os homens agora que seguem o erro
Recebem grande prosperidade.

Estéril antes, a esposa do meu bom filho
Me derrotou e carrega um filho :
Ela é a senhora da nossa casa,
Eu uma desclassificada desgraçada.

Sakra então falou a sexta estrofe :-

Não. Vivo eternamente ;
Foi para teu bem que vim :
Ela te derrotou ; mas teu filho e ela
Serão cinzas da minha chama.

Escutando-o, ela gritou, “Ai, que dizes tu ? Tentarei salvar meu neto da morte.” E falou a sétima estrofe :-

Rei dos deuses, seja feita tua vontade :
Se por mim deixaste o céu,
Possam minhas crianças e o filho deles
Viverem comigo amigavelmente.

Então Sakra falou a oitava estrofe :-

A vontade de Katiyani será feita :
Derrotada, ainda confias no Direito :
Com tuas crianças e o filho deles
Partilhes casa unida em amizade.

Após assim falar, Sakra, agora em todo seu divino traje, pousou no ar através de seu poder sobrenatural e disse, “Kaccani, nada tema ; através de meu poder teu filho e nora virão e depois de conseguir de ti o perdão no caminho te levarão para casa com eles : habite em paz com eles.” Então ele voltou para seu próprio lugar. Através do poder de Sakra eles se lembraram da bondade dela e questionando pela vila, descobriram ter ido em direção ao cemitério. Foram ao longo da estrada chamando por ela : quando a viram caíram a seus pés e pediram e obtiveram seu perdão pela ofensa. Ela acolheu com alegria o neto. Então todos foram para casa felizes e dahi em diante habitaram juntos.

Alegre com a esposa do bom filho
Katiyani então habitou :
Indra pacificou a briga deles,
Filho e neto cuidaram bem dela.

Esta estrofe é inspirada na Perfeita Sabedoria.
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Após a lição o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka : após as Verdades o irmão leigo foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo o homem que amparava a mãe era o homem que amparava a mãe ho-je, a esposa daquele tempo era a esposa de ho-je e Sakra era eu mesmo.”





domingo, 19 de setembro de 2010

416 Buddha e Devadatra




                                       Veluvana, Bosque de Bambus, Índia.

416
“Terror e medo,...etc.” - O Mestre contou isto enquanto residia no bosque de Bambu, relativo as tentativas de Devadatra em matá-lo. Estavam discutindo isto no Salão da Verdade, “Senhores, Devadatra tenta matar o Tathagata, contrata flecheiros, atira pedras, soltou Nalagiri e utiliza meios especiais para a destruição do Tathagata.” O Mestre veio e perguntou o tema que conversavam lá sentados juntos: quando disseram a ele, respondeu, “Irmãos, esta não é a primeira vez que ele tenta me matar : mas ele não consegue nem mesmo me amedrontrar e ganha apenas sofrimento para si mesmo :” e assim ele contou um conto antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como filho de sua rainha principal. Quando cresceu aprendeu todas as artes em Takkasila ( Taxila ) e adquiriu um encanto para o entendimento de todas as vozes dos animais. Após escutar atentamente seu professor, ele retornou para Benares. Seu pai o indicou para vice-rei : mas apesar de fazer isto, estava ansioso em matá-lo e nem mesmo queria vê-lo.

Uma chacal fêmea com dois filhotes entrou na cidade a noite pelo esgoto, quando os homens retiraram-se para descansar. No palácio do Bodhisatva, próximo a sua cama, havia um quarto, onde um único viajante, que havia descalçado os sapatos e os colocara no chão ao lado da cama, deitava, ainda acordado, numa tábua. Os filhotes de chacal estavam famintos e latiam. A mãe deles disse em fala, latido, de chacal, “Não façam barulhos queridos : há um homem naquele quarto que descalçou os sapatos e os deixou no chão : ele está deitado numa prancha mas ainda não dormiu : quando ele adormecer, pegarei os sapatos dele e os darei para vocês comerem.” Pelo poder do encanto o Bodhisatva entendeu a fala dela e deixando seu quarto, abriu uma janela e disse, “Quem está ahi ?” “Eu, sua majestade, um viajante.” “Onde estão seus sapatos ?” “No chão.” “Levante-os e pendure-os.” Escutando isto a chacal ficou irada com o Bodhisatva.

