segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

472 Buddha no reino das serpentes

              




( Imagem em pedra do templo de Sañchi, próximo a Bhopal na Índia onde se vê o rei das serpentes com suas cinco cristas, com a esposa com apenas uma carregando cântaro e prato com ofertas para Buddha no stupa no centro da imagem, sendo a pessoa inclinada um auxiliar : o vice rei está do lado com menos cristas mas a criança herdeira já tem três. Do outro lado está o imperador buddhista Asokha ( séc. III a. C. ) e seu vice rei em elefantes, carros, cavalos : vieram em busca da relíquia de Buddha e a encontraram venerada no reino das serpentes para onde foi convidado a ir. Na imagem seguinte temos a extremidade a esquerda apagada em melhor definição com os nagas dentro d'água. As árvores são palmeiras, mangueiras, champakas e bignonias. No meio dos quadrinhos tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio dos quadrinhos. )

472
Nenhum rei... etc.” Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre Ciñcamanavika.
Quando o Dasabala atingiu a sabedoria suprema, após os discípulos se multiplicarem e inúmeros deuses e pessoas nascerem em estados celestes e as sementes da bondade ter sido espalhada largamente, grande honra foi mostrada a ele e grandes ofertas feitas. Os heréticos eram como mariposas após o nascer do sol ; nenhum honra nem ofertas eles tiveram ; nas ruas eles ficaram e gritavam para as pessoas, “O quê , o asceta Gautama é o Buddha ? Nós somos Buddha também ! A oferta que gera grandes frutos, é apenas a dada a ele ? Aquela dada a nós também gera muitos frutos para vocês ! Dê-nos também, trabalhe conosco !” Mas apesar de gritarem, nenhuma honra nem ofertas conseguiram. Então reuniram-se em segredo e se aconselharam : “Como poderemos colocar uma mancha em Gautama o asceta diante das pessoas e acabar com estas honras e ofertas ?”
Bem, havia naquele tempo em Savatthi uma certa Irmã chamada Ciñcamanavika ; extremamente bela ela era, cheia de todos os encantos, uma sílfide mesmo ; raios brilhantes se projetavam de seu corpo. Alguém pronunciou em conselho uma crueldade assim : “Com a ajuda de Ciñcamanavika jogamos uma mancha no asceta Gautama e terminamos com as honras e ofertas que recebe.” “Sim,” todos concordaram, “este é o jeito de fazer isto.”
Ela veio para o mosteiro dos hereges, os saudou e permaneceu parada. Os hereges nada disseram a ela. Ela falou, “Tenho culpa de que ? Três vezes os saudei !” Ela disse novamente, “Senhores, de que me acusam ? Por quê não falam comigo ?” Eles responderam, “Não sabes, Irmã, que Gautama o asceta vae por aí causando-nos dano, cortando toda honra e liberalidade que nos era apresentada ?” - “Não sabia disto, Senhores ; mas o quê posso fazer ?” - “Se você nos quer bem, Irmã, faça algo que manche o asceta Gautama e acabe com as honras e ofertas que recebe.” Ela respondeu, “Muito bem, Senhores, deixem comigo ; não se perturbem com isto.” Com estas palavras ela partiu.
Após o quê, ela usou toda a habilidade feminina para enganar. Quando o povo de Savatthi escutava a Lei e saíam de Jetavana, ela passou a ir em direção a Jetavana, vestida com uma roupa tingida de cochinilha, vermelho, e com guirlandas fragrantes nas mãos. Quando alguém a questionava, “Para onde vais a esta hora ?” ela respondia “O que você tem a ver com minhas idas e vindas ?” Ela passava a noite no mosteiro dos hereges que era próximo de Jetavana : e quando cedo pela manhã, os leigos associados da ordem saíam da cidade para prestar sua saudação matinal, ela encontrava com eles como se tivesse passado a noite em Jetavana, indo em direção à cidade. Se alguém questionasse onde ela estava, ela respondia, “O quê você tem a ver com minhas estadias e hospedagens ?” Mas após algumas seis semanas ela respondia, “Passei a noite em Jetavana, com Gautama o asceta, em uma cela fragrante.” Os inconversos passaram a cogitar se podia ser verdade ou não. Após três ou quatro meses, ela amarrou faixas ao redor da barriga e fez parecer como se tivesse grávida e vestiu um manto vermelho sobre si mesma. Então declarou que estava com filho do asceta Gautama e fez tolos cegos acreditarem. Após oito ou nove meses, amarrou pedaços de madeira em uma trouxa e por toda sua roupa vermelha ; mãos, pés e costas ela fez que se batessem com mandíbula de vaca de modo a produzir inchaços ; e fez como se todos os seus sentidos estivessem cansados. Uma noite, quando o Tathagata estava sentado no esplêndido assento da pregação, e pregava a Lei, ela foi para o meio da congregação e ficando de frente para o Tathagata disse, -”Ó grande asceta ! Pregas realmente para grandes multidões ; doce é sua voz e macio seu lábio que cobre os dentes ; mas você me engravidou e meu tempo está próximo ; e ainda assim não me designas nenhum recinto para ter a criança, nem me dás ghee nem óleo ; o quê você mesmo não faz, nem pede para outro associado leigo fazer, o rei de Kosala ou Anathapindika, ou Visakha a grande Irmã leiga. Por quê não falas para um destes fazer o quê deve ser feito por mim ? Você sabe ter seu prazer mas não sabe cuidar do que nascerá !” Então ela insultou o Tathagata no meio da congregação, qual alguém que pode tentar enodoar a face da lua com uma mão cheia de poeira. O Tathagata parou seu discurso e gritando como um leão em tons de clarim, ele disse, “Irmã, se isto que dizes é verdadeiro ou falso, apenas eu e você sabemos.” “Sim, verdadeiramente,” disse ela, “este acontecimento apenas eu e você sabemos.”
Justo neste momento, o trono de Sakra tornou-se quente. Refletindo, ele percebeu a razão : “Ciñcamanavika está acusando o Tathagata de algo falsamente.” Determinado a esclarecer este assunto, ele foi para lá acompanhado de quatro deuses. Os deuses tomaram então a forma de camundongos e todos juntos roeram as cordas que amarravam a trouxa de madeira : uma brisa soprou a roupa que ela vestia e a trouxa de madeira apareceu e caiu aos pés dela : os dedos de ambos seus pés foram cortados. O povo gritava - “Uma bruxa está acusando o Supremo Buddha !” Eles cuspiram na cabeça dela e a expulsaram de Jetavana com paus e pedras em suas mãos. E quando ela passou para além do alcance da visão do Tathagata, a grande terra escancarou-se e expôs uma grande abertura, chamas saíram do mais baixo ínfero e a envolveram como se fora roupa que amigas vestem nela em casamento, levando-a ao mais baixo ínfero e lá re- nascendo. As honras e receitas dos hereges cessaram, as do Dasabala cresceram mais abundantemente.
Dia seguinte conversavam no Salão da Verdade : “Irmão, Ciñcamanavika falsamente acusou o Supremo Buddha, grande em virtude, merecedor de todos os dons ! E acabou em destruição medonha.” O Mestre entrou e perguntou sobre o quê conversavam sentados lá juntos. Disseram a ele. Ele respondeu, “Não apenas agora, Irmãos, esta mulher falsamente me acusou e acabou em medonha destruição mas antes aconteceu o mesmo.” Assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares o Bodhisatva nasceu como filho de sua rainha ; e porque sua aparência toda abençoada era como uma lótus inteiramente aberta, o chamaram Paduma Kumara, que quer dizer, Príncipe Lótus. Quando cresceu foi educado em todas as artes e realizações. Então sua mãe deixou a vida ; o rei arranjou outra esposa e indicou seu filho para vice rei.
Depois disso o rei, saindo para apaziguar um levante na fronteira, disse a sua esposa, “Você, senhora, fique aqui, enquanto parto para apaziguar a insurreição na fronteira.” Mas ela respondeu, “ Não, meu senhor, aqui não vou ficar mas irei contigo.” Ele então apresentou a ela o perigo que estava colocado no campo de batalha adicionando a ele isto : “Fique portanto aqui sem se avexar até que eu retorne e encarregarei Príncipe Paduma que cuide de tudo que deva ser feito para você e então irei.” Assim ele fez e partiu.
Quando já tinha dispersado os inimigos e pacificado o campo, retornou e erigiu acampamento fora da cidade. O Bodhisatva sabendo da volta de seu pai, adornou a cidade e colocando um vigia no palácio real, saiu sozinho para encontrar seu pai. A Rainha observando a beleza de sua aparência, ficou apaixonada por ele. Pedindo licença a ela o Bodhisatva disse, “Posso fazer algo por vós, mãe ?” “Mãe, você me chama ?” cotejou ela. Se levantou e pegou as mãos dele dizendo, “Deite na minha cama !” “Por quê ?” ele perguntou. “Apenas até o rei chegar,” ela disse, “gozemos ambos as bençãos do amor !” “Mãe, és minha mãe, tens um marido vivo. Nunca se ouviu tal coisa que uma mulher, uma matrona, deva quebrar a lei moral à guisa de luxúria carnal. Como faria tal ato poluidor com você ?” Duas, três vezes ela o buscou e quando ele não quis, ela disse, “Então você se recusa a fazer como peço ?” - “Sim, realmente recuso.” - “Falarei então ao rei e farei com que sejas decapitado.” “Faça como quiseres,” respondeu o Grande Ser ; e ele a deixou envergonhada. Então grandemente assustada ela pensou : “Se ele contar ao rei primeiro, não sairei viva ! Devo falar dele primeiro eu mesma.” De acordo com isto, deixando sem tocar sua comida ela vestiu uma roupa suja e fez arranhões com as unhas no seu corpo ; dando ordens a suas atendentes que no momento que o rei perguntasse sobre como estava a rainha ele devia saber que ela estava doente, deitou-se fingindo uma pretensa doença.
Bem, o rei fez uma procissão solene ao redor da cidade no sentido horário e foi para sua residência. Quando não a viu, perguntou, “Onde está a rainha ?” “Ela está doente,” eles disseram. Ele entrou no quarto de estado e a questionou, “O quê há de errado contigo, senhora ?” Ela fingiu que anda escutou. Duas, três vezes ele perguntou e então ela respondeu, “Ó grande rei, por quê perguntas ? Fique em silêncio : mulheres que têm marido devem ficar quietas como eu.” “Quem te incomodou ?” disse ele. “Diga-me rapidamente e eu cortarei a cabeça dele.” - “A quem você deixou na tua retaguarda nesta cidade quando partiste ?” - “Príncipe Paduma.” “E ele,” ela continuou, “entrou no meu quarto e eu disse, Meu filho, não faça isto, sou tua mãe : mas apesar do que eu falava ele gritava, Ninguém é rei aqui a não ser eu e levarei você para minha residência e gozarei do teu amor ; então me pegou pelos cabelos da cabeça e puxava repetidamente e como não me rendia à vontade dele, me feriu, me bateu e partiu.” O rei não investigou nada mas furioso como uma serpente, ordenou a seus homens, “Vão e amarrem Príncipe Paduma e tragam-no para mim !” eles foram na casa dele, como se infestando a cidade, amaram e bateram nele, amarraram sua mãos apertadas atrás das costas, colocaram no seu pescoço a guirlanda de flores vermelhas, tornando-o criminoso condenado e o levaram para lá, batendo nele durante o caminho. Para ele era claro que isto era obra da rainha e enquanto ia gritava, “Ei companheiros, não sou eu que fez ofensa ao rei ! Sou inocente.” Toda a cidade ficou borbulhante com a notícia : “Dizem que o rei irá executar Príncipe Paduma à mando de uma mulher !” Reuniram-se, caíram aos pés do príncipe, lamentando com muito barulho, “Você não merece isto, meu senhor !”
Por fim o trouxeram para diante do rei. À vista dele, o rei não pode conter o quê estava em seu coração e gritou, “Este sujeito não é rei mas se faz de rei muito bem ! Meu filho ele é ainda assim insultou a rainha. Fora com ele, atirem-no do penhasco dos ladrões, terminem com ele !” Entretanto o príncipe disse a seu pai, “Tal crime não jaz à minha porta, pai. Não me mate devido à palavra de uma mulher.” O rei não o escutava. Então todos aqueles da corte real, dezesseis mil em número, levantaram um grande lamento, dizendo, “Querido Paduma, poderoso Príncipe, nunca mereceste este procedimento !” E todos os chefes guerreiros e os grandes magnatas da terra e todos os cortesãos ajudantes gritaram, “Meu senhor ! O príncipe é um homem de bondade e vida virtuosa, que observa as tradições de sua raça, herdeiro do trono ! Não o mate devido a palavra de uma mulher, sem uma audiência ! O dever de um rei é agir com toda circunspecção.” Assim falando, eles repetiram sete estrofes :

