quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

64 Buddha Professor


  ( Pintura de teto de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya ; clique na imagem para vê-la ampliada ).

64
Pensas tu ...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um irmão leigo. Tradição diz que morava em Sāvatthi um irmão-leigo, que estava estabelecido nas Três Gemas e nos Cinco Mandamentos, um devoto amante do Buddha, da Doutrina e da Irmandade [Buddha, Dharma, Sangha].

 Mas a esposa dele era uma mulher fraca e pecadora. Nos dias em que ela errava, ficava mansa como uma garota escrava comprada por cem dinheiro; enquanto nos dias em que não errava, virava dama, apaixonada e tirânica. O esposo não conseguia entendê-la. Ela o aborrecia tanto que ele não foi visitar o Buddha.

Um dia ele foi com perfumes e flores, e tendo tomado seu lugar após devida saudação, quando o Mestre disse a ele:- “Prego, irmão leigo, como aconteceu de você ficar sete oito dias sem ir visitar o Buddha?” “Minha esposa, senhor, um dia está como uma garota escrava comprada por cem dinheiros, e outro dia a encontro como uma patroa apaixonada e tirânica. Não consigo entendê-la ; e foi porque ela me aborreceu tanto que não vim visitar o Buddha.”

Bem, quando ele escutou estas palavras, o Mestre disse, “Pois, irmão-leigo, o sábio e bom de dias passados tinha te contado que é difícil entender a natureza das mulheres.” E continuou  “mas suas existências prévias tornaram-se confusas em sua mente, de modo que não pode se lembrar.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio a ser um professor de fama mundial, com quinhentos jovens brahmins estudando com ele. Um destes pupilos era um jovem brahmin de uma terra estrangeira, que caiu de amor por uma mulher e fez dela sua esposa. Apesar de continuar a viver em Benares, ele falhou duas ou três vezes no serviço ao mestre. Pois, deves saber, sua esposa era uma mulher fraca e pecadora, que ficava mansa como uma escrava nos dias que errava, mas nos dias em que não errava, ficava senhora, apaixonada e tirânica. Seu esposo não conseguia entendê-la de jeito nenhum ; e tão aborrecido e importunado por ela ele foi , que ausentou-se de visitar o Mestre. Bem, sete ou oito dias depois ele foi aos serviços, e foi perguntado pelo Bodhisatva por quê estava sem vê-lo.

“Mestre, por causa da minha esposa,” ele disse. E contou ao Bodhisatva como ficava mansa um dia como garota escrava, e tirânica no dia seguinte ; como não conseguia entendê-la e como ficou tão importunado e aborrecido com humores cambiantes dela que ficou afastado.

“Assim, precisamente, jovem brahmin,” disse o Bodhisatva; “em dias quando erram, mulheres humilham-se diante de seus maridos e tornam-se mansas e submissas como uma garota escrava ; mas em dias quando não erram, tornam-se mandonas e insubordinadas a seus maridos. Assim são as mulheres fracas e pecadoras ; e é difícil de entender a natureza delas. Nenhuma atenção deve ser dada a seus gostos e desgostos.” E assim falando, o Bodhisatva repetiu para a edificação de seu pupilo esta estrofe:-

Pensas tu que uma mulher te ama? - não fique feliz.
Pensas tu que ela não te ama? - evite chorar.
Imperscrutável, incerto como o caminho
Dos peixes na água, mostram-se as mulheres.

Tal foi a instrução do Bodhisatva a seu pupilo, que daí em diante não prestou mais atenção aos caprichos da sua esposa. E ela, escutando que seus erros chegaram aos ouvidos do Bodhisatva, cessou dali em diante em errar.

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Também a esposa deste irmão leigo disse para si mesma, “O Perfeito Buddha sabe, me disseram, do meu erro,” e daí em diante não mais errou. Sua lição terminada, o Mestre pregou as Verdades, ao final das quais o irmão leigo ganhou o Fruto do Primeiro Caminho. Então o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo – “Este esposo e esposa eram os mesmos daquele dias, e eu mesmo o professor.”






63 Buddha Sábio da Tâmara




  ( Pintura de teto de Ajanta, vihara buddhista construída por Arhat Acharya ; clique na imagem para vê-la ampliada  )

63
Iradas são as mulheres...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre outro Brother apaixonado. Quando sendo questionado o Irmão confessou que estava apaixonado, o Mestre disse, “Mulheres são ingratas e traiçoeiras ; por quê estais apaixonado por uma?” E ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva, que havia escolhido uma vida anacorética, construiu para si-mesmo um eremitério às margens do Ganges, e lá ganhou as Consecuções e os Conhecimentos Altos, e assim habitava na benção do Insight. Naqueles dias o Senhor Alto Tesoureiro de Benares tinha uma filha feroz e cruel, conhecida como Senhora Má, que usava xingar e bater nas suas empregadas e escravas. E um dia elas levaram sua jovem senhora para distrair-se no Ganges ; e as garotas brincavam na água, quando o sol se pôs e caiu uma grande tempestade onde estavam. Daí o povo começou a correr, e os ajudantes da garota exclamaram, “Agora é a hora de dar um fim nesta criatura!” e a atiraram direto no rio e fugiram. Caía a chuva copiosamente, o sol se pôs, e veio a escuridão. E quando as empregadas chegaram em casa sem a jovem patroa, e foram questionadas sobre onde ela estava, responderam que ela saíra do Ganges mas que não sabiam para onde fora. A família fez as buscas , mas não encontraram nenhum rastro da garota perdida.

Enquanto isto ela, gritando alto, era arrastada pela corrente aumentada, e à meia-noite aproximou-se de onde morava o Bodhisatva em seu eremitério. Escutando seus gritos, ele pensou consigo mesmo, “Isto é voz de mulher. Devo salvá-la das águas.” Então ele pegou uma tocha de grama e com a luz dela avistou-a no rio. “Não tema ; não tema !” gritava ele animadamente, e vadeou, e, graças a sua força imensa, como a de um elefante, trouxe- a a salvo para terra. Então ele fez para ela um fogo em seu eremitério e colocou diante dela diversas frutas gostosas. Depois que ela comeu, ele perguntou, “Onde é sua casa, e como você caiu no rio?” E a garota contou a ele tudo que aconteceu. “More aqui um pouco,” disse ele, e a instalou na cela, enquanto por dois ou três dias ele ficou morando a céu aberto. E no final deste tempo ele pediu a ela que partisse, mas ela estava determinada a esperar até fazer o asceta cair de amor por ela ; e não partiu. E com o tempo passando, ela influenciou tanto ele, com seus truques e graças femininas, que ele perdeu o Insight. Com ela ele continuou a viver na floresta. Mas ela não gostava de morar naquela solidão e queria ser levada para entre o povo. Ela importunou tanto que ele acabou levando-a para uma vila da fronteira, onde ele a mantinha vendendo tâmaras, e assim era chamado Sábio das Tâmaras. E os da vila pagavam a ele para ensinar-lhes as estações fastas e nefastas, e deram a ele uma cabana para morar na entrada da cidade.

A fronteira foi assolada por ladrões das montanhas ; e fizeram um ataque um dia na vila onde o casal vivia, e a saquearam. Fizeram os pobres do vilarejo empacotarem os pertences, e carregarem-os – com a filha do Tesoureiro entre o resto – até suas moradas. Lá chegando, deixaram todos saírem livres ; menos a garota, por causa de sua beleza, foi feita esposa do chefe dos ladrões.

E quando o Bodhisatva soube disto, pensou consigo mesmo, “Ela não vai aguentar viver longe de mim. Ela escapará e voltará para mim.” E seguiu vivendo, esperando que ela retornasse. Ela enquanto isto estava muito feliz com os ladrões, e só temia que o Sábio da Tâmara viesse para carregá-la. “Me sentiria mais segura,” pensou ela, “se ele estivesse morto. Devo mandar uma mensagem a ele fingindo amor e assim aqui me certificar da morte dele.” E assim ela envia a ele uma mensagem que ela estava infeliz, e que queria que ele a levasse embora.

E ele, acreditando nela, seguiu adiante, e chegou na entrada da vila dos ladrões, de onde ele mandou uma mensagem a ela. “Fugir agora, meu esposo,” disse ela, “seria apenas para cair nas mãos do chefe dos ladrões que nos mataria. Adiemos até a noite a fuga.” Então ela o pegou e escondeu em um quarto ; e quando o ladrão chegou em casa à noite inflamado de bebida, ela disse a ele, “Diga-me, amor, o quê farias se tivesses seu rival em seu poder?”
E ele disse que faria isto e mais isto com ele.
“Talvez ele não esteja tão longe quanto pensas,” ela disse. “Ele está no quarto do lado.”

Pegando uma tocha, o ladrão correu e prendeu o Bodhisatva e bateu nele na cabeça e no corpo o quanto quis. Com os golpes o Bodhisatva não reclamava, apenas murmurava, “Ingratas cruéis ! traidoras mentirosas !” E isto era tudo que ele dizia. E depois que já havia batido, amarrado e colocado deitado o Bodhisatva, o ladrão terminou de comer, e deitou para descansar. De manhã, quando já tinha acabado a ressaca, e ele estava renovado para bater no Bodhisatva, este ainda assim não reclamou mas continuou repetindo aquelas mesmas quatro palavras. E o ladrão foi tomado por isto e perguntou por quê, mesmo quando apanhava, ele continuava a falar aquilo.

“Escute,” disse o Sábio da Tâmara, “e entenderás. Certa vez eu era um eremita morando na solidão da floresta, e lá ganhei Insight. E resgatei esta mulher do Ganges e a ajudei na necessidade, e com as seduções dela cai do meu alto estado. Então larguei a floresta e a amparei na vila, de onde foi levada por ladrões. E ela me enviou uma mensagem que estava infeliz, rogando-me que viesse e a levasse embora. Bem, ela em fez cair em suas mãos. Por isto fico falando aquilo.”

Isto fez o ladrão meditar de novo, e ele pensou, “Se ela pode gostar tão pouco de alguém que fez tanto e foi bom com ela, que injúria ela não me faria? Ela deve morrer.” Então tendo tranquilizado o Bodhisatva e acordado a mulher, ele saiu com espada na mão, fazendo ela pensar que iria matá-lo fora da vila. Então fazendo-a segurar o Sábio da Tâmara ele lançou a espada, e, fingindo que ia matar o sábio, clivou a mulher em duas. Depois banhou o Sábio da Tâmara da cabeça aos pés e por vários dias o alimentou com comidas finas até sua satisfação.

“Onde pretendes ir agora?” disse o ladrão por fim.
“O mundo,” respondeu o sábio, “não me dá prazer. Me tornarei eremita novamente morando na minha antiga casa da floresta.”
“Eu também me tornarei eremita,” exclamou o ladrão. Então ambos se tornaram eremitas juntos, e moravam no eremitério da floresta, onde ganharam os Altos Conhecimentos e as Consecuções, e qualificaram-se quando a vida terminou para entrarem no Reino de Brahma.

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Depois de contar estas duas histórias, o Mestre mostrou a conexão, recitando como Buddha, esta estrofe:-

Iradas são as mulheres, mentirosas, ingratas,
Semeadoras de dissensões e briga desumana !
Então, Irmão, trilhe o caminho da santidade,
E Benção nela não deixarás de encontrar.

Sua lição terminada, o Mestre pregou as Verdades, no final dos quais o Irmão apaixonado ganhou o Fruto do Primeiro Caminho. Também, o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “Ānanda era o chefe dos ladrões naqueles dias, e eu mesmo era o Sábio da Tâmara.”



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

62 Buddha rei de Benares





  ( Pintura de teto de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya )


62
Vendado, tocando violão...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre outra pessoa apaixonada.
Disse o Mestre, “É vero o relato que estais apaixonado, Irmão?”
“Bem verdadeiro,” foi a resposta.
“Irmão, mulheres não podem ser vigiadas ; em dias passados o sábio que vigiava uma mulher desde do momento que ela nasceu, falhou contudo em guardá-la.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como filho da Rainha. Quando estava crescido, era mestre em todas as realizações ; e quando, com a morte de seu pai, veio a ser rei, mostrou-se rei reto. Bem, ele usava jogar dados com o capelão,e, quando atirava os dados dourados na mesa de prata, cantava esta canção para dar sorte:-

É da natureza da lei que os rios serpenteiem ;
Árvores crescem em florestas pela lei da espécie ;
E, dada oportunidade,
Todas as mulheres erram.

