quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

51 Buddha Príncipe Bondade


51
Trabalhe irmão...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um Irmão que desistiu do esforço de perseverar. Sendo perguntado pelo Mestre se o relato era vero de que era desviante, o Irmão disse que era verdade. “Como pode você, Irmão,” disse o Mestre, “ficar frio numa fé tão salvadora? Mesmo quando o sábio e bom de dias passados perderam seu reino, ainda assim tão destemida era sua resolução que no final ganhou de volta sua soberania.” E assim dizendo, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida novamente como filho da rainha ; e no seu dia de batismo deram a ele o nome de Príncipe Bondade. Na idade de dezesseis sua educação estava completa; e por fim com a morte do pai veio a ser rei, e legislou seu povo com retidão com o título de grande Rei Bondade. Em cada um dos quatro portões da cidade ele construiu um lugar de oferta, outro no coração da cidade, e ainda outro no portão o seu palácio mesmo, - seis ao todo; e em cada um distribuía ofertas para os pobres viajantes e os necessitados. Ele mantinha os Mandamentos e observava os dias de jejum; ele abundava em paciência, gentileza amável e misericórdia; e em retidão ele legislava a terra, cuidando de todas as criaturas de maneira igual com o amor carinhoso de um pai por seu filho.

Bem, um dos ministros do rei conduziu-se traiçoeiramente no harém real, e isto se tornou matéria de conversa pública. Os ministros relataram isto ao rei. Examinando a matéria ele mesmo, o rei entendeu que era clara a culpa do ministro. Então mandou chamar o culpado, e disse, “Oh, cego pela loucura! você pecou, e não mereces habitar no meu reino; pegue seus bens, sua esposa e sua família e vá para outro lugar.” Expulso do reino, aquele ministro deixou o país Kāsi, e, entrando em serviço para o rei de Kosala, gradualmente chegou a conselheiro confidencial do monarca. Um dia disse ao rei de Kosala, “Senhor, o reino de Benares é como uma boa colmeia imaculada de abelhas; seu rei é a fraqueza em pessoa ; e uma força insignificante seria suficiente para conquistar o país inteiro.”

Imediatamente, o rei de Kosala refletindo que o reino de Benares era grande e considerando isto em conexão com o conselho de que uma força insignificante poderia conquistá-lo, tornou-se desconfiado de que seu conselheiro era mercenário pago para levá-lo a uma armadilha. “Traidor,” ele gritou, “és pago para dizer isto!”
“Em verdade não,” respondeu o outro; “falo apenas a verdade. Se duvidas de mim, envie homens para massacrarem um vila na fronteira dele, e veja se, quando forem pegos e trazidos diante dele, o rei não os deixa seguir livres até enchendo-lhes de presentes.”
“Ele mostrou face bem corajosa ao fazer a asserção,” pensou o rei; “Testarei seu conselho sem demora.” E de acordo, enviou criaturas suas para arrasar um vila na fronteira de Benares. Os bandidos foram capturados e trazidos diante do rei de Benares, que perguntou a eles, dizendo, “Meus filhos, por quê mataste os camponeses?”
“Porque não temos como viver,” eles disseram.
“Então por quê não vieram a mim?” disse o rei. “Vejas que não façais isto de novo.”
E deu a eles presentes e os mandou embora. De volta foram e contaram ao rei de Kosala. Mas esta evidência não era suficiente para incitá-lo à expedição; e um segundo bando foi enviado para massacrar outra vila, desta vez no coração do reino. Mas estes também foram do mesmo modo mandados embora com presentes pelo rei de Benares. Mas até esta evidência não foi forte o suficiente; e um terceiro grupo foi enviado para saquear as ruas mesmas de Benares ! E estes, como seus antecessores, foram mandados embora com presentes ! Satisfeito por fim de que o rei de Benares era um rei inteiramente bom, o rei de Kosala resolve tomar o reino dele, e partiu contra, com tropas e elefantes.

Bem, nestes dias o rei de Benares tinha um milhar de guerreiros galantes, que encarariam até ataque de elefante doido, - a quem nem o raio de Indra disparado pode aterrorizar, - um bando incomparável de heróis invencíveis prontos para ao comando do rei reduzirem a Índia toda a seu controle ! Estes, escutando que o rei de Kosala vinha para tomar Benares, foram até seu soberano com as novas, e rogaram que fossem enviados contra o invasor. “Nós o derrotaremos e o capturaremos, senhor,” eles disseram, “antes que possa pisar na fronteira.”
“Não assim, meus filhos,” disse o rei. “Ninguém deve sofrer por minha causa. Deixem que aqueles que cobiçam reinos me apanhem, se eles quiserem.” E ele recusou a licença de que marchassem contra o invasor.

