segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

48 Buddha e o brahmin Vedabbha




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Esforços desorientados...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre um Irmão rebelde. Disse o Mestre a este Irmão, “Esta não é a primeira vez, Irmão, que foste rebelde; você foi justo com esta mesma disposição em dias passados; e daí foi que, como não seguiste o conselho do sábio e bom, vieste a ser cortado em dois por uma espada afiada e atirado na estrada; e foste a única causa de mil homens encontrarem seu fim.” E assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), havia um brahmin numa vila que conhecia o encanto chamado Vedabbha. Bem, este encanto, assim dizem, estava acima de qualquer preço. Pois, se em uma certa conjunção de planetas o encanto fosse repetido e a vista estendida para cima para os céus, direto dos céus choviam as Sete Coisas Preciosas, - ouro, prata, pérola, coral, olhodegato, rubi e diamante.

Naqueles dias o Bodhisatva era o pupilo deste brahmin; e um dia seu mestre deixou a vila em algum negócio, e veio com o Bodhisatva para o país de Ceti.

Na floresta no caminho moravam quinhentos ladrões – conhecidos como “os Despachantes” – que tornavam o caminho impassável. E eles pegaram o Bodhisatva e o brahmin-Vedabbha. (Por quê, você perguntaria, eram chamados os Despachantes? - Bem, a história diz que de cada dois prisioneiros que fizessem, usavam despachar um para buscar resgate; e daí porque eram chamados os Despachantes. Se capturassem um pai e um filho, mandavam o pai ir e buscar resgate para livrar o filho; se capturassem mãe e filha, enviavam a mãe para buscar dinheiro; se pegassem dois irmãos, deixavam o mais velho ir; e assim também, se apanhassem um professor e um pupilo, era ao pupilo que libertavam. Neste caso portanto, eles mantiveram o brahmin-Vedabbha, e enviaram o Bodhisatva para obter resgate.) E o Bodhisatva disse inclinando-se a seu mestre, “Em um dia ou dois certamente volto; não tema; apenas não falhe em fazer como digo. Ho-je será a conjunção dos planetas que faz chover as Coisas Preciosas. Preste atenção para não, levado por este acidente, repetires o encanto e fazeres descer a chuva preciosa. Pois, se fizeres, calamidade certamente cairá sobre ti e sobre este bando de ladrões.” Com este aviso a seu mestre, o Bodhisatva seguiu seu caminho na busca de resgate.

Ao crepúsculo os ladrões amarraram o brahmin e o deixaram sob os calcanhares. Justo neste momento a lua cheia levantou-se no horizonte leste e o brahmin estudando os céus, soube que a grande conjunção estava acontecendo. “Por quê,” pensou ele, “devo sofrer esta miséria? Repetindo o encanto chamarei para baixo a chuva preciosa, pago aos ladrões o resgate, e saio livre.” Então ele chamou os ladrões, “Amigos, por quê me aprisionam?” “Para ter um resgate, reverendo senhor,” eles disseram. “Bem, se é isto tudo o quê querem,” disse o brahmin, “se apressem e me soltem; lavem minha cabeça, e me coloquem em roupas novas; e que eu seja perfumado e ornado de flores. E então deixem-me só.” Os ladrões fizeram como ele ordenou. E o brahmin, marcando a conjunção dos planetas, repetiu seu encanto com olhos voltados para os céus. Sem demora as Coisas Preciosas derramaram-se dos céus ! Os ladrões pegaram tudo, embrulhando o butim e guardando nos mantos.

 Então a irmandade saiu andando pelo caminho; e o brahmin seguindo atrás. Mas, como se a sorte aí estivesse, o partido foi capturado por um segundo bando de quinhentos ladrões ! “Por quê nos aprisionam?” disse o primeiro bando para o segundo. “Pelo butim,” foi a resposta. “Se são riquezas que querem, peguem aquele brahmin que simplesmente olhando para os céus faz descer riquezas em chuva. Foi ele que nos deu tudo que temos.” Assim o segundo bando de ladrões deixa o primeiro bando ir e pegam o brahmin, gritando, “Dê-nos riquezas também!” “Isto me seria de grande prazer,” disse o brahmin; “mas demorará um ano antes que a conjunção requerida dos planetas aconteça novamente. Se forem bons e esperarem até lá, invocarei a chuva preciosa para vocês.”

