sexta-feira, 25 de abril de 2014

484 Buddha Arara








          ( Teto pintado das cavernas de Ajanta na Índia, antigo convento, mosteiro, vihara buddhista )


484
A colheita de arroz ... etc.” - Esta foi a história que o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um Irmão que amparava a mãe. A ocasião será explicada no Jataka Sama ( n° 540 ). O Mestre então mandou chamar este Irmão e perguntou a ele, “O quê escutei é verdadeiro, Irmão, que amparas teus pais ?” “É verdade, Senhor.” “Quem são ?” “Minha mãe e meu pai, Senhor.” Disse o Mestre, “Fazes bem, Irmão ! Sábios antigos mesmo em corpos de animais baixos, tendo nascido qual papagaios mesmo, quando seus pais ficaram velhos os colocou em um ninho e os alimentava com comida que trazia em seus próprios bicos.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez, um rei chamado Rei Magadha, reinou em Rajagaha. Naquele tempo havia um cidade brahmin, chamada Salindiya, em direção nordeste de quem sai da cidade. Neste distrito nordeste era propriedade de Magadha. Havia um brahmin que vivia em Salindiya, cujo nome era Kosiyagotta ( kausika, coruja ) e que tinha uma propriedade de mil acres onde cultivava arroz. Quando a colheita estava parada, ele fez uma cerca forte e deu a terra para encarregados, a um cinquenta acres, a outro sessenta, e assim distribuiu entre eles quinhentos acres de sua propriedade. Os outros quinhentos acres ele entregou a um assalariado que fez uma cabana e morava lá dia e noite. Bem, a nordeste desta propriedade havia um certo grande bosque de algodoeiros, crescendo no platô de um morro e e neste bosque vivia um grande número de papagaios / araras.
Naquele tempo o Bodhisatva nasceu neste bando de papagaios / araras, como o filho do rei dos papagaios / araras. Ele cresceu belo e forte, tão grande quanto um cubo de roda de carro. Seu pai tendo ficado velho disse a ele, “Não sou mais capaz de sair em campo ; tome conta você deste bando,” e entregou o comando dele a seu filho. A partir do dia seguinte não permitiu que seus pais saíssem em busca de alimento ; mas com todo o bando voou para as montanhas do Himalaia e após comer suas moitas de arroz que cresciam selvagens, retornando levou comida suficiente para sua mãe e seu pai e os alimentou com ela.
Um dia os papagaios fizeram uma pergunta à ele. “Antes,” eles disseram, “o arroz estava maduro nesta época na terras de Magadha ; cresce agora ou não ?” “Vão láe vejam,” ele respondeu e enviou dois papagaios para descobrir. Os papagaios partiram e pousaram nas terras de Magadha, na parte guardada pelo homem assalariado ; comeram arroz e um pé de arrroz levaram com eles para o bosque e despejaram aos pés do Grande Ser, dizendo, “Tal é o arroz que cresce lá.” Ele seguiu dia seguinte para lá e pousou com seu bando. O homem corria de um lado para o outro tentando expulsar os pássaros mas foi incapaz. O resto dos papagaios, maritacas, comeram e partiram com os bicos vazios mas o rei papagaio / arara juntou uma quantidade de arroz e levou-a de volta para seus pais. Dia seguinte os papagaios comeram arroz novamente e do mesmo modo depois. Então o homem passou a pensar, “Estas criaturas alimentando-se por mais alguns dias, não deixará nem um bocado. O brahmin colocará um preço no arroz e me multará pelo mesmo valor. Vou falar com ele.” Tomando uma mão cheia de arroz e um presente com ela, foi ver o brahmin e o saudou e ficou em um dos lados. “Bem, meu bom homem,” disse o patrão, “há uma boa colheita de arroz ?” “Sim, brahmin, há,” ele respondeu e repetiu duas estrofes :

A colheita de arroz é muito boa mas devo te fazer saber,
As araras a estão devorando, sou incapaz de afugentá-las.

Há um pássaro, o maior de toda a horda, que alimenta-se primeiro,
Depois pega um feixe em seu bico para atender a necessidades futuras.

Quando o brahmin escutou isto, ele concebeu uma afeição pelo rei papagaio // arara. “Meu homem,” cotejou ele, “sabes armar uma armadilha ?” “Sim, sei.” O patrão então dirigiu-se a ele nesta estrofe :

Arme portanto uma armadilha de pelo de cavalo para capturá-la;
E cuide pegar a ave viva e trazê-la aqui para mim.

