terça-feira, 13 de novembro de 2012

455 Buddha Elefante



     Mahabalipuram, Mamallapuram, sudeste da Índia, séc. VIII.

  455
Apesar de distante...etc.” - Esta hstória o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana sobre um Ancião que tinha que amparar sua mãe. As circunstâncias do acontecimento são semelhantes àquelas do Sama Jataka nº. 540. Nesta ocasião também o Mestre disse, dirigindo-se aos Irmãos, “Não fiquem furiosos, Irmãos, com este homem ; houveram sábios no passado que mesmo nascidos no ventre de animais, separados de suas mães, recusaram por sete dias a comer, ficando muito tristes ; e mesmo quando lhe foram oferecidas comidas próprias de reis apenas respondeu, Sem minha mãe não comerei ; e depois alimentaram-se novamente quando viram a progenitora.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como um Elefante na região dos Himalaias. Ele era todo branco, um animal magnífico e uma horda de 80 mil elefantes o circundava ; mas a mãe dele era cega. Ele teria dado a seus elefantes o doce fruto selvagem, tão doce, que era para levar para ela ; mas não deram e eles comeram tudo eles mesmos. Quando ele perguntou e escutou a notícia, disse, “Deixarei a horda e cuidarei da minha mãe.” À noite então, sem ser visto pelos outros elefantes, levando sua mãe consigo, ele partiu para o Monte Candorana ; e lá colocou sua mãe em uma caverna nas montanhas, bem junto de um lago e cuidava dela.
Bem, um mateiro, que vivia em Benares, perdeu-se ; e incapaz de se orientar começou a chorar alto. Ouvindo o barulho dele, o Bodhisatva pensou consigo mesmo, “Há um ser humano sofrendo e não é conveniente que se machuque enquanto estou aqui.” Então ele se aproximou do homem ; mas o sujeito fugiu temeroso. Vendo isto o Elefante disse a ele, “ Ho man ! Não precisa ficar com medo. Não fujas mas diga porque perambulas chorando?”
Meu senhor,” disse o homem, “perdi o rumo já têm sete dias.”
Disse o Elefante, “Nada tema, Oh homem ; te colocarei nos caminhos das pessoas.” Então ele fez o sujeito sentar nas costas dele e o carregou para fora da floresta e depois voltou.
Este homem ruim resolveu ir à cidade e contar para o rei. De modo que marcou as árvores e marcou os montes e então fez seu caminho de volta a Benares. Naquele tempo o Elefante de estado do rei acabara de morrer. O rei fez com que a notícia fosse proclamada pelo bater de tambores, “ Se alguma pessoa tiver visto em algum lugar um elefante adequado e próprio de montaria ao rei, declare-o !” Este homem então foi para diante do rei e disse, “Vi, meu senhor, um elefante esplêndido, todo branco e excelente, adequado como montaria para qualquer rei. Mostrarei o caminho ; envie junto comigo apenas os treinadores de elefantes e o pegaremos.” O rei concordou e enviou o mateiro e uma grande tropa junto.
Foram juntos e encontraram o Bodhisatva se alimentando no lago. Quando o Bodhisatva viu o mateiro, pensou, “Este perigo sem nenhuma dúvida vem devido aquele sujeito. Mas sou forte ; posso dispersar até mil elefantes ; irado posso destruir todas as bestas que transportam um exército de todo um reino. Mas s'eu deixar escapar a ira estarei maculando minha virtude. Então ho-je não fiarei irado nem mesmo se espicaçado com lâminas.” Com esta resolução, dobrando a cerviz ele ficou imóvel.
Para dentro do lago de lótus foi o mateiro e vendo a beleza de suas presas, disse, “venha, meu filho !” Então segurando-o pela tromba ( e igual a uma corda de prata ela era ), o direcionou para Benares por sete dias.
Quando a mãe do Bodhisatva percebeu que seu filho não viria, ela pensou que ele foi pego pelos nobres do reino. “E agora,” ela gemia, “todas estas árvores continuarão crescendo mas ele estará longe “ ; e ela repetiu duas estrofes :

Apesar de longe estar este elefante
Ainda crescem olíbano e kutaja,
Grãos, gramas, e oleandro, lírios brancos,
Em lugares protegidos os sinos azuis escuros ainda florescem.

