terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

49 Buddha e o asceta jain.



49
O tolo até pode vigiar...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre um certo Asceta-nu [ Jain ]. Tradição diz que um nobre do campo perto de Sāvatthi pediu em casamento para seu filho, uma jovem senhora de Sāvatthi de rank igual. Tendo marcado o dia e buscado a noiva, ele depois consultou um asceta-Nu que era íntimo da sua família, se as estrelas estavam favoráveis para dar uma festa naquele dia.

“Ele não me perguntou primeiro,” pensou o asceta indignado, “tendo já fixado o dia, sem me consultar, apenas me conta agora. Muito bem; darei uma lição nele.” Então respondeu que as estrelas não estariam favoráveis naquele dia; que as núpcias não podiam ser celebradas naquele dia; e que, se fossem, adviria grande infortúnio. E a família do campo na sua crença no asceta não foram até a noiva naquele dia. Bem, os amigos da noiva na cidade fizeram todos os preparativos para a celebração das núpcias, e quando viram que o outro lado não vinha, disseram, “Foram eles que marcaram ho-je, e ainda assim não vieram; e estamos tendo uma grande despesa com isto tudo. Quem é este povo, afinal? Casemos a garota com outra pessoa.” Então eles encontraram outro noivo e deram a noiva em casamento para ele com toda a festa que tinham preparado.

Dia seguinte o partido do campo veio buscar a noiva. Mas o povo de Sāvatthi trata-os assim:- “Vocês do campo são ruins; marcam o dia vocês mesmos e depois nos insultam deixando de vir. Demos a noiva para outro.” O partido do campo começou uma briga mas no final foram para casa pelo caminho que vieram.

Bem, os Irmãos vieram a saber como o Asceta-nu frustrou a festa, e começaram a falar do assunto no Salão da Verdade. Entrando no Salão, e sabendo ao perguntar do assunto da conversa, o Mestre disse, “Irmãos, esta não é a primeira vez que este mesmo asceta frusta a festa da família; ofendido com eles, ele fez justo o mesmo uma vez antes.” E assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) alguns citadinos pediram uma garota do campo em casamento e marcaram o dia. Tendo já combinado tudo, perguntaram ao asceta da família se as estrelas eram propícias para a cerimônia naquele dia. Ultrajado deles terem marcado o dia adequado a eles sem antes o perguntarem, o asceta decidiu frustrar a festa de casamento naquele dia; e conformemente respondeu que as estrelas não estavam favoráveis naquele dia, e que, se insistissem, poderia resultar grave infortúnio. Assim, na crença ao asceta, ficaram em casa ! Quando o povo do campo viu que o partido da cidade não vinha, disseram entre si, “Foram eles que marcaram o dia do casamento para ho-je, e agora eles não vêm. Quem são eles, afinal?” E eles casaram a garota com outro.

Dia seguinte os citadinos vieram e perguntaram pela garota; mas aqueles do campo responderam assim: - “A vocês da cidade falta decência comum. Vocês mesmos marcaram o dia e mesmo assim não vieram buscar a noiva. Como vocês se afastaram, casamos ela com outro.” ‘Nós perguntamos ao nosso asceta e ele disse que as estrelas não eram favoráveis. Por isto não viemos ontem. Dê-nos a garota.” “Vocês não vieram no tempo marcado e agora ela é de outro. Como a casaríamos uma segunda vez?” Enquanto discutiam assim uns com outros, um sábio da vila passava pelo campo a negócio. Escutando os citadinos explicarem que consultaram seu asceta e que a ausência deles era devida a disposição desfavorável das estrelas, ele exclamou, “Para que em verdade importam as estrelas? Não é a coisa de sorte tomar a garota?” E, assim dizendo, ele repetiu esta estrofe:-

O tolo pode até vigiar por ‘dias de sorte,’
E ainda assim perder sempre a sorte;
É a sorte mesma a estrela da sorte de cada um.
O quê podem meras estrelas realizarem?

Quanto aos citadinos, como não conseguiram a garota apesar de toda a discussão, tiveram que voltar para casa !

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Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que este Asceta-nu frustrou a festa da família; ele fez justo a mesma coisa em dias passados.” Sua lição terminada, ele mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Este asceta é o mesmo de dias passados, e as famílias também eram as mesmas; eu mesmo o homem sábio e bom que pronunciou a estrofe.”

[ O Jataka é uma brincadeira com o Jains doutrina irmã do buddhismo ; há mais de um falando dos Jains. ]



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