O vigia da fazenda ficou feliz que nenhum preço foi estabelecido sobre o arroz e de nenhuma dívida foi falado. Ele foi logo e fez uma armadilha de pelo de cavalo. Depois descobriu quando desceriam naquele dia ; e espreitando o lugar onde o rei papagaio pousou, dia seguinte muito cedo de manhã ele fez uma armadilha do tamanho de uma moringa e armou e sentado em sua cabana olhava as araras vir. O rei papagaio veio no meio de todo seu bando ; e não sendo de nenhum modo ganancioso, desceu no mesmo lugar que no dia anterior, com sua pata direto no laço. Quando viu sua pata amarrada pensou, “Se gritar agora o grito de captura, meu povo ficará tão aterrorizado, que voarão sem se alimentar. Devo resistir até eles terminarem de comer.” Quando por fim ele percebeu que eles tinham comido o suficiente, temendo por sua vida, por três vezes gritou o grito de captura. Todos os pássaros voaram para longe. Então o rei dos papagaios disse, “Todos estes meus amigos e parentes e nenhum olhou para trás por mim ! Que pecado cometi ?” E censurando-os pronunciou uma estrofe :

Eles comeram, beberam, e agora para longe fogem todos,
Eu somente pego numa armadilha : que mal cometi ?

O vigia escutou o grito do rei dos papagaios e o som dos outros papagaios voando pelos ares. “O quê é isto ?” ele pensou. Levantou-se de sua cabana e foi ao lugar da armadilha e lá viu o rei dos papagaios / araras. “Peguei o pássaro mesmo para o qual a armadilha foi feita !” ele gritou, em grande felicidade. Retirou o papagaio da armadilha e amarrou suas duas patas juntas e fazendo seu caminho para a cidade de Salindiya, entregou o pássaro para o brahmin. O brahmin em sua grande afeição pelo Grande Ser segurou-o apertado com ambas as mãos e sentando no seu colo, falou com ele nestas duas estrofes :

As barrigas de todos os outros são desbojadas longe pela tua :
Primeiro uma refeição completa depois voas com o bico cheio também !

Tens um celeiro a encher ? Ou odeias-me amargamente ?
Te pergunto, vamos diga-me a verdade – onde guardas teu estoque ?

Escutando isto, o rei papagaio respondeu, repetindo com voz humana doce qual mel a sétima estrofe :

Não te odeio,Ó Kosiya ! Não possuo celeiro ;
No meu bosque pago uma dívida e também concedo um empréstimo,
E lá armazeno um tesouro : assim seja conhecida minha resposta.

Então o brahmin perguntou a ele :

O quê é este empréstimo que concedeste ? Que dívida pagas ?
Diga-me que tesouro armazenas e depois voes livre novamente.

A este pedido do brahmin o rei papagaio deu uma resposta, explicando sua intenção nas quatro estrofes :

Meus pintinhos implumes, meus tenros filhotes, cujas asas ainda não cresceram,
Que me ampararão logo logo : a estes concedo o empréstimo.

Depois meus antigos e velhos pais, que longe dos laços da juventude estão
Com aquilo que trago dentro do meu bico, a estes pago minha dívida.

E outras aves com asas inúteis e fracos ainda muitos,
Dou em caridade : a isto os sábios chamam meu estoque.

Este é aquele empréstimo que concedo, esta a dívida que pago,
E este o tesouro que açambarco : digo agora o dito.

O brahmin ficou feliz quando escutou este pio discurso do Grande Ser ; e repetiu duas estrofes :

Que nobres princípios de vida ! Quão bento é este pássaro !
Por muitos legisladores humanos que vivem na terra tais leis nunca foram escutadas.

Coma, coma o quanto quiseres, à vontade, junto com todo teu povo ;
E, arara ! Encontremo-nos novamente : é bom te ver.

Com estas palavras, ele olhou o Grande Ser com coração bom, como se fora seu filho amado ; e soltando os laços dos pés, esfregou-os com óleo cem vezes refinado e o sentou num assento de honra e deu a ele para comer milho doce em um prato dourado e água com açúcar para beber. Após isto o rei dos papagaios aconselhou o brahmin a cuidar-se, recitando esta estrofe :

Ó Kosiya ! Dentro aqui da tua casa
Tenho ambos, comida e bebida, amizade querida.
Dê àqueles derrubados pelos fardos,
Ampare teus pais quando velhos ficarem.

O brahmin então deliciado de coração expressou seu êxtase nesta estrofe :

Certamente, a deusa Fortuna veio ela mesma ho-je
Quando vi esta ave sem igual !
Farei gestos gentis sem nunca parar,
Agora que a doce voz do papagaio escutei.