Onde quer que aquele elefante real for,
Nutrido pelos que mostram peito e corpo
Todo em arreios dourados, o Rei ou Príncipe pode dirigí-lo
Sem medo para o triunfo sobre o inimigo de armadura.

Então o treinador, enquanto ainda estava no caminho, enviou mensagem para contar ao rei. O rei fez com que se decorasse a cidade. O treinador levou o Bodhisatva para um estábulo todo adornado e aparrelhadocom guirlandas e grinaldas e o cercando com uma tela de muitas cores o mandou para o rei.O rei fez com que dessem ao Bodhisatva todo tipo de comida rica. Mas ele nada comeu : “Sem minha mãe, nada comerei,” disse ele. O rei suplicou a ele que comesse repetindo a terceira estrofe :

Tome, pega um pedaço, Elefante, e não desfaleça :
Há muita coisa a ser feita servindo ao rei ainda.

Escutando isto, o Bodhisatva repetiu a quarta estrofe :

Não, ela junto ao Monte Candorana, pobre cega e infeliz,
Tropeça em alguma raiz de árvore por falta minha, seu filho !

O rei falou a quinta estrofe para perguntar o significado :

Quem está no Monte Candorana, cega pobre e infeliz,
Tropeçando em alguma raiz de árvore, sem seu filho real ?

Ao quê o outro respondeu com a sexta estrofe :

Minha mãe no sopé do Candorana, cega e infeliz !
Tropeça em alguma raiz d'árvore sentindo minha falta
Escutando isto, o rei deu a ele a liberdade, recitando a sétima estrofe :

A este poderoso Elefante que alimenta a mãe, deixem livre :
E deixem-no ir até a mãe e para toda sua família.

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As estrofes oitava e nona são do Buddha em sabedoria perfeita :

O Elefante livre da prisão, o animal libertado das cadeias,
Com palavras de consolação voltou para as montanhas.

[ n. do tr. : o Escoliasta, a Glosa, explica que o elefante discursou sobre a virtude para o rei, depois disse a ele para se cuidar e partiu no meio dos aplausos da multidão quelançava flores sobre ele. Foi para casa e alimentou e lavou sua mãe. Para explicar isto, o Mestre repetiu duas estrofes. ]

Então do lago límpido e frio, que Elefantes frequentam,
Com sua tromba pega água e esparrama toda em sua mãe.

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Mas a mãe do Bodhisatva pensou ao começar a chover, censurando a chuva, repetindo a décima estrofe :

Quem traz chuva fora de época – que deidade ruim ?
Pois ele se foi, meu próprio filho, que costumava cuidar de mim.

Então o Bodhisatva falou a estrofe onze para tranquilizá-la :

Levante mãe ! Por quê deitas ? Teu filho voltou !
Videha, rei glorioso de Kasi, me mandou a salvo para casa.

E ela louvou também o rei falando a última estrofe :

Longa vida ao rei ! Por longo tempo possa fazer prosperar estes reinos,
Que libertou o filho que sempre me mostrou grande respeito.

O rei ficou agraciado com a bondade do Bodhisatva ; e construiu um vila não distante do lago e prestou homenagem contínua ao Bodhisatva e sua mãe. Depois, quando a mãe morreu e o Bodhisatva realizou suas exéquias ele foi para um mosteiro chamado Karandaka. Para este lugar quinhentos sábios vieram e habitaram e o rei prestou o mesmo serviço para eles. O rei mandou fazer uma imagem de pedra da figura do Bodhisatva e prestou grande honra a ela. Lá os habitantes de toda a Índia todo ano reuniam-se para realizar o chamado Festival do Elefante.

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Quando o Mestre terminou este discurso, declarou as Verdades e identificou o Jataka : ( e na conclusão das Verdades o Irmão que amparava a mãe foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo Ananda era o rei, a senhora Mahamaya era a aliá, e eu mesmo era o elefante que alimentava a mãe.”