Um dia ela entrou na cidade novamente pelo mesmo caminho. Naquele dia um bêbado desceu para beber em um tanque de lótus : caindo dentro do lago, afundou e afogou-se. Ele possuía as duas vestes que usava, mil dinheiros numa roupa de baixo, um anel num dedo. Os filhotes de chacais latiram alto de fome e a mãe disse, “Fiquem quietos queridos : há um homem morto neste tanque de lótus, ele tem tais e tais propriedades : ele está morto na escada do tanque, lago, darei a vocês a carne dele para comer.” O Bodhisatva, a escutando, abriu a janela e disse, “Quem está no quarto ?” Alguém levantou-se e disse, “Eu.” “Vá e pegue as roupas, os mil dinheiros e o anel do homem que jaz morto lá no tanque de lótus e faça o corpo afundar de modo que não saia d'água.” O homem assim fez. A chacal ficou irada de novo : “Outro dia você evitou que meus filhotes comessem sapatos ; ho-je você evita que comam homem morto. Muito bem : no terceiro dia a partir de ho-je, um rei hostil virá e cercará a cidade, teu pai te enviará para a batalha, cortarão tua cabeça : beberei o sangue da tua garganta e satisfarei minha inimizade : te fizeste meu inimigo e veremos quanto a isto “ : assim ela latiu insultando o Bodhisatva. Ela então pegou seus filhotes e saiu fora.

No terceiro dia o rei hostil veio e cercou a cidade. O rei disse ao Bodhisatva, “Vá, querido filho, e lute com ele.” “Ó rei, tive uma visão : não posso ir, por temor de perder minha vida.” “O quê é sua vida ou morte para mim ? Vá.” O Grande Ser obedeceu : pegando seus homens ele evitou o portão onde o rei hostil estava postado e saiu por outro que abriu. Enquanto ele saía toda a cidade ficou como que deserta pois todos os homens saíram com ele. Ele acampou em um certo espaço aberto e esperou. O rei pensou, “Meu vice-rei esvaziou a cidade e fugiu com todas as minhas forças : o inimigo está esperando ao redor de toda a cidade : sou apenas um homem morto.” Para salvar sua vida ele tomou sua rainha principal, seu capelão e um único ajudante chamado Parantapa : com eles fugiu disfarçado à noite e entrou numa floresta. Sabendo de sua fuga, o Bodhisatva entrou na cidade, derrotou o rei hostil em batalha e tomou o reino.

