quarta-feira, 30 de novembro de 2011

438 Buddha Perdiz


-->
                  





438
Tua progênie inocente...etc.”- Esta história o Mestre contou enquanto residia no Pico do Abutre, relata a tentativa de Devadatra em matá-lo. Foi neste momento que começaram uma discussão no Salão da Verdade, dizendo, “ Ai ! Senhores, como era baixo e sem vergonha este Devadatra. Juntando-se com Ajatasatru fez um complô para matar o excelente e supremo Buddha, subornando arqueiros, rolando rochas e soltando Nalagiri ( elefante louco ).” O Mestre veio e questionando os Irmãos sobre o quê discutiam n'assembleia e entendendo o quê foi, diz, “Não agora apenas mas anteriormente também, Devadatra quer me matar mas agora ele nem medo mete,” e relatou um lenda do mundo antigo.
_____________________

Certa vez no reino de Brahmadatra, rei de Benares, um professor renomado de Benares dava aulas em ciência para quinhentos jovens brahmins. Um dia ele pensou, “Enquanto viver aqui encontrarei impedimentos à vida religiosa e e meus pupilos não se aperfeiçoam nos estudos. Vou me retirar para os montes dos Himalaias numa casa na floresta e lá prosseguirão as aulas.” Ele disse a seus pupilos e pedindo que trouxessem sésamo ( gergilim ), arroz com casca, azeite, roupas e coisas assim foi para a floresta e lá construiu cabana de folhas e ficou residência perto da estrada. Seus pupilos também cada um construiu uma cabana para si mesmo. Os parentes enviaram arroz e semelhantes, e os nativos do local dizendo, “Um famoso professor está vivendo em tal e tal lugar na floresta e dando aulas de ciência,” traziam presentes de arroz e os mateiros também ofereciam dons, enquanto um certo homem deu uma vaca leiteira com o bezerro dela, para supri-los de leite. Bem, um lagarto junto com seus filhotes veio morar na cabana do professor e um leão e um tigre o ajudava. Um perdiz também morava lá e de escutar o mestre ensinar os textos sacros a seus pupilos, o perdiz aprendeu os três Vedas. E os jovens brahmins ficaram muito amigos do pássaro. Logo logo antes dos jovens atingirem proficiência nas ciências, o professor deles morre. Seus pupilos queimam o corpo dele, erigem um topo de areia sobre suas cinzas e com choro e lamento o adornaram com todo tipo de flores. Então a perdiz pergunta a eles porque choram