Mas o Grande Ser recusou aceitar os mil acres que o brahmin ofereceu e pegou apenas oito acres. O brahmin marcou os limites com pedras e entregou a propriedade a ele ; e então, levantando as mãos à cabeça em reverência, disse, “Vá em paz, meu senhor, e console teus pais chorosos,” e o deixou ir. Muito agradecido, ele pegou um galho de arroz e o carregou para os pais, largando- na frente deles, dizendo,”Levantem, meus queridos pais !” Eles levantaram-se com as palavras em faces debulhadas em lágrimas. O bando das araras então reuniu-se perguntando “Como te libertaste, meu senhor ?” Ele contou toda a história do começo ao fim. E Kosiya seguiu o conselho do rei das araras e distribuiu muitas ofertas aos homens corretos, ascetas e brahmins.

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A última estrofe foi repetida pelo Mestre explicando assim :

Este Kosiya com alegria e grande prazer
Comum e abundante fez bebida e comida :
Com bebida e comida satisfez acertadamente
Brahmins e santos homens, dele mesmo todo o bem.

Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “Assim, Irmãos, amparar os próprios pais é o caminho tradicional de sabedoria e bondade.” Então tendo declarado as Verdades, ele identificou o Jataka : - ( na conclusão das Verdades aquele Irmão estabeleceu-se na fruição do Primeiro Caminho : - “Naquele tempo os seguidores do Buddha eram o bando de papagaios / araras, dois da família real eram o pai e a mãe, Channa era a vigia, Ananda o brahmin e eu mesmo o rei dos papagaios / araras.”

quarta-feira, 16 de abril de 2014

483 Buddha entre os deuses







         

  (  Na primeira representação de Buddha entre os deuses os tambores no alto indicam o céu e as pernas dobradas do primeiro à direita que estão voando ; as apsaras celestes carregam incenso : cena em Borobudur, Indonésia. Na segunda representação em Sañchi,  há dois níveis dos deuses, estando o degrau da escada entre o céu e a terra no meio deles, representada pela trave.)   