Então o rei de Kosala cruzou a fronteira e veio para o centro do país; e novamente os ministros foram até o rei imploram a licença. Mas o rei ainda recusava. E então o rei de Kosala apareceu do lado de fora da cidade, e enviou uma mensagem ao rei obrigando-o ou a desistir do reino ou a dar batalha. “Eu não luto,” foi a mensagem do rei de Benares em resposta; “que ele tome meu reino.”

Ainda uma terceira vez os ministros vieram a ele e rogaram que não permitisse o rei de Kosala entrar, mas permitisse a eles saírem e capturá-lo diante da cidade. Ainda recusando, o rei obrigou que abrissem os portões da cidade, e ele mesmo se sentou no trono real elevado com seus mil ministros ao redor.

Entrando na cidade e não encontrando ninguém que barrasse seu caminho, o rei de Kosala passou com seu exército para o palácio real. Os portões permaneceram abertos; e lá no seu belo trono com seu milhar de ministros ao redor sentava Rei Bondade em majestade. “Peguem-nos todos,” gritou o rei de Kosala ; “amarrem as mãos deles apertadas atrás das costas, e levem-os para fora para o cemitério ! Lá cavem buracos e enterre-nos vivos até o pescoço, de modo que não possam mexer mãos ou pés. Os chacais virão à noite e darão a eles sepulturas !”

À ordem do rei bandido, seus seguidores amarraram o rei de Benares e seus ministros, e arrastaram eles para fora. Mas mesmo nesta hora nem mesmo um pensamento irado ancorou-se no Rei Bondade contra os bandidos; e nenhum dos homens entre seus ministros, mesmo quando eles marchavam para fora amarrados, podia desobedecer o rei, - tão perfeita é dita ser a disciplina entre seus seguidores.

Assim Rei Bondade e seus ministros foram levados e enterrados até o pescoço em buracos no cemitério, - o rei no meio e os outros em cada lado dele. O chão por cima deles foi pisado, e lá foram deixados. Sempre humilde e livre de raiva contra seu opressor, Rei Bondade exortou seus companheiros, dizendo, “Que o coração de vocês não se preencha com nada que não amor e caridade, meus filhos.”

Bem, à meia-noite os chacais vieram em tropa para o banquete de carne humana; e à vista das bestas o rei e seus companheiros soltaram um grito alto todos juntos, espantando os chacais. Parando, o grupo olha para trás, e, não vendo ninguém perseguindo, retornam novamente. Um segundo grito os afasta novamente, mas só para retornarem como antes. Mas na terceira vez, vendo que nenhum homem entre eles todos os perseguiam, os chacais pensaram consigo mesmos, “Estas devem ser pessoas fadadas a morrer.” E vieram corajosamente ; mesmo quando os gritos foram novamente elevados, não viraram o rabo. Entraram, cada um escolhendo sua presa, - o chefe chacal indo até o rei, e os outros para os ministros. Fértil em recurso, o rei nota a aproximação da besta, e, levantando a garganta como que para receber a mordida, prende seus dentes na garganta do chacal com pegada de víbora ! Incapaz de livrar sua garganta da pegada poderosa das mandíbulas do rei e temendo a morte, o chacal soltou um grande uivo. No seu grito de dor o grupo entendeu que seu líder devia ter sido pego por uma pessoa. Sem coragem de aproximarem-se então das destinadas presas, fora fugiram temendo por suas vidas.

Buscando livrar-se dos dentes do rei, o chacal agarrado mergulhava loucamente para cá e para lá, e daí soltou a terra acima do rei. Este último portanto, deixando o chacal ir, colocou para fora sua força, e forçando dos dois lados conseguiu livrar as mãos ! Então, apoderando-se da borda do buraco, saiu para fora, como uma nuvem escudada por vento. Ordenando a seus companheiros que mantivessem o bom ânimo, ele então começa a trabalhar para soltar a terra ao redor deles e tirá-los fora, até que com todos seus ministros ele estava livre novamente, no cemitério.

Bem, aconteceu que um cadáver estava exposto naquela parte do cemitério entre os respectivos domínios de dois ogros; e os ogros disputavam sobre a divisão do espólio.
“Nós não podemos dividi-lo nós mesmos,” disseram eles; mas este Rei Bondade é reto; ele dividirá para nós. Vamos a ele.” Então arrastaram o cadáver pelos pés até o rei, e disseram, “Senhor, divida esta pessoa e dê-nos a cada um sua parte.” “Com certeza, o farei, meus amigos,” disse o rei. “Mas, como ‘tou sujo, devo me banhar primeiro.”