Como estas linhas sempre faziam o rei ganhar o jogo, o capelão estava em no caminho de perder todo centavo que tinha no mundo. E, de modo a salvar-se da ruína próxima, ele resolveu arranjar uma empregada que nunca houvesse visto outro homem, e mantê-la fechada à chave em sua casa. “Pois,” ele pensou, “não daria certo arranjar uma mulher que já houvesse visto outro homem. Então devo arranjar uma menina bebê, e mantê-la guardada enquanto cresce, vigiada, de modo que ninguém dela aproxime-se e que ela seja só de um homem. Então vencerei do rei, e ficarei rico.” Bem, ele era hábil em prognósticos ; e vendo uma mulher pobre que ia se tornar mãe, e sabendo que a criança seria menina, ele pagou à mulher que viesse e ficasse em sua casa, e mandou-a embora com presente depois. A criança foi educada por mulheres apenas, e nenhum homem – a não ser ele mesmo – foi permitido colocar os olhos nela. Quando a garota cresceu, era sujeita a ele e ele era mestre dela.

Bem, enquanto a garota crescia, o capelão evitou jogar com o rei ; mas quando ela já estava crescida e no controle dele, desafiou o rei para um jogo. O rei aceitou, e o jogo começou. Mas, quando ao jogar os dados o rei cantou sua canção da sorte, o capelão adicionou, - “todas a não ser minha garota.” E então a sorte mudou, e era agora o capelão que ganhava, enquanto o rei perdia.

Meditando na matéria, o Bodhisatva suspeitou que o capelão tinha uma garota virtuosa fechada em sua casa ; e inquirindo mostrou-se verdadeira a suspeita. Então, para fazê-la cair, chamou um patife inteligente, e perguntou se ele pensava poder seduzir a garota. “Certamente, senhor,” disse o sujeito. Então o rei deu dinheiro a ele, e o enviou com ordens de não perder tempo.

Com o dinheiro do rei o sujeito comprou perfumes, incenso e aromas de todo tipo, e abriu uma loja ‘de perfumaria’ junto da casa do capelão. Bem, a casa do capelão tinha sete andares, e tinha sete portões, e em cada um tinha um guarda, - guarda feminina apenas,- e nenhum homem apenas o brahmin mesmo era permitido entrar. Até as cestas de lixo eram examinadas antes de passar. Apenas o capelão podia ver a moça, e ela tinha apenas uma empregada. Esta empregada recebia dinheiro para comprar flores e perfumes para sua senhora, e no caminho começou a passar pela loja que o patife tinha aberto. E ele, sabendo muito bem que era a empregada da garota, esperou um dia em que ela vinha, e, correndo para fora da loja, caiu aos pés dela, apertando seus joelhos com ambas as mãos e chorando, “Ó minha mãe! onde estiveste todo este tempo?”

E seus companheiros, que estavam do lado, gritaram, “Que semelhança! Pés e mãos, rosto e postura ( face & figure), até mesmo o jeito de vestir são idênticos!” Como todos ficaram falando da maravilhosa semelhança, a pobre mulher perdeu a cabeça. Chorando que devia ser seu menino, ela também explodiu em lágrimas. E com lamentos e choros os dois ficaram abraçados um ao outro. Então disse o homem, “Onde moras, mãe?”

“Lá em cima na casa do capelão, meu filho. Ele tem uma jovem esposa de beleza incomparável, uma deusa mesmo graciosa ; e eu sou a empregada dela.” “E onde ias agora, mãe?” “Comprar para ela perfumes e flores.” “Por quê ir em outro lugar então? Compre aqui no futuro,” disse o sujeito. E deu à mulher betel, bdellium, e semelhantes, e todos os tipos de flores, recusando todo pagamento. Surpresa com a quantidade de flores e perfumes que a empregada trouxe para casa, a garota perguntou por quê o brahmin estava tão feliz com ela aquele dia. “Por quê dizes isto minha querida?” perguntou a velha mulher. “Por causa da quantidade de coisas que trouxeste para casa.” “Não, o brahmin não abriu mão do seu dinheiro,” disse a velha mulher ; “peguei isto com meu filho.” E a partir daquele dia ela guardava o dinheiro que o brahmin dava a ela, e apanhava as flores e outras coisas sem pagar nada na loja do patife.

E ele, poucos dias depois, fingiu estar doente e ficou na cama. Então quando a velha mulher veio comprar e perguntou por seu filho, ouviu que ele estava doente. Correndo para o lado dele, ela com carinho bateu em seus ombros, e perguntou o que o afligia. Mas ele não respondeu. “Por quê não me dizes, meu filho?” “Nem mesmo s’eu estivesse morrendo eu poderia te dizer, mãe.” “Mas, se você não me contar, a quem contarás?” “Bem, então, mãe, minha doença está apenas nisto, que, escutando os louvores da beleza de sua jovem patroa, cai de amor por ela. S’eu a ganhar, viverei; se não, esta será minha cama mortuária.” “Deixe isto comigo, meu garoto,” disse a velha mulher alegremente ; “e não se preocupe com isto.” Então – com uma pesada carga de flores e perfumes consigo – ela voltou para casa, e disse para a jovem esposa do brahmin, “Ai! Meu filho daqui está apaixonado por você, meramente porque contei a ele como és bela! Que farei?”
“Se você puder trazer ele escondido até aqui,” respondeu a garota, “tem minha permissão.”

Com isto a velha mulher passou a varrer todo o lixo da casa de cima abaixo ; este lixo todo ele põem numa cesta grande de flores e tenta passar para fora com ele. Quando a revista usual foi feita, ela esvaziou a cesta na guarda, que fugiu sendo assim maltratada. Do mesmo modo lidou com as outras guardas, confundindo com lixo cada uma que se virava para falar qualquer coisa com ela. E então deste dia em diante aconteceu que não importava o quê a velha mulher carregasse ninguém tinha coragem de revistá-la. Agora é a hora ! A velha mulher passa o patife escondido para dentro da casa numa cesta de flores, e leva-o até a jovem senhora. Ele teve sucesso em destruir a virtude da garota, e na realidade ficou um dia ou dois no andar superior, - escondendo-se quando o capelão estava em casa, e desfrutando da companhia de sua amada quando o capelão estava fora do prédio. Um dia ou dois passados e a garota disse a seu amante, “Querido, deves partir agora.” “Muito bem; só que antes devo socar o brahmin.” “Com certeza,” ela disse e escondeu o patife. Então, quando o brahmin veio novamente, ela exclamou, “Oh, meu querido esposo, eu gostaria de dançar se você tocasse o violão para mim.” “Dance, minha querida,” disse o capelão, e começou a tocar. “Mas fico com vergonha de você ficar olhando. Deixe-me esconder sua bela face com um pano; e então dançarei.” “’Tá bem,” disse ele ; “se você tem vergonha de dançar do outro jeito.” Então ela pegou um pano grosso e amarrou no rosto do brahmin de modo a vendá-lo. E, vendado como estava, o brahmin passou a tocar o violão. Depois de dançar um pouco, ela gritou, “Meu querido, gostaria de bater na sua cabeça uma vez.” “Bata,” disse sem suspeitar o velho caduco. Fez então um sinal a garota para o amante ; e este furtou-se levemente por trás do brahmin e o atingiu na cabeça. Tal foi a força do golpe, que os olhos do brahmin quase saem das órbitas, e levantou-se um galo no local. Pungido pela dor, ele chamou a garota e pediu a mão dela ; e ela colocou a dela na dele. “Ah! é macia a mão,” ele disse ; “mas bate pesado !”

Bem, logo que o patife atingiu o brahmin, escondeu-se ; e quando estava escondido, a garota tirou a venda dos olhos do capelão e passou óleo no galo da cabeça. No momento em que o brahmin saiu, o patife foi escondido na cesta novamente pela velha mulher, e então levado para fora da casa. Indo direto até o rei, contou a ele toda ‘ aventura.

Conformemente, quando o brahmin era o próximo no atendimento, o rei propôs um jogo de dados ; o brahmin queria ; e a mesa de dados foi trazida. Quando o rei fez sua jogada, ele cantou sua velha canção, e o brahmin – ignorante da malícia da garota – “todas a não ser minha garota,” – e apesar disto, perdeu !

Então o rei, que sabia o que acontecera, disse a seu capelão, “Por quê a não ser ela? A virtude dela foi desfeita. Ah, você sonhou de que tomando uma menina na hora do nascimento e colocando-a vigiada atrás de sete guardas, poderia tê-la segura. Pois, não podes estar certo de uma mulher mesmo que ela fique dentro de você e sempre andes ao redor dela. Nenhuma mulher é sempre fiel a um homem apenas. Quanto àquela sua garota, ela te contou que queria dançar, e tendo primeiro te vendado enquanto tocavas o violão para ela, ela deixou o amante dela te bater na cabeça, e depois o tirou escondido da casa. Onde então está tua exceção?” E assim falando o rei repetiu esta estrofe:-

Vendado, tocando violão, enganado por sua esposa,
O brahmin senta, - ele que tenta erigir
Um modelo de virtude imaculada !
Aprenda daí a ter respeito pelo sexo.

Com tal sabedoria o Bodhisatva expôs a Verdade ao brahmin. E o brahmin foi para casa e taxou a garota com a vilania de que era acusada. “Meu querido esposo, quem poderia ter dito tal coisa de mim ?” disse ela. “Na verdade sou inocente ; na realidade foi minha própria mão que te atingiu, não a de outra pessoa ; e se não acredita em mim, arrostarei o ordálio do fogo para provar que nenhuma mão de homem me tocou a não ser a sua ; e assim farei você acreditar em mim.” Assim seja,” disse o brahmin. E ele fez com que trouxessem lenha e acendeu-a. A garota então foi chamada. “Agora,” disse ele, “se acreditas na sua história, arroste estas chamas !”

Bem, antes disso a garota, instruiu a empregada assim:- “Diga a seu filho, mãe, para estar lá e segurar minha mão justo quando estiver colocando no fogo.” E a velha mulher fez como foi ordenado a ela ; e o sujeito veio e ficou no meio da multidão. Então, para iludir o brahmin, a garota, em pé diante de todo o povo, exclamou com fervor, “Nenhuma mão de homem a não ser a tua brahmin já me tocou ; e, pela verdade da minha afirmação peço a este fogo que não me queime.” Assim dizendo, ela avançou para a pilha que queimava,- quando levanta-se seu amante, que a segura pela mão, gritando contra o brahmin que forçava tão bela dama a entrar na chama ! Sacudindo para soltar a mão, a garota gritou para o brahmin que
agora estava desfeito o que asseverara, e que agora não podia arrostar o ordálio do fogo. “Por quê não ?” disse o brahmin. “Porque,” ela respondeu, “minha afirmação era que nenhuma mão de homem me tocara a não ser a sua ; e agora aí está um homem que segurou minha mão !” Mas o brahmin, sabendo que ela iludia-o, afastou ela dele com tapas.

Tal, aprendemos, é a fraqueza das mulheres. Que crime não cometeriam ; e então para enganarem seus maridos, que juras não fariam – sim, à luz do dia – . Tão falsas que são ! Daí é dito:-

Um sexo feito de fraqueza e engano,
Inconhecível, incerto como o caminho
Dos peixes n’água,- mulheres
Mantêm a verdade como mentira e mentira como verdade!
Gananciosas como vacas em busca de pasto novo,
Mulheres, insaciáveis, anseiam por parceiro atrás de parceiro.
Instáveis como a areia, cruéis como as serpentes,
Mulheres sabem de tudo ; nada delas se esconde !

“Assim é impossível vigiar mulheres,” disse o Mestre. Sua lição terminada, ele pregou as Verdades, ao final das quais o Irmão apaixonado ganhou o Fruto do Primeiro Caminho. Também mostrou o Mestre a conexão e identificou o Jātaka dizendo:- “Naqueles dias eu era o Rei de Benares.”



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

61 Buddha Brahmin





( Pintura de teto de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya )

61
Na luxúria desbridada...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um Irmão apaixonado. A história introdutória será relatada no Jātaka 527. Mas a este Irmão o Mestre disse, “Mulheres, Irmão, são luxurientas, profliguentas (briguentas), vis e baixas. Por quê apaixonar-se por uma mulher qualquer?” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um brahmin na cidade de Takkasilā ( Taxila ) no país Gandhāra ; e quando já estava crescido, tal era sua proficiência, competência, nos Três Vedas e suas realizações, que sua fama como professor espalhou-se por todo mundo.