“Brahmin farsante !” gritaram os ladrões irados, “fizeste o outro bando rico sem demora, mais quer que esperemos um ano inteiro !” E o cortaram em dois com uma espada afiada, e atiraram o corpo no meio da estrada. Correndo então atrás do primeiro bando de ladrões, mataram todos os homens também em luta, e tomaram o butim. Depois, eles se dividiram em dois grupos e brigaram entre si, companhia contra companhia, até estarem duzentos e cinqüenta mortos. E continuaram matando um ao outro, até que sobraram apenas dois. Assim chegarem aquele milhar de homens à sua destruição.

Bem quando os dois sobreviventes entenderam-se em ficar com o tesouro, o esconderam na jângal perto da vila; e um deles sentou lá, espada na mão, para guardá-lo, enquanto o outro foi para a cidade para arranjar arroz e cozinhá-lo de janta.

“Cobiça é a raiz da ruína!” Cismava aquele que parado estava junto ao tesouro, “Quando meu parceiro voltar, ele vai querer metade disto. Suponhamos que eu o mate quando estiver voltando.” E então empunhou a espada e sentou esperando pelo retorno do parceiro.

Enquanto isto, o outro refletia igualmente que o butim deveria ser dividido, e pensava consigo mesmo, “Suponhamos qu’eu envenene o arroz, e o dê a ele para comer e assim o mate, e fique com todo o tesouro para mim.” Conformemente quando o arroz estava cozido, ele comeu primeiro sua parte, e depois colocou veneno no resto, que carregou de volta com ele para a jangal. Mas logo que chegou o outro ladrão o cortou em dois com sua espada, e escondeu o corpo num lugar afastado. Em seguida ele comeu o arroz envenenado, e morreu then and there, lá e então. Assim, por causa do tesouro, não apenas o brahmin mas todos os ladrões foram destruídos.

Entretanto, após um dia ou dois o Bodhisatva voltou com o resgate. Não encontrando seu Mestre onde o tinha deixado, mas percebendo tesouro espalhado ao redor, seu coração tornou-se apreensivo de que, a despeito do aviso, seu mestre tinha chamado para baixo uma chuva de tesouros dos céus, e que como conseqüência todos pereceram; e ele continuou pela estrada. “Ai!” ele gritou, “ele está morto por não ter escutado meu conselho.” Então juntando gravetos fez uma pira e queimou o corpo de seu mestre, fazendo uma oferta de flores silvestres. Mais adiante na estrada, chegou aos quinhentos “Despachantes,” e mais adiante ainda aos duzentos e cinqüenta, e assim por diante em graus até que por fim chegou onde só haviam dois cadáveres. Marcando como dos mil, pereceram todos menos dois, e sentindo com certeza haverem dois sobreviventes, e que estes não evitariam a briga, forçou para ver onde tinham ido. Então foi até achar o caminho pelo qual com o tesouro, eles seguiram na jângal; e lá achou o monte de bolsa de tesouro, e um ladrão jazendo morto com sua tigela de arroz virada. Dando-se conta de toda a história com um olhar, o Bodhisatva passou a procurar pela pessoa que faltava, e por fim encontrou seu corpo num lugar afastado onde tinha sido jogado. “E assim,” meditava o Bodhisatva, “por não seguir meu conselho meu mestre em sua rebeldia foi o meio de destruição não apenas de si mesmo mas de outros mil também. Verdadeiramente, aqueles que buscam ganho próprio por meios errados e desorientados, colhem ruína, como meu mestre mesmo.” E ele repetiu esta estrofe:-

Esforços desorientados levam à perda, não ao ganho;
Ladrões mataram Vedabbha e foram eles mesmos mortos.

Assim falou o Bodhisatva, e ele seguiu dizendo, - “E como o esforço mesmo desorientado e deslocado de meu mestre em causar a chuva de tesouros cair do céu, obrou sua própria morte e a destruição de outros com ele, assim mesmo qualquer pessoa que por meios errados busca encontrar vantagem, perece completamente e envolve outros em sua destruição.” Com estas palavras o Bodhisatva fez a floresta soar; e com esta estrofe pregou a Verdade, enquanto as Fadas das árvores aplaudiam alto. O tesouro ele deu um jeito de levar para sua própria casa, onde ele viveu seu fim de vida no exercício de ofertas e outros bons trabalhos. E quando sua vida fechou, ele partiu para o céu que tinha ganho.

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Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmão, que és rebelde; foste rebelde em dias passados também; e por sua rebeldia encontraste completa destruição.” Sua lição terminada, ele identificou o Jātaka dizendo, “O Irmão rebelde era o brahmin-Vedabbha daqueles dias, e eu mesmo seu pupilo.”







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