terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

57 Buddha Macaco



57
Quem, Ó rei dos macacos,...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre, enquanto no Bosque de Bambu, sobre Devadatra tentar matá-lo. Sendo informado das intenções homicidas de Devadatra, o Mestre disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra tenta matar-me ; ele fez justo o mesmo em dias passados mas falhou ao executar sua vil intenção.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida novamente como um macaco. Quando crescido, era grande como um potro de égua e enormemente forte. Vivia só nas praias de um rio, no meio do qual havia uma ilha em que crescia mangas e fruta-pão e outras frutas. No meio da correnteza, no caminho entre o ilha e a praia, uma pedra solitária levanta-se para fora da água. Sendo forte como um elefante, o Bodhisatva usava pular da praia para esta pedra e dela para a ilha. Nela, come os frutos que quer na ilha, retornando à tardinha pelo caminho que veio. E assim era sua vida no dia a dia.

Bem, vivia naqueles dias naquele rio um crocodilo e sua companheira; e ela, sendo jovem, foi levada pela visão do Bodhisatva passando para cá e para lá, em conceber desejo de comer o coração do macaco.

Pede assim a seu esposo que pegue o macaco para ela. Prometendo que realizaria seu desejo, o crocodilo saiu e ficou na pedra, pretendendo pegar o macaco na sua jornada à tardinha para casa.

Depois de vagar pela a ilha por todo o dia, o Bodhisatva olhando ao crepúsculo para a pedra pôs-se a imaginar por quê estaria tão alta para fora da água. Pois a história diz que o Bodhisatva sempre marcava a altura exata da água no rio, e a da pedra na água. Então, quando ele viu que, apesar de estar a água no mesmo nível, a pedra parecia mais alta na água, suspeitou que um crocodilo devia estar emboscado lá, para pegá-lo. E, para descobrir, os fatos do caso, ele gritou, como se dirigindo-se à pedra, “Olá! pedra!” E, como não vinha resposta de volta, ele gritou três vezes, “Olá ! pedra!” E como a pedra ainda mantinha silêncio, o macaco gritou, “Por quê, amiga pedra, não queres me responder ho-je?” “Ah!” pensou o crocodilo; “então a pedra tem o hábito de responder ao macaco. Devo responder pela pedra ho-je?” Conformemente, ele gritou, “Sim, macaco; o que é?” “Quem é você?” disse o Bodhisatva. “Sou um crocodilo.” “Por quê estais sentado nesta pedra?” “Para pegá-lo e comer teu coração.” Como não havia outro caminho de volta, a única coisa a fazer era enganar o crocodilo. Então o Bodhisatva gritou, “Não há saída então a não ser me entregar a ti. Abra a boca e pegue-me quando eu pular.”

Bem, você deve saber que quando crocodilos abrem a boca, seus olhos fecham. Então, quando o crocodilo sem suspeitar abriu a boca, ficou sem visão. E ficou lá esperando sem visão e com a boca aberta ! Vendo isto, o astuto macaco deu um pulo na cabeça do crocodilo, e dela, com a explosão semelhante a de um raio, chegou na praia. Quando a inteligência do feito manifestou-se ao crocodilo, ele disse, “Macaco, aquele que neste mundo possui as quatro virtudes vence seus inimigos. E você, eu acho, possui as quatro.” E assim falando repetiu esta estrofe:-

Quem, ó rei macaco, como você, combina
Verdade, previsão, determinação e destemor
Verá seus inimigos virarem e fugirem.

E com este elogio ao Bodhisatva retornou a sua morada.

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Disse o Mestre, “Então esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra tenta me matar ; ele fez justo o mesmo em dias passados.” E tendo terminado sua lição, o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Devadatra era o crocodilo daqueles dias, a garota brahmin Ciñcā (n. do tr.: uma mulher asceta de rara beleza subornada pelos inimigos de Gautama para simular gravidez e acusá-lo da paternidade: a pedra-criança-falsa, cai em seu dedo do pé e jorra sangue, a terra se abre e ela desce aos ínferos) era a esposa do crocodilo e eu mesmo era o Rei Macaco.”

[ n. do tr. : Cf Jatakas 224, 226. Visnu Sarma, Pañcatantra, desenvolve em autêntico tratado político não só esta relação Macaco e Crocodilo mas tb aquela entre Corvos e Corujas, Chacal entre o Leão e  Touro. Estas histórias são vistas com lentes maiores ou em quadros mais amplos ].






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