483
Força, homem... etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, para explicar inteiramente uma questão que ele fez ao Comandante da Fé.
Naquele tempo o Mestre fez uma pergunta concisa ao Ancião. Esta é a história
toda, resumida, sobre a descida do mundo dos deuses. Quando o reverendo Pindola-Bharadvaja ganhou por seus poderes sobrenaturais a tigela de madeira de sândalo na presença do grande mercador de Rajagaha, o Mestre proibiu os Irmãos de usarem seus poderes milagrosos. ( A história é contada no Culla vagga, v. 8 ( Vinaya Texts, III, p.78, em Sacred Books of the East. O setthi colocou uma tigela de madeira de sândalo no alto de um mastro e desafiou a todos os clérigos a descê-la de lá. Pindola elevou-se nos ares por poder 'máyaco' e pegou-a. Foi censurado pelo Mestre por ter usado um grande dom para um fim sem valor).
Então os cismáticos pensaram, “O asceta Gautama proibiu o uso de poderes milagrosos : agora ele mesmo não fará milagres.” Seus discípulos ficaram perturbados e disseram aos cismáticos, “Por quê vocês não retiraram a tigela com seu poder sobrenatural ?” Eles responderam : “Isto não é difícil para nós, amigo. Mas pensamos, Quem mostrará diante dos laicos seus poderes refinados e sutis por causa de uma reles tigela de madeira ? E por isto não pegamos. Os ascetas do clã Sakya o pegaram e mostraram seu poder sobrenatural por pura cobiça tola. Não pense que para nós é problema operar milagres. Suponha que deixemos de considerar os discípulos de Gautama o asceta : se quisermos nós também mostraremos nossos poderes sobrenaturais como também o asceta Gautama : se ele faz um milagre faremos o milagre em dobro.”
Os Irmãos que escutaram isto contaram ao Abençoado sobre : “Senhor, os cismáticos disseram que operarão um milagre.” Disse o Mestre : “Deixem-nos fazer, Irmãos ; farei igual.” Bimbisara, escutando isto, foi e perguntou ao Bento : “Operarás um milagre Senhor ?” “Sim, Ó rei.” “Não havia uma ordem dada sobre este assunto, Senhor ?” “A ordem, Ó rei, foi dada aos meus discípulos ; não há ordem que possa mandar nos Buddhas. Quando as flores e as frutas no parque estão proibidas para outros, a mesma lei não se aplica a tu.” “Então onde você operará os milagres, Senhor ?” “Em Savatthi, sob uma mangueira ramalhada.” “O quê tenho que fazer então ?” “Nada, Senhor.”
Dia seguinte, quebrando o jejum, o Mestre saiu em busca de ofertas. “Onde vae o Mestre ?” perguntava o Povo. Os Irmãos responderam a eles,”No portão da cidade de Savatthi, debaixo da mangueira ramalhada, ele operará um milagre duplo para confundir os cismáticos.” A multidão disse, “Este milagre será o que chamam de obra prima ; vamos ver :” deixando as portas de suas casas, seguiram o Mestre. Alguns dos cismáticos também seguiram o Mestre com seus discípulos : “Nós também,” eles disseram, “operaremos um milagre, no lugar onde o asceta Gautama operar o seu.”
Logo o Mestre chegou em Savatthi. O rei perguntou a ele, “É vero, Senhor, que estás prestes a executar um milagre, como dizem ?” “Sim, é verdade,” ele disse. “Quando ?” perguntou o rei. “No sétimo dia a partir de agora, na lua cheia do mês de Junho.” “Devo erguer um pavilhão, Senhor ?” “Paz, grande rei : no lugar em que operarei meu milagre Sakra erguerá um pavilhão de jóias doze léguas de circunferência.” “devo proclamar isto pela cidade, Senhor ?” “Proclame-o, Ó rei. “ O rei enviando um Proclamador da Verdade em um elefante ricamente ajaezado, proclamou assim : “Boas novas ! O Mestre realizará um milagre, para confundir os cismáticos, no Portão de Savatthi, debaixo da mangueira ramalhada, daqui a sete dias !” todo dia foi feita a proclamação. Quando os cismáticos escutaram as boas novas, que o milagre seria feito debaixo da mangueira ramalhada, eles cortaram abaixo todas as mangueiras próximas a Savatthi, pagando aos proprietários por elas.
Na noite da lua cheia o Proclamador da Verdade fez a proclamação ; todos que de coração queriam ir, encontraram-se em Savatthi : a multidão estendia-se por doze léguas.
