quarta-feira, 27 de abril de 2011

425 Buddha asceta


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               pintura de Ajanta, Índia.

425
Faça o Ganges calmo...etc.” - O Mestre contou esta história quando residia em Jetavana, relativa a um Irmão relapso. O Mestre perguntou a ele, “É verdade Irmão, que és relapso ?” “Sim, senhor.” “Qual a causa ?” “O poder do desejo.” “Irmão, as mulheres são ingratas, traiçoeiras, inconfiáveis : sábios antigos não conseguiam satisfazer uma mulher mesmo dando a ela mil dinheiros por dia : e um dia quando ela não conseguiu os mil dinheiros, os pegou pelo pescoço e jogou fora : tão ingratas são as mulheres : não caia no poder do desejo por tal causa,” e ele contou um conto antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), seu filho, jovem Brahmadatra, e jovem Mahadhana, filho de um rico mercador de Benares, eram camaradas e companheiros e foram educados na casa do mesmo professor. O príncipe tornou-se rei com a morte do pai : e o filho do mercador morava perto dele. Havia em Benares uma certa cortesã, bela e próspera. O filho do mercador lhe dava mil dinheiros diariamente e tinha prazer com ela constantemente : com a morte de seu pai ele sucedeu o rico mercador na sua posição e não a abandonou, dando a ela mil dinheiros por dia. Três vezes por dia ele ia se apresentar diante do rei. Um dia ele foi apresentar-se ao cair da noite. Enquanto estava falando com o rei, o sol se pôs e ficou escuro. Quando deixava o palácio ele pensou, “Não há tempo de ir em casa e depois voltar : irei direto para a casa da cortesã :” então dispensou seus ajudantes e entrou na casa dela sozinho. Quando ela o viu, perguntou se ele trouxera os mil dinheiros. “Querida, eu estava muito atrasado ho-je ; então dispensei meus empregados sem ir em casa e vim sozinho ; mas a-manhã te darei dois mil dinheiros.” Ela pensou, “S'eu aceitá-lo ho-je, ele virá de mãos vazias em outros dias e assim minha riqueza se perderá : não o admitirei desta vez.” Então ela disse, “Senhor, sou apenas uma cortesã : não faço favores sem mil dinheiros : deves me trazer a quantia.” “Querida, trarei duas vezes a quantia a-manhã,” e assim ele pedia repetidamente. A cortesã deu ordens as suas empregadas, “Não deixem aquele homem em pé ali me olhando : peguem-no pelo pescoço e joguem ele fora e depois batam a porta.” Elas fizeram isto. Ele pensou, “Já gastei com ela oitocentos milhões em dinheiro ; ainda assim um dia que chego de mãos vazias, ela me pega pelo pescoço e me joga fora : Ó mulheres más, sem vergonhas, ingratas, traiçoeiras :” e então ele ponderava sobre as más qualidades das mulheres, até que sentindo desgosto e desamor, tornou-se descontente com a vida laica. “Por quê deveria levar vida laica ? Irei ho-je mesmo e me tornarei asceta,” ele pensou : então sem voltar para casa ou ver o rei novamente, deixou a cidade e entrou na floresta : fez um eremitério às margens do Ganges e lá morou como um asceta, alcançando as Perfeições da Meditação e vivendo de raízes e frutas selvagens.

O rei sentiu falta de seu amigo e perguntou por ele. A conduta da cortesã tornou-se conhecida por toda a cidade : então contaram ao rei o que ocorrera e adicionaram, “Ó rei, dizem que teu amigo com vergonha não voltou para casa mas tornou-se um asceta na floresta.” O rei mandou chamar a cortesã e perguntou se era verdadeira a história sobre o tratamento que dera ao amigo dele. Ela confessou. “Má, mulher vil, vá rapidamente onde está meu amigo e traga-o de volta : se falhares, tua vida está perdida.” Ela ficou com medo das palavras do rei ; montou numa carruagem e dirigiu para fora da cidade com um grande cortejo ; ela buscou o domicílio dele e obtendo informações, foi até ele saudou-o e pediu, “Senhor, perdoe o mal que fiz em minha cegueira e loucura : nunca mais farei de novo.” “Muito bem, te perdôo ; não estou irado contigo.” “Se me perdoas, monte na carruagem comigo : vamos nos dirigir até a cidade e logo que entrarmos nela te darei todo o dinheiro que que haja lá em casa.” Quando ele a escutou, respondeu, “Senhora, não posso ir contigo agora : mas quando algo que nunca acontece neste mundo acontecer, então talvez eu vá ;” e assim ele falou a primeira estrofe :-

Faça o Ganges calmo como tanque de lótus, avistar cucos brancos como pérolas,
Faça palmeiras carregarem com maçãs : quiçá então possa ser.