Nenhum rei deve punir uma ofensa sem ouvir qualquer defesa,
Sem examinar inteiramente todos os pontos, grandes e pequenos.

O chefe guerreiro que pune uma falta antes de a pôr à prova,
É como uma pessoa nascida cega, que come osso e moscas na comida .
Quem pune o sem culpa e deixa ir o culpado, sabe
Tanto quanto um que cego vae numa estrada escarpada.

Aquele que tudo isto examina bem, as coisas grandes e pequenas,
E a tanto administra, merece ser o líder de todos.

Aquele que se eleva não deve ser todo gentilezas
Nem todo severidade : mas ambas estas coisas praticar junto.

Desprezo, o todo gentilezas ganha e o apenas severo, ira :
Portanto esteja bem ciente do par e mantenha o caminho do meio.

Muito faz a pessoa irada, Ó rei, e muito pode dizer o desonesto :
Portanto por causa de uma mulher não mate teu filho.

Contudo apesar de tudo que disseram e de vários modos, não conseguiram que seguisse seus conselhos. O Bodhisatva também, por mais que suplicasse não conseguiu persuadi-lo a escutar : não, o rei disse, cego tolo - “Fora ! Joguem-no do promontório dos ladrões !” repetindo a oitava estrofe :

De um lado está todo o mundo, minha rainha sozinha do outro ;
Ainda assim me apego a ela : joguem-no para baixo do penhasco e saiam !
Com estas palavras, nenhuma das dezesseis mil mulheres ( do harém ) puderam permanecer sem se mexer, enquanto toda a população esticava as mãos e puxava os cabelos, lamentando-se. O rei disse, “Deixem estes protestarem contra o jogar este sujeito do penhasco !” e e entre seus seguidores, apesar da multidão lastimar ao redor, fez com que o príncipe fosse pego e atirado do precipício pelos tornozelos de cabeça para baixo.
Então a deidade que habitava na montanha, pelo poder de sua própria gentileza, confortou o príncipe, dizendo, “Nada tema, Paduma !” e com ambas as mãos o pegou, apertou-o no coração, enviou um arrepio divino através dele, colocou-o na morada das serpentes de oito níveis, debaixo da crista do rei das serpentes. O rei serpente recebeu o Bodhisatva na morada das serpentes e deu a ele metade de sua própria glória e propriedade. Lá ele morou durante um ano. Então ele disse, “Voltarei para os caminhos das pessoas.” “Para onde ?” eles perguntaram. “para o Himalaia, para viver uma vida religiosa.” O rei serpente deu seu consentimento ; pegando-o, o transportou até o lugar onde pessoas vão e vêm e deu a ele todos os requisitos dos religiosos e voltou para seu próprio lugar.
Então ele seguiu para o Himalaia e abraçou a vida religiosa e cultivou a faculdade da benção ênstática ; lá residiu, alimentando-se de frutas e raízes da floresta.
Bem, um mateiro que morava em Benares, chegou naquele lugar e reconheceu o Grande Ser, “Não és,” ele perguntou, “o grande Príncipe Paduma, meu senhor ?” “Sim, Senhor,” ele respondeu. O outro saudou-o e lá por alguns dias permaneceu. Então ele retornou para Benares e disse ao rei ; “Teu filho, meu senhor, abraçou a vida religiosa na região do Himalaia e vive numa cabana de folhas. Estive com ele e de lá venho.” “Você o viu com seus próprios olhos ?” perguntou o rei. “Sim, meu senhor.” O rei com uma grande hoste foi lá e na franja da floresta fincou acampamento ; então, com seus cortesãos ao redor, foi saudar o Grande Ser, que estava sentado na porta de sua cabana de folhas, em toda a glória de sua forma dourada, e sentou a um dos lados dele ; os cortesãos também o saudaram, falaram agradavelmente com ele e também sentaram em um dos lados. O Bodhisatva por sua parte convidou o rei a partilhar de suas frutas silvestres, conversando também simpaticamente. Então disse o rei, “Meu filho, por mim foste jogado num precipício abismal e contudo estás vivo ?” Perguntando o quê, repetiu a nona estrofe :

Qual dentro de uma boca do inferno, foste atirado de montanha saliente,
Sem socorro – muitas palmeiras no fundo : como ainda estás vivo ?

Estas são as estrofes restantes e das cinco, tomadas alternativamente, três foram ditas pelo Bodhisatva e duas pelo rei.

Uma serpente poderosa, cheia de força, nascida naquela montanha
Me acolheu nos seus anéis ; e aqui salvo da morte estou.

Olhem ! Te levarei de volta, Ó príncipe, para minha própria residência :
E lá – o quê é a floresta par ti ? - com bençãos reinarás.

Qual alguém que engoliu um anzol e arrancando-o faz sangrar,
Arrancar é felicidade : assim vejo em mim esta benção e bondade.

Por quê falas sobre anzol, por quê falas de sangue,
Por quê falas de arrancar ? Diga-me, imploro.

Luxúria é o anzol : bons elefantes e cavalos qual sangue apresento ;
Estes renunciando, arranco ; isto, chefe, deves saber.

Assim, Ó grande rei, ser rei nada é para mim ; mas vejas que não quebres as Dez Virtudes Reais e evites fazer o mal e legisle retamente.” Com estas palavras o Grande Ser aconselhou o rei. Ele com choro e lamento partiu e no caminho para sua cidade perguntou a seus cortesãos : “Por culpa de quem rompi com um filho tão virtuoso ?” eles responderam, “Da rainha.” A ela o rei fez com que se pegasse e jogasse de cabeça para baixo no promontório dos ladrões e entrando em sua cidade legislou retamente.
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Quando o Mestre terminou seu discurso, disse, “Assim, Irmãos, esta mulher me fez mal em dias anteriores e alcançou destruição medonha ;” e então identificou o Jataka repetindo a última estrofe :

Senhora Ciñca era a mãe,
Devadatra era meu pai,
Eu era então o Príncipe seu filho :
Sariputra era o espírito,
E a boa cobra, declaro,
Era Ananda.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

471 Osadha e Amara ( cont. )





( na ilustração pintura nas paredes da caverna de Ajanta dos quatro sábios, Senaka, Pukkusa, Kavinda e Devinda conversando com o sábio Osadha )

     471    Osadha & Amara (cont.)

             Seguem os números das contas todas: 110, 111, 112, 170, 192, 350, 364, 387, 402, 452, 471, 500, 508, 515, 517, 528 e o próprio 546.

Outro dia, o rei após o café da manhã andava para cima e para baixo na longa calçada quando viu através de um portão um bode e um cachorro tornando-se amigos. Este bode tinha o hábito de comer a grama atirada aos elefantes do lado do estábulo deles antes que eles a tocassem ; os guardadores dos elefantes batiam nele e o afastavam ; e enquanto fugia balindo, um sujeito correndo rapidamente atrás, bate nas costas dele com uma vara. O bode com as costas curvadas de dor foi e deitou junto da grande muralha do palácio , em um banco. Havia um cachorrro que alimentava-se todos os dias dos restos, ossos, peles, da cozinha real. Naquele mesmo dia quando o cozinheiro terminou de preparar a comida e a colocar nas travessas, enquanto limpava o suor de seu corpo, o cachorro não conseguiu suportar o cheiro da carne e do peixe e entrando na cozinha, puxou o pano de prato e começou passou a comer a carne. Mas o cozinheiro escutando o barulho dos pratos correu para dentro e viu o cachorro : ele fechou ruidosamente a porta e bateu nele com varas e pedras. O cachorro soltou a carne da boca e fugiu latindo ; e o cozinheiro vendo-o correr, correu atrás e o atingiu em cheio nas costas com uma vara. O cachorro com as costas dobradas e mancando de uma perna chegou no lugar onde o bode estava deitado. Então o bode disse,”Amigo, por quê suas costas estão dobradas ? Sofres de cólica ?” O cachorro respondeu, “Você também está com as costas curvadas, está tendo um ataque de cólicas ?” Ele contou a sua história. Então obode adicionou, “Bem, voltarás à cozinha novamente ?” “Não, vale tanto quanto minha vida – Poderás voltar ao estábulo novamente ?” “Não, mais do que você, vale tanto quanto a minha vida.” Passaram a cogitar como viveriam. Então o bode disse, “Se arranjássemos de viver juntos, tenho uma ideia.” “Prego, diga.” “Bem, senhor, deves ir ao estábulo ; os guardadores de elefantes não vão te notar, pois ( pensam eles ) que você não come grama ; trarás miha grama. Irei até a cozinha e o cozinheiro não me notará pensando que não como carne e assim te trarei carne.” “Este é um bom plano”, disse o outro e fizeram uma barganha : o cachorro foi para os estábulos e trouxe um punhado de grama em seus dentes e deixou junto do grande muro ; o outro foi para a cozinha e trouxe para fora um grande pedaço de carne em sua boca para o mesmo lugar. O cachorro comeu a carne e o bode comeu a grama ; e então com este artifício viveram juntos em harmonia ao lado da grande muralha. Quando o rei viu a amizade deles pensou -”Nunca tinha visto tal coisa antes. Aqui temos dois inimigos naturais vivendo em amizade juntos. Colocarei isto na forma de uma pergunta para meus sábios ; aqueles que não entenderem banirei do reino e se algum adivinhar, o declararei sábio incomparável e prestarei toda honra. Ho-je não dá tempo ; mas a-manhã quando vierem para junto de mim, farei a pergunta.” Dia seguinte quando os sábios vieram para junto dele, fez a pergunta com estas palavras :