Naqueles dias havia uma família brahmin em Benares, na qual nasceu um filho; e no dia de seu nascimento, pegaram fogo e o mantiveram sempre aceso, queimando, até o garoto ter dezesseis. Então seus pais lhe disseram como o fogo, aceso no dia de seu nascimento, nunca foi deixado apagar-se ; e pediram ao filho que fizesse sua escolha. Se, seu coração estiver instigado a ganhar entrada no Reino de Brahma, então deixe-o pegar o fogo e retire-se com ele para a floresta, para lá realizar seu desejo através de uma veneração incessante ao Senhor do Fogo. Mas, se ele preferisse as alegrias da casa, pediram a seu filho que fosse para Takkasilā ( Taxila ) e lá estudasse com o afamado professor visando acalmar o manuseio da propriedade. “Certamente falharei na veneração ao Deus-Fogo,” disse o jovem brahmin ; “Serei um escudeiro.” Deu adeus então ao pai e à mãe, e, com mil dinheiros como pagamento ao professor, foi para Takkasilā. Lá estudou até que sua educação estava completa, e então voltou para casa.

Bem, seus pais cresceram desejando que ele abandonasse o mundo e venerasse o Deus-Fogo na floresta. Conformemente sua mãe, no desejo de enviá-lo a floresta fazendo-o entender a fraqueza das mulheres, estava confiante que seu sábio e entendido professor seria capaz de desnudar a fraqueza do sexo para seu filho, e assim ela perguntou a ele se terminara completamente sua educação. “Ah, sim,” disse o jovem.
“Então com certeza aprendeste os Textos Dolorosos?” “Não aprendi estes, mãe.” “Como então podes dizer que tua educação está terminada ? Volte já, meu filho, para seu mestre, e retorne para nós quando tiveres aprendido estes,” disse a mãe.
“Muito bem,” disse o jovem, e partiu uma vez mais para Takkasilā ( Taxila ).

Bem, seu mestre também tinha uma mãe,- uma velha mulher de cento e vinte anos de idade,- a quem com suas próprias mãos usava lavar, alimentar e cuidar. E era escarnecido por fazer isto por seus vizinhos,- realmente tanto que ele resolveu partir para a floresta e lá morar com sua mãe. Conformemente, na solidão da floresta fez uma cabana ser construída em um lugar aprazível, onde havia água em abundância, e após guardar um estoque de ghee e arroz e outras provisões, levou sua mãe para a nova casa e lá viveu acalentando sua velha idade.

Não achando seu Mestre em Takkasilā ( Taxila ), o jovem brahmin verificou e descobrindo o quê acontecera, partiu para a floresta, e apresentou-se respeitosamente diante de seu mestre. “O quê o traz de volta tão cedo, meu garoto?” disse este último. “Não penso, senhor, tenha aprendido os Textos Dolorosos quando estava com você,” disse o jovem. “Mas quem te disse que tens que aprender os Textos Dolorosos?” “Minha mãe, mestre,” foi a resposta. Daí o Bodhisatva refletiu que não haviam tais textos como estes, e concluiu que a mãe de seu pupilo queria-o ensinado em como é fraco o sexo das mulheres. Assim disse ao jovem que estava certo, e que no tempo devido ele aprenderia os Textos em questão. “A partir de ho-je,” disse a ele, “deves tomar meu lugar do lado de minha mãe, e com suas próprias mãos lavá-la e alimentá-la e cuidar dela. Quando esfregares as mãos dela, pés, cabeça e costas, sejas cuidadoso em exclamar, ‘Ah, Madame! se és tão amável agora que estais velha, como não terás sido no apogeu da sua juventude!’ E enquanto lavas e perfumas suas mãos e pés, exploda em elogios à beleza deles. Depois, diga-me sem timidez ou reserva cada palavra que minha mãe tiver te dito. Obedeça-me nisto, e te tornarás mestre nos Textos Dolorosos; desobedeça-me, e permanecerás ignorante deles para sempre.”

Obediente às ordens de seu mestre, o jovem fez todo o ordenado, e assim tão persistentemente louvou a beleza da velha mulher que ela pensou que ele caíra de paixão por ela; e, apesar de estar cega e decrépita , a paixão acendeu nela. Então um dia ela o interrompeu em seus elogios perguntando, “Tu me desejas?” “Realmente, madame,” respondeu o jovem ; “Mas meu mestre é muito rígido.” “Se me desejas,” ela disse, “mate meu filho!” “Mas como eu, que aprendi tanto com ele,- como por causa de uma paixão matar meu mestre?” “Bem, então, se fores fiel a mim, matarei ele eu mesmo.” (Tão luxurienta, vil e baixo é o sexo das mulheres que, dando rédea à luxúria, uma bruxa como esta, e velha como era, na realidade estava seca pelo sangue de um filho tão zeloso !)

Bem o jovem brahmin contou tudo ao Bodhisatva, que, confiando nele para relatar a matéria, estudou quanto tempo mais sua mãe estava destinada a viver. Achando que o destino dela era morrer naquele dia mesmo, ele disse, “Venha, jovem brahmin; a colocarei em teste.” Então botou abaixo uma figueira e escavou uma figura de madeira mais ou menos do seu tamanho, que ele embrulhou, com a cabeça e tudo, em uma roupa e deitou na sua cama mesma, - com uma corda amarrada nela. “Bem agora vá com um machado até minha mãe,” disse ele; “e dê a ela esta corda como guia para seus pés.”

Saiu então o jovem atrás da velha mulher, e disse, “Madame, o mestre está deitado na cama dentro de casa; amarrei esta corda para te guiar ; tome este machado e mate-o, se podes.” “Mas você não vai me abandonar, vai ?” disse ela. “Por quê iria?” foi a resposta. Então ela pegou o machado, e, levantando-o com membros trêmulos, tateou seu caminho com a corda, até ter pensado ter encontrado seu filho. Então descobriu a cabeça da figura, e – pensando em matar seu filho com um único golpe – desceu o machado direto na garganta da figura,- só para dar-se conta com o baque que era madeira ! “O quê estais fazendo, mãe?” disse o Bodhisatva. Com um guincho de que fora traída, a velha mulher caiu morta no chão.
Pois, diz a tradição, estava fadada a morrer naquele momento mesmo e debaixo de seu próprio teto.

Vendo-a morta, seu filho queimou seu corpo, e, quando as chamas da pira estavam apagadas, adornou as cinzas com flores do campo. Então com o jovem brahmin sentou à porta da cabana e disse, “Meu filho, não há tais estudos separados do ‘Texto Doloroso". São as mulheres que são a depravação incarnada. E quando sua mãe mandou você de volta para mim para aprender os Textos Dolorosos, o objetivo dela era que você aprendesse como é fraco o sexo das mulheres. Você agora testemunhou com seus próprios olhos a fraqueza de minha mãe, e daí verás como são luxurientas e vis as mulheres.” E com esta lição, mandou o jovem partir.

Dando adeus ao mestre, o jovem brahmin foi para a casa de seus pais. Disse sua mãe a ele, “Aprendeste agora os Textos Dolorosos?”
“Sim, mãe.”
“E qual,” ela perguntou, “é sua escolha final ? deixarás o mundo para venerar o Senhor do Fogo, ou escolherás uma vida de família?” “Não,” respondeu o jovem brahmin ; “com meus próprios olhos vi a fraqueza do sexo das mulheres ; não tenho nada a ver com a vida familiar. Renunciarei ao mundo.” E seu achado convicto foi expresso nesta estrofe:-

Na luxúria desbridada, como fogo devorador
Estão as mulheres, - excitadas na paixão.
Renunciando o sexo, contente me retiro
Para encontrar paz no eremitério.

Com esta invectiva contra o sexo das mulheres, o jovem brahmin pediu licença a seus pais, e renunciou ao mundo pela vida de eremita,- onde ganhou a paz desejada, assegurando para si admissão após aquela vida, no Reino de Brahma.

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“Então você veja, Irmão,” disse o Mestre, “como luxurienta, vil e danosas são as mulheres.” E após declarar a fraqueza das mulheres, ele pregou as Quatro Verdades, ao final das quais aquele Irmão ganhou o Fruto do Primeiro Caminho. Por fim, o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Kāpilāni (n. do tr.: sua história é dada em J. R. A. S. Ceylon, 1893, pg. 786) era a mãe daqueles dias, Mahā-kassapa era o pai, Ānanda o pupilo, e eu mesmo o professor.”

 [  Cf o fogo de nascença e seu cuidado brahmânico com a história de Piritôo na mitologia grega e com o fogo na liturgia em geral ]


60 Buddha Músico ( outro )



60
Não vá muito longe...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre outra pessoa rebelde.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida como um tocador de concha e foi a Benares com seu pai para um festival público. Lá ganhou uma grande quantidade de dinheiro tocando sua concha e foram para casa novamente. No seu caminho por uma floresta que estava infestada de ladrões, ele avisou seu pai para não ficar soprando a concha ; mas o velho homem pensava que sabia melhor como manter os ladrões afastados e soprava forte sem pausar nenhum momento. Conformemente, justo como na história precedente, os ladrões retornaram e saquearam o par. E, como acima, o Bodhisatva repetiu esta estrofe:-

Não vá muito longe, mas aprenda a evitar o excesso;
Pois por soprar demais perde-se o quê se ganhou soprando.

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Sua lição terminada, o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Este Irmão rebelde era o pai daqueles dias, e eu mesmo seu filho.”



59 Buddha Percussionista



59
Não vá muito longe...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um certo Irmão rebelde. Perguntado pelo Mestre se o relato era verdadeiro de que ele era rebelde, o Irmão disse que era verdade. “Esta não é a primeira vez, Irmão,” disse o Mestre, “que você se mostra rebelde ; foste justamente o mesmo em tempos passados.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio a vida como percussionista, e morava numa vila. Escutando que haveria um festival em Benares, e esperando fazer dinheiro tocando seus tambores para as multidões que guardavam feriado, fez seu caminho para a cidade, com seu filho. E lá tocou e fez uma grande quantidade de dinheiro. No caminho para casa com os ganhos, tinha que passar através da floresta que estava infestada de ladrões ; e como o garoto continuava batendo seu tambor sem parar, o Bodhisatva tentava pará-lo dizendo, “ Não se comporte assim, bata só uma vez ou outra, - como se um grande senhor estivesse passando.”

Mas desafiando a ordem de seu pai, o garoto pensava que o melhor jeito de assustar os ladrões era manter a batida sem parar no tambor.

Às primeiras notas da bateria, os ladrões fugiram precipitadamente, pensando que algum grande senhor passava. Mas escutando o barulho se mantendo, perceberam o erro e voltaram e descobriram quem realmente era. Vendo só duas pessoas, neles bateram e a eles roubaram. “Ai!” gritou o Bodhisatva, “com seu bater desenfreado fizeste-nos perder todo nosso ganho tão difícil de conseguir!” E, assim falando, ele repetiu esta estrofe:-

Não vá muito longe, mas aprenda a evitar o excesso;
Pois por tocar demais perde-se o quê se ganhou tocando.

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Sua lição terminada, o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Este Irmão rebelde era o filho daqueles dias, e eu mesmo o pai.”



terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

58 Buddha Macaco ( outro )



58
Quem como você...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu sobre novamente o tema da tentativa de homicídio.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), Devadatra veio à vida como macaco, e morava perto dos Himālaias como senhor da tribo dos macacos todos de sua própria progênie. Enchendo-se de pressentimentos de que seus filhos machos pudessem, crescendo, expulsá-lo da liderança, usava castrá-los com os dentes. Bem o Bodhisatva foi gerado por este mesmo macaco; e sua mãe, para salvar o bebê ainda não nascido, escapou para uma floresta ao pé da montanha, onde no tempo devido ela deu a luz ao Bodhisatva. E quando ele estava crescido e chegou à idade do entendimento, estava dotado de força maravilhosa.

“Onde está meu pai?” disse ele um dia a mãe. “Ele mora aos pés de uma certa montanha, meu filho,” ela respondeu; “e é rei da tribo dos macacos.” “Leve-me para vê-lo, mãe.” “Não posso, meu filho; pois seu pai tem medo de ser suplantado por seus filhos de modo que castra-os todos com os dentes.” “Não se preocupe; leve-me lá mãe,” disse o Bodhisatva ; “saberei o quê fazer.” Então ela o levou até o velho macaco. Vendo seu filho, o velho macaco, sentindo com certeza que o Bodhisatva cresceria para depô-lo, resolveu fingindo um abraço tirar a vida fora do Bodhisatva. “Ah! meu garoto!” ele gritou ; “onde estiveste todo este tempo?” e, fazendo de conta que abraçava o Bodhisatva, agarrou-o como uma víbora. Mas o Bodhisatva, que era forte como um elefante, retornou o abraço com tanta força que as costelas de seu pai pareciam que iam quebrar.