Seu pai fez uma cabana de folhas na margem do rio e viveu lá comendo frutos selvagens. Ele e o capelão costumavam sair procurando frutos selvagens : o empregado Parantapa ficava com a rainha na cabana. Ela estava grávida do rei : mas devido a estar constantemente com Parantapa, ela pecava com ele. Um dia disse a ele, “Se o rei souber, nem você nem eu, viveremos : mate-o.” “De que jeito ?” “Ele te faz carregar a espada dele e a roupa de banho quando ele vai se banhar : pegue-o desguarnecido no banho, corte a cabeça dele e pique o corpo em pedaços com a espada e então enterre-o no solo.” Ele concordou. Um dia o capelão foi procurar frutos : ele subiu numa árvore próxima ao local de banho do rei e catava frutos. O rei queria se banhar e veio para a margem com Parantapa levando sua espada e roupa de banho. Quando ia se banhar, Parantapa, querendo matá-lo, saiu de sua guarda, segurou-o pelo pescoço e levantou a espada. O rei gritou com medo da morte. O capelão escutou o grito e viu de cima que Parantapa o estava matando : mas estava aterrorizado e escorregando de seu galho de árvore, escondeu-se numa moita. Parantapa escutou o barulho que ele fez ao escorregar d'árvore e após matar e enterrar o rei, pensou, “Houve um barulho de alguém descendo do galho por ali ; quem está lá ?” Mas não vendo ninguém ele se banhou e saiu fora. Então o capelão saiu de seu esconderijo ; sabendo que o rei foi cortado em pedaços e enterrado em um poço, ele se banhou e temendo por sua vida fingiu-se de cego quando voltou para a cabana. Parantapa o viu e perguntou o que acontecera com ele. Ele fingiu não conhecê-lo e disse, “Ó rei, volto com meus olhos perdidos : estava num cupinzeiro em uma mata cheia de serpentes e o bafo de alguma serpente venenosa deve ter caído em mim.” Parantapa pensou que o capelão dirigia-se a ele como rei por ignorância e para tranquilizá-lo disse, “Brahmin, não se preocupe, cuidarei de ti,” e assim o confortou e deu a ele bastante fruta selvagem. A partir dali foi Parantapa que passou a catar fruta. A rainha deu à luz um filho. Enquanto ele crescia, ela disse a Parantapa um dia cedo de manhã sentados confortavelmente, “Alguém viu quando você matou o rei ?” “Ninguém me viu : mas escutei o barulho de algo descendo de um galho : se pessoa ou besta não sei : mas quando temor se aproximar de mim, deve ser da causa dos galhos balançarem,” e assim em conversação com ela ele falou a primeira estrofe :-

Terror e medo mesmo agora me atingem,
Pois então uma pessoa ou besta balançou um galho.

Eles pensavam que o capelão dormia mas ele estava acordado e escutou a conversa deles. Um dia, quando Parantapa saíra em busca de frutos, o sacerdote lembrou-se de sua esposa brahmin e falou a segunda estrofe lamentando-se :-

Meu lar de esposa verdadeiro está próximo : meu amor me fará
Pálido como Parantapa e magro, com o chacoalhar de uma árvore.

A rainha perguntou o quê ele estava falando. Ele disse, “Eu estava apenas pensando.” Mas um dia novamente ele falou a terceira estrofe :-

Minha esposa querida em Benares : sua ausência me faz ficar
Pálido como Parantapa com o balançar de um galho.

Novamente um dia ele falou uma quarta estrofe :-

Seus olhos negros brilham, sua fala e sorrisos em pensamentos me fazem
Pálido como Parantapa com o balançar de um galho.

Com o tempo o jovem príncipe cresceu e alcançou a idade de dezesseis. Então o brahmin o fez segurar um cajado e indo com ele até o local de banho abriu os olhos e olhou. “Não és cego, brahmin ?” disse o príncipe. “Não sou, mas desse jeito salvei minha vida : sabes quem é teu pai ?” “Sim.” “Aquele homem não é teu pai : teu pai era rei de Benares : aquele homem é um empregado da tua casa, ele pecava com tua mãe e neste lugar matou e enterrou teu pai” ; e assim falando ele desenterrou os ossos e os mostrou a ele. O príncipe ficou muito irado e perguntou, “Que devo fazer ?” “Faça a este homem o quê ele fez a teu pai aqui,” e mostrando a ele todo o acontecimento em poucos dias o ensinou como manejar uma espada. Então um dia o príncipe pegou a espada e a roupa de banho e disse, “Pai, vamos tomar banho.” Parantapa consentiu e foi com ele. Quando desceu para água, o príncipe o pegou pelo coque do cabelo com a mão esquerda e com a espada na direita disse, “Neste lugar seguraste meu pai pelo cabelo e o mataste enquanto ele gritava : do mesmo modo farei contigo.” Parantapa gritou com medo da morte e falou duas estrofes :-

Certamente aquele barulho veio até você e te contou o que ocorreu :
Certamente a pessoa que dobrou o galho veio te dizer o que aconteceu.

O tolo pensamento que tive alcançou teu conhecimento agora
Naquele dia uma testemunha, pessoa ou besta, lá estava e balançou o galho.