Dois inimigos naturais, que nunca antes no mundo poderiam aproximar-se sete passos um do outro, tornaram-se amigos inseparáveis. Qual a razão ?

Após isto adicionou outra estrofe :

Se ho-je antes do meio dia não puderes resolver esta questão,
banirei vocês todos. Não preciso de pessoas ignorantes.

Bem, Senaka estava sentado no primeiro assento, o sábio ( mah'Osadha ) no último ; e pensou o sábio consigo mesmo, “Este rei é muito lento de raciocínio para ter pensado esta questão por si mesmo, ele deve ter visto algo. Se conseguir um dia de prazo resolverei o enigma. Senaka com certeza encontrará um meio de adiar por um dia.” Os quatro outros sábios nada conseguiam enxergar sendo como homens emum quarto escuro : Senaka olhou para o Bodhisatva para ver o quê ele faria, o Bodhisatva olhou para Senaka. Pelo jeito que Mah'Osadha olhou Senaka percebeu seu estado de mente ; percebeu que mesmo este homem sábio não entendeu a questão, não poderia responder ho-je mas queria um dia de prazo ; ele realizaria este desejo. Então riu alto para ganhar confiança e disse, “O quê, senhor, você banirá todos nós se não pudermos responder tua questão ?” “Sim, senhor.” “Sabes que é uma questão espinhosa e que não podemos resolvê-la ; mas dê um pouco de tempo. Uma questão difícil não pode ser resolvida no meio da multidão. Vamos meditar nela, e depois explicá-la a ti. De modo que , dê-nos uma chance.” Assim ele falou confiando no Grande Ser e então recitou estas duas estrofes :

Em uma grande multidão, onde há um grande barulho de gente reunida, nossas mentes são distraídas, nossos pensamentos não podem se concentrar e não podemos resolver o enigma. Mas sozinhos, calmos em pensamentos, separados, iremos e vamos ponderar sobre o assunto, em solitude agarrando-se a ele então o resolveremos para ti, Ó senhor dos homens.

O rei, exasperado como estava na fala, disse, ameaçando-os, “Muito bem, meditem sobre e me digam ; se não resolverem, banirei vocês.” Os quatro sábios deixaram o palácio e Senaka disse aos outros, “Amigos, uma questão difícil esta que o rei nos colocou ; se não a resolvermos, tememos por nós mesmos. Portanto alimentem-se bem e reflitam cuidadosamente.” Após o quê foram cada um para sua própria casa. O sábio por seu lado levantou-se e procurou a Rainha Udumbara e disse a ela, “Ó rainha, onde ficou o rei ho-je e ontem ?” “Andando para cima e para baixo no grande corredor, bom senhor, e olhando para fora pela janela.” “Ah,” pensou o Bodhisatva, “ele deve ter visto algo lá.” Então foi para o lugar e olhou para fora e viu os afazeres do bode e do cachorro. “O enigma do rei estava resolvido !” ele concluiu e foi para casa. Os três outros não descobriram nada e foram até Senaka que perguntou, “Resolveram o enigma ?” “Não mestre.” “Se é assim, o rei banirá vocês ; o quê farão ?” “Mas você descobriu ?” “Na realidade não, não eu.” “Se você não pode resolver, como nós poderíamos ? Rugimos feito leões diante do rei e dissemos, Deixe-nos pensar que resolveremos ; e agora que não podemos, ele ficará irado. Que faremos ?” “Este enigma não é para nós resolvermos : sem dúvida o sábio o resolveu de cem modos diferentes.” “Então vamos até ele.” Foram todos os quatro até a porta do Bodhisatva e mandaram avisar de sua chegada e entraram e falaram polidamente com ele ; permanecendo em um lado perguntaram ao Grande Ser, “Bem, senhor, pensaste no enigma ?” “Se eu não tivesse pensado, quem o faria ? Claro que pensei.” “Então nos diga.” Ele pensou consigo mesmo, “S'eu não dizer o rei os banirá e me honrará com as sete coisas preciosas. Mas não deixemos que estes tolos pereçam - direi a eles.” Então os fez sentarem em lugares baixos e levantarem suas mãos em saudação e sem dizer o que o rei realmente viu, compôs quatro estrofes e ensinou uma para cada um deles na língua Pali, para recitarem quando o rei perguntar e os mandou saírem. Dia seguinte eles foram para juto do rei e sentaram onde lhes foi indicado e o rei perguntou a Senaka,”Resolveste o enigma, Senaka ?” “Senhor, s'eu não soubesse quem o poderia ?” “Diga-me então.” “Escute, meu senhor, “ e ele recitou a estrofe como lhe foi ensinada :

Jovens mendigos e jovens príncipes gostam e se deliciam com carne de carneiro ; carne de cachorro não comem. Ainda assim pode haver amizade entre carneiro e cachorro.

Apesar de Senaka recitar a estrofe não sabia o significado ; mas o rei sabia porque ele viu a coisa. “Senaka descobriu,” ele pensou ; e então se virou para Pukkusa e questionou-o. “O quê ? Não sou sábio ?” perguntou Pukkusa e recitou a estrofe que lhe foi ensinada :

Eles tiram a pele do carneiro para cobrir as costas do cavalo mas pele de cachorro não usam para cobrir : ainda assim pode haver amizade entre carneiro e cachorro.

Nem ele entendeu a matéria mas o rei pensou que ele entendia porque vira a cena. Então ele perguntou a Kavinda que também recitou esta estrofe :

Chifres torcidos tem um carneiro, o cachorro não tem nenhum ; um come grama, outro come carne : ainda assim pode haver amizade entre carneiro e cachorro.

Ele descobriu também,” pensou o rei e passou para Devinda ; que como os outros recitou a estrofe que lhe fora ensinada :

Gramas e folhas come o carneiro, o cachorro nem grama nem folhas ; o cão comeria uma lebre ou um gato : ainda assim pode haver amizade entre carneiro e cachorro.

Em seguida o rei questiona o sábio : “ Meu filho, você entendeu este enigma ?” “Senhor, quem mais pode entendê-lo de Avici a Bhavarga, do mais baixo ínfero ao mais alto céu ?” “Diga-me então.” “Escute, senhor” ; e ele esclareceu seu conhecimento do fato recitando estas duas estrofes :

O carneiro, com oito meias patas em seus quatro pés, oito cascos, sem ser observado, traz carne para o outro e este leva grama para ele. O chefe de Videha, o senhor dos homens, em seu terraço contemplou com seus próprios olhos o intercâmbio de alimentos ofertados de cada um para o outro, entre 'au-au' e 'mé-mé'.

O rei, sem saber que os outros tem seu conhecimento através do Bodhisatva, ficou deliciado em pensar que os cinco haviam descoberto o enigma cada um por suaprópria sabedoria e recitou esta estrofe :

Não é pouco ganho ter pessoas tão sábias em minha casa. Um assunto profundo e sutil, expuseram em nobres falas, homens inteligentes !

Então disse a eles, “O bem com o bem se paga” e disse a seguinte estrofe :


Para cada um dou uma carruagem e uma mula, para cada um uma rica cidade, bem rica, estas dou a todos os sábios, deliciado com suas nobres palavras.”

    

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

[ n. do tr. : sobre a ambrosia, amrita ]





                        ( pintura de Ajanta )

           ( capítulo de 'Plutarco Védico' isbn 978-85-906438-0-7 )
            
            Georges Dumézil, Le festin d'immortalité. Étude de mythologie comparée indo-européenne. Annales du Musée Guimet, Paris, 1924 . Neste livro o autor fala da história comum da ambrosia, amrita, néctar, cerveja, soma, esta bebida, alimento, sagrado de que trata o Jataka anterior. A tradição védica unia culturalmente todo o mundo. Ele fez uma tábua de concordância resumindo no final do livro resumindo os paralelos. Entre colchetes são acréscimos meus. O autor B. Chakravarti, The Indians and the Amerindians, 4 vol, Calcutta, 1992, mostra todas as provas e evidências que o 'batimento do mar de leite', é a travessia do oceano Pacífico entre Ásia e América em comércio nos tempos antigos. O aeroporto de Nazca é para pousar veículos aéreos desta época. O asura Maya são os Mayas experts em construção e arquitetura. Daí o asura Mali é Mali o grande império africano. Bali Bali. A tábua de concordância permite dizer que a cultura védica espalhava-se por todo o mundo unindo-o.

                                             Tábua de Concordância


            1. O Ciclo Hindu ( amrta )

I. - Os Devas temem a morte. Eles deliberam sobre os meios de preparar o alimento da imortalidade, a amrta. Aconselhados por Vishnu, decidem bater o oceano em seu “vaso”. Combinam com os Asuras sobre isto [ ambos trabalham no batimento ].
Conquista dos instrumentos : os Devas, entre outras coisas, vão pedir ao Mestre das Águas que emprestem o oceano para a operação.
Batem o oceano ; [ a espuma do mar batido é como a espuma do leite batido gerando todos os alimentos ]. A amrta aparece assim como diversos seres divinos ( Lakshmi, uma multidão de Apsaras, ... ). Um veneno, nascido do batimento excessivo, ameaça o mundo ; ele é absorvido por Shiva.