Então pensou o velho macaco, “Este meu filho, se ele crescer, certamente me matará.” Buscando como matar o Bodhisatva primeiro, lembrou de um certo lago perto, onde vivia um ogro que poderia devorá-lo. E assim disse ao Bodhisatva, “Estou velho agora, meu garoto, e gostaria de passar a tribo para ti ; ho-je devemos fazê-lo rei. Em um lago perto crescem dois tipos de lírios, três tipos de lótus azul, e cinco tipos de lótus branca. Vá e pegue algumas para mim.” “Sim, pai,” respondeu o Bodhisatva ; e partiu. Chegando perto do lago com cautela, este estudou as pegadas nas margens e verificou que todas desciam para as águas, mas nenhuma nunca voltava. Entendendo que o lago era assombrado por um ogro, ele adivinhou que seu pai, sendo incapaz de matá-lo, desejava vê-lo morto pelo ogro. “Mas pegarei as lótus,” ele disse, “sem nem entrar na água.” Assim foi para um lugar seco, e dando uma corrida pulou da margem. No pulo, enquanto atravessava as águas, pegava duas flores que cresciam acima da superfície das águas, e pousava com elas na margem oposta. No caminho de volta, pegava mais duas do mesmo modo, enquanto pulava; e assim fez um monte dos dois lados do lago, - mas sempre se mantendo fora do domínio aquoso do ogro. Quando já tinha pego tanto quanto achou que carregaria de volta, e juntava tudo em uma margem, o ogro surpreso exclamou, “Vivo há muito tempo neste lago, mas nunca vi nem um ser humano tão maravilhosamente inteligente! Aí está um macaco que pegou todas as flores que queria e ainda assim se manteve a salvo fora do alcance do meu poder.” E, separando as águas, o ogro saiu para fora do lago para onde o Bodhisatva estava, e assim dirigiu-se a ele, “Ó rei dos macacos, aqueles que têm três qualidades dominaram seus inimigos ; e você, me parece, tem todas as três.” E, assim dizendo, ele repetiu esta estrofe em louvor ao Bodhisatva:-

Quem, como você, ó rei dos macacos, combina
Destreza, Valor e Recurso,
Verá seus inimigos virarem e fugirem.

O elogio terminado, o ogro perguntou ao Bodhisatva por quê apanhava as flores.
“Meu pai pensa em me fazer rei da tribo,” disse o Bodhisatva, “e é por isto que as cato.”
“Mas alguém tão sem igual como você não deve carregar as flores,” exclamou o ogro ; “as carregarei para ti.” E assim falando, ele pegou as flores e seguiu com elas às costas do Bodhisatva.

Vendo isto de longe, o pai do Bodhisatva soube que seu plano falhara. “Enviei meu filho como presa do ogro, e aí está ele voltando são e salvo, com o ogro carregando humildemente as flores para ele ! Estou acabado !” gritou o velho macaco, e seu coração explodiu em sete pedaços, de modo que morreu lá e então, then and there. E todos os outros macacos reuniram-se e escolheram o Bodhisatva para rei.

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Sua lição terminada, o mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Devadatra era então o rei dos macacos, e eu seu filho.”










57 Buddha Macaco



57
Quem, Ó rei dos macacos,...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre, enquanto no Bosque de Bambu, sobre Devadatra tentar matá-lo. Sendo informado das intenções homicidas de Devadatra, o Mestre disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra tenta matar-me ; ele fez justo o mesmo em dias passados mas falhou ao executar sua vil intenção.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida novamente como um macaco. Quando crescido, era grande como um potro de égua e enormemente forte. Vivia só nas praias de um rio, no meio do qual havia uma ilha em que crescia mangas e fruta-pão e outras frutas. No meio da correnteza, no caminho entre o ilha e a praia, uma pedra solitária levanta-se para fora da água. Sendo forte como um elefante, o Bodhisatva usava pular da praia para esta pedra e dela para a ilha. Nela, come os frutos que quer na ilha, retornando à tardinha pelo caminho que veio. E assim era sua vida no dia a dia.

Bem, vivia naqueles dias naquele rio um crocodilo e sua companheira; e ela, sendo jovem, foi levada pela visão do Bodhisatva passando para cá e para lá, em conceber desejo de comer o coração do macaco.

Pede assim a seu esposo que pegue o macaco para ela. Prometendo que realizaria seu desejo, o crocodilo saiu e ficou na pedra, pretendendo pegar o macaco na sua jornada à tardinha para casa.

Depois de vagar pela a ilha por todo o dia, o Bodhisatva olhando ao crepúsculo para a pedra pôs-se a imaginar por quê estaria tão alta para fora da água. Pois a história diz que o Bodhisatva sempre marcava a altura exata da água no rio, e a da pedra na água. Então, quando ele viu que, apesar de estar a água no mesmo nível, a pedra parecia mais alta na água, suspeitou que um crocodilo devia estar emboscado lá, para pegá-lo. E, para descobrir, os fatos do caso, ele gritou, como se dirigindo-se à pedra, “Olá! pedra!” E, como não vinha resposta de volta, ele gritou três vezes, “Olá ! pedra!” E como a pedra ainda mantinha silêncio, o macaco gritou, “Por quê, amiga pedra, não queres me responder ho-je?” “Ah!” pensou o crocodilo; “então a pedra tem o hábito de responder ao macaco. Devo responder pela pedra ho-je?” Conformemente, ele gritou, “Sim, macaco; o que é?” “Quem é você?” disse o Bodhisatva. “Sou um crocodilo.” “Por quê estais sentado nesta pedra?” “Para pegá-lo e comer teu coração.” Como não havia outro caminho de volta, a única coisa a fazer era enganar o crocodilo. Então o Bodhisatva gritou, “Não há saída então a não ser me entregar a ti. Abra a boca e pegue-me quando eu pular.”

Bem, você deve saber que quando crocodilos abrem a boca, seus olhos fecham. Então, quando o crocodilo sem suspeitar abriu a boca, ficou sem visão. E ficou lá esperando sem visão e com a boca aberta ! Vendo isto, o astuto macaco deu um pulo na cabeça do crocodilo, e dela, com a explosão semelhante a de um raio, chegou na praia. Quando a inteligência do feito manifestou-se ao crocodilo, ele disse, “Macaco, aquele que neste mundo possui as quatro virtudes vence seus inimigos. E você, eu acho, possui as quatro.” E assim falando repetiu esta estrofe:-

Quem, ó rei macaco, como você, combina
Verdade, previsão, determinação e destemor
Verá seus inimigos virarem e fugirem.

E com este elogio ao Bodhisatva retornou a sua morada.

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Disse o Mestre, “Então esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra tenta me matar ; ele fez justo o mesmo em dias passados.” E tendo terminado sua lição, o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Devadatra era o crocodilo daqueles dias, a garota brahmin Ciñcā (n. do tr.: uma mulher asceta de rara beleza subornada pelos inimigos de Gautama para simular gravidez e acusá-lo da paternidade: a pedra-criança-falsa, cai em seu dedo do pé e jorra sangue, a terra se abre e ela desce aos ínferos) era a esposa do crocodilo e eu mesmo era o Rei Macaco.”

[ n. do tr. : Cf Jatakas 224, 226. Visnu Sarma, Pañcatantra, desenvolve em autêntico tratado político não só esta relação Macaco e Crocodilo mas tb aquela entre Corvos e Corujas, Chacal entre o Leão e  Touro. Estas histórias são vistas com lentes maiores ou em quadros mais amplos ].






segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

56 Buddha Lavrador



56
Quando a alegria...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Sāvatthi, sobre um certo Irmão. Tradição diz que escutando o Mestre pregar um jovem nobre de Sāvatthi deu seu coração à Fé preciosa e tornou-se Irmão. Seus professores e mestres passam a ensiná-lo o conjunto dos Dez Preceitos de Moralidade, um após outro, mostrando as Moralidades Curtas, Médias e Longas, descreveu a Moralidade que descansa no auto-controle de acordo com o Pātimokkha (cf. Vinaya), a Moralidade que descansa no auto-controle dos Sentidos, a Moralidade que descansa num modo de vida sem culpa, a Moralidade relacionada ao modo de um Irmão usar os Requisitos. Pensou o jovem iniciante, “Há uma carga tremenda desta Moralidade; e eu sem dúvida falharei em cumprir tudo que votei. Contudo qual o bem de ser irmão, se não posso manter as regras de Moralidade? Meu caminho será melhor se voltar para o mundo, tomar esposa e erigir filhos, vivendo uma vida de ofertas e outras obras boas.” E então falou a seus superiores o que pensava, dizendo que propunha-se a retornar ao estado inferior de leigo, e desejava devolver sua tigela e hábitos. “Bem, se é assim para você,” eles disseram, “pelo menos pede licença ao Buddha antes de ir;” e eles levaram o jovem diante do Mestre no Salão da Verdade.

“Por quê, Irmãos,” disse o Mestre, “trazes este Irmão para mim contra sua vontade?”
“Senhor, ele disse que a Moralidade é maior do que ele pode observar, e quer devolver os hábitos e a tigela. Então o pegamos e trouxemos até você.”

“Mas por quê, Irmãos,” perguntou o Mestre, “vocês o oprimem tanto ? Ele só pode fazer o quê pode, não mais. Não cometam novamente este erro e deixem-me decidir o quê fazer no caso.”

Então, virando-se para o jovem Irmão, o Mestre disse, “Venha, Irmão; o quê te concerne Moralidade em grande quantidade? Achas que podes obedecer apenas três regras morais?”
“Ah, sim, Senhor.”
“Bem, então, vigie e guarde os três caminhos da voz, da mente, e do corpo ; não erre com a palavra, o pensamento e a ação. Não deixe de ser Irmão, mas continue e obedeça apenas estas três regras.”

“Sim, Senhor, de fato, as guardarei,” aqui exclamou alegre o jovem, e voltou novamente com seus professores. E enquanto guardava as três regras, ele pensava consigo mesmo, “Toda a Moralidade me foi ensinada pelos professores; mas porque não eram o Buddha, não conseguiram me fazer aprender este tanto. Enquanto o Todo-Iluminado, devido a sua Iluminação e por ser o Senhor da Verdade, ensinou toda a Moralidade em apenas três regras relativas aos Caminhos, e me fez entender claramente. Verdadeiramente, uma ajuda oportuna me deu o Mestre.” E ele ganhou Insight e em poucos dias atingiu Arahat(idade).

Quando isto chegou aos ouvidos dos Irmãos, eles falaram sobre, quando juntos, no Salão da Verdade, contando como o Irmão, que saía de volta para o mundo porque não esperava cumprir a Moralidade, foi munido pelo Mestre com três regras englobando a totalidade da Moralidade, e apreendeu estas três regras, e assim foi capacitado pelo Mestre a ganhar Arahat(idade). Como foi maravilhoso, eles gritaram, o Buddha.

Entrando neste momento no Salão, e escutando qual o tema da conversa, o Mestre disse, “Irmãos, mesmo fardo pesado fica leve, se levado aos poucos; e assim o sábio e bom de tempos passados, encontrando uma quantidade grande de ouro muito pesada para levar, primeiro quebrou-a e então foi capaz de carregar seu tesouro aos pedaços.” Assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida como um fazendeiro em uma vila e arava um dia um campo onde houvera uma vila. Bem, em dias passados, um mercador rico morreu deixando enterrado neste campo uma pesada barra de ouro, grossa como a coxa de um homem e de quatro côvados de comprimento. E o arado do Bodhisatva bateu em cheio nesta barra, e nela grudou. Pensando ser um raiz de árvore que espalhara-se, ele cava em volta; mas descobrindo sua real natureza, ele passa a trabalhar para tirar a sujeira do ouro. Terminado o trabalho diário, ao crepúsculo, ele deixa de lado o arado e acessórios, e tenta levantar o tesouro escondido e tirá-lo de lá. Mas, como não conseguiu nem levantá-lo, sentou-se do lado e ficou pensando que faria. “Terei um tanto para viver, um tanto para enterrar como tesouro, um tanto para comércio e um tanto para caridade e obras boas,” pensou ele consigo mesmo e conformemente cortou o ouro em quatro. A divisão tornou o ouro fácil de transportar ; e carregou para casa pedaços de ouro. Depois de um vida em caridade e outras obras boas, ele passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre, como Buddha, recitou esta estrofe:-

Quando a alegria preenche o coração e a mente
Quando a retidão é exercício de ganhar a Paz
Aquele que assim anda, ganha a vitória
E todos os Grilhões completamente destrói.