Então o príncipe falou a última estrofe :-

Foi assim que mataste meu pai com palavras traidoras e mentirosas ;
Escondeste o corpo dele nos galhos : agora o medo te toma.

Assim falando, ele o matou no mesmo lugar, enterrou-o e cobriu com galhos : depois lavando a espada e se banhando, voltou para a cabana de folhas. Ele contou ao sacerdote como matou Parantapa : censurou sua mãe disse, “Que faremos agora ?” os três voltaram a Benares O Bodhisatva fez do jovem príncipe vice-rei e com caridade e obras boas passou inteiramente pelo caminho para o céu.
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Após a lição, o Mestre identificou o Jataka : “Naquele tempo Devadatra era o velho rei, eu mesmo era o mais jovem.”




quarta-feira, 8 de setembro de 2010

415 Buddha e rainha Mallika


                         Pintura de teto em Ajanta, Índia

415
“Serviço feito ...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo a rainha Mallikā. Ela era a filha do chefe dos fazedores de grinaldas, guirlandas, de Savatthi, extremamente bela e muito boa. Quando estava com dezesseis anos de idade, ela ia para um jardim de flores com outras garotas levando três porções de mingau sem sal na cesta de flores. Quando deixava a vila, viu o Abençoado entrando, difundindo radiância e cercado pela assembléia de Irmãos : e ela levou para ele as três porções de mingau sem sal. O Mestre aceitou, estendendo sua tigela real. Ela tocou os pés do Tathagata com sua testa e tomando sua alegria como objeto de meditação, permaneceu de pé em um lado. Observando-a o Mestre sorriu. O Venerável Ananda ficou imaginando porque o Tathagata sorrira e perguntou a ele. O Mestre contou a razão, “Ananda, esta garota será ho-je a rainha principal do rei de Kosala através do fruto destas porções de mingau.” O garota foi para o jardim de flores. Naquele mesmo dia o rei de Kosala que lutava com Ajatasatru, fugiu derrotado. Quando ele vinha em seu cavalo, escutou o som dela cantando e sendo atraído por ele dirigiu-se para o jardim. O mérito da garota estava maduro : então quando ela viu o rei, se aproximou sem fugir e tomou as rédeas pelo freio do cavalo. O rei do alto do cavalo perguntou a ela se era casada ou não. Escutando que não era, ele desmontou e estando cansado devido ao sol e ao vento descansou um pouco no colo dela : então a fez montar e com um grande exército entrou na cidade e a levou para a casa dela. À tardinha ele enviou uma carruagem e com grande honra e pompa a levou da casa dela, colocando-a em uma pilha de jóias, ungindo-a e a fazendo rainha principal. A partir dali ela era a mais querida, amada e devotada esposa do rei, possuidora de empregados fiéis e dos cinco encantos femininos : e ela era a favorita dos Buddhas. Espalhou-se por toda a cidade que atingiu tal prosperidade porque havia dado três porções de mingau para o Mestre.
Um dia começaram uma discussão no Salão da Verdade : “Senhores, rainha Mallikā ofertou três porções de mingau para os Buddhas e como fruto disso, no mesmo dia ela foi ungida rainha : grande realmente é a virtude dos Buddhas.” O Mestre chegou, perguntou e soube o tema da conversa dos Irmãos : ele disse, “Não é estranho, Irmãos, que Mallika tenha se tornado rainha principal do rei de Kosala apenas oferecendo três porções de mingau ao Buddha onisciente : por quê ? É devido a grande virtude dos Buddhas : sábios antigos ofereceram mingau sem sal nem óleo a paccekabuddhas e devido a isto atingiram na vida futura, seguinte, a glória de ser rei em Kasi, trezentas léguas extensa” : e assim ele contou um conto antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família pobre : quando cresceu ganhava a vida trabalhando por salários para um certo homem rico. Um