III. - Os Asuras pegam a amrta e reclamam além do mais a posse da deusa Lakshmi.
Vishnu – Narayana se reveste com a aparência de Lakshmi e acompanhado de Nara também disfarçado de mulher, seguiu para a residência dos Asuras. Estes loucos de amor, entregam a amrta à falsa deusa que a leva aos Devas.

II. - Os Devas reunidos bebem a amrta. O Asura Rahu se junta subrepticiamente a eles. Denunciado, é decapitado por Vishnu. Ao cair seu corpo faz tremer a terra.

IV. Guerra generalizada. Os Asuras, vencidos sobretudo por Vishnu, são precipitados nas águas e sobre a terra. Os Devas guardam definitivamente a amrta. [ Entre os Asuras perdem a amrta por não seguir, permanecer com, Vishnu, o sacrifício ].


             2. O Ciclo Iraniano ( Ameretât e a Criação )

I. - Ahura-Mazda busca livrar sua criação da morte, da fome, da sede... Ele oferece aliança à Angra-Mainyu que recusa. ( Outra versão : trata-se de preparar em comunhão um festim ( Eznik ) ).
O deus Tistrya vae conquistar o Mar do demônio Apaosha no curso de um duelo de metamorfoses.
Ahura-Mazda cria, a partir da “boa luz” ( que está neste mar ? ), os Amesha-Spenta ( os santos imortais ), entre outros Ameretât, gênio da imortalidade ( cf. Gaokerena, a planta da imortalidade que está neste mar ). Um veneno, originário deste mar, e ameaçando de destruir a criação, é neutralizado por Tistrya.
III. - Angra-Mainyu quer tirar da criação de Ahura-Mazda a saúde, a vida, etc... ( cf. Ameretât ) : sua filha, Djahi, vae em expedição contra o ser humano, a criação, etc..., e arranca dele tudo isto.
II. - IV. - Angra-Mainyu penetra no Céu, de onde Ahura-Mazda o precipita.
Guerra entre os Daeva e os Yazata. Os Daeva são massacrados e Angra-Mainyu amarrado ao monte Arezura.

    3. O Ciclo Escandinavo ( cerveja dos Ases )

I. - Os Ases não têm o quê comer. Eles deliberam. Com o conselho de Thor, eles decidem que é Aegir, deus do mar, que baterá a cerveja para eles. Aegir pede que lhe forneçam primeiro uma Cuba.
Conquista da Cuba : Thor e Tyr vão na residência do gigante Hymir ( gênio do mar de inverno ) ; elas trazem a imensa Cuba do Mar após uma série de provas ( Thor mata o boi preto, pesca a serpente ... ).
Nesta cuba, Aegir bate a cerveja dos Ases.
II.- Os Ases, reunidos, bebem a ceveja. Loki, “excomungado”, se junta a eles e pede para beber. Após uma cena de briga, os Ases expulsam Loki e o amarram em um rochedo. Com seus estremecimentos, Loki provoca os tremores de terra.

III. - O gigante Thrym rouba o único objeto que assegura aos Ases duração e hegemonia : o martelo de Thor. Thrym declara que não o devolverá se não o entregarem em troca a deusa Freya.
Thor se disfarça de Freya e seguido de Loki vae na casa de Thrym que louco de amor, entrega o objeto de perenidade à falsa noiva.
IV.- Thor massacra Thrym e os Gigantes.


                     4. Ciclos Gregos ( ambrosia e Ambrosia )

I.- Os deuses precisam de um alimento; - ou Zeus, Dionisos de uma ama
Este alimento é ambrosia produzida pelo oceano; ou antes esta nutriz é a Oceânida Ambrosia.

II. - Um homem ( Tântalo... ) senta à mesa dos deuses. Ele furta ambrosia.
Os deuses o esmagam debaixo de um monte ( Sipyle ) ou sob a ameaça de um rochedo suspenso ...

III. - Ambrosia ( nutriz de Dionisos ) envelheceu. Então Dionisos lhe torna jovem trocando o sexo. [ Teseu e os atenienses disfarçados de mulher entregues ao minotauro no labirinto de Minos em Creta, o dédalo das prescrições do legislador da Grécia ; na volta Ariadne vae com Dionisos ].

IV. - Guerra dos Deuses e dos Titãs : ambrosia assegura aos deuses a vitória, pela aliança dos Cem – Braços ( cf. o pharmakon da imortalidade na guerra dos Deuses e dos Gigantes ).

           4 bis. Um Ciclo Grego, Beócio ? ( Prometeu e o tonel da imortalidade ).

I. - Os deuses ( ao redor de Zeus ) e os homens ( ao redor de Prometeu ) se reúnem para uma refeição solene. [ a cena é semelhante a de devas e asuras sentados em dois grupos separados, com Mohini, Vishnu mulher, servindo a ambos ].
Prometeu prepara a comida. ( Segundo Ésquilo, colaboração de Prometeu e Oceano ).

II.- Prometeu dá aos homens por astúcia a parte da comida que parecia de direito aos deuses. Zeus se vinga escondendo o trigo ( e também o fogo necessário para cozinhar este alimento ; Prometeu rouba o fogo num oco de bambu ).
Os deuses prendem Prometeu e o amarram a um monte.

III.- Prometeu e Epimeteu furtam de Zeus o tonel que contem “ausência de morte” ( ou as doenças mortais ).Os deuses fabricam uma forma feminina misteriosa, Pandora, que enviam,conduzida por Hermes, qual noiva à Epimeteu. Pandora, enlouquecendo Epimeteu de amor, abre o tonel de onde escapa “ausência de morte” ( ou as doenças mortais ).

IV.- Os deuses supliciam os irmãos de Prometeu e de Epimeteu : Menoitos, Atlas.



              5. O Ciclo Latino ( Anna Perenna )

I. Os Plebeus estão ameaçados de morrer de fome sobre o Monte Sacro. Anna Perenna, “nutriz de perenidade”, [ anna é comida, alimento, em sânscrito ] prepara e leva a eles comida.
( O ciclo laviniano guardou aqui um traço de duelo marinho : Battus, rei da ilhota de Melita, intimado a libertar Anna Perena ).
Anna Perenna é promovida a deusa.
III. - Marte quer Minerva para esposa. Anna Perenna se disfarça de Minerva e acompanhada do cortejo normal de noivas caminha para a casa de Marte. Marte enganado.. Estrondo geral de riso. ( Sobre a cista de Preneste, Minerva vae reconquistar na casa de Marte, através de um “duelo amoroso”, um dolium de conteúdo líquido ).

II. - ( A cena de Mamurius ( = Marte ) expulso e flagelado está amarrada em outro ciclo ). [ no caso o ciclo de Mamurius Veturius, veterem memoriam, e do escudo que desce do céu ].




[ Referências hindus :

Pramenta / Prometeu é o pedaço de cima de madeira que no batimento com outra de baixo faz o fogo védico ritual, simbolizando a unidade homem/mulher. Prometeu e as Oceânidas. A história de Eros e Psiquê reproduz a de Pururavas e Urvasi. Pururavas teria criado o primeiro fogo sacrifical.

Agni se afastou dos deuses ; entrou num bambu daí ser oco e daí dentro dele ser, como que, esfumaçado : por isto que o bambu é o útero de Agni ... ; o útero não injuria a criança. Pois é do útero que quem nasce, nasce : 'do útero ele Agni nascerá quando nascer', assim se pensa.” Satapatha Brahmana parte 3 pg 200.


O significado místico deste altar de Fogo, sem dúvida, é a Fala ( Verbo ) ; pois ele é construído com fala : com Rig ( veda ), o Yagus ( veda ) e o Saman ( veda ) quais divinas ( falas ) ; ... Bem esta fala é tripla – os versos Rig, as fórmulas Yagus e as músicas Saman ; - portanto o altar de Fogo é triplo, enquanto construído com esta tríade... Este corpo ( do altar ) realmente é triplo ; e com este corpo triplo ele obtem a Amrita ( nectar, imortalidade ) tripla divina. Todas estas lajotas são femininas pois são chamadas a partir da fala ( vak, f. ) pois tudo aqui é feminino – apesar de feminino, masculino ou neutro – pois pela fala foi tudo aqui obtido.” Satapatha Brahmana parte IV pg 364 s.

  Kathopanisad IV, 7s
                                         "Ele sabe através da experiência direta que o fogo sacrifical que é produzido dentro de si mesmo pela meditação dia após dia sobre Brahma na inspiração e na expiração. Qual mulher grávida que alimenta o embrião, ou a pessoa que cuidadosamente preserva o fogo sacrifical jogando oblações nele, o Brahmayoguin também está sempre desperto para preservar o fogo do conhecimento de Brahman nele meditando constantemente. É este sopro vital ( prana ) portanto na qual a meditação em Brahman é praticada que constitue o eixo da roda por assim dizer, na qual os aros são fixos. Em outras palavras, este tipo de sopro ou prana é o Brahman de quem manifesta-se as várias deidades dos sentidos, fogo e sol e em quem eles todos descansam." ]


 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

470 ( 535 ) Buddha Sakra ( de novo )

               

                                       







470 ( 535 )