 [ Mateus 13, 44 : "O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo ; um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo. " Jesus repete as palavras de Buddha neste Jataka  do tesouro escondido : comprar o campo não é ouvir o Buddha ? ] 







quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

55 Buddha e o Ogro


55
Quando não se está apegado...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um Irmão que desistiu de todo esforço em perseverar.

Disse o Mestre a ele, “É verdade, Irmão, que desvias?” “Sim, Abençoado.”

“Em dias passados, Irmão,” disse o Mestre, “o sábio e bom ganhou um trono por sua corajosa perseverança na hora da necessidade.”

E assim dizendo, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), foi como filho da rainha que o Bodhisatva veio à vida mais uma vez. No dia do seu batismo, os pais perguntaram para oitocentos brahmins o fado, o destino da criança, e deram a eles todos os prazeres dos sentidos desejados de coração. Marcando a promessa que apresentaram de um destino glorioso, estes inteligentes brahmins predisseram que, chegando ao trono com a morte do rei, a criança seria rei poderoso dotado de toda virtude; famoso e renomado por suas façanhas com as cinco armas, ele seria inigualável em todo Jambudipa ( n. do tr. : esta era uma das quatro ilhas, ou dipā, que supunha-se constituía a terra; incluía a Índia, e representava o mundo habitado na mente Indiana e a árvore sagrada no centro, o jambo). E devido a esta profecia dos brahmins, os pais chamaram seu filho de Príncipe Cinco-Armas.

Bem, quando o príncipe chegava na idade da discrição, aos dezesseis anos, o rei enviou ele para fora para estudar.
“Com quem, senhor, estudarei?” perguntou o príncipe.
“Com o famoso professor na cidade de Takkasilā ( Taxila ) no país Gandhāra. Aqui está o pagamento dele,” disse o rei, entregando a seu filho mil dinheiros.

Assim foi o príncipe para Takkasilā e lá ensinado. Quando de lá partia, seu mestre deu-lhe um conjunto de cinco armas, armado com as quais após dizer adeus ao velho mestre, o príncipe deixou Takkasilā em direção a Benares.

No caminho chegou num floresta assombrada por um ogro chamado Pegada-cabeluda ; e, à entrada da floresta, homens que encontram com ele tentam pará-lo, dizendo:- “Jovem brahmin, não atravesse a floresta; é antro, refúgio do ogro Pegada-cabeluda, e ele mata quem encontra.” Mas, corajoso como um leão, o auto-confiante, Bodhisatva, prosseguiu, até encontrar o ogro no coração da floresta. O monstro mostrou-se à estatura do tamanho de uma palmeira, com a cabeça grande como uma latada (pérgula, caramanchão) e grandes olhos como tigelas, com duas presas como cebolões e com bico de gavião; sua barriga era borrada de púrpura ; e as palmas de suas mãos e as solas dos seus pés eram azul-escuro! “Para onde vais?” gritou o monstro. “Pare! És presa minha.” “Ogro,” respondeu o Bodhisatva, “eu sabia o quê fazia ou entrar nesta floresta. Seria um mau-conselho você aproximar-se de mim. Pois com uma flecha envenenada te matarei onde estais.” E com este desafio, ele colocou uma flecha no arco embebida em veneno mortal e atirou no ogro. Mas ela apenas cravou na pele felpuda do monstro. Então ele atirou outro e mais outra, até ter gasto cinqüenta, e todas apenas cravaram na pele felpuda do ogro. Daí o ogro, sacudindo as flechas fora, de modo que todas caíram a seus pés, aproximou-se do Bodhisatva; e este último, novamente berrou desafiadoramente, tirou a espada e atingiu o ogro. Mas, como com as flechas, a espada, que era comprida trinta e três polegadas, meramente cravava na pele felpuda. O Bodhisatva então atirou sua lança, e esta cravou firme também. Vendo isto atingiu com firmeza o ogro com seu porrete ; mas, como com as outras armas esta apenas grudou. E então o Bodhisatva gritou, “Ogro, nunca ouviste falar de mim, Príncipe Cinco-Armas. Quando me aventurei nesta floresta, pus minha crença não no arco ou outras armas, mas em mim mesmo ! Agora vou te dar um golpe que te reduzirá a cinzas.” Assim dizendo, o Bodhisatva bateu no ogro com sua mão direita; mas a mão grudou no cabelo. Então, seguidamente, com a mão esquerda e com o pé esquerdo e direito, atingiu o monstro, contudo mãos e pés do mesmo modo aderiram ao couro. Novamente gritando “Esmagarei você até virar pó!” ele atinge o ogro com a cabeça mas está também fica grudada.

Então mesmo assim pego e amarrado de cinco modos diferentes, o Bodhisatva, enquanto pendurava-se ao ogro, ainda assim sem medo, ainda estava corajoso. E o monstro pensou consigo mesmo, “Este é um verdadeiro leão entre as pessoas, um herói sem par, e não apenas um homem. Apesar de pego nas garras peludas de um ogro como eu, ainda assim não treme. Nunca, desde que comecei a matar viajantes nesta estrada, vi um homem igual a este. Por quê não está com medo ?” Não ousando devorar o Bodhisatva de uma vez, ele disse, “Por quê, jovem brahmin, não tens medo da morte?”

“Por quê deveria ?” respondeu o Bodhisatva. “Cada vida deve ter com certeza a morte destinada. Além do que, dentro do meu corpo existe uma espada de diamante, a qual você nunca digeriria, se me comesse. Cortaria você por dentro em pedaços, e minha morte envolveria você também. Por isto que não tenho medo.” (Por ela, é dito, o Bodhisatva queria significar a Espada do Conhecimento, que existia dentro dele [cf. s. Paulo, o Verbo enquanto espada afiada separando alma de espírito ] ).

A partir daí o ogro caiu pensativo. “Este brahmin jovem fala a verdade, nada mais que a verdade,” pensou ele. “Nem um pedaço do tamanho de uma ervilha poderia digerir deste herói. Vou deixá-lo ir.” E assim temendo por sua vida, ele deixou o Bodhisatva ficar livre, dizendo, “Brahmin jovem, és um leão entre as pessoas ; não te comerei. Saia das minhas garras, como a lua mesma das mandíbulas de Rāhu, e retorne para alegrar os corações dos seus pais, amigos, e do seu povo.”

“Quanto a mim mesmo, ogro,” respondeu o Bodhisatva, “eu irei. Quanto a você, foram seus pecados em dias passados que causaram seu renascimento como um ogro comedor de carne, assassino e devorador ; e, se você continuar em pecado nesta existência, você continuará de escuridão em escuridão. Mas, tendo me visto, serás incapaz de agora em diante de mais pecar. Saiba que destruir a vida é assegurar re-nascer seja nos ínferos ou em estado bruto ou como fantasma ou entre os espíritos decaídos. Ou, se o re-nascer for no mundo das pessoas, então tal pecado corta curto os dias de vida de uma pessoa.”

Deste e de outros modos o Bodhisatva mostrou as conseqüências dos cinco cursos ruins, e das bênçãos que vinham dos cinco cursos bons : e então obrou de diversos modos com os temores do ogro que com seu ensinamento ele converteu o monstro, imbuindo-o com auto-censura e o estabelecendo nos Cinco Mandamentos. Então fazendo do ogro, a fada ( fado) daquela floresta, com direito a taxas devidas (n. do tr. : ou, talvez, ‘a quem sacrifícios deviam ser oferecidos.’ A tradução do texto sugere uma teoria popular da evolução do coletor de impostos ; ver tb Jātaka 155 ), e incitando-o a permanecer constante o Bodhisatva seguiu seu caminho, fazendo saber na saída da floresta a mudança no temperamento do ogro. E por fim ele chegou, armado com as cinco armas, à cidade de Benares, e apresentou-se aos pais. Em dias posteriores, quando rei, foi legislador correto ; e após vida gasta em caridade e outras obras boas ele passou sendo tratado depois de acordo com seus méritos.

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Esta lição terminada, o Mestre, como Buddha, recitou esta estrofe:-

Quando não se está apegado a nada, coração e mente
Quando a retidão é exercício de ganhar a paz
Aquele que assim anda, ganhará a vitória
E todas as Correntes completamente destrói.

( Cf. Jātakas 56 e 156)

Quando assim levou seus ensinamentos até a Arahat(idade) como seu ponto culminante, o Mestre seguiu pregando as Quatro Verdades, ao final das quais o Irmão ganhou Arahat(idade). Também mostrou a conexão o Mestre, e identificou o Jātaka dizendo, “Angulimāla ( n. do tr. : Angulimāla, um bandido que usava um colar de dedos de suas vítimas, foi convertido pelo Buddha e tornou-se um Arahat. Cf. Majjhima Nikāya n.o 86) era o ogro naqueles dias, e eu mesmo o Príncipe Cinco-Armas.”









terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

54 Buddha Mercador


54
Quando perto d’uma vila...etc.”- Isto foi contado pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um irmão leigo hábil em conhecer frutas. Parece que um escudeiro de Sāvatthi convidou a Irmandade com o Buddha à frente dela e os fez sentarem-se no jardim, onde foram regalados com mingau de arroz e bolos. Depois ele pediu a seu jardineiro que passeasse com os Irmãos e desse mangas e outras frutas a Suas Reverências. Obediente às ordens passeou pelo jardim com os Irmãos e podia dizer só de olhar para cima das árvores que fruto estava verde, qual quase maduro, qual já bastante maduro, etc. E o quê ele dizia era sempre confirmado. Então os Irmãos vieram ao Buddha e mencionaram como era expert o jardineiro, e como no chão em pé podia dizer em que condição estava a fruta pendurada. “Irmão,” disse o Mestre, “este jardineiro não é o único que tem conhecimento de frutos. Um conhecimento semelhante foi mostrada pelo sábio e bom em dias anteriores também.” E assim dizendo, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu mercador. Quando cresceu, e fazia comércio com quinhentos vagões, chegou um dia onde a estrada enveredava por uma grande floresta. Parando na borda, ele reuniu a caravana e dirigiu-se a eles:-“Árvores venenosas crescem na floresta. Atentem para não provarem folha, flor e fruto que não conheçais, sem primeiro me consultar.” Todos prometeram tomar o máximo cuidado; e começa a jornada dentro da floresta. Bem, justo já na borda da floresta tem uma vila, e justo fora dela cresce uma árvore de Quase-fruta. A árvore de quase-fruta parece a mangueira no tronco, ramos, folha, flor e fruto. E não apenas na aparência externa, mas também em gosto e cheiro, o fruto – maduro ou não – parece a manga. Se comido, é veneno mortal, e causa morte instantânea.

Bem alguns indivíduos gananciosos, que iam à frente da caravana, chegaram nesta árvore e, pensando ser manga, comeram de seus frutos. Mas outros disseram, “Perguntemos a nosso líder antes de comer”; e eles conformemente estacionaram à frente da árvore, fruto na mão, até que ele chegasse. Percebendo que não era manga, ele disse:- “Esta ‘manga’ é árvore quase-fruta; não a toque.”

Tendo-os impedido de comer, o Bodhisatva virou sua atenção para aqueles que já tinham comido. Primeiro os medicou com emético (que provoca vômito), e depois deu a eles as quatro comidas doces; de modo que no fim eles se recuperaram.

Bem, em ocasiões anteriores caravanas pararam debaixo desta mesma árvore, e morreram por comerem o fruto venenoso que confundiram com mangas. De manhã os da vila vinham, e vendo-os deitados lá mortos, os lançavam pelos pés em um lugar secreto, partindo com todos os pertences da caravana, carros e tudo.

E no dia da nossa história também, estes da vila não deixaram de correr aurora àrvore, na expectativa dos espólios. “Os bois serão nossos,” disseram alguns. “E nós ficaremos com os carros,” disseram outros; - e uns por sua vez clamavam as cargas como parte sua. Mas quando chegam esbaforidos àrvore, lá estava, toda a caravana, viva e boa !

“Como vocês souberam que não era mangueira?” perguntaram os da vila desapontados. “Nós não sabíamos,” disseram os da caravana; “era nosso líder que sabia.”

Assim os da vila foram até o Bodhisatva e disseram, “Homem de sabedoria, o que fizeste para descobrir que esta árvore não era mangueira ?”

“Duas coisas me disseram,” respondeu o Bodhisatva, e repetiu esta estrofe:-

Quando próximo a uma vila floresce àrvore
Não difícil de subir, é claro para mim,
Não preciso de mais provas para saber,
- nenhum fruto gostoso nela pode crescer!

E tendo ensinado a Verdade à multidão reunida, terminou sua jornada em segurança.