dia ele conseguiu quatro porções de mingau sem sal em uma loja, pensando, “Isto dará para o almoço” e assim seguiu para seu trabalho no campo. Vendo quatro paccekabuddhas dirigindo-se para Benares em coleta de ofertas, ele pensou, “Tenho estas quatro porções de mingau ; e s'eu ofertasse-as a estes homens que vão para Benares em coleta de ofertas ?” Então ele se aproximou e saudou-os dizendo, “Senhores, tenho estas quatro porções de mingau na mão : ofereço-as a vocês : prego, aceitem-nas, bons senhores e assim ganharei mérito que permanecerá para meu bem e felicidade.” Vendo que eles aceitavam, ele espalhou areia, arranjou quatro assentos e esticou folhas e ramos para eles : e depois sentou os paccekabuddhas em ordem ; trazendo água numa cuia de folha, derramou-a como donativo e então colocou as quatro porções de mingau nas quatro tigelas com saudações e palavras, “Senhores, em consequência disto, que eu possa não nascer em uma família pobre ; que esta possa ser a causa para que eu atinja onisciência.” Os paccekabuddhas comeram e depois agradeceram e partiram para a gruta Nandamula. O Bodhisatva, enquanto saudava, sentiu a alegria da associação com paccekabuddhas e depois que eles partiram saindo da vista dele e ele foi para o trabalho, ele lembrou-se deles sempre até sua morte : como fruto disto ele nasceu no útero da rainha principal de Benares. Seu nome era príncipe Brahmadatra. A partir do tempo apenas que aprendera a andar, ele viu claramente pelo poder do recolhimento de tudo que fizera em vidas passadas, como o reflexo de sua própria face em um espelho claro, que nascera ali naquele estado porque ofertara quatro porções de mingau para os paccekabuddhas quando era empregado e estava indo para o trabalho naquele mesma cidade. Quando cresceu, aprendeu todas as artes em Takkasila ( Taxila ) : retornando, seu pai ficou agraciado com as realizações que mostrava e indicou-o para vice-rei : depois, com a morte do pai, tornou-se rei. Então casou com a filha do rei de Kosala extremamente bela e fez dela sua rainha principal. No dia do seu festival – para-Sol, eles decoraram toda a cidade como se fora a cidade dos deuses. Ele foi ao redor da cidade em procissão ; depois subiu ao palácio que estava decorado e em um estrado estava o trono com o para-Sol branco ereto sobre ele ; lá sentando olhou vendo embaixo todas aquelas pessoas que permaneciam ajudando, de um lado os ministros de outro os brâmanes e donos de casa resplendentes em beleza em roupas variadas, de outro o povo com diferentes presentes nas mãos, de outro tropas de garotas dançarinas chegando ao número de dezesseis mil reunidas como ninfas nos céus em vestimenta completa. Olhando para todo este esplendor encantador ele se lembrou de seu estado anterior e pensou, “Este para-Sol branco com guirlanda dourada e plinto, pedestal, de ouro maciço, estes muitos milhares de elefantes e carruagens, meu grande território pleno de jóias e pérolas, abundante em riquezas e grãos de todos os tipos, estas mulheres como ninfas celestes em todos seu esplendor, que é todo meu, é devido apenas a uma oferta de quatro porções e mingau dadas aos paccekabuddhas : ganhei tudo isto por causa deles” : e assim lembrando a excelência dos paccekabuddhas ele claramente declarou sua ação anterior, de mérito. Enquanto pensava nela todo seu corpo foi cheio de felicidade. Felicidade fundiu seu coração e no meio da multidão ele pronunciou duas estrofes em alegre canção :-

Serviço feito a altos Buddhas
Nunca, dizem, é contado barato :
Oferta de mingau, sem sal, seco,
Me fez colher este prêmio.

Elefante, cavalo e gado,
Ouro, milho e toda a terra,
Tropas de garotas em forma divina :
Ofertas as trouxeram para as minhas mãos.