Não regateio...etc.” - Esta foi uma história contada pelo Mestre, enquanto residia em Jetavana, relativa a um Irmão com mente liberal. Ele era dito ser um homem de nascimento nobre, vivendo em Savatthi, que após escutar a Lei pregada pelo Mestre foi convertido e adotou a vida religiosa. Aperfeiçoando-se nas virtudes morais e dotado dos preceitos dhuta e com um coração cheio de amor por seus companheiros sacerdotes ele três vezes ao dia zelosamente atendia no serviço de Buddha, da Lei ( Dharma ) e da Assembleia ( Sangha ) e mostrava-se exemplar na condução e dedicado à caridade. Preenchendo as obrigações da gentil civilidade o que quer que recebesse, enquanto houvessem recipientes, ele dava até que ele mesmo estivesse sem comida. E sua disposição liberal e caridosa foi comentada por toda parte na Assembleia dos Irmãos. Então um dia o assunto foi iniciado no Salão da Verdade, como tal Irmão era tão de mente liberal e devotado à caridade que se recebesse bebida o suficiente apenas para encher o oco da mão, livre de toda a ganância, ele o dava a companheiros sacerdotes – sua vontade sendo a mesma que a do Bodhisatva. O Mestre pelo seu senso divino de escuta percebeu o que estavam falando e retirando-se de sua Câmara Perfumada aproximou-se e questionou a natureza da conversa. E quando eles responderam, “Era tal e tal”, ele disse, “Este Irmão desde antigamente, Irmãos, estava longe de ser liberal, não, era tão avarento que não dava nem uma gota de óleo na ponta de uma folha de grama. Então o converti e o fiz abnegado e louvando os frutos da caridade o estabeleci firmemente em fazer ofertas ; de modo que recebendo água o suficiente para encher o oco da mão ele dizia, 'Não beberei uma gota sem compartilhar um pouco,' e ele recebeu um benefício das minhas mãos e como resultado de sua oferta tornou-se de mente liberal e devotado à caridade,” e com estas palavras ele contou uma história do passado. Cf Jatakas 535 e 78.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares lá vivia um proprietário rico possuidor de oitocentos milhões e o rei conferiu a ele o ofício de Tesoureiro. Sendo assim honrado pelo rei e altamente estimado pelos cidadãos da cidade e do campo igualmente , ele estava um dia estendido sobre sua prosperidade mundana e pensou “Esta glória não foi ganha por mim com indolência e pecado em existências anteriores mas foi obtida realizando atos virtuosos ; cabe a mim assegurar salvação no futuro.” Então buscou a presença do rei e assim falou a ele, “Na minha casa, senhor, há um tesouro de oitocentos milhões : aceite-o.” E quando o rei disse, “Não necessito de tuas riquezas ; tenho bastante bens : portanto pegue e faça o que quiser com ela,” ele disse, “Posso, senhor, dar meu dinheiro em caridade ?” O rei disse, “Faça como te agrada” : e ele construiu seis casas de doação, uma em cada um dos portões da cidade, uma no coração da cidade e uma na porta da sua casa e expedindo diariamente seiscentas mil peças de dinheiro iniciou caridade em grande escala e enquanto viveu fez ofertas e instruiu seus filhos, dizendo, “Veja que vocês não quebrem esta tradição minha, de dar esmolas,” e no fim de sua vida ele renasceu Sakra. Seu filho, de modo semelhante fazendo ofertas, nasceu Canda, o filho de Canda qual Suriya, o filho de Suryia como Matali, o filho de Matali qual Pañcasikha. Bem, o filho de Pañcasikha, o sexto descendente, era o Tesoureiro chamado Maccharikosiya ( o Milionário Miserável ) e ele ainda tinha oitocentos milhões. Mas pensava, “Meus antepassados eram tolos. Lançavam fora a riqueza que foi penosamente reunida mas eu guardarei meu tesouro. Não darei um centavo para ninguém.” E ele demoliu e queimou as casas de caridade e tornou-se um sovina confirmado. Assim os mendigos reuniam-se no seu portão e esticando seus braços gritavam em alta voz,”Ó Senhor Alto Tesoureiro, não saia da tradição dos teus antepassados mas dê esmolas.” Escutando isto o povo o culpava dizendo, “Maccharikosiya se afastou da tradição da sua família.” Envergonhado colocou vigias para prevenir que mendigos permanecessem no portão e tendo assim deixado completamente o lugar nunca mais novamente nem olharam sua porta. Daí em diante ele continuou a revolver o dinheiro mas nem usava ele mesmo nem dividia com sua esposa e filhos. Vivia de arroz com pó vermelho, servido com mingau azedo e vestia roupas toscas sendo apenas filamentos de raízes e ramos de arbustos, fazendo sombra em sua cabeça com um parassol de folhas e dirigindo uma velha carruagem louca, atrelada em bois velhos. Então todo o dinheiro de sujeito ruim era como se fosse uma castanha encontrada por cachorro. Bem um dia quando foi para junto do rei ele pensou em levar consigo o sub tesoureiro e o momento que alcançou a casa deste, encontrou o sub tesoureiro sentado no meio de sua esposa e filhos e comendo mingau de arroz preparado com açúcar em pó para adoçá-lo e cozido com ghee fresco. Vendo Maccharikosiya, levantou-se de seu assento e disse, “Venha e sente neste sofá, Senhor Alto Tesoureiro e coma um pouco de mingau de arroz comigo.” Quando ele viu o mingau de arroz, ficou com água na boca e quis partilhar dele, mas o pensamento que lhe ocorreu foi, “S'eu comer um pouco de arroz, quando o sub tesoureiro vier à minha casa deverei retribuir a ele um pouco da hospitalidade e deste modo meu dinheiro será gasto. Não comerei.” Sendo pressionado novamente e novamente ele recusava dizendo, “Já jantei ; estou satisfeito.” Mas enquanto o tesoureiro gozava da comida, ele ficou olhando sentado dando água na boca e quando a refeição terminou ele se dirigiu com ele para o palácio. Retornando para casa ele estava dominado pela desejo de mingau de arroz mas pensava, “S'eu disser que quero comer mingau de arroz, muitas pessoas também vão querer comer e uma quantidade de arroz descascado e semelhantes será gasta. Não direi uma palavra para ninguém.” Assim noite e dia ele passou seu tempo pensando em nada além de mingau mas temendo gastar dinheiro nada falou com ninguém e guardou seu desejo para si. Mas incapaz de controlá-lo, gradualmente tornou-se pálido e mais pálido e com medo de de gastar sua riqueza não falou de seu desejo para viva alma, e logo logo ficando fraco deitou, abraçando a cama. Sua esposa então veio vê-lo e batendo nas costas dele com a mão perguntou, “está meu senhor doente ?” “Doente você !” ele gritou, “Eu estou muito bem.” “meu senhor, estais pálido. Tens alguma coisa na cabeça ? Está o rei chateado com algo ou foste tratado com desrespeito por teus filhos ? Ou concebeste desejo de algo ?” “Sim, tenho um desejo.” “Diga-me o quê é, meu senhor.” “Pode guardar um segredo ?” “Sim, ficarei quieta sobre qualquer desejo que deva ser guardado em segredo.” Mas mesmo assim, temendo gastar dinheiro, não teve coragem de dizer a ela mas sendo repetidamente pressionado acabou dizendo, “Minha cara, um dia vi o sub tesoureiro comendo mingau de arroz preparado com ghee, mel e açúcar em pó e a partir daquele dia estou com desejo de comer o mesmo tipo de mingau.” “Pobre miserável, estais em tão má situação ? Cozinharei mingau suficiente para toda a população de Benares.” Ele então caiu justo como se um porrete houvesse atingido sua cabeça. Irado com ela ele disse, “Tenho consciência que és muito rica. Se vier de tua família, podes cozinhar e dar mingau de arroz para toda a cidade.” “Bem então cozinharei o suficiente para os moradores de uma única rua.” “O que você tem a ver com eles ? Deixe-os comer o que pertence a eles.” “Então farei o suficiente para sete donos de casa comerem aleatoriamente aqui e lá.” “O quê eles são para você ?” “Bem, então cozinharei apenas para nosso pessoal.” “O quê eles são para você ?” “Então cozinharei meu senhor para você e para mim.” “E, prego, por quê você ? Não é permitido no teu caso.” “Cozinharei o mingau apenas para o senhor.” “Prego, não o cozinhe para mim : se cozinhares na casa, muitas pessoas o verão. Mas apenas me dê uma medida de arroz descascado, um litro de leite, um pouco de açúcar, um pote de mel e uma panela para cozinhar, indo para a floresta eu cozinharei lá e comerei meu mingau.” Ela fez isto e mandando um escravo pegar tudo que ele ordenara e ir ficar e tal e tal lugar. Mandando o escravo na frente, sozinho fez para si mesmo um véu e disfarçado foi até o lado do rio ao pé de um arbusto e foi feito um fogão e lenha e água trazidas para ele e disse para o escravo, “Vá e fique naquela estrada lá e se vier alguém faça um sinal para mim e quando te chamar de volta, venha.” Despachando o escravo, fez um fogo e cozinhou o mingau. Naquele momento Sakra, rei do céu, contemplando a esplêndida cidade dos deuses, dez mil léguas em extensão, a rua dourada longa sessenta léguas e Vejayanta ( palácio de Sakra ) erguido até mil léguas de altura e Sudhamma ( salão da justiça de Sakra ) englobando quinhentas léguas e seu trono de mármore amarelo, de sessenta léguas de extensão e seu parassol branco com sua grinalda dourada, cinco léguas de circunferência e sua própria pessoa acompanhado de um cortejo glorioso de vinte e cinco milhões de ninfas celestes – contemplando, dizia, toda esta glória sua, pensou, “O quê terei feito para atingir tal honra como esta ?” E com seu olho da mente viu a doação de ofertas que estabeleceu quando foi Senhor alto Tesoureiro em Benares e pensou, “Onde meus descendentes nasceram ?” e considerando o assunto disse, “Meu filho Canda nasceu na forma angélica e seu filho foi Suriya.” E notando o nascimento de todos eles, “O quê,” ele gritou, “fez o filho de Pañcasikha ?” E refletindo viu que a tradição da raça foi largado por ele e ocorreu o pensamento, “Este sujeito fraco está sendo sovina nem goza sua riqueza nem dá nada para ninguém : a tradição da raça foi destruída por ele. Quando morrer, renascerá no ínfero. Aconselhando-o e restabelecendo minha tradição mostrarei a ele como renascer na cidade dos deuses.” Deste modo chamou Canda e os outros e disse, “Venha, visitaremos os antros humanos : a tradição de nossa família foi abolida por Maccharikosiya, a casa de caridade foi queimada e ele nem goza da riqueza nem dá nada pra ninguém mas agora desejoso de comer mingau e pensando, 'Se cozido na casa o mingau deverá ser dado para mais alguém também,' ele foi para a floresta e está cozinhando sozinho. Iremos e o converteremos ensinando-o os frutos da caridade. Se contudo for questionado por todos nós de uma vez a dar um pouco de comida, cairia morto no mesmo lugar. Irei primeiro e quando já tiver pedido mingau e sentado , então vocês chegam, um depois do outro, disfarçados de brahmins e peçam a ele.” Assim falando ele mesmo na semelhança de um brahmin aproximou-se e gritou, “Ho ! Qual é a estrada para Benares ?” Maccharikosiya disse, “Perdeu a cabeça ? Nem sabes o caminho para Benares ? Por quê vieste para cá ? Saia daqui já.” Sakra, fingindo não escutar o quê ele diz, aproxima-se mais, perguntando-o o quê dissera. Berrou então, “Disse, velho brahmin surdo, por quê vieste para este lado ? Vá embora.” Sakra então disse, “Por quê berras tão alto ? Vejo aqui fumaça e fogo e mingau de arroz está cozinhando. Deve ser uma ocasião de entretenimento de brahmins. Eu também, quando os brahmins estiverem se alimentando, comerei um pouco. Por quê me afastas ?” “Não há nenhum entretenimento de brahmins aqui. Saia daqui.” “Então por quê estais irado ? Quando você comer tua comida, comerei um pouco.” Ele disse, “Não te darei nem um único caroço de arroz cozido. Esta pouca comida é justo o suficiente para me manter vivo e e mesmo esta foi conseguida mendigando. Vá e procure sua comida em outro lugar ” - e isto ele disse em referência ao fato de ter pedido a sua esposa o arroz – ele falou esta estrofe :

Não regateio para comprar ou vender
Nada guardo de meu para dar ou emprestar :
Este donativo de arroz foi duro de conseguir,
Dificilmente suficiente para nós dois.

