quarta-feira, 27 de agosto de 2014

487 Buddha Capelão




487
Com dentes sujos...etc.” - Esta história o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana,sobre um homem desonesto. Este homem, mesmo dedicado à fé que leva à salvação, apesar de ganhar o necessário à vida, cumpria a tripla prática de engano. Os Irmãos revelaram todas as partes ruins deste homem enquanto conversavam juntos no Salão da Verdade : “Tal pessoa, Irmãos, após dedicar-se a esta grande fé do Buddha que leva a salvação, ainda vive enganando !” O Mestre entrou e queria saber o quê eles conversavam lá. Eles disseram. Ele falou, “Esta não é a primeira vez ; ele foi enganador antes,” e assim falando contou uma história do passado. ( Cf.Jataka 377 )
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         Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era capelão e homem sábio, de estudos. Certo dia, ele foi ao parque se divertir e vendo uma bela com saias leves apaixonou-se por ela e ficaram juntos. Ele a engravidou e quando ela percebeu disse a ele : “Senhor, estou grávida ; quando nascer vou nomeá-lo e darei o nome do avô dele.” Mas ele pensou, “Não pode acontecer de o nome nobre de família ser dado a um bastardo de garota escrava.” Então ele disse a ela, “Minha querida, esta árvore aqui é chamada Uddala ( Cassia Fistula ) e você pode chamar a criança de Uddalaka porque ela foi concebida aqui.” Deu então a ela um anel-selo e disse, “Se for menina use isto para ajudá-la na criação ; mas se for menino traga-o a mim quando crescer.”
          No tempo devido ela deu à luz um filho, e o chamou Uddalaka. Quando ele cresceu, perguntou a sua mãe, “Mãe, quem é meu pai ?” - “O capelão, meu filho.” “Se é assim, estudarei os livros sacros.” Assim recebendo o anel de sua mãe e uma taxa para pagar o professor, viajou a Takkasila ( Taxila ) e estudou lá com um professor renomado mundialmente. No curso dos seus estudos ele viu uma companhia de ascetas. “Estes certamente têm o conhecimento perfeito,” pensou ele, “Aprenderei com eles.” De acordo com isto, renunciou ao mundo tão ansioso estava por conhecimento e fez serviços de empregado para eles, suplicando-lhes em troca que ensinassem a ele sua própria sabedoria. Assim eles ensinaram a ele tudo que sabiam ; mas entre todos os quinhentos deles nenhum o ultrapassava em conhecimento : ele era o mais sábio deles todos. Então eles reuniram-se e o apontaram como professor. Ele disse, “Veneráveis senhores, vocês vivem sempre na floresta comendo frutas e raízes ; por quê não vão pelos caminhos das pessoas ?” “Senhor,” eles disseram, “as pessoas querem nos dar dons ( presentes, ofertas ), mas nos fazem mostrar gratidão declarando a Lei ( Dharma ) fazendo perguntas : por temor disto não nos aproximamos deles.” Ele respondeu, “Senhores, se vocês estiverem comigo, deixe que um monarca universal faça perguntas, deixem-me respondê-las e nada temam.” Então seguiu em peregrinação com eles, buscando ofertas e por fim chegaram em Benares, estabelecendo-se no parque real. Dia seguinte, em companhia de todos, foi em busca de ofertas na vila diante dos portões da cidade. O Povo deu a eles ofertas em abundância. No dia seguinte os ascetas atravessaram a cidade e o Povo deu a eles ofertas em abundância. O asceta Uddalaka agradeceu e abençou-os respondendo as questões. O Povo ficou edificado e deu tudo que eles precisavam em grande abundância. Toda a cidade falava as novidades, “Um sábio professor chegou, um asceta santo,” e o rei escutou. “Onde eles estão ?” perguntou o rei. Disseram a ele, “No parque.” “Bom,” cotejou, “ho-je irei e os conhecerei.” Um homem foi e disse a Uddalaka, “O rei virá ver-te ho-je.” Ele juntou a companhia e disse, “Senhores, o rei está vindo : ser favorável aos olhos do grande por um dia, é suficiente por uma vida.” “O quê devemos fazer, professor ?” eles perguntaram. Então ele disse, “Alguns de vocês deve fazer penitência oscilando, outros agachados no chão, alguns deitados em camas de prego,alguns praticar a penitência dos cinco fogos, outros descerem para as águas, outros recitarem versos santos em um lugar ou outro.” Eles fizeram como ele ordenou. Ele mesmo com oito ou dez sábios sentaram em um assento preparado com descanso de cabeça, um volume grande ao lado em uma bela escrivaninha e ouvintes ao redor. Naquele momento o rei com seu capelão e uma grande companhia entrou no parque e quando os viu todos mergulhados em suas austeridades shamanicas, ficou agraciado e pensou, “Eles estão livres de todo medo de estados ruins posteriores.” Aproximando-se de Uddalaka, saudou-o graciosamente e sentou ao lado ; então com o coração deliciado começou a falar com o capelão e recitou a primeira estrofe :

Com dentes sujos, e roupa de pele de cabra e cabelo
Todo em tranças, murmurando palavras sagradas pacificamente :
Certamente não poupam meios humanos para o bem atingir,
Sabem a Verdade e ganharam Livramento.