Cedo pela manhã o Mestre saiu em suas rondas buscando ofertas. O jardineiro do rei, Ganda ou Nó de nome, estava justamente levando para o rei uma manga madura ; inteiramente madura, grande como um balde, quando espreitou o Mestre no portão da cidade. “Esta fruta vale para o Mestre,” disse ele e a deu a ele. O Mestre pegou-a e sentando então do lado comeu a fruta. Quando estava comida, ele disse, “Ananda, dê ao jardineiro este caroço para plantá-lo aqui neste lugar ; esta deve ser uma mangueira ramalhada.” O Ancião fez isto. O jardineiro cavou um buraco na terra e o plantou. No mesmo instante o caroço brotou, raízes saíram, para o alto explodiu um galho vermelho alto qual um arado ; com a multidão olhando fixo transformou-se em uma mangueira de cem côvados, com um tronco de cinquenta côvados e ramos de cinquenta côvados ; ao mesmo tempo flores se abriram, frutos amadureceram ; quando o vento soprou nela, doces frutas caíram ; então os Irmãos vieram e comeram a fruta e se retiraram. À noite o rei dos deuses, refletindo, percebeu que era uma tarefa para ele fazer um pavilhão com as sete coisas preciosas. Então chamou Vishvakarma e este fez um pavilhão com as sete coisas preciosas doze léguas de circunferência, coberto todo de lótus azul. Assim os deuses das dez mil esferas foram reunidos juntos. O Mestre, tendo para a confusão dos cismáticos realizado um milagre duplo passando o milagre entre seus discípulos, fez a fé brotar em multidões, se levantou e sentando em um assento de Buddha , declarou a Lei. Duzentos milhões de seres beberam das águas da vida. Então, meditando para ver onde foi que Buddhas anteriores foram quando praticaram milagres e percebendo que foi para o Céu dos Trinta e três, elevou-se do assento de Buddha, o pé direito colocando no topo do Monte Yugandhara ( Monte Meru ou Sineru, o Olimpo Indiano, cercado de sete círculos concêntricos de montanhas, a mais interior sendo Yugandhara ) e com o pé esquerdo andou para o pico do Sineru, começou a estação das chuvas debaixo da grande Árvore Coral ( àrvore chamada é a Erythmia Indica ; uma grande cresce no céu de Indra / Sakra ), sentou no trono de pedra amarela ( de Sakra ); pelo tempo de três meses ele discursou sobre doutrina transcendental ( Abhidharma ) para os deuses.
O Povo não sabia o lugar para onde o Mestre foi ; eles olharam e disseram, “vamos para casa,” mas residiram naquele lugar durante a estação chuvosa. Quando a estação sombria estava próxima do fim e a festa adiante, o grande Ancião Moggallaana foi e anunciou-o para o Abençoado. Com isto o Mestre questionou-o, “Onde está Sariputra agora ?” “Ele, Senhor, após o milagre que o agradou, permaneceu com quinhentos Irmãos na cidade de Samkassa e lá está ainda.” “Moggaallana, no sétimo dia a partir de agora descerei pelo Portão de Samkassa.” O Ancião assentiu foi e contou ao Povo : toda a companhia ele transportou de Savatthi para Samkassa, uma distância de trinta léguas em um piscar de olhos. Quaresma acabada e festa celebrada, o Mestre conta ao rei Sakra que estava prestes a retornar para o mundo das pessoas. Então Sakra chamou Vishvakarma e disse a ele, “Faça uma escada para Dasabala descer no mundo das pessoas.” Ele colocou a cabeceira da escada no pico do Sineru e o pé da escada no portão de Samkassa e entre os dois fez três descidas lado a lado : uma de gemas, uma de prata e uma de ouro : a balaustrada e a cornija eram das sete coisas preciosas. O Mestre, tendo realizado um milagre para a emancipação do mundo, desceu pela escada mais do meio feita de gemas. Sakra carregou o hábito e a tigela, Suyama, um leque de pelo de iaque, Brahma Senhor de todos os seres carrega um parassol e as deidades das dez mil esferas veneram com guirlandas e perfumes divinos. Quando o Mestre estava no pé da escada, primeiro Ancião Sariputra o saudou e depois o resto da companhia.
Entre esta assembleia o Mestre pensou, “Moggallana mostrou que possue poder sobrenatural, Upali como alguém versado na lei sagrada mas a qualidade da alta sabedoria que possue Sariputra não se apresentou. A não ser eu, nenhuma outra pessoa possue sabedoria tão completa e plena quanto ele ; farei conhecida a qualidade de sua sabedoria.” Primeiro de tudo fez uma pergunta que é colocada para pessoa simples e elas não responderam. Então questionou dentro do grupo do Primeiro Caminho e esta eles do Primeiro Caminho responderam mas o Povo comum não sabia nada disto. Do mesmo modo questionou por sua vez os grupos do Segundo e do Terceiro Caminho os Santos, o Discípulo Chefe ; e em cada caso aqueles que estavam abaixo em cada grau foram incapazes de responder mas os que estavam acima podiam responder. Então ele questionou dentro dos poderes de Sariputra e este Ancião pode responder mas os outros não. O Povo perguntou, “Quem é este Ancião que respondeu ao Mestre ?” Lhes foi dito, era o Capitão da Fé e Sariputra era seu nome. “Ah, grande é sua sabedoria !” eles disseram. Daí em diante a qualidade da grande sabedoria do Ancião foi conhecida pelas pessoas e pelos deuses. Então o Mestre disse a ele,