Escutando isto Sakra disse, “Também com voz melíflua repetirei uma estrofe para você ; escute-me, “ e apesar de tentar pará-lo, dizendo, “Não quero escutar tua estrofe,” Sakra repetiu um par de estrofes :

De pouco, deve-se dar pouco, de moderado meios semelhantemente,
De muito dê muito : de nada dar nenhuma questão surge.

Isto então te digo, Kosiya, dê oferta do quê é teu :
Não coma só, não há benção naquele que sozinho janta,
Pela caridade podes ascender o caminho nobre divino.

Escutando estas palavras, ele disse, “Este é um gracioso dito teu, brahmin ; quando o mingau estiver cozido, receberás um pouco. Prego, sente.” Sakra sentou em um dos lados. Quando ele estava sentado, Canda do mesmo modo aproximou-se e começou uma conversação semelhante, apesar de Maccharikosiya tentar contê-lo, ele falou um par de estrofes :

Vão é teu sacrifício e vão o desejo de teu coração,
Se devesses comer e relutar em dar um pouco a convivas.
Isto então te digo, Kosiya, dê oferta do quê é teu :
Não coma só, não há benção naquele que sozinho janta,
Pela caridade podes ascender o caminho nobre divino.

Escutando estas palavras, o miserável muito relutantemente disse, “Bem, sente, e terás um pouco de mingau.” Então entrou e sentou próximo a Sakra. Depois Suriya de modo parecido aproximou-se e começando conversação, apesar do avaro querer pará-lo, falou um par de estrofes :

Real teu sacrifício, não vão o desejo de teu coração,
Que não comas sozinho mas dê a convidado uma parte.

Isto então te digo, Kosiya, dê oferta do quê é teu :
Não coma só, não há benção naquele que sozinho janta,
Pela caridade podes ascender o caminho nobre divino.

Escutando estas palavras o sovina com grande relutância disse, “Bem, sente, e terás um pouco.” Assim Suriya foi e sentou do lado de Canda. Então Matali de modo igual aproximou-se e começou a conversar, apesar do avarento tentar pará-lo, falou estas estrofes :

Quem oferece presentes ao lago ou rio que a torrente de Gaya lava
Ou santuário de Timbaru ou Dona com ondas de rápida corrente,
Aqui recebe fruto do sacrifício e desejo do coração,
Se com um comensal partilhar sua comida sem sentar nem comer separado.

Isto então te digo, Kosiya, dê oferta do quê é teu :
Não coma só, não há benção naquele que sozinho janta,
Pela caridade podes ascender o caminho nobre divino.

Escutando estas palavras também, carregado como se fosse com um pico de montanha, ele relutantemente disse, “Bem, sente e terás um pouco.” Matali entrou e sentou do lado de Suriya. Então Pañcasikha de modo semelhante aproximou-se e começou conversa, apesar do miserável tentar pará-lo, falou um par de estrofes :

Como peixe que engole avidamente anzol amarrado à linha
É aquele que com conviva à mão janta completamente sozinho.

Isto então te digo, Kosiya, dê oferta do quê é teu :
Não coma só, não há benção naquele que sozinho janta,
Pela caridade podes ascender o caminho nobre divino.

Maccharikosiya escutando isto, com um esforço doloroso e grunhindo alto, disse, “ Bem, sente, e terás um pouco.” Assim Pañcasikha entrou e sentou do lado de Matali. E quando estes cinco brahmins haviam tomado seus lugares, o mingau ficou pronto. Então Kosiya o pegando no fogão disse aos brahmins para pegarem suas folhas. Permanecendo sentados como estavam esticaram as mãos e apanharam folhas de uma trepadeira dos Himalaias. Kosiya vendo-as disse, “Não posso dar qualquer mingau nestas folhas grandes suas : consigam folhas de acácia ou árvores similares.” Eles pegaram tais folhas e cada uma era tão grande quanto um escudo de guerreiro. Então serviu um pouco de mingau com uma colher para todos eles. No momento que servira o último de todos, ainda havia bastante deixada no pote. Naquele momento Pañcasikha levantou-se e deixando sua forma natural a trocou pela de um cachorro e permanecendo na frente deles, urinou. Cada um dos brahmins cobre seu mingau com uma folha. Uma gota da urina do cachorro cai nas costas da mão de Kosiya. Os brahmins buscaram água em suas jarras e misturando-a com mingau fingiam comer. Kosiya disse, “Dê-me também um pouco d'água e após lavar minhas mãos pegarei um pouco de comida.” “Pegue água para você mesmo,” eles disseram, “e lave suas mãos.” “Dei a vocês mingau ; dê-me um pouco d'água.” “Não fazemos negócio de troca com ofertas.” ( qualquer arranjo envolvendo a troca de ofertas é proibido ). “Bem, então guardem esta panela de cozinhar e após lavar as minhas mãos volto,” e ele desceu para a margem do rio. Naquele momento o cachorro encheu a panela de urina. Kosiya vendo-o urinar pega um porrete e aproxima-se, ameaçando-o. O cachorro se transforma em um cavalo de espírito sanguíneo e o perseguiu assumindo várias cores. Uma hora preto, depois branco, ou dourado, malhado. Uma hora alto, em outra de baixa estatura. Assim em muitas aparências diferentes perseguiu Maccharikosiya, que assustado com medo de morte aproximou-se dos brahmins, enquanto eles voaram e permaneceram parados nos ares. Vendo o poder sobrenatural deles disse :

Vocês nobres brahmins, pousados nos ares,
Por quê este cão de vocês tão estranhamente veste
Mil formas variadas, apesar de ser apenas um,
E diga-me verdadeiramente, brahmins, quem são vocês ?

Escutando isto, Sakra, o rei dos céus disse :

Canda e Suriya olhe ! Ambos estão aqui,
E Matali o auriga celeste,
Eu sou Sakra, deus chefe dos Trinta e Três,
E Pañcasikha lá está te caçando.

E celebrando a fama de Pañcasikha Sakra falou esta estrofe :

Com tambor, pandeiro e tamborim eles o acordam do sono,
E enquanto acorda, alegre música faz seu coração pular de alegria.

Escutando suas palavras Kosiya perguntou, “Quais atos levam o ser humano a atingir tal glória celeste como esta ?” “Aqueles que não praticam caridade, praticantes do mal e miseráveis não alcançam o mundo angélico, mas renascem no ínfero.” E para mostrar isto Sakra disse :

Quem quer que, miserável, avaro de nascença,
Despreze sacerdotes e bramins sagrados,
Sua estrutura terrena de agora deixada de lado,
No ínfero, dissolvida pela morte, mora.

E falando a estrofe seguinte, para mostrar como estes que são constantes na retidão atingem o mundo angélico ele disse :

Constantes no certo, que ganham o céu
Fazem ofertas e guardam-se do pecado,
E com seu corpo deixado de lado
Com o decaimento da morte, no céu habita.

Após estas palavras Sakra disse, “Kosiya, não viemos até você por causa do mingau mas com sentimento de piedade e compaixão por você que viemos,” e para tornar isto claro ele disse :

Tu, apesar de descendente nosso em nascimentos anteriores,
É um miserável, um homem de ódio e pecado ;
Foi por tua causa que viemos à terra,
Para te desviar do destino do pecado – renascer no ínfero.

Escutando isto Kosiya pensou, “Eles dizem que são meus benfeitores ; arrancando-me para fora do ínfero que eles anseiam por me estabelecer no céu.” E estando altamente agradecido ele disse :

Que assim vocês me admoestem, sem dúvida buscam meu bem,
Seguirei o conselho de vocês , tanto quanto entendo.

De agora em diante cesso de ser sovina, de atos de pecado me abstenho
Fazer ofertas a todos, nem mesmo um copo, não partilhado, d'água.

Assim sempre dando, Sakra, logo minha riqueza diminuirá,
Então tomarei as ordens e luxúrias de todo tipo fugirão.

Sakra após converter Maccharikosiya ensinou-o os frutos de fazer ofertas e o tornou abnegado e quando pregando a lei o estabeleceu nas cinco virtudes morais, junto com seus deuses ajudantes retornou para a cidade angélica. Maccharikosiya também entrou na cidade de Benares e tendo pedido a permissão do rei mandou que pegassem e enchessem todos os vasos que pudessem colocar as mãos com seus tesouros e deu tudo para os pedintes. E principiou pelo Himavat pela encosta da direita e um local entre o Ganges e um lago natural construiu uma cabana de folhas e tornando-se um asceta vivia de raízes e frutos selvagens. Lá morou um longo tempo até atingir idade avançada. Naquele tempo Sakra tinha quatro filhas, Esperança, Fé, Glória e Honra, que tomando para elas muitas guirlandas celestes perfumadas vieram ao lago Anotatta, para nadar e após divertirem-se sentaram no monte Manosila. Justo naquele momento Narada, um asceta brahmin, foi para o palácio dos Trinta e Três para descansar durante o calor do dia e construía uma residência para nos caramanchões de Cittakuta no bosque Nanda. E segurando em sua mão uma flor de árvore coral, para servir de parassol, retornou para a Caverna Dourada o lugar onde mora no topo de Manosila. As ninfas vendo esta flor na mão dele a pediram.

O Mestre para esclarecer o assunto disse :

Na altura grandiosa de Gandhamadana,
Estas ninfas, protegidas de Sakra, divertiam-se :
A elas um santo de fama mundial
Veio, com um bom ramo na mão.

Este ramo de flores tão pura e doce,
É destinada aos deuses e apropriada aos anjos :
Nenhum demônio, ninguém de nascimento mortal
Pode clamar esta flor de valor inapreciável.