Assim o Bodhisatva em sua alegria e delicia no dia de sua cerimônia do para-Sol, cantou uma canção de alegria em duas estrofes. A partir daquele momento foi chamada a canção favorita do rei e todos a cantavam – as garotas dançarinas do Bodhisatva, seus outros dançarinos e músicos, seu povo no palácio, o povo da vila e aqueles do círculo de ministros.
Após passar um longo tempo, a rainha principal ficou ansiosa em saber o significado da canção mas não ousava perguntar ao Grande Ser. Um dia orei ficou agraciado com alguma qualidade dela e disse, “Senhora, te dou um dom ; aceite um presente.” “Está bem, ó rei, aceito.” “Que devo te dar, elefantes, cavalos ou semelhantes ?” “Ó rei, devido a tua generosidade não preciso de nada, não tenho necessidade de nada disso : mas se desejas me dar um dom, dê-me contando o significado de tua canção.” “Senhora, que necessidade tens de tal dom ? Aceite outra coisa.” “Ó rei, não tenho necessidade de nada mais : é isto que eu aceitaria.” “Bem, senhora, te direi mas não como um segredo a ti somente : enviarei um tambor ao redor de todas as doze léguas de Benares, farei um pavilhão em jóias à porta do meu palácio e levantarei um trono também em jóias : nele sentarei no meio de ministros, brahmins e outro povo da cidade, e as dezesseis mil mulheres e lá contarei a história.” Ela concordou. O rei fez tudo isso e então sentou no trono no meio de uma grande multidão, como Sakra ( Indra ) no meio da companhia dos deuses. A rainha também com todos seus ornamentos colocou um cadeira dourada de cerimônia e sentou em um lugar apropriado ao lado dele e olhando meio de lado ela disse, “Ó rei, me conte e explique, como se fazendo a lua elevar-se aos céus, o significado da canção de alegria que cantastes em felicidade deliciosa” ; e assim ela falou a terceira estrofe :-

Glorioso e reto rei,
Há muito tempo cantaste uma canção
Em excessiva alegria de coração :
Prego, compartilhe comigo a causa.

O Grande Ser declarando o significado da canção falou quatro estrofes :-

Esta a cidade mas a ocupação era diferente, em minha vida passada :
Empregado era de outro, assalariado, mas honesto.

Indo da cidade para o trabalho, vi quatro ascetas,
De porte calmo e sem paixões, perfeitos na lei moral.

Todos meus pensamentos foram para aqueles Buddhas : enquanto eles sentavam debaixo d'árvore,
Com minhas mãos trouxe para eles mingau, oferta piedosa.

Tal o ato virtuoso de mérito : veja ! O fruto que colho ho-je -
Todo o estado real e riquezas, toda a terra sob meu domínio.

Quando ela escutou o Grande Ser assim explicar inteiramente o fruto de seu ato, a rainha disse alegremente, “Grande Ser, se discernes tão visivelmente os frutos de oferta caridosa, de ho-je em diante tome uma porção de arroz e não coma até que tenha dado a sacerdotes e brahmins retos” ; e ela falou uma estrofe em louvor do Bodhisatva :-

Coma, ofertas devidas lembrando,
Colocando para girar a roda do direito :
Fuja da injustiça, poderoso rei,
Com retidão controle teu reino.

O Grande Ser, aceitando o que ela disse, falou a estrofe :-

Ainda faço daquela estrada minha própria
Andando no caminho reto,
Onde os bons, bela rainha, vão :
Santos são agradáveis a minha vista.

Após dizer isto, ele olhou para a beleza da rainha e disse, “Bela senhora, falei inteiramente meus bons atos em tempos anteriores mas entre todos estas senhoras não há nenhuma como tu em beleza e graça charmosa : através de que ato atingiste esta beleza ?” E ele falou uma estrofe :-

Senhora, como uma ninfa celeste,
À multidão das garotas ultrapassas :
Devido a que ato de graça foi dado
Prêmio de beleza tão divina ?

Então ela contou o ato virtuoso feito em vida passada e falou as duas últimas estrofes :-

Fui antes uma empregada escrava
Na corte real de Ambattha,
À modéstia entreguei meu coração,
À virtude e as boas falas.