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“Assim, Irmãos,” disse o Mestre, “em tempos passados o sábio e bom eram experts em frutas.” Sua lição terminada, ele mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Os seguidores do Buddha eram o povo da caravana, e eu mesmo era o líder da caravana.”






53 Buddha Tesoureiro ( outro )


53
O quê? Deixar sem provar...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre bebida com drogas.

Certa vez os ébrios de Sāvatthi encontraram-se para conversar, e disseram, “Não temos dinheiro para bebida; como conseguiremos?”
“Animem-se!” disse um dos rufiões; “tenho um plano.”
“Qual será este?” gritaram os outros.

“É costume de Anātha-pindika,” disse o indivíduo, “vestir seus anéis e roupas caras, quando vai esperar diante do rei. Vamos adicionar ( to doctor ) alguma droga alienante à bebida e montar uma barraca de drinques, em que todos nós estaremos sentados quando Anātha-pindika passar. ‘Venha e junte-se a nós, Senhor Alto Tesoureiro, gritaremos, e o cumularemos com nossa bebida até que ele perca os sentidos. Então pegaremos seus anéis e roupas, e teremos dinheiro para bebidas.”

Seu plano agradou grandemente os outros tratantes, e foi devidamente executado. Quando Anātha-pindika estava voltando, eles saíram para encontrá-lo e o convidaram para acompanhá-los; pois tinha conseguido uma bebida rara, e ele devia prová-la antes deles.

“O quê?” pensou ele, “deve um crente, que encontrou Salvação, tocar bebida forte? Entretanto, apesar de não ter desejo disto, vou expor estes tratantes.” E foi para a barraca deles, onde o procedimento que tomaram logo mostrou que haviam drogado a bebida ; e ele resolveu fazer os tratantes fugirem correndo. Então sem rodeios acusou-os de terem manipulado a bebida com o intuito de drogarem estranhos primeiro e depois roubarem seus pertences. “Vocês sentam na barraca que abrem, e louvam a bebida,” ele disse; “mas ninguém se aventura a bebê-la. Se está realmente sem aditivos, bebam vocês.” Esta exposição sumária fez a gang sair correndo, e Anātha-pindika foi para casa. Pensando que devia contar o incidente para o Buddha, foi para Jetavana e relatou a história.

“Desta vez, leigo,” disse o Mestre, “é a você que estes rufiões tentam enganar; também no passado tentaram enganar o bom e sábio daqueles dias.” Assim dizendo, ao pedido do que escutava, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era Tesoureiro daquela cidade. E então também a mesma gang de beberrões, conspirando da mesma maneira, drogou bebida, e saiu para encontrar com ele justo da mesma maneira e fizeram as mesmas preliminares. O Tesoureiro não queria beber, mas de todo modo foi com eles, apenas para expô-los. Notando o procedimento deles e detectando o esquema, estava ansioso para assustá-los e disse que seria grossura ele beber antes de ir ao palácio do rei. “Sentem aqui,” ele disse, “até que eu tenha visto o rei e tenha voltado; então pensarei a respeito.”

Na sua volta, os tratantes o chamaram, mas o Tesoureiro, colocando os olhos nas tigelas drogadas, os confundiu dizendo, “Não gosto do jeito de vocês. Aqui estão as tigelas tão cheias quanto quando deixei vocês; apesar de louvarem a bebida a altos brados, ainda assim nem uma gota delas passou pelos lábios de vocês. Pois se fosse bebida boa, teriam bebido sua parte já. Esta bebida está drogada !” E repetiu esta estrofe:-

O quê ? Deixar sem provar uma bebida que alardeiam tão rara?
Não, isto é prova de que não há aí bebida honesta.

Depois de uma vida em obras boas, o Bodhisatva passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “Os tratantes de ho-je eram também os rufiões daqueles dias; e eu mesmo era então o Tesoureiro de Benares.”





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

52 Buddha Maha Janaka



 https://www.youtube.com/watch?v=WEq3C-VZIU4


52
Trabalhe irmão...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre outro Irmão desviante. Todos os incidentes serão relatados no Jātaka 539, história do rei Mahajanaka . O rei, sentado debaixo do pálio branco da realeza, recitou esta estrofe:-

Trabalhe irmão, com esperança perseveres;
Não fraquejes nem canses, apesar de mortificação cruel.
Eu mesmo vejo, que, todos meus inimigos vencidos,
Lutei obstinadamente por meu caminho p'ra terra.

Aqui também o Irmão desviante ganhou Arahat(idade). O Buddha Todo-sapiente era o Rei Janaka.

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Certa vez quando um rei chamado Mahājanaka reinava em Mithilā no reino de Videha. Ele tinha dois filhos, Aritthajanaka e Polajanaka ; do mais velho fez vice-rei e do mais jovem comandante-chefe. Depois, quando Mahājanaka morreu, Aritthajanaka, tendo se tornado rei, deu a vice-realeza a seu irmão. Um dia um escravo foi ao rei e contou a ele que o vice-rei desejava matá-lo. O rei, depois de ouvir a mesma história repetidamente, ficou com suspeita, e colocou Polajanaka em grilhões e aprisionado com guardas numa certa casa não longe do palácio. O príncipe fez afirmação solene, “Se sou inimigo de meu irmão, que meus grilhões não sejam soltos nem a porta fique aberta; mas se não, possam os grilhões soltarem-se e a porta ser aberta,” e com isto quebram-se os grilhões em pedaços e a porta salta aberta. Ele saiu e indo para uma vila da fronteira passou a morar lá, e os habitantes tendo-o reconhecido ficaram juntos; e o rei foi incapaz de prendê-lo. Com o passar do tempo ele se tornou mestre do distrito da fronteira e, tendo agora muitos seguidores, disse para si mesmo, “Se antes não era inimigo de meu irmão, agora sou,” e seguiu para Mithilā com larga tropa, e acampou nos arredores da cidade. Os habitantes escutaram que Príncipe Polajanaka chegara, e a maior parte deles juntou-se a ele com seus elefantes e outros animais de montaria, e os habitantes de outras vilas também se uniram a eles. E assim ele manda uma mensagem a seu irmão, “Não era seu inimigo antes mas realmente agora sou; dê-me o guarda-sol real ou dê batalha.” Quando o rei saiu para dar batalha, deu adeus à rainha principal. “Senhora,” ele disse, “vitória e derrota em batalha não podem ser previstas, - se qualquer acidente fatal me ocorrer, preserve com cuidado a criança no seu útero” : assim dizendo ele partiu; e os soldados de Polajanaka sem demora o mataram na guerra. As novas da morte do rei causou uma confusão universal em toda a cidade. A rainha, tendo entendido que ele estava morto, rapidamente colocou seus tesouros e ouro numa cesta, botou roupas em cima e espalhou arroz torrado; e tendo vestido roupa suja e desfigurado sua pessoa, ela colocou a cesta na cabeça e saiu em hora não usual do dia, e ninguém a reconheceu. Ela saiu pelo portão norte; mas ela não conhecia o caminho, já que ela nunca tinha ido em lugar nenhum antes e era incapaz de marcar os pontos cardeais; assim já que ouvira falar que havia uma cidade chamada Kālacampā, ela senta-se e passa a perguntar se havia alguém que ia para para a cidade de Kālacampā. Bem, não era uma criança comum que estava em seu útero mas era o Grande Ser re-nato, após ter realizado as Perfeições, e todo o mundo de Sakra balançou-se com sua majestade.

Sakra considerando qual seria a causa, e refletindo que um ser de grande mérito devia ter sido concebido no útero dela, achou que devia ir e ver ; então ele criou uma carruagem coberta e preparou uma cama nela e parou na porta da casa em que ela estava sentada, como se ele fosse um velho ancião dirigindo carroça e perguntando se ninguém queria ir para Kālacampā. “Eu quero ir lá, pai.” “Então monte nessa carruagem, senhora, e tome seu lugar.” “Pai, estou grávida, não consigo subir ; seguirei atrás, apenas carregue esta minha cesta.” “Do que estais falando, mãe ? não há ninguém que saiba dirigir uma carruagem como eu ; não tema, apenas suba e sente.” Por seu poder divino ele fez a terra levantar-se enquanto ela subia, e a fez [a terra] tocar a traseira da carruagem. Ela subiu e deitou na cama, e ela soube então que devia ser um deus. Logo que deitou no leito divino ela dormiu. Sakra no final de cinqüenta quilômetros chegou em um rio, e ele a acordou, dizendo, “Mãe, desça e banhe-se no rio ; na cabeceira da cama há uma cogula, coloque-a ; e na carruagem há um bolo para comer, coma-o.” Ela fez tudo e deitou de novo e à tardinha quando ela alcançava Campā e via o portão, a torre de vigia e os muros, ela perguntou que cidade era aquela. Ele respondeu, “Cidade de Campā, mãe.” “O quê você está dizendo, pai? Não são noventa quilômetros de nossa cidade até Campā ?” “É sim , mãe, mas eu conheço um caminho reto.” Ele então a fez descer no portão sul ; “Mãe, minha vila é mais adiante, - entre na cidade,” e assim dizendo Sakra saiu fora, e sumiu, partindo para sua própria casa.

A rainha sentou num saguão [do portão]. Naqueles dias um certo Brahmin, recitante de hinos, que morava em Campā, ia com seus quinhentos discípulos banhar-se e a viu sentada lá tão bela e elegante, e, pelo poder do ser em seu útero, imediatamente enquanto a via ele concebia uma afeição por ela como por uma irmã mais nova, e fazendo seus pupilos ficaram do lado de fora ele entrou sozinho no saguão do portão e perguntou a ela, “Irmã, em que vila moras?” “Sou a rainha principal do Rei Aritthajanaka em Mithilā,” ela disse. “Por quê vieste para cá ?” “O rei foi morto por Polajanaka, e com medo vim para cá para salvar minha criança ainda não nascida.” “Há algum parente seu aqui nesta cidade?” “Não há nenhum, pai.” “Não fique ansiosa; sou um Brahmin do Norte de uma grande família, professor de larga fama, cuidarei de ti como de uma irmã, - chame-me seu irmão e agarre-se aos meus pés e chore alto.” Ela fez uma grande choradeira e caiu aos pés dele, e condoeram-se. Seus pupilos vieram correndo e perguntaram a ele o quê significava aquilo. “Esta é minha irmã mais nova, que nasceu no tempo em que eu estava fora.” “Oh professor, não chore, agora que por fim a conheceste.” Ele fez uma grande carruagem coberta ser trazida e a fez sentar e ser levada para sua própria casa, pedindo que avisassem sua esposa que era sua irmã e que ela fizesse tudo que fosse necessário. A esposa do Brahmin deu banho quente e preparou um cama para ela e a fez deitar. O Brahmin já tendo tomado banho voltou para casa ; e na hora da comida pediu que chamassem sua irmã e comeu com ela, e cuidou dela em casa. Logo depois ela deu a luz um filho, e o chamaram com o nome do avô, Príncipe Mahājanaka. Enquanto ele crescia e brincava com as crianças, - quando usavam provocá-lo com sua ascendência Kshatriya pura, ele batia duramente a partir de sua própria força superior e coragem no coração. Quando gritavam e perguntavam quem neles havia batido, respondiam apenas “O filho da viúva.” O príncipe refletiu “Eles sempre me chamam filho da viúva,- perguntarei a minha mãe sobre isto” ; e então um dia questionou-a, “Mãe, sou filho de quem? “ Ela o engana dizendo que o Brahmin era seu pai. Quando ele bateu de novo nos moleques noutro dia, eles o chamaram filho da viúva, e ele respondeu que o Brahmin era seu pai ; e quando eles replicaram “O quê o Brahmin tem a ver contigo?” ele ponderou, “Estes moleques dizem para mim ‘O quê o Brahmin tem a ver contigo?’ Minha mãe não me contará nada , ela não me dirá a verdade pelo bem da honra dela, - vamos, farei ela me contar a verdade.” Então quando ele estava mamando no peito dela ele mordeu o seio e disse para ela, “Diga-me quem é meu pai, - se não me disser cortarei seu seio fora.” Ela, sendo incapaz de enganá-lo, disse, “Meu filho, és filho do Rei
Aritthajanaka de Mitthilā ; teu pai foi morto por Polajanaka, e eu vim para esta cidade cuidando te salvar, e o Brahmin me tratou como uma irmã e cuidou de mim.” A partir de então não ficou mais com raiva quando era chamado filho da viúva : e antes que tivesse dezesseis anos tinha aprendido os três vedas e todas as ciências ; e quando com dezesseis mesmo tornou-se uma pessoa muito bonita. E pensou consigo mesmo, “Tomarei o reino que era de meu pai” ; e pediu a sua mãe “Você tem algum dinheiro disponível ? Se não, transportarei mercadorias, farei dinheiro e pegarei o reino de meu pai. ” “Filho, não vim sem nada, guardei pérolas e jóias e diamantes o suficiente para ganhar o reino – leve-os e tome o trono ; não precisa fazer transporte.” “Mãe,” ele disse, “me dê as jóias, mas levarei só metade, irei para Suvannabhumi e ganharei riquezas lá, e depois tomarei o reino.” Ele a fez trazer só metade, e tendo juntado a mercadoria colocou a bordo de um navio com alguns mercadores contratados em Suvannabhumi, e deu adeus à mãe dizendo que velejaria para aquele país. “Meu filho,” ela disse, “o mar tem poucas chances de sucesso e muitos perigos, - não vá,- tem riqueza bastante para tomar o reino.” Mas ele disse a ela que iria, - e assim embarcando no navio deu adeus. Naquele dia mesmo uma doença atingiu Polajanaka corporalmente e ele não podia levantar da cama. Haviam sete caravanas com suas bestas à bordo ; em sete dias o barco fez setecentas léguas náuticas, mas tendo ido muito violentamente não conseguiu ficar firme: - as pranchas começaram a ceder, a água a subir, e o barco a afundar no meio do oceano enquanto a tripulação chorava e se lamentava e invocava a seus diferentes deuses. Mas o Grande Ser nem chorava nem lamentava nem invocava qualquer deidade, mas sabendo que o barco estava condenado, misturou algum açúcar com ghee e mantendo a barriga cheia, esfregou óleo nas suas roupas limpas e apertou-as bem e encostou-se ao mastro. Enquanto o barco afundava o mastro ficava ereto. A multidão à bordo virou comida de peixes e tartarugas, e a água ao redor ficou cor de sangue ; mas o Grande Ser, permanecendo no mastro, tendo certificado-se para que lado ficava Mitthilā saltou do topo do mastro e pela sua força passou além dos peixes e tartarugas caindo a uma distância de 140 côvados de distância do barco. Naquele dia mesmo Polajanaka morreu. Depois disto o Grande Ser cruzou pelas ondas cor de jóias, fazendo seu caminho como uma massa dourada, tendo passado uma semana como se fosse um dia e quando viu praia novamente ele lavou a boca com água salgada e manteve jejum. Bem, naquele tempo uma filha dos deuses chamada Manimekhalā tinha sido indicada guardiã do mar pelos quatro guardiães do mundo. Disseram a ela, “Aqueles seres que possuem tais virtudes como reverência pela mãe e semelhantes, não merecem morrer no mar, - vigie isto” ; mas por aqueles sete dias ela não olhou para o mar, pois dizem sua memória extraviara-se no gozo da felicidade divina, e outros dizem também que ela estava presente numa assembléia divina ; contudo por fim ela olhou, dizendo para si mesma, “Este é o sétimo dia que não olho o mar, - quem é que está lá longe ?” E enquanto via o Grande Ser ela pensou consigo mesma, “Se Príncipe Mahājanaka perecesse no mar não manteria meu lugar na assembléia divina !” e então assumindo uma forma adornada pousou no ar não distante do Bodhisatva e pronunciou a primeira estrofe, enquanto testava os poderes dele:

Quem és tu, lutando como homem aqui no meio do oceano distante da terra?
Quem é o amigo em que confias, para te emprestar mão auxiliadora ?

O Bodhisatva respondeu, “Este é meu sétimo dia aqui no oceano, não vejo outro ser vivo aqui além de mim, - quem pode ser que fala comigo?” e, olhando para o ar, pronunciou a segunda estrofe:

Sabendo de meu dever no mundo, lutar, Oh deusa, enquanto posso,
Aqui no meio do oceano distante da terra faço o melhor como um homem.

Desejosa de escutar doutrina sonora, ela pronunciou para ele a terceira estrofe:-

Aqui neste deserto vasto e profundo onde não há praia a vista,
Teus esforços melhores são vãos, - aqui no meio do oceano, deves morrer.

O Bodhisatva respondeu, “Por quê falas assim ? Se pereço enquanto me esforço o máximo, escapo em todos eventos de culpa,” e ele falou a estrofe:

Aquele que faz tudo que um homem pode fazer está livre de culpa no sangue,
O senhor do céu o isenta também e ele não sente remorso por dentro.

Então a deusa falou uma estrofe:

Para que este esforço , onde trabalho estéril é todo teu ganho,
Onde não há prêmio a ganhar e só morte por toda tua dor?

Então o Bodhisatva pronunciou estas estrofes para mostrar a ela a vontade dela de discernimento:

Aquele que pensa que nada há a ganhar e não luta enquanto pode,-
Seja dele a culpa do que quer que perca, - foi seu coração fraco que fez perder o dia.
Pessoas neste mundo fazem planos e negócios como acham melhor,-
Os planos podem falhar ou prosperar, - o futuro desconhecido apresenta o resto.
Não vês, deusa, aqui ho-je são nossas ações que decidem;
Afogados estão os outros, - estou salvo, e tu estais parada do meu lado.
Assim sempre farei o melhor brigando através do oceano até a praia;
Enquanto mantenho forças lutarei, só me rendendo quando não puder mais lutar.

A deusa, escutando as palavras corajosas, pronunciou a estrofe de louvor:

Tu que tão bravamente lutas neste feroz mar sem limites
Sem encolher-se à tarefa almejada, lutando onde o dever te chama,
Vá onde teu coração quer te levar, nem estorvo nem obstáculo haverão.

Então ela perguntou a ele para onde podia levá-lo, e com a resposta dele “para a cidade de Mithilā,” ela o puxou para cima como uma guirlanda e tomando-o em ambos os braços e fazendo-o parar no seu seio, tomou-o como se fosse uma querida criança e lançou-se no ar. Por sete dias o Bodhisatva dormiu, seu corpo molhado da água que espirrava e arrepiado com o contacto celeste. Então ela o trouxe para Mithilā e o deixou virado do lado direito na pedra cerimonial do bosque de manga, e, deixando-o ao cuidado da deusa do jardim, partiu para sua própria morada. Bem Polajanaka não tinha filhos: ele deixou somente uma filha, sábia, e escolada, chamada Sivalidevi. ...
(continua no Jātaka 539).



https://www.youtube.com/watch?v=WEq3C-VZIU4





quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

51 Buddha Príncipe Bondade


51
Trabalhe irmão...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um Irmão que desistiu do esforço de perseverar. Sendo perguntado pelo Mestre se o relato era vero de que era desviante, o Irmão disse que era verdade. “Como pode você, Irmão,” disse o Mestre, “ficar frio numa fé tão salvadora? Mesmo quando o sábio e bom de dias passados perderam seu reino, ainda assim tão destemida era sua resolução que no final ganhou de volta sua soberania.” E assim dizendo, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida novamente como filho da rainha ; e no seu dia de batismo deram a ele o nome de Príncipe Bondade. Na idade de dezesseis sua educação estava completa; e por fim com a morte do pai veio a ser rei, e legislou seu povo com retidão com o título de grande Rei Bondade. Em cada um dos quatro portões da cidade ele construiu um lugar de oferta, outro no coração da cidade, e ainda outro no portão o seu palácio mesmo, - seis ao todo; e em cada um distribuía ofertas para os pobres viajantes e os necessitados. Ele mantinha os Mandamentos e observava os dias de jejum; ele abundava em paciência, gentileza amável e misericórdia; e em retidão ele legislava a terra, cuidando de todas as criaturas de maneira igual com o amor carinhoso de um pai por seu filho.

Bem, um dos ministros do rei conduziu-se traiçoeiramente no harém real, e isto se tornou matéria de conversa pública. Os ministros relataram isto ao rei. Examinando a matéria ele mesmo, o rei entendeu que era clara a culpa do ministro. Então mandou chamar o culpado, e disse, “Oh, cego pela loucura! você pecou, e não mereces habitar no meu reino; pegue seus bens, sua esposa e sua família e vá para outro lugar.” Expulso do reino, aquele ministro deixou o país Kāsi, e, entrando em serviço para o rei de Kosala, gradualmente chegou a conselheiro confidencial do monarca. Um dia disse ao rei de Kosala, “Senhor, o reino de Benares é como uma boa colmeia imaculada de abelhas; seu rei é a fraqueza em pessoa ; e uma força insignificante seria suficiente para conquistar o país inteiro.”

Imediatamente, o rei de Kosala refletindo que o reino de Benares era grande e considerando isto em conexão com o conselho de que uma força insignificante poderia conquistá-lo, tornou-se desconfiado de que seu conselheiro era mercenário pago para levá-lo a uma armadilha. “Traidor,” ele gritou, “és pago para dizer isto!”
“Em verdade não,” respondeu o outro; “falo apenas a verdade. Se duvidas de mim, envie homens para massacrarem um vila na fronteira dele, e veja se, quando forem pegos e trazidos diante dele, o rei não os deixa seguir livres até enchendo-lhes de presentes.”
“Ele mostrou face bem corajosa ao fazer a asserção,” pensou o rei; “Testarei seu conselho sem demora.” E de acordo, enviou criaturas suas para arrasar um vila na fronteira de Benares. Os bandidos foram capturados e trazidos diante do rei de Benares, que perguntou a eles, dizendo, “Meus filhos, por quê mataste os camponeses?”
“Porque não temos como viver,” eles disseram.
“Então por quê não vieram a mim?” disse o rei. “Vejas que não façais isto de novo.”
E deu a eles presentes e os mandou embora. De volta foram e contaram ao rei de Kosala. Mas esta evidência não era suficiente para incitá-lo à expedição; e um segundo bando foi enviado para massacrar outra vila, desta vez no coração do reino. Mas estes também foram do mesmo modo mandados embora com presentes pelo rei de Benares. Mas até esta evidência não foi forte o suficiente; e um terceiro grupo foi enviado para saquear as ruas mesmas de Benares ! E estes, como seus antecessores, foram mandados embora com presentes ! Satisfeito por fim de que o rei de Benares era um rei inteiramente bom, o rei de Kosala resolve tomar o reino dele, e partiu contra, com tropas e elefantes.

Bem, nestes dias o rei de Benares tinha um milhar de guerreiros galantes, que encarariam até ataque de elefante doido, - a quem nem o raio de Indra disparado pode aterrorizar, - um bando incomparável de heróis invencíveis prontos para ao comando do rei reduzirem a Índia toda a seu controle ! Estes, escutando que o rei de Kosala vinha para tomar Benares, foram até seu soberano com as novas, e rogaram que fossem enviados contra o invasor. “Nós o derrotaremos e o capturaremos, senhor,” eles disseram, “antes que possa pisar na fronteira.”
“Não assim, meus filhos,” disse o rei. “Ninguém deve sofrer por minha causa. Deixem que aqueles que cobiçam reinos me apanhem, se eles quiserem.” E ele recusou a licença de que marchassem contra o invasor.

Então o rei de Kosala cruzou a fronteira e veio para o centro do país; e novamente os ministros foram até o rei imploram a licença. Mas o rei ainda recusava. E então o rei de Kosala apareceu do lado de fora da cidade, e enviou uma mensagem ao rei obrigando-o ou a desistir do reino ou a dar batalha. “Eu não luto,” foi a mensagem do rei de Benares em resposta; “que ele tome meu reino.”

Ainda uma terceira vez os ministros vieram a ele e rogaram que não permitisse o rei de Kosala entrar, mas permitisse a eles saírem e capturá-lo diante da cidade. Ainda recusando, o rei obrigou que abrissem os portões da cidade, e ele mesmo se sentou no trono real elevado com seus mil ministros ao redor.

Entrando na cidade e não encontrando ninguém que barrasse seu caminho, o rei de Kosala passou com seu exército para o palácio real. Os portões permaneceram abertos; e lá no seu belo trono com seu milhar de ministros ao redor sentava Rei Bondade em majestade. “Peguem-nos todos,” gritou o rei de Kosala ; “amarrem as mãos deles apertadas atrás das costas, e levem-os para fora para o cemitério ! Lá cavem buracos e enterre-nos vivos até o pescoço, de modo que não possam mexer mãos ou pés. Os chacais virão à noite e darão a eles sepulturas !”

À ordem do rei bandido, seus seguidores amarraram o rei de Benares e seus ministros, e arrastaram eles para fora. Mas mesmo nesta hora nem mesmo um pensamento irado ancorou-se no Rei Bondade contra os bandidos; e nenhum dos homens entre seus ministros, mesmo quando eles marchavam para fora amarrados, podia desobedecer o rei, - tão perfeita é dita ser a disciplina entre seus seguidores.