Então, Fé, Esperança, Glória, Honra, aquelas
Quatro donzelas com peles douradas, levantaram-se
E sem iguais entre todas as ninfas
Ao brahmin Narada se dirigiram,

'Dê-nos, Ó sábio, esta flor coral,
Se dar ainda está em teu poder,
Já que como a pessoa de Sakra te honraremos,
E você em todas as coisas será abençoado.'

Quando Narada o pedido delas escutou
Direto começou uma grande querela :
'Não estou necessitado ; a quem permitam
Ser a rainha entre vocês ganhará o ramo.'

As quatro ninfas ao escutarem o quê ele disse falaram esta estrofe :

Ó Narada, tu és supremo,
A quem entregarás o presente :
A quem investirás com tal dom,
E entre nós será considerada a melhor.
Narada, escutando estas palavras, dirigiu-se a elas dizendo :

Belas, tal conselho não é correto ;
Que brahmin ousaria começar querela ?
Leve ao senhor dos espíritos a tua busca,
para saber quem é a melhor e a pior.
________________

Então o Mestre falou esta estrofe :

Com orgulho da beleza, enlouquecido e colérico
Excitadas pelo sábio esperto,
Para Sakra, senhor dos espíritos foram,
Saber qual era a melhor delas.
___________________

Enquanto permaneciam fazendo a pergunta,

Estas ninfas ansiosas em sua busca
Sakra com o devido respeito falou,
Vocês todas são iguais em beleza,
Quem estragaria a paz de vocês com discórdia ?
Sendo assim questionadas por ele elas disseram :

Narada, que percorre o mundo, sábio poderoso,
De verdade penetrante, constante sempre no que é certo,
Assim falou conosco no cume de Gandhamadana ;
'Para Sakra, senhor dos espíritos, vão direto,
Se desejam saber quem é primeira e última'.

Escutando isto Sakra pensou, “Se tiver que dizer qual destas quatro filhas minhas está em virtude além das outras, estas outras ficaram iradas. Este é um caso impossível para mim decidir ; vou mandá-las para Kosiya, o asceta nos Himalaias: ele decidirá a questão para elas.” Então disse, “Não posso decidir o caso de vocês. Nos Himalaias há um asceta chamado Kosiya : a ele mandarei um copo da minha ambrosia. Ele nada come sem partilhar com outra pessoa e em doar ele mostra discriminação doando para virtuosos. Qual de vocês receber comida da mão dele, esta será a melhor entre vocês.” E assim falando ele repetiu esta estrofe :

O sábio que mora naquela vasta floresta
Não tocará qualquer comida sem partilhá-la ;
Kosiya com juízo confere dons,
A quem ele oferecer, o primeiro lugar é desta.

Em seguida chamou Matali e o enviou ao asceta e o enviando repetiu a seguinte estrofe :

Nas encostas do Himavat onde o Ganges desliza
Na direção sul um santo reside :
Ambrosia, Matali, leve ao santo,
Com comida e bebida ele fortalece a fraqueza.

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Então o Mestre disse :

Com a ordem do deus, seguiu Matali
Um carro com mil corcéis ele dirigia ;
Sem ser visto logo estava ao lado do eremitério
E oferecia ao sábio a comida ambrosial.

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Kosiya a pegou e ainda em pé falou um par de estrofes :

Enquanto erijo uma chama de sacrifício,
Louvando o sol que afasta toda tristeza,
Sakra supremo acima no mundo espiritual que se levanta -
Quem mais ? - ambrosia coloca em minhas mãos.

Branca como uma pérola é ela, sem igual,
Fragrante e pura, maravilhosamente bela,
Nunca antes vista por estes meus olhos ;
Que deus colocou em minhas mãos esta comida divina ?

Então Matali disse :

Venho, Ó poderoso sábio, enviado por Sakra,
Correndo para te trazer nutrimento celeste :
Esta melhor das comidas, prego, coma sem medo,
Vês aqui Matali, auriga celeste.

Comendo isto as doze coisas ruins são mortas,
Sede, fome, descontentamento, fatiga e dor,
Frio, calor, raiva, inimizade, querela, calúnia, torpor -
Esta essência celeste coma tu, nada negue.

Escutando isto Kosiya, para esclarecer que tinha tomado um voto sobre si, falou esta estrofe :

É errado comer só pensei certa vez, então fiz um voto um dia
Não tocar comida, a menos que partilhe um pouco dela.
Comer só nunca é aceito entre pessoas de mente nobre,
Quem quer que com outros nada partilhe, não encontra felicidade.

E quando Matali o questionou dizendo, “Santo senhor, o quê descobriste que estava errado em comer sem dar um pedaço para outros que tomaste este voto sobre ti ?” ele respondeu :

Todos que cometem adultério ou matam mulheres
Que amaldiçoam ou maltratam homens santos ou traem amizade,
E sovinas, pior de todos – que possa nunca aparecer entre estes,
Nem mesmo uma gota d'água tocarei sem dividir.

Para homens e mulheres ambos minhas ofertas sempre fluirão,
Sábios louvarão tais que seus bens em ofertas oferecem ;
Todos os que são generosos neste mundo e evitam avaros modos,
Aprovado por todos, serão estimados sempre boas e verdadeiras pessoas.

Escutando isto Matali permaneceu diante dele na forma visível. Naquele momento estas quatro ninfas celestes ficaram nos quatro pontos cardiais. Glória no leste, Esperança no sul, Fé no oeste, Honra no norte.
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O Mestre para esclarecer o assunto disse :

Quatro ninfas douradas muito brilhantes,
Esperança, Glória, Fé e Honra elevada,
Enviadas por ordem de Sakra em direção a terra,
Para a cela de Kosiya seus passos inclinaram.

As donzelas em formas que fulguravam qual flamas
Para cada um dos quatro quartos vieram ;
Em frente a Matali ( agora deus confesso )
O sábio entusiasmado falou a uma assim,

'Quem és tu, ninfa, qual estrela da manhã,
Iluminando o céu Leste distante ?
Tua forma vestida em traje dourado,
Diga-me teu nome, Ó donzela celestial.'

'Sou Glória, amiga honrada do ser humano,
Pronta a defender a alma imaculada :
Clamando por esta comida, olhe ! Aqui estou ;
Com este pedido, grande sábio, consente.

Abençoou a quem quero
E todo o desejo de seu coração realizo ;
Alto sacerdote, meu nome é Glória, saiba,
Para mim tua comida celeste entregue.'

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Escutando isto Kosiya disse :

As pessoas podem ser habilidosas, virtuosas, sábias,
Ser excelente em todos seus projetos inteligentes,
Ainda assim sem ti nunca têm sucesso ;
Nisto culpo teu ato mal.

Um outro, preguiçoso, ganancioso, veja,
Mal nascido e feio como pode ser :
Abençoado por teu cuidado e rico também
Faz de um nascido nobre seu escravo.

Tu portanto Glória reconheço como falsa e obtusa,
Imprudente em cortejar tolos e abaixar sábios ;
Nenhum direito você tem na verdade nem assento nem moringa
Muito menos comida ambrosial. Sae fora, não gosto de ti.

Assim ela imediatamente desapareceu da vista. Então sustentando conversa com Esperança ele disse :

Quem és tu, bela donzela, com dentes tão puros e brancos,
Com anéis de ouro escuro e enfeitada de braceletes reluzentes,
Em roupa de brilho transparente e vestindo na cabeça
Um ramo qual chama vermelha alimentada de tufos de grama kusa ?

Qual corça selvagem apenas pastando apesar da flecha do caçador,
Tens olhar vago como se fosses criatura deslumbrada,
Ó donzela de olhar macio, que amigo tens aqui,
Para em clareira sozinha na floresta extravie-se sem medo ?

Então ela falou esta estrofe :

Não tenho amigo aqui ; da casa celeste de Sakra
Chamada Masakkasara, nascida anjo vim :
Pedir comida ambrosial, Esperança agora aparece para ti ;
Escute, nobre sábio, e conceda este pedido para mim.

Escutando isto Kosiya disse, “Me disseram que quem quer que te agrade, a este você realizando a fruição da esperança você concede esperança e quem quer que não te agrade, a este você não concede. Sucesso neste caso não chega através de você até este, mas você traz então destruição,” e a guisa de ilustração disse :

Mercadores através da esperança buscam tesouros longe e muito,
E pegando barco nas ondas do oceano navegam :
Lá em algum momento eles afundam para não mais levantar,
Ou escapando deploram a perda da riqueza.

Em esperança seus campos os fazendeiros aram e cultivam,
Semeiam sementes e labutam com o máximo de habilidade ;
Mas alguma praga ou seca aflige o solo
Nenhuma colheita colherá com todo o seu esforço.

Homens de amor fácil levados pela esperança tomam coragem
E pelo bem de seus senhores fazem a parte varonil
Oprimidos por inimigos por todos os lados caem
E lutando por seus senhores perdem tudo e a vida.

Estoques de grãos e riquezas renunciando para seus parentes,
Pela esperança aspirando benção celeste ganhar,
Por longo tempo duras penitências se submetendo
E por maus caminhos atinge estado de dor.

Enganadora da humanidade, tua corte é vã,
Teu fútil desejo por este dom, restrinja,
Nem direito tens de sentar e de pegar moringa :
Muito menos de comida celeste
Sae fora, não gosto de ti.

Ela também ao ser rejeitada imediatamente sumiu de vista. Conversando então com Fé ele falou a estrofe :

Ninfa famosa vestida em flama de glória,
Em pé na direção do Oeste de mau agouro,
Tua forma vestida em roupa de ouro
Diga-me teu nome, ilustre donzela.

Então ela repetiu a estrofe :

Meu nome é Fé, amiga honrada do ser humano,
A alma imaculada pronta a defender :
Clamar por esta comida, olhe ! Estou aqui ;
A este meu pedido, grande sábio, conceda.

Então Kosiya disse, “Estes mortais que acreditando nas palavras primeiro de um depois de outro faz isto ou aquilo, fazem aquilo que não devem fazer mais frequentemente do que deviam fazer e verdadeiramente isto é tudo feito através de você,” e ele repetiu estas estrofes :

Através da fé as vezes as pessoas livremente fazem caridade,
Praticam auto controle, restrição e abstinência :
As vezes novamente através de você caem da graça,
Calúnia e mentira, trapaça e roubo também.

Com esposas, casta, fiel e de alto nível,
Um homem pode ser circunspecto e prudente,
Pode curvar suas paixões bem em tal caso,
Ainda assim com alguma prostituta pode colocar toda sua confiança.