Logo, com seus poderes mágicos, os ogros trouxeram a água perfumada preparada para o banho do usurpador. E quando o rei já tinha se banhado, Eles trouxeram as roupas que tinham sido deixadas para o usurpador vestir. Quando já tinha colocado estas, eles trouxeram para sua majestade uma caixa contendo os quatro tipos de perfumes. E quando ele já tinha se perfumado, eles trouxeram flores dos mais diversos tipos armadas em leques-jóias numa caixa de ouro. Quando já tinha se ornado de flores , os ogros perguntaram se eles podiam ser úteis em mais alguma coisa. E o rei deu a entender que estava com fome. Saíram então os ogros, e retornaram com arroz temperado com todos os aromas escolhidos, que tinha sido preparado para a mesa do usurpador. E o rei, já banhado e cheiroso, vestido e ornado, comeu comida gostosa. Depois os ogros trouxeram água perfumada do usurpador para beber, na tigela de ouro do usurpador, sem esquecer de trazer o copo de ouro também. Quando o rei já tinha bebido e lavado a boca e estava lavando as mãos, trouxeram bétel fragrante para mastigar, e perguntaram se sua majestade tinha mais alguma ordem. “Pega para mim,” ele disse, “com o poder mágico de vocês a espada do estado que descansa debaixo do travesseiro do usurpador.” E direto a espada foi trazida para o rei. Então o rei pegou o cadáver, e colocando-o em pé, cortou em dois seguindo a coluna, dando metade para cada ogro. Isto feito, o rei lavou a lâmina e botou a espada na bainha e a cingiu (na cintura).

Tendo comido sua parte, os ogros ficaram de corações felizes, e na gratidão deles perguntaram ao rei o quê mais poderiam fazer por ele. “Coloquem-me com o poder mágico de vocês,” ele disse, “na câmara do usurpador, e coloquem cada um dos meus ministros de volta a sua própria casa.” “Certamente, senhor,” disseram os ogros; sendo feito em seguida. Bem, naquela hora o usurpador deitava dormindo na cama real da câmara de estado. E enquanto dormia com toda a tranqüilidade, o bom rei bateu nele com o lado da espada em cima da barriga. Acordando com medo, o usurpador vi a lâmpada de luz que era o grande Rei Bondade. Reunindo toda sua coragem, ele levantou da cama e disse: - “Senhor, é noite; a guarda estabelecida; as portas estão fechadas; e ninguém pode entrar. Como então chegaste ao lado da minha cama, espada na mão e vestido com esplendor ?” Então o rei contou a ele em detalhe toda a história do seu escape. Então o coração do usurpador foi mexido por dentro, e ele chorou, “Oh rei, eu, apesar de abençoado com a natureza humana, não reconheci sua bondade; mas conhecimento foi dado aos ferozes e cruéis Ogros, cuja comida é carne e sangue. De agora em diante não irei contra este sinal de virtude, que possuis." Assim dizendo, ele jurou um juramento de amizade sobre a espada do outro e pediu perdão ao rei. E fez o rei dormir na cama de estado enquanto ele dormia numa cama menor.

De manhã, aurora, quando o sol se levantava, toda a hoste em rank e grau foi reunida ao toque do tambor ao comando do usurpador; na presença deles exaltou Rei Bondade, como se elevando a lua cheia no alto céu; e diante de todos eles, ele novamente pediu desculpas ao rei e deu-lhe de volta seu reino, dizendo, “De agora em diante, deixe que eu me encarrego dos rebeldes; legisle teu reino, comigo para vigiar e guardar watch and ward.” E assim dizendo, ele deu sentença ao caluniador traidor, e com suas tropas e elefantes voltou para seu reino.

Sentado em majestade e esplendor debaixo do pálio branco da soberania em um trono dourado com pernas como de gazelas, o grande Rei Bondade contemplou sua própria glória e pensou assim consigo mesmo:- “Não tivesse perseverado, não estaria gozando desta magnificência, nem meu milhar de ministros estariam sendo nomeados entre os vivos. Foi pela perseverança que recuperei o estado real que perdera, e salvei as vidas de meu milhar de ministros. Verdadeiramente, devemos batalhar incessantemente com corações destemidos, vendo que o fruto perseverança é tão excelente.” E assim o rei explodiu numa fala de coração:-

Trabalhe irmão; com esperança perseveres;
Não deixes tua coragem fraquejar e cansar
Por mim vejo, que, com todos meus inimigos vencidos
Sou mestre do desejo do meu coração.

Assim falou o Bodhisatva de coração cheio, declarando como é certo que o esforço extremo ao bem, vem à maturidade. Após uma vida gasta em fazer o certo ele passou sendo tratado daí em diante segundo seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre pregou as Quatro Verdades, ao fechar das quais o Irmão desviante ganhou Arahat(idade). O Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Devadatra era o ministro traidor daqueles dias, os discípulos do Buddha eram o milhar de ministros, e eu mesmo o grande Rei Bondade.”