Mas ela disse novamente, “Venha ; estou indo.” Ele respondeu, “Eu irei.” “Quando ?” “Em tal e tal hora,” ele disse e falou as estrofes restantes :-

Quando tecendo cabelo de tartaruga uma roupa tripla possa ver,
Para no inverno vestir contra o frio, quiçá então possa ser.

Quando com dentes de mosquitos construíres uma torre tão habilmente,
Que não balance nem titubeie, quiçá então possa ser.

Quando com chifres de lebres faças uma escada habilmente,
Escadas que subam a altura do céu, quiçá então possa ser.

Quando camundongos subindo estas escadas e comendo a lua concordem,
E tragam para baixo Rahu do céu, a coisa quiçá possa ser.

Quando vermes de moscas devorarem bebida forte em cântaros cheios e abertos
E residirem eles mesmos em brasas de carvão, a coisa quiçá possa ser.

Quando asnos ganharem lábios vermelhos e faces belas de ver,
E apresentarem suas habilidades em canto e dança, a coisa quiçá possa ser.

Quando corvos e corujas encontrarem-se para falar privadamente,
E cortejarem um ao outro, qual amantes, a coisa quiçá possa ser.

Quando parassóis, feitos de tenras folhas de árvores da floresta,
Forem fortes contra a chuva torrencial, a coisa quiçá possa ser.

Quando pardais pegarem o Himalaia em toda sua majestade,
E carregarem-no em seus pequenos bicos, a coisa quiçá possa ser.

E quando um garoto puder carregar facilmente, com toda sua bravura,
Um navio todo equipado para mares distantes, a coisa quiçá possa ser.

Assim o Grande Ser falou estas onze estrofes para marcar condições impossíveis ( atthana ). A cortesã, escutando-o, ganhou seu perdão e voltou para Benares. Ela contou para o rei o que acontecera e pediu por sua vida, que foi concedida.

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Após a lição, o Mestre disse, “Assim Irmãos, as mulheres são ingratas e traiçoeiras” ; então declarou as Verdades e identificou o Jataka : Após as Verdades, o Irmão relapso foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo o rei era Ananda, o asceta era eu mesmo.”

segunda-feira, 18 de abril de 2011

424 Buddha rei Bharata


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                       Imagem de Ajanta, Índia. 

424
O quê uma pessoa puder salvar...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo a um presente incomparável. O presente incomparável está descrito inteiramente no comentário ao Mahagovindasutra. No seguinte àquele em que ele foi dado, falavam sobre isto no Salão da Verdade, “Senhores, o rei de Kosala após exame, descobriu campo próprio de mérito e deu o grande presente à assembleia com Buddha à sua cabeça.” O Mestre veio e soube o tema da conversa enquanto estavam lá sentados : ele disse, “Irmãos, não é estranho que o rei após exame tenha feito grandes dons pelo supremo campo de mérito : sábios antigos também após exame ofertaram tais ofertas,” e assim ele contou um conto antigo.
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Certa vez um rei chamado Bharata reinava em Roruva no reino de Sovira. Ele praticava as dez virtudes reais, conquistou o povo com os quatro elementos de popularidade, era para a multidão como pai e mãe e deu grandes presentes para os pobres, os caminhantes, os mendicantes, os demandantes e semelhantes. Sua rainha principal Samuddavijaya era sábia e cheia de conhecimento. Um dia ele olhou ao redor de seu salão de ofertas e pensou, “Minhas ofertas são devoradas por gente gananciosa sem valor : não gosto disso : gostaria de fazer ofertas a paccekabuddhas que merecem os melhores presentes : eles vivem na região dos Himalaias : quem os traria aqui a meu convite e quem eu enviaria nesta jornada ?” Ele falou com a rainha, que disse, “Ó rei, não fique preocupado : envie flores com a força das nossas coisas adequadamente dadas e nossa virtude e verdade, convidaremos os paccekabuddhas e quando eles vierem daremos a eles presentes com todos os requisitos.” O rei concordou. Ele proclamou pelo tambor que todo o povo da vila devia prometer guardar os preceitos, ele mesmo com seus empregados realizaram todas as tarefas para os dias santos e ofertaram grandes ofertas em caridade. Ele fez com que se trouxesse uma grande caixa de ouro, cheia de flores de jasmim, desceu de seu palácio e permaneceu no paço real. Lá prostando-se no chão com os cinco contatos, ele saudou a direção leste e atirou sete mãos cheias de flores com as palavras, “Saúdo os santos no quadrante leste : se há qualquer mérito em nós, mostre compaixão conosco e receba nossas ofertas.” Como não havia nenhum paccekabuddha no quadrante leste, eles não vieram no dia seguinte. No segundo dia ele prestou respeito ao quadrante sul : mas ninguém veio de lá. No terceiro dia ele prestou respeito ao quadrante ao quadrante oeste, mas ninguém veio. No quarto dia ele prestou respeitos ao quadrante norte e após prestar respeitos, atirou sete mãos cheias de flores com as palavras, “Possam os paccekabuddhas que vivem no distrito norte dos Himalaias receber nossas ofertas.” As flores foram e caíram em quinhentos paccekabuddhas na caverna Nandamula. Refletindo eles entenderam que o rei os convidava ; então chamaram sete deles e disseram, “Senhores, o rei nos convida ; favorecemo-lo .” Estes paccekabuddhas vieram através dos ares e pousaram no portão do rei. Vendo-os o rei saudou-os deliciado, os fez entrar no palácio, mostrou-lhes grande honra e deu-lhes presentes. Após a refeição ele os convidou para o dia seguinte e assim em diante até o quinto dia, alimentando-os por seis dias : no sétimo ele aprontou um presente de todos os requisitos ( cinto, hábitos, navalha, tigela, filtro ), arrumou camas e cadeiras incrustadas de ouro e colocou na frente dos paccekabuddhas conjuntos dos três hábitos e das outras coisas usadas pelos homens santos. O rei e a rainha ofertaram formalmente estas coisas para eles após a refeição e permaneceram em respeitosa saudação. Para exprimir seu agradecimento, o mais Ancião da assembleia falou duas estrofes :-

O que uma pessoa puder salvar das chamas que queimam sua moradia,
Não o que é deixado para ser consumido, permanecerá seu.

No fogo do mundo, decaimento e morte são as chamas a serem alimentadas ;
Salve o que puder pela caridade, uma oferta é salva realmente.

Assim expressando agradecimento, o Ancião aconselhou o rei a ser diligente com a virtude : então ele voou nos ares, direto através do pico do telhado do palácio e pousou na caverna Nandamula : junto com ele todos os requisitos que foram dados voaram junto e pousaram na caverna : e os corpos do rei e da rainha tornaram-se cheios de alegria. Após a partida dele, os outros seis também exprimiram agradecimento com uma estrofe cada :-

Aquele que oferta para homens retos,
Forte em energia santa,
Atravessa a corrente de Yama e então
Ganha uma moradia no céu.

Como guerra é caridade :
Hostes podem fugir diante de uns poucos :
Dê um pouco piedosamente :
Benção posterior é seu direito.

Doadores prudentes agradecem ao Senhor,
Seu trabalho gastam valorosamente.
Ricos frutos seus dons produzem,
Como uma semente em solo fértil.

Aqueles que nunca falam rudemente,
Repudiando errar com as coisas vivas :
As pessoas podem chamá-los tímidos, fracos :
Pois é temor que as mantém puras.
Obrigações baixas ganham para a pessoa, renascer na terra, fado principesco,
Obrigações médias ganham o céu, mais altas ganham Estado Puro.

Caridade é benção realmente,
Ainda que a Lei ganhe recompensa mais alta :
Idade antiga e novas atestam,
Assim os sábios alcançaram seu Descanso.

Então eles também partiram com os requisitos dados a eles.
O sétimo paccekabuddha em seu agradecimento louvou o eterno nirvana ao rei e aconselhou-o cuidadosamente partindo para sua morada como foi dito. O rei e a rainha deram presentes por toda vida e passaram inteiramente através do caminho para o céu.

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Após a lição, o Mestre disse, “Assim sábios antigos dão presentes com discriminacão,” e identificou o Jataka : “Naquele tempo os paccekabuddhas alcançaram nirvana, Samuddavijaya era a mãe de Rahula e o rei Bharata era eu mesmo.”