Alguns têm provas para passar e outros alcançaram a meta :
Suas posturas diferentes mostram, quanto a ti, sabes tudo.

Tendo assim questionado dentro do âmbito de Buddha, ele adicionou, “Aí está um ponto colocado com brevidade, Sariputra : qual o significado da matéria em tudo que ela
carrega ?” O Ancião considerou o problema. Pensou ele, “O Mestre questiona a postura própria com a qual os Irmãos atingem progresso, ambos, aqueles que estão nos Caminhos mais baixos e aqueles que são Santos ?” Quanto a questão geral, ele não tinha dúvidas. Mas então considerou, “O modo característico de postura pode ser descrito de várias maneiras de falar de acordo com os elementos essenciais do ser ( os cinco khandas ) e daí por diante a partir do começo ; bem, de que modo alcanço o que o Mestre quer dizer ? Ele estava em dúvida sobre o significado. O Mestre pensou, “Sariputra não tem dúvida sobre a questão geral mas dúvidas sobre que ponto de vista particular me situo. Se não der uma ideia, nunca será capaz de responder, então darei uma ideia a ele.” Esta ideia ele deu dizendo, “Veja aqui Sariputra : considera isto verdadeiro ? ” ( mencionando algum ponto ). Sariputra considerou o ponto.
Dada assim a indicação, ele soube que Sariputra pegou o significado e responderia integralmente, começando dos elementos mesmo do ser. Então a questão ficou clara diante do Ancião, como com cem indicações, não, mil ; e ele, com a indicação dada pelo Mestre, respondeu a questão que era do nível de Buddha.
O Mestre declarou a Lei a sua companhia que cobria doze léguas de chão : trezentos milhões de seres beberam àguas da vida.
A companhia foi dispersada e o Mestre, indo em peregrinação por ofertas aproximou-se progressivamente de Savatthi. Dia seguinte, após coletar ofertas em Savatthi, ele voltou de suas rondas e falou aos Irmãos seus deveres e entrou em sua Câmara Perfumada. À noite os Irmãos falavam sobre o alto valor do Ancião enquanto estavam sentados no Salão da Verdade. “Grande em sabedoria, Senhores, é Sariputra ; ele é de sabedoria larga, rápida, afiada, penetrante. O Mestre colocou uma questão resumida e ele respondeu-a inteiramente.” O Mestre entrando perguntou o quê ele conversavam sentados lá. Eles disseram. “Esta não é a primeira vez, Irmãos,” disse ele, “que ele responde largamente uma questão colocada resumidamente mas ele fez o mesmo antes;” e ele contou-lhes uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva vivia na floresta, tendo nascido como cervo. Bem, o rei tinha prazer em caçar e era um homem forte : ele não considerava nenhum outro homem válido do nome de homem. Um dia quando saiu para caçar disse a seus cortesãos, “Quem quer que deixe um cervo passar, tal e tal será sua punição.” Eles pensaram, Alguém pode permanecer em casa e não achar a despensa ( sem dúvida um provérbio : pode-se perder a mais óbvia das coisas). Quando um cervo se levanta, de um jeito ou de ouro devemos direcioná-lo para o lugar que o rei está.” Eles fizeram um acordo entre si com este efeito e colocaram o rei no fim do caminho. Então cercaram uma grande mata e começaram a bater no chão com porretes e semelhantes. O primeiro que se levantou foi nosso cervo. Por três vezes rodeou a mata, procurando uma chance para escapar : em todos os lados viu homens em pé sem nenhuma quebra, braço acotovelado com braço, arco com arco ; apenas onde estava o rei ele podia ver uma chance. Com olhos brilhantes, ele correu até o rei, que ofuscava-o como se jogassem areia nos seus olhos. Rapidamente o rei o viu, atirou uma flecha e errou. Deve-se saber que estes cervos são inteligentes para escaparem de flechas. Quando as flechas voam direto para ele, os cervos ficam parados e as deixam passar ; se elas vêm por trás, o cervo escapa mais rápido ainda ; se vem de cima, eles curvam as costas ; de lado, eles se desviam um pouco ; se as flechas estão apontadas para a barriga, eles rolam e quando já passaram foge o cervo rápido como uma nuvem que o vento espalha. Assim o rei quando viu este cervo rolar, pensou que o havia atingido e deu o grito. Levanta-se o cervo, rápido qual o vento e fugiu, quebrando a circunferência dos homens. Os cortesãos de ambos os lados que viram o cervo escapar reuniram-se e questionaram, “No posto de quem o cervo escapou ?” “No do rei !” “Mas o ei está gritando que o atingiu ! O quê que ele atingiu ? Nosso rei errou o alvo, te digo ! Atingiu o chão !” Assim divertiam-se com o rei sem nenhum limite, restrição. “Estes companheiros estão rindo de mim ,” pensou o rei, “eles não conhecem meu tamanho.” Cingindo os rins, à pé, espada na mão, partiu velozmente gritando, “Pegarei o cervo!” Ele o manteve à vista e o caçou por três léguas. O cervo mergulhou na floresta,o rei mergulhou também. No caminho do cervo havia um poço, um grande buraco onde uma árvore havia se desenraizado, sessenta côvados de profundidade e cheio d'água numa profundidade de trinta côvados, ainda que coberto com mato. O cervo sentiu o cheiro d'água e percebendo que havia um poço, desviou-se um pouco para o lado do caminho. Mas o rei foi direto e caiu. O cervo, não mais escutando o som dos seus passos, virou para ele ; e não vendo nenhum homem,entendeu que havia caído no poço. Ele foi então e o viu em dificuldade medonha, lutando em águas profundas ; pelo mal que havia feito o cervo não guardava rancor mas pensava piedosamente, “Que o rei não morra diante dos meus olhos : libertarei-o deste stress.” Em pé na boca do poço gritou, “Nada tema, Ó rei, te libertarei deste problema.” Então com um esforço, intenso como se salvasse seu próprio filho amado, segurou-se numa rocha ; e aquele rei que veio para matá-lo, ele retirou fora do poço, sessenta côvados profundo, confortou-o colocando-o em suas costas mesmas e levando-o da floresta, deixou-o não distante do seu exército. Então aconselhou o rei e o estabeleceu nas Cinco Virtudes. Mas o rei não conseguia deixar o Grande Ser e lhe disse : “Meu senhor, rei dos cervos, venha comigo à Benares pois te entrego o senhorio de Benares uma cidade que se estende por doze léguas, legisle ela.” Mas ele disse, “Grande rei, sou um dos animais, não quero nenhum reino. Se me prezas mantenha os preceitos que te ensinei e ensine teus empregados a mantê-los também.” Com este conselho voltou para a floresta. E rei retornou para seu exército e lembrou as nobres qualidades dos cervos com olhos cheios de lágrimas. Cercado por uma divisão do seu exército, foi pela cidade enquanto o tambor da Lei era batido e fez sua proclamação : “De agora em diante, que todos os moradores desta cidade observem as cinco virtudes.”
Mas não contou pra ninguém a gentileza feita a ele pelo Grande Ser . Após comer carnes escolhidas, à noite, reclinou-se em seu belo leito e aurora lembrando as nobres qualidades do Grande Ser, levantou-se e sentou no leito em pernas cruzadas e com o coração cheo de alegria cantou suas aspirações em seis estrofes :