Numa tigela de Irmão mendicante
Coloquei certa vez oferta de arroz ;
Caridade preencheu minha alma :
Tal o ato e olhe ! o fruto.

Ela também, é dito, falou com conhecimento acurado e lembrança das vidas passadas. Então ambos plenamente declararam seus atos passados e a partir daquele dia eles construíram seis salas de caridade, nos quatro portões e no centro da cidade e na porta do palácio e agitando toda a Índia fizeram grandes ofertas, mantiveram as obrigações morais e os dias santos e no final de suas vidas tornaram-se destinados ao céu.
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No final da lição, o Mestre identificou o Jataka : “Naquele tempo a rainha era a mãe de Rahul(a) e o rei era eu mesmo.”



domingo, 5 de setembro de 2010

Yakshis de Sanchi


Em Sanchi as Yakshis aparecem assim como na imagem nos cantos todos como a suportar a estrutura junto : o pé n'árvore e o galho que desce a mão. Clique na imagem para vê-la ampliada.

sábado, 4 de setembro de 2010

Imagens de Yakshis


Mais imagens de Yakshis. Clique na imagem para vê-la ampliada. As explicações são as mesmas.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Outra Yakshi que fala




Buddha certa vez estava próximo de Savatthi em Jeta Vana, no Parque de Anatha pindika. E nesta ocasião instruía, iluminando, incitando e inspirando os irmãos com um sermão sobre Nirvana. E os irmãos com todas suas mentes aplicadas, atentas e intentas, escutavam com raptos ouvidos à Norma. ( A hora de acordo com a Glosa era no crepúsculo ; o Mestre depois de jantar prega à assembléia geral, e depois foi ao banheiro e depois sentou no assento de Buddha na cela do Oitanada Fragrante, episcopando a vista leste. Então certos irmãos ascetas, em vestes esfarrapadas, mendicantes, que haviam viajados em solidão, em pares, ou em outros números, vieram de seus quartos e saudando, dispuseram-se ao redor do Professor como o vermelho envolve um jóia redonda. Ele discernindo o desejo deles, discursou.)

Então uma yakshi, conhecida como mãe de Punabbasu, silenciou suas crianças ( uma no colo outra segura na mão ) assim :-

Silêncio, pequena Uttara. Quieto,
Punabbasu, para que escutemos a Norma
Ensinada pelo Mestre, o homem mais sábio.
'Nirvana,' diz o Buddha,
' Livramento é de todo laço' ;
E por esta verdade meu amor engrandece-se.
Caros são nossos filhos e caros
Os maridos ; mais caro ainda para mim
É desta Doutrina explorar o Caminho.
Pois nem criança nem marido, apesar
De queridos, podem nos salvar de todo mal,
Como pode o escutar a Norma abençoada
Da dor e do sofrer, livrar uma criatura.
E dos sofrimentos que seguem nesta vida,
Ligado como estão a idade, decaimento e morte.
Nesta Norma em que Ele encontra iluminação
Em como pode haver livramento da idade e da morte :-
Esta é a doutrina que anseio em escutar,
Portanto, Punabbasu, meu filho, fica quieto.

[ Punabbasu respondeu :-]

Mãe, não direi palavra, e veja,
Quieta também está Uttara. Portanto escute,
Pois doce é escutar a Norma.
Porque não aprendemos a Norma abençoada,
Mãe, vamos sofrendo aqui e agora.
Para deuses e pessoas todos em perplexa confusão
Este é o que ilumina :- que Ele,
O Buddha em seu último corpo nascido,
O Homem que Vê deve ensinar a Norma as pessoas.

[ A Mãe :- ]

Benditas palavras ! E sábio o filho que tenho
E nutrido em meu seio, pois agora este filho
Ama a pura Norma ensinada pelo Homem mais Sábio.
Ó, que possas ser feliz, Punabbasu !
Pois agora estou elevada da roda
Da vida renovada. Vemos as Verdades Humanas.
Tu também, minha Uttara ! Me escute.

( Samyutta Nikaya X, 7 )