O capelão escutando isto respondeu, “O rei está agraciado quando não devia estar e não devo silenciar.” Então repetiu a segunda estrofe :

Um sábio sabido pode praticar atos ruins, ó rei:
Um sábio sabido pode falhar em seguir retidão:
Mil Vedas não trarão segurança,
Faltando obras justas, ou salvará da aflição.

Uddalaka quando escutou estas palavras pensou consigo mesmo, “O rei ficou feliz com os ascetas serem o que querias ; mas este sujeito veio e deu um tapa no focinho do boi quando ia muito rápido, jogou sujeira no prato pronto para comer : devo falar com ele.” Assim dirigiu a ele a terceira estrofe :

Mil Vedas não trarão segurança,
Faltando obras justas, ou salvará da aflição :
Os Vedas então devem ser coisa sem valor :
Doutrina verdadeira é - auto controle, fazer o certo. .

O capelão escutando falou a quarta estrofe :

Não, Vedas não são coisas sem valor :
Apesar de trabalhos com auto-controle ser doutrina verdadeira:
Estudo dos Vedas, alto eleva o nome da pessoa,
Mas é pela conduta correta que atingimos Benção.

Agora, pensou Uddalaka, “Nunca será bom ficar brigado com este homem. Se disser a ele que sou seu filho, ele necessariamente deverá me amar ; direi a ele que sou seu filho.” Então recitou a quinta estrofe :

Pais e parentes requerem cuidados ;
Um segundo si mesmo são nossos pais :
Sou Uddalaka, um ramo,
Nobre brahmin, de tua raiz.

És realmente Uddalaka ?” ele perguntou. “Sim,” disse o outro. Então falou, “Dei a tua mãe um penhor, onde está ele ?” Ele disse, “Aqui está brahmin,” e entregou a ele o anel. O brahmin reconheceu o anel e disse, “Sem dúvida és um brahmin ; mas conheces os deveres de um brahmin ?” E inquiriu sobre estes deveres nas palavras da sexta estrofe :

O quê faz um brahmin ? Como pode ele se aperfeiçoar ? Diga-me isto :
O quê é um homem correto e como ganha a bênção do Nirvana ?

Uddalaka explicou na sétima estrofe :

Renunciando ao mundo, com fogo, presta veneração,
Derrama água,erige o poste sacrifical :
Como alguém que faz sua obrigação as pessoas o louvam,
E tal brahmin conquista paz d'alma.

O capelão escutou o relato dos deveres de brahmin mas encontrou erro nele, recitando a oitava estrofe :

Aspergir não torna puro um brahmin, perfeição não é isto,
Nem paz nem gentileza assim ele ganha, nem mesmo bênção do Nirvana.

Com isto Uddalka perguntou, “Se isto não faz um brahmin, então o quê faz ?” recitando a nona estrofe :

O quê faz um brahmin ? Como ele se aperfeiçoa ? Diga-me isto :
O quê é um homem correto ? E como conquista a bênção do Nirvana ?

O capelão respondeu recitando outra estrofe :

Ele não tem campo, nem bens, nem desejo, nem parentes,
Não cuida da vida, sem luxúrias, sem modos ruins :
Tal brahmin paz d'alma conquistará,
Então como alguém fiel aos deveres, as pessoas o louvam.

Após isto Uddalaka recitou uma estrofe :

Kshatriya, Brahmin, Vaisha, Sudra, e Candala, Pukkusa,
Todos estes podem ser compassivos, podem ganhar bênção do Nirvana :
Quem entre todos os santos há que seja melhor ou pior ?

O brahmin então recitou uma estrofe, para mostrar que não há maior ou menor no momento que santidade é conquistada :

Kshatryia, Brahmin, Vaisha, Sudra, e Candala, Pukkusa,
Todos estes podem ser compassivos, podem ganhar bênção do Nirvana :
Não encontra-se ninguém entre todos os santos, melhor ou pior.

Mas Uddalaka achou erro nisto , recitando um par de estrofes :

Kshatryia, Brahmin, Vaisha, Sudra, e Candala, Pukkusa,
Todos estes podem ser virtuosos, todos atingirem a bênção do Nirvana :
Não encontra-se ninguém entre todos os santos, melhor ou pior.
Tu és brahmin, então, para nada : vão é teu rank, eu acho.

Aqui o capelão recitou duas estrofes mais, com uma similitude :

Com telas pintadas com muitas tintas, pavilhões podem ser feitos :
O telhado, um domo colorido : um cor é um matiz.

Do mesmo modo, quando pessoas são purificadas, é igual na terra :
A pessoa boa percebe que eles são santos e nunca perguntam seu nascimento.

Bem, Uddalaka nada pode responder a isto e portanto sentou em silêncio. Então o brahmin disse ao rei, “Todos estes são tratantes, Ó rei, toda a Índia se arruinaria através do engano. Convença Uddalaka a renunciar ao ascetismo e ser capelão comigo ; que o resto deixe o ascetismo, dando a eles escudos e lanças e tornando-os soldados.” O rei consentiu, e fez isto e todos entraram a serviço do rei.

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Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que este homem foi tratante.” Então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o Irmão desonesto era Uddalaka, Ananda era o rei e eu era o capelão.”