Tenha esperança, Ó gente, se és sábia, não deixe tua coragem cansar :
Vejo por mim mesmo, que alcancei a meta do meu desejo.

Tenha esperança, Ó gente, se és sábio, não canse apesar do tormento das feridas :
Vejo por mim mesmo, que das ondas lutei pelo meu caminho para a margem.
Tenha esperança, Ó gente, se és sábio, não deixe a coragem cansar :
Vejo por mim mesmo, que agora consegui a meta do meu desejo.

Tenha esperança, Ó gente, se és sábia, não canse apesar do tormento das feridas :
Vejo por mim mesmo, que das ondas briguei pelo meu caminho para a margem.

Aquele que é sábio, apesar de tomado pela dor,
Nunca cessará de ter esperança de benção novamente.
Muitos são os sentimentos das pessoas, ambos de prazer e dor :
Não pensam nisto, apesar de ir para a morte.

Que aconteça o quê não é pensado ;
E o quê é pensado, falhe :
Para a felicidade do homem e da mulher
Não pensar apenas vale.

Enquanto o rei estava neste ato de cantar estas linhas, o Sol levantou-se. Seu capelão viera cedo para inquirir sobre o bem estar do rei e permaneceu na porta escutando o som, do canto e pensou consigo mesmo : “Ontem o rei saiu para caçar. Sem dúvida perdeu o cervo e sendo escarnecido pelos cortesãos declarou que pegaria e mataria o cervo ele mesmo. Então sem dúvida caçou-o, sendo atingido em seu orgulho de guerreiro e caiu em um poço de sessenta côvados ; e o misericordioso cervo deve tê-lo retirado de lá sem pensar na ofensa do rei contra ele. Por isto o rei está cantando este hino, creio.” Assim o brahmin escutou cada palavra do canto do rei ; e o quê abatera-se entre o rei e o cervo tornou-se claro como uma face refletida em um espelho bem polido. Ele bateu na porta com as pontas dos dedos. “Quem está aí ?” o rei perguntou. “Sou eu, meu senhor, teu capelão.” “Entre, teacher,” cotejou o rei e abriu a porta. Ele entrou e desejou vitória ao rei e permaneceu em um dos lados. Então disse, “Ó grande rei ! Sei o que te aconteceu na floresta. Enquanto caçavas um cervo caíste dentro de um poço e o cervo segurando-se nos lados de pedra do poço, te retirou para fora dele. Então você lembrando a magnanimidade dele cantou um hino.” E assim recitou duas estrofes :

O cervo que no escarpado de montanha tua caça era,
Ele, bravamente, te deu vida, pois estava livre de ganância e ódio.

Fora do poço horrível, fora das mandíbulas da morte,
Inclinando-se em uma rocha ( um amigo na necessidade )
O grande cervo te salvou : tal disseste com razão,
Sua mente está longe de ódio e ganância.

O quê !” pensou o rei, escutando isto - “O homem não foi caçar comigo e ainda assim sabe de toda a matéria ! Como pode saber ? Vou questioná-lo “ ; e repetiu a nona estrofe :

Ó brahmin ! Estavas lá naquele dia ?
Ou de alguma testemunha escutaste ?
O véu das paixões você arrastou :
Vês tudo : tua sabedoria me amedronta.

Mas o brahmin disse, Não sou um Buddha oniciente ; apenas escutei o hino que cantaste, sem perder o significado e deste modo o o fato esclareceu-se diante de mim.” para explicar o quê repetiu a décima estrofe :

Ó senhor dos homens ! Nem escutei nada,
Nem estava lá naquele dia para ver :
Mas a partir dos versos que cantaste docemente
Sábios podem deduzir como se estrutura a matéria.

O rei ficou deliciado e deu a ele um rico presente.
Daí em diante o rei dedicou-se a fazer ofertas e boas ações e seu Povo sendo devoto também de atos de bondade, quando morreram foram preencher as hostes celestes.
Bem, um dia aconteceu que o rei foi para seu parque com o capelão para treinar tiro ao alvo. Neste momento Sakra ponderava de onde vinha todos os novos filhos e filhas dos deuses, a quem contemplava tão numerosos a seu redor. Ponderando, percebeu a história toda : como o rei foi resgatado do poço pelo cervo, e como se tornou estabelecido na virtude e como pelo poder do rei, multidões praticavam boas ações e o céu estava se enchendo ; e agora o rei foi para o parque para treinar tiro ao alvo. Então ele também foi para lá, para que com a voz de um leão ele pudesse proclamar a nobreza do cervo e fazer saber que ele mesmo era Sakra e pousado nos ares pudesse discursar sobre a Lei e declarar a bondade da misericórdia e das Cinco Virtudes e então voltar. Bem, o rei pretendendo acertar o alvo, esticou o arco e encaixou uma flecha na corda. Naquele momento Sakra pelo seu poder fez um cervo aparecer entre o rei e o alvo ; o rei vendo-o não soltou a flecha. Então Sakra, entrando no corpo do capelão, repetiu através dele para o rei a seguinte estrofe :

Tua flecha é morte para muitos seres poderosos :
Por quê a deixas quieta na corda ?
Deixe tua flecha voar e matar o cervo em seguida :
É carne para monarcas, Ó rei sapientíssimo !

Com isto o rei respondeu em uma estrofe :

Sei disso, brahmin, com não menos certeza que tu :
O cervo é carne para guerreiros, creio,
Mas sou grato por um serviço feito,
E por isto contenho minhas mãos de matar agora.

Então Sakra repetiu um par de estrofes :

Não é cervo nenhum, Ó poderoso monarca ! Mas um Titã é esta coisa,
Tu és rei dos homens ; mas mate-o – serás rei dos deuses.

Mas se hesitares, Ó rei valente !
Em matar o cervo porque é teu amigo :
Ao rio frio da morte e ao rei terrível dos mortos
Tu e tua esposa e filhos descerão.

Com isto o rei repetiu duas estrofes :

Assim seja : ao rio da morte e ao rei dos mortos
Envie-me, minhas esposas e filhos, todo meu séquito
De amigos e camaradas ; não farei isto,
E por minha mão este cervo não morrerá.

Certa vez em uma floresta medonha terrível
Este mesmo cervo salvou-me de sofrimento desesperado.
Como posso desejar a morte de meu benfeitor
Após tal serviço a mim prestado tempos atrás ?

Então Sakra saiu do corpo do capelão e colocando sua própria forma e pousado nos ares recitou um par de estrofes que mostrou o nobre valor do rei :

Viva longamente na terra, Ó amigo verdadeiro e fiel !
Conforta com verdade e bondade este domínio ;
Então hostes de donzelas te atenderão ao redor
Enquanto tu qual Indra no meio dos deuses reinarás.

Livre da paixão, com coração sempre pacificado,
Quando estranhos cobiçam, supra sua necessidade enfadonha ;
Enquanto poder te é dado, dê, e jogue tua parte,
Sem culpa, até que o céu seja teu prêmio final.

Assim falando, Sakra rei dos deuses continuou como segue : “Vim aqui te tetar, Ó rei e não me deste atenção. Esteja vigilante.” E com este conselho ele retornou para seu próprio lugar.
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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse : “Esta não é a primeira vez Irmãos que Sariputra conhece em detalhes o quê apenas foi dito em termos gerais ; mas a mesma coisa aconteceu antes.” Então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o rei, Sariputra era o capelão e eu mesmo o cervo.”