Assim Rei Bondade e seus ministros foram levados e enterrados até o pescoço em buracos no cemitério, - o rei no meio e os outros em cada lado dele. O chão por cima deles foi pisado, e lá foram deixados. Sempre humilde e livre de raiva contra seu opressor, Rei Bondade exortou seus companheiros, dizendo, “Que o coração de vocês não se preencha com nada que não amor e caridade, meus filhos.”

Bem, à meia-noite os chacais vieram em tropa para o banquete de carne humana; e à vista das bestas o rei e seus companheiros soltaram um grito alto todos juntos, espantando os chacais. Parando, o grupo olha para trás, e, não vendo ninguém perseguindo, retornam novamente. Um segundo grito os afasta novamente, mas só para retornarem como antes. Mas na terceira vez, vendo que nenhum homem entre eles todos os perseguiam, os chacais pensaram consigo mesmos, “Estas devem ser pessoas fadadas a morrer.” E vieram corajosamente ; mesmo quando os gritos foram novamente elevados, não viraram o rabo. Entraram, cada um escolhendo sua presa, - o chefe chacal indo até o rei, e os outros para os ministros. Fértil em recurso, o rei nota a aproximação da besta, e, levantando a garganta como que para receber a mordida, prende seus dentes na garganta do chacal com pegada de víbora ! Incapaz de livrar sua garganta da pegada poderosa das mandíbulas do rei e temendo a morte, o chacal soltou um grande uivo. No seu grito de dor o grupo entendeu que seu líder devia ter sido pego por uma pessoa. Sem coragem de aproximarem-se então das destinadas presas, fora fugiram temendo por suas vidas.

Buscando livrar-se dos dentes do rei, o chacal agarrado mergulhava loucamente para cá e para lá, e daí soltou a terra acima do rei. Este último portanto, deixando o chacal ir, colocou para fora sua força, e forçando dos dois lados conseguiu livrar as mãos ! Então, apoderando-se da borda do buraco, saiu para fora, como uma nuvem escudada por vento. Ordenando a seus companheiros que mantivessem o bom ânimo, ele então começa a trabalhar para soltar a terra ao redor deles e tirá-los fora, até que com todos seus ministros ele estava livre novamente, no cemitério.

Bem, aconteceu que um cadáver estava exposto naquela parte do cemitério entre os respectivos domínios de dois ogros; e os ogros disputavam sobre a divisão do espólio.
“Nós não podemos dividi-lo nós mesmos,” disseram eles; mas este Rei Bondade é reto; ele dividirá para nós. Vamos a ele.” Então arrastaram o cadáver pelos pés até o rei, e disseram, “Senhor, divida esta pessoa e dê-nos a cada um sua parte.” “Com certeza, o farei, meus amigos,” disse o rei. “Mas, como ‘tou sujo, devo me banhar primeiro.”

Logo, com seus poderes mágicos, os ogros trouxeram a água perfumada preparada para o banho do usurpador. E quando o rei já tinha se banhado, Eles trouxeram as roupas que tinham sido deixadas para o usurpador vestir. Quando já tinha colocado estas, eles trouxeram para sua majestade uma caixa contendo os quatro tipos de perfumes. E quando ele já tinha se perfumado, eles trouxeram flores dos mais diversos tipos armadas em leques-jóias numa caixa de ouro. Quando já tinha se ornado de flores , os ogros perguntaram se eles podiam ser úteis em mais alguma coisa. E o rei deu a entender que estava com fome. Saíram então os ogros, e retornaram com arroz temperado com todos os aromas escolhidos, que tinha sido preparado para a mesa do usurpador. E o rei, já banhado e cheiroso, vestido e ornado, comeu comida gostosa. Depois os ogros trouxeram água perfumada do usurpador para beber, na tigela de ouro do usurpador, sem esquecer de trazer o copo de ouro também. Quando o rei já tinha bebido e lavado a boca e estava lavando as mãos, trouxeram bétel fragrante para mastigar, e perguntaram se sua majestade tinha mais alguma ordem. “Pega para mim,” ele disse, “com o poder mágico de vocês a espada do estado que descansa debaixo do travesseiro do usurpador.” E direto a espada foi trazida para o rei. Então o rei pegou o cadáver, e colocando-o em pé, cortou em dois seguindo a coluna, dando metade para cada ogro. Isto feito, o rei lavou a lâmina e botou a espada na bainha e a cingiu (na cintura).

Tendo comido sua parte, os ogros ficaram de corações felizes, e na gratidão deles perguntaram ao rei o quê mais poderiam fazer por ele. “Coloquem-me com o poder mágico de vocês,” ele disse, “na câmara do usurpador, e coloquem cada um dos meus ministros de volta a sua própria casa.” “Certamente, senhor,” disseram os ogros; sendo feito em seguida. Bem, naquela hora o usurpador deitava dormindo na cama real da câmara de estado. E enquanto dormia com toda a tranqüilidade, o bom rei bateu nele com o lado da espada em cima da barriga. Acordando com medo, o usurpador vi a lâmpada de luz que era o grande Rei Bondade. Reunindo toda sua coragem, ele levantou da cama e disse: - “Senhor, é noite; a guarda estabelecida; as portas estão fechadas; e ninguém pode entrar. Como então chegaste ao lado da minha cama, espada na mão e vestido com esplendor ?” Então o rei contou a ele em detalhe toda a história do seu escape. Então o coração do usurpador foi mexido por dentro, e ele chorou, “Oh rei, eu, apesar de abençoado com a natureza humana, não reconheci sua bondade; mas conhecimento foi dado aos ferozes e cruéis Ogros, cuja comida é carne e sangue. De agora em diante não irei contra este sinal de virtude, que possuis." Assim dizendo, ele jurou um juramento de amizade sobre a espada do outro e pediu perdão ao rei. E fez o rei dormir na cama de estado enquanto ele dormia numa cama menor.

De manhã, aurora, quando o sol se levantava, toda a hoste em rank e grau foi reunida ao toque do tambor ao comando do usurpador; na presença deles exaltou Rei Bondade, como se elevando a lua cheia no alto céu; e diante de todos eles, ele novamente pediu desculpas ao rei e deu-lhe de volta seu reino, dizendo, “De agora em diante, deixe que eu me encarrego dos rebeldes; legisle teu reino, comigo para vigiar e guardar watch and ward.” E assim dizendo, ele deu sentença ao caluniador traidor, e com suas tropas e elefantes voltou para seu reino.

Sentado em majestade e esplendor debaixo do pálio branco da soberania em um trono dourado com pernas como de gazelas, o grande Rei Bondade contemplou sua própria glória e pensou assim consigo mesmo:- “Não tivesse perseverado, não estaria gozando desta magnificência, nem meu milhar de ministros estariam sendo nomeados entre os vivos. Foi pela perseverança que recuperei o estado real que perdera, e salvei as vidas de meu milhar de ministros. Verdadeiramente, devemos batalhar incessantemente com corações destemidos, vendo que o fruto perseverança é tão excelente.” E assim o rei explodiu numa fala de coração:-

Trabalhe irmão; com esperança perseveres;
Não deixes tua coragem fraquejar e cansar
Por mim vejo, que, com todos meus inimigos vencidos
Sou mestre do desejo do meu coração.

Assim falou o Bodhisatva de coração cheio, declarando como é certo que o esforço extremo ao bem, vem à maturidade. Após uma vida gasta em fazer o certo ele passou sendo tratado daí em diante segundo seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre pregou as Quatro Verdades, ao fechar das quais o Irmão desviante ganhou Arahat(idade). O Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Devadatra era o ministro traidor daqueles dias, os discípulos do Buddha eram o milhar de ministros, e eu mesmo o grande Rei Bondade.”







50 Buddha Brahmadatra



50
Milhares de praticantes do mal...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre ações praticadas para o bem do mundo, como será explicado no Jātaka 469.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva renasceu no útero da Rainha. Quando nasceu, foi chamado Príncipe Brahmadatra no dia do batismo. Com dezesseis anos de idade foi bem educado em Takkasilā ( Taxila ), aprendeu os Três Vedas de cor[ação], e instruiu-se nos Dezoito Ramos do Conhecimento. E seu pai fez dele Vice-rei.

Bem, naqueles dias o povo de Benares era muito dado a festivais aos ‘deuses’, e usavam mostram honra aos ‘deuses.’ Era costume deles matarem muitos carneiros, bodes, cavalos, porcos e outras criaturas vivas, e realizarem seus ritos não meramente com flores e perfumes mas com sangue de carcaças. Pensou o Senhor Misericordioso consigo mesmo, “Desviados pela superstição, as pessoas agora sacrificam em vão a vida; a multidão é dada em sua maior parte à irreligião: mas com a morte de meu pai e a minha sucessão por herança, encontrarei meios para terminar com tal destruição da vida. Pensarei numa inteligente estratégia em que o mal seja parado sem machucar um único ser humano.” Com este humor o príncipe um dia montou em seu carro e saiu da cidade. No caminho viu uma multidão aglomerada junto a uma árvore banian sagrada, pedindo à fada que renascera naquela árvore, que concedesse a seus filhos e filhas, honra e saúde, cada um de acordo com o desejo de seu coração. Descendo da sua carruagem, o Bodhisatva aproximou-se d' árvore e comportou-se como um adorador de modo que ofereceu perfumes e flores, borrifando água na árvore, e andando reverentemente ao redor de seu tronco. Então montando no carro novamente, fez seu caminho de volta para a cidade.

Daí em diante o príncipe fez de tempos em tempos saídas semelhantes até a árvore, e venerava-a como um verdadeiro crente nos ‘deuses’.

No devido tempo, quando seu pai morreu, o Bodhisatva legislou em seu lugar. Evitando os quatro cursos errados, e praticando as dez virtudes reais, ele legislou seu povo com retidão. E agora que seu desejo se realizou e ele era rei, o Bodhisatva determinou-se a cumprir sua anterior resolução. E então reuniu os ministros, os brahmins, os nobres, e as outras ordens do povo, e perguntou à assembléia se eles sabiam como fora feito rei. Mas ninguém soube dizer.
“Vocês nunca me viram venerar reverencialmente uma árvore banian com perfumes e semelhantes, e inclinar-me diante dela ?”
“Sim, senhor, vimos,” eles disseram.
“Bem, estava fazendo um voto; e o voto era que, se me tornasse rei, ofereceria um sacrifício àquela árvore. E agora que com a ajuda de deus me tornei rei, oferecerei meu sacrifício prometido. Então podem prepará-lo com toda a pressa.”
“Mas de quê faremos ele?”
“Meu voto,” disse o rei, “era este: - Todos aqueles adictos dos Cinco Pecados, que testemunham a matança de criaturas vivas e assim em diante, e todos que andam nos Dez Caminhos Desviantes, a estes matarei, e com sua carne e seu sangue, com suas entranhas e vísceras, farei minha oferta. Então proclamem com o bater do tambor que o senhor seu rei nos dias de vice-rei votou que se se torna-se rei, mataria, e ofereceria em sacrifício, todos os seus súditos que quebrassem os Mandamentos. E agora o rei quer matar mil de tais adictos dos Cinco Pecados ou que andam nos Dez Caminhos Desviantes; com os corações e carnes dos mil será feito um sacrifício em honra à deus. Proclame isto para que todos saibam pela cidade. Para aqueles que transgredirem depois desta data,” somou o rei, “matarei mil, e oferecerei-os como sacrifício ao deus em cumprimento do meu voto.” E para se fazer entender claramente o rei pronunciou esta estrofe:-

Milhares de praticantes do mal, ofereci
à morte, em gratidão pia;
Os praticantes do mal são uma multidão tão grande
Que agora vou cumprir meu voto.

Obedientes aos comandos do rei, os ministros fizeram a proclamação conformemente com o bater do tambor por toda a largura e comprimento de Benares. Tal foi o efeito da proclamação no povo que ninguém persistiu na velha fraqueza. E por todo o reinado do Bodhisatva nem uma pessoa foi condenada por transgredir. Assim, sem machucar nenhum dos seus súditos, o Bodhisatva os fez observar os Mandamentos. E no final de uma vida de ofertas e obras boas ele passou com seus seguidores para amontoar a cidade dos devas.

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Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que o Buddha agiu para o bem do mundo; ele agiu de maneira igual em tempos passados.” Sua lição terminada, ele mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Os discípulos do Buddha eram os ministros naqueles dias, e eu mesmo era o Rei de Benares.”