Através de ti, Ó Fé, adultério é frequente,
Abandonando o bem levas uma vida de pecado.
Nenhum direito tens nem de sentar nem de pegar moringa :
Muito menos comida ambrosial. Sae fora, não gosto de ti.
Ela também imediatamente desapareceu da vista. Mas Kosiya conversou com Honra enquanto ela estava de pé no lado norte, repetindo duas estrofes :

Como Aurora que doura as franjas da Noite odiosa,
Do mesmo modo tua beleza explode à minha vista ;
Ó ninfa celeste bela de forma tão fugaz,
Diga-me teu nome e declare quem és tu.

Como tenra planta cujas raízes são alimentadas
Em solo no qual chamas devoradoras se espalharam,
Sua riqueza de folhas vermelhas a brisa do verão faz cair,
Por quê me olhas com ar envergonhado
Satisfeita que vae falar, apesar de em silêncio ainda ?

Então ela falou esta estrofe :

Honra eu sou, amiga querida do ser humano,
Que ajuda empresta aos justos mortais ;
Olhe aqui estou esta comida a clamar,
Apesar de dificilmente ousar expressar meu desejo ;
Para mulher, pedir, conta como vergonha.

Escutando isto o asceta repetiu duas estrofes :

Nenhuma necessidade de você pedir ou rogar,
Receba o que é teu direito e devido :
Te concedo o dom que tu não ousas desejar.
Aceite o alimento que contente comerias.

Condescende, ninfa, toda dourada na roupa, prego,
Festeje dentro da minha cela o dia de ho-je :
Primeiro te honrando com guloseima rara,
Eu também esta comida celeste partilharei.

Então seguem algumas estrofes inspiradas pela sabedoria divina :

Assim Honra, ninfa gloriosa, com o convite dele
Na casa de Kosiya foi bem recebida qual conviva :
Frutos e correntes perenes aí são abundantes,
E santos aglomerados encontram-se em seus átrios.

Aqui arbustos de flores em massa densa vemos,
Manga, piyal, fruta pão, árvore da Judéia ;
Salgueiro e jambo brilhante decoram a clareira,
Lá figo e banian jogam suas sombras sagradas.

Aqui muitas flores com fragrâncias perfumam o vento,
( n.t. : aqui muitos nomes de árvores e plantas são omitidos )
Ali ervilhas e feijões, painço e arroz encontramos :
Bananas para todo lado mostram grandes cachos,
E bambus crescem em grossas moitas.

No lado norte, rodeado por suave e lisa praia,
Alimentada por correntes puras, contemple um lago sagrado.

Lá peixes felizes em paz divertem-se à vontade,
( n. t. : muitos nomes de peixes são omitidos )
E no meio de abundante comida deleitam-se até a satisfação.

Lá pássaros felizes em paz gozam de alimento abundante,
Cisnes, emas, águias também, pavões de rara plumagem,
Cucos, faisões e gansos vermelhos lá estão.
Ali leões, tigres, javalis, recorrem para aplacar a sede.
Estes ursos, hienas e lobos costumam fazer seus lugares de beber.

O búfalo, rinoceronte também estão aqui.
Com antílope, alce, hordas de porcos, cervos vermelhos e outros.
E gatos com orelhas tipo a da lebre em vasto número aparecem.

As encostas da montanha enfeitadas alegremente com flores de formas variadas
Um eco da canção de pássaros que assombravam cada clareia de floresta.
Assim o abençoado cantou os louvores do eremitério de Kosiya . E E depois para apresentar a deusa Honra e a maneira de sua entrada lá ele disse :

A bela inclinada em um galho, toda vestida em roupa de folhagem verde,
Qual relâmpago de nuvem de tempestade direto iluminou a cena.
Para ela foi colocado um sofá delicado, com ricas cortinas na cabeceira,
Tudo trabalhado com fragrante grama kusa, coberto com pele de cervo.
E então para Honra, ninfa celeste, o eremita santo falou :
'Para tua delícia este sofá está colocado ; por favor, sente-se.'

O asceta então água pura da fonte
Em folhas frescas com haste colhidas trouxe,
E sabendo o quê sua alma mais interior desejava
A comida ambrosial a ela alegremente deu.

Enquanto em suas mãos o bem vindo presente apertava,
A ninfa entusiasmada disse ao santo :
' Veneração e vitória tu me deste,
Olhe ! Agora de novo retorno ao meu céu nativo.'

A donzela intoxicada com orgulho da fama,
Com a benção de Kosiya, voltou para Indra,
'E veja,' ela gritou, 'deus dos mil olhos,
A ambrosia aqui – me outorgaram o prêmio.'

Então Sakra e sua hoste de anjos prestaram
Honra devida a donzela celeste sem igual,
E enquanto ela sentava em seu novo trono,
Sua presença deuses e seres humanos reconheceram.

Enquanto assim a honrava este pensamento ocorreu a Sakra, “Qual seria a razão de Kosiya recusar a ambrosia às outras e dar apenas a esta ?” Para saber a razão disto ele novamente enviou Matali.
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O Mestre, para esclarecer o assunto, repetiu esta estrofe :

Então Sakra, senhor dos Trinta -Três,
Novamente se dirigindo a Matali,
Disse, 'Vá e mande o santo explicar
Por quê Honra ganhou a ambrosia.'
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Em obediência a esta palavra Matali, subindo no carro chamado Vejayanta, partiu de lá.
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O Mestre, para explicar o assunto, disse :

Assim Matali então carregou um carro para viajar pelos ares,
Com acessórios todos encaixados, esplendor de beleza assombrosa,
Seu eixo de ouro, ouro bem refinado e toda sua estrutura construída
Com ornamentos elaborados e carregado de dourados.

Pavões em ouro, representados não em pouco número,
Cavalos e vacas, elefantes, tigres e panteras também,
Aqui antílopes e cervos são vistos como se preparados para brigar,
Aqui trabalhado em pedra preciosa estão gaios e outros pássaros em voo.

A ele, eles atrelaram mil corcéis reais de cor dourada,
Cada um forte como um elefante jovem, um espetáculo esplêndido para a vista ;
Seus peitos vestidos de arte dourada, com grinaldas em espirais,
Em trilha que se desfaz, a uma mera palavra, rápidos como o vento eles viajam.

Quando Matali este carro grandioso sobe inclinando-o
O firmamento em todos os dez pontos faz eco ao som :
E enquanto viaja pelos ares, faz o mundo tremer,
E céu, mar, terra, com todas as suas rochas e árvores balançam.

Logo chega no eremitério e desejando declarar
Reverência devida para o homem santo ele deixa um ombro desnudo,
E falando ao sábio brahmin, pessoa estudada e inteligente,
Bem treinado em ensino santo, foi assim que Matali começou :

Escute agora, Ó Kosiya, as palavras de Indra, rei celeste,
Sobre o quê ele está ansioso em aprender, esta mensagem, olhe ! Eu trago,
' Enquanto os pedidos de Esperança, Fé e Glória não reconheceste,
Prego, por quê apenas Honra pode receber de tuas mãos o prêmio ?'

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Escutando estas palavras o asceta falou esta estrofe :

Glória para mim, Ó Matali, parece um jade parcial,
Enquanto Fé, você auriga dos deuses, prova uma donzela inconstante,
Esperança sempre uma enganadora ama trair suas promessas,
Honra apenas está firme, estabelecida no caminho da santa virtude.
E agora em louvor a suas virtudes ele disse :

Donzelas que ainda dentro de suas casas vivem, sempre bem guardadas,
Mulheres que passaram do viço, e tais que ainda moram com os maridos,
Em uma e todas a luxúria da carne dentro de seus corações surge,
À voz de Honra elas sustam o pensamento e a paixão pecaminosa morre.

Onde flechas e lanças no front de batalha são jogados rápida e livremente,
E na confusão quando camaradas caem ou viram e fogem,
À voz de Honra eles sustam suas fugas mesmo ao custo da vida,
E tomados de pânico como estavam mais uma vez começam a batalha.

Justo como a praia impede o avanço das ondas no continente,
Honra também restringirá muitas vezes o caminho das pessoas fracas.
Então, Matali, a Indra volte rapidamente e torne claro,
Os santos por todo o grande e largo mundo, todos, veneram o nome de Honra.

Escutando isto Matali repetiu esta estrofe :

Quem, Kosiya, te sugeriu esta visão,
Foi o grande Indra, Brahma ou Prajapati talvez ?
Esta Honra, sábio poderoso, esteja certo, deve a Indra seu nascimento,
E no mundo angélico está no rank das mais valorosas de todas.

Enquanto ele ainda estava falando, naquele mesmo instante Kosiya tornou-se sujeito a re-nascer. Então Matali disse a ele, “Kosiya, teu agregado de vida está passando de ti : tua prática de caridade ( danadhamma ) está terminada. O quê você tem para fazer no mundo dos seres humanos ? Agora iremos para o mundo angélico,” e tendo em mente conduzí-lo para lá falou esta estrofe :

Venha agora, Ó santo, e direto suba no carro que me é caro,
E deixe-me levá-lo ao céu onde reina os Trinta e três.
Indra está saudoso sensivelmente de ti, da pessoa consanguínea a Indra,
Ho-je teu caminho à amizade com Indra ganharás.

Enquanto Matali estava ainda falando, Kosiya falecendo entrou na existência nos ranks dos deuses sem a intervenção de pais ( opapatika ) e subindo tomou seu lugar no carro celestial. Então Matali o conduziu para a presença de Sakra. Sakra vendo-o ficou feliz de coração e deu a ele sua filha mesma Honra como esposa principal e conferiu a ele uma soberania sem limites.

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Percebendo o estado das coisas o Mestre disse, “É o mérito de alguns ilustres seres que é assim purificado,” e repetiu a estrofe final :

São portanto os atos dos homens santos levados a um final feliz,
E para sempre permanece o fruto dos atos meritórios.
Quem quer que contemple a comida ambrosial dada a Honra,
Direto passa para a amizade com Indra, senhor do céu.


O Mestre aqui terminado seu discurso com estas palavras, “Não apenas agora, Irmãos, mas anteriormente também converti este sovina que era um miserável completo,” e assim falando ele identificou o Jataka assim: “Naquele tempo Uppalavanna era a ninfa Honra, um Irmão de generosidade grande era Kosiya, anurudha era Pañcasikha, Ananda Matali, Kassapa Suriya, Moggaallana Canda, Sariputra Narada e eu mesmo Sakra.