sexta-feira, 25 de abril de 2014

484 Buddha Arara








          ( Teto pintado das cavernas de Ajanta na Índia, antigo convento, mosteiro, vihara buddhista )


484
A colheita de arroz ... etc.” - Esta foi a história que o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um Irmão que amparava a mãe. A ocasião será explicada no Jataka Sama ( n° 540 ). O Mestre então mandou chamar este Irmão e perguntou a ele, “O quê escutei é verdadeiro, Irmão, que amparas teus pais ?” “É verdade, Senhor.” “Quem são ?” “Minha mãe e meu pai, Senhor.” Disse o Mestre, “Fazes bem, Irmão ! Sábios antigos mesmo em corpos de animais baixos, tendo nascido qual papagaios mesmo, quando seus pais ficaram velhos os colocou em um ninho e os alimentava com comida que trazia em seus próprios bicos.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez, um rei chamado Rei Magadha, reinou em Rajagaha. Naquele tempo havia um cidade brahmin, chamada Salindiya, em direção nordeste de quem sai da cidade. Neste distrito nordeste era propriedade de Magadha. Havia um brahmin que vivia em Salindiya, cujo nome era Kosiyagotta ( kausika, coruja ) e que tinha uma propriedade de mil acres onde cultivava arroz. Quando a colheita estava parada, ele fez uma cerca forte e deu a terra para encarregados, a um cinquenta acres, a outro sessenta, e assim distribuiu entre eles quinhentos acres de sua propriedade. Os outros quinhentos acres ele entregou a um assalariado que fez uma cabana e morava lá dia e noite. Bem, a nordeste desta propriedade havia um certo grande bosque de algodoeiros, crescendo no platô de um morro e e neste bosque vivia um grande número de papagaios / araras.
Naquele tempo o Bodhisatva nasceu neste bando de papagaios / araras, como o filho do rei dos papagaios / araras. Ele cresceu belo e forte, tão grande quanto um cubo de roda de carro. Seu pai tendo ficado velho disse a ele, “Não sou mais capaz de sair em campo ; tome conta você deste bando,” e entregou o comando dele a seu filho. A partir do dia seguinte não permitiu que seus pais saíssem em busca de alimento ; mas com todo o bando voou para as montanhas do Himalaia e após comer suas moitas de arroz que cresciam selvagens, retornando levou comida suficiente para sua mãe e seu pai e os alimentou com ela.
Um dia os papagaios fizeram uma pergunta à ele. “Antes,” eles disseram, “o arroz estava maduro nesta época na terras de Magadha ; cresce agora ou não ?” “Vão láe vejam,” ele respondeu e enviou dois papagaios para descobrir. Os papagaios partiram e pousaram nas terras de Magadha, na parte guardada pelo homem assalariado ; comeram arroz e um pé de arrroz levaram com eles para o bosque e despejaram aos pés do Grande Ser, dizendo, “Tal é o arroz que cresce lá.” Ele seguiu dia seguinte para lá e pousou com seu bando. O homem corria de um lado para o outro tentando expulsar os pássaros mas foi incapaz. O resto dos papagaios, maritacas, comeram e partiram com os bicos vazios mas o rei papagaio / arara juntou uma quantidade de arroz e levou-a de volta para seus pais. Dia seguinte os papagaios comeram arroz novamente e do mesmo modo depois. Então o homem passou a pensar, “Estas criaturas alimentando-se por mais alguns dias, não deixará nem um bocado. O brahmin colocará um preço no arroz e me multará pelo mesmo valor. Vou falar com ele.” Tomando uma mão cheia de arroz e um presente com ela, foi ver o brahmin e o saudou e ficou em um dos lados. “Bem, meu bom homem,” disse o patrão, “há uma boa colheita de arroz ?” “Sim, brahmin, há,” ele respondeu e repetiu duas estrofes :

A colheita de arroz é muito boa mas devo te fazer saber,
As araras a estão devorando, sou incapaz de afugentá-las.

Há um pássaro, o maior de toda a horda, que alimenta-se primeiro,
Depois pega um feixe em seu bico para atender a necessidades futuras.

Quando o brahmin escutou isto, ele concebeu uma afeição pelo rei papagaio // arara. “Meu homem,” cotejou ele, “sabes armar uma armadilha ?” “Sim, sei.” O patrão então dirigiu-se a ele nesta estrofe :

Arme portanto uma armadilha de pelo de cavalo para capturá-la;
E cuide pegar a ave viva e trazê-la aqui para mim.

O vigia da fazenda ficou feliz que nenhum preço foi estabelecido sobre o arroz e de nenhuma dívida foi falado. Ele foi logo e fez uma armadilha de pelo de cavalo. Depois descobriu quando desceriam naquele dia ; e espreitando o lugar onde o rei papagaio pousou, dia seguinte muito cedo de manhã ele fez uma armadilha do tamanho de uma moringa e armou e sentado em sua cabana olhava as araras vir. O rei papagaio veio no meio de todo seu bando ; e não sendo de nenhum modo ganancioso, desceu no mesmo lugar que no dia anterior, com sua pata direto no laço. Quando viu sua pata amarrada pensou, “Se gritar agora o grito de captura, meu povo ficará tão aterrorizado, que voarão sem se alimentar. Devo resistir até eles terminarem de comer.” Quando por fim ele percebeu que eles tinham comido o suficiente, temendo por sua vida, por três vezes gritou o grito de captura. Todos os pássaros voaram para longe. Então o rei dos papagaios disse, “Todos estes meus amigos e parentes e nenhum olhou para trás por mim ! Que pecado cometi ?” E censurando-os pronunciou uma estrofe :

Eles comeram, beberam, e agora para longe fogem todos,
Eu somente pego numa armadilha : que mal cometi ?

O vigia escutou o grito do rei dos papagaios e o som dos outros papagaios voando pelos ares. “O quê é isto ?” ele pensou. Levantou-se de sua cabana e foi ao lugar da armadilha e lá viu o rei dos papagaios / araras. “Peguei o pássaro mesmo para o qual a armadilha foi feita !” ele gritou, em grande felicidade. Retirou o papagaio da armadilha e amarrou suas duas patas juntas e fazendo seu caminho para a cidade de Salindiya, entregou o pássaro para o brahmin. O brahmin em sua grande afeição pelo Grande Ser segurou-o apertado com ambas as mãos e sentando no seu colo, falou com ele nestas duas estrofes :

As barrigas de todos os outros são desbojadas longe pela tua :
Primeiro uma refeição completa depois voas com o bico cheio também !

Tens um celeiro a encher ? Ou odeias-me amargamente ?
Te pergunto, vamos diga-me a verdade – onde guardas teu estoque ?

Escutando isto, o rei papagaio respondeu, repetindo com voz humana doce qual mel a sétima estrofe :

Não te odeio,Ó Kosiya ! Não possuo celeiro ;
No meu bosque pago uma dívida e também concedo um empréstimo,
E lá armazeno um tesouro : assim seja conhecida minha resposta.

Então o brahmin perguntou a ele :

O quê é este empréstimo que concedeste ? Que dívida pagas ?
Diga-me que tesouro armazenas e depois voes livre novamente.

A este pedido do brahmin o rei papagaio deu uma resposta, explicando sua intenção nas quatro estrofes :

Meus pintinhos implumes, meus tenros filhotes, cujas asas ainda não cresceram,
Que me ampararão logo logo : a estes concedo o empréstimo.

Depois meus antigos e velhos pais, que longe dos laços da juventude estão
Com aquilo que trago dentro do meu bico, a estes pago minha dívida.

E outras aves com asas inúteis e fracos ainda muitos,
Dou em caridade : a isto os sábios chamam meu estoque.

Este é aquele empréstimo que concedo, esta a dívida que pago,
E este o tesouro que açambarco : digo agora o dito.

O brahmin ficou feliz quando escutou este pio discurso do Grande Ser ; e repetiu duas estrofes :

Que nobres princípios de vida ! Quão bento é este pássaro !
Por muitos legisladores humanos que vivem na terra tais leis nunca foram escutadas.

Coma, coma o quanto quiseres, à vontade, junto com todo teu povo ;
E, arara ! Encontremo-nos novamente : é bom te ver.

Com estas palavras, ele olhou o Grande Ser com coração bom, como se fora seu filho amado ; e soltando os laços dos pés, esfregou-os com óleo cem vezes refinado e o sentou num assento de honra e deu a ele para comer milho doce em um prato dourado e água com açúcar para beber. Após isto o rei dos papagaios aconselhou o brahmin a cuidar-se, recitando esta estrofe :

Ó Kosiya ! Dentro aqui da tua casa
Tenho ambos, comida e bebida, amizade querida.
Dê àqueles derrubados pelos fardos,
Ampare teus pais quando velhos ficarem.

O brahmin então deliciado de coração expressou seu êxtase nesta estrofe :

Certamente, a deusa Fortuna veio ela mesma ho-je
Quando vi esta ave sem igual !
Farei gestos gentis sem nunca parar,
Agora que a doce voz do papagaio escutei.

Mas o Grande Ser recusou aceitar os mil acres que o brahmin ofereceu e pegou apenas oito acres. O brahmin marcou os limites com pedras e entregou a propriedade a ele ; e então, levantando as mãos à cabeça em reverência, disse, “Vá em paz, meu senhor, e console teus pais chorosos,” e o deixou ir. Muito agradecido, ele pegou um galho de arroz e o carregou para os pais, largando- na frente deles, dizendo,”Levantem, meus queridos pais !” Eles levantaram-se com as palavras em faces debulhadas em lágrimas. O bando das araras então reuniu-se perguntando “Como te libertaste, meu senhor ?” Ele contou toda a história do começo ao fim. E Kosiya seguiu o conselho do rei das araras e distribuiu muitas ofertas aos homens corretos, ascetas e brahmins.

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A última estrofe foi repetida pelo Mestre explicando assim :

Este Kosiya com alegria e grande prazer
Comum e abundante fez bebida e comida :
Com bebida e comida satisfez acertadamente
Brahmins e santos homens, dele mesmo todo o bem.

Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “Assim, Irmãos, amparar os próprios pais é o caminho tradicional de sabedoria e bondade.” Então tendo declarado as Verdades, ele identificou o Jataka : - ( na conclusão das Verdades aquele Irmão estabeleceu-se na fruição do Primeiro Caminho : - “Naquele tempo os seguidores do Buddha eram o bando de papagaios / araras, dois da família real eram o pai e a mãe, Channa era a vigia, Ananda o brahmin e eu mesmo o rei dos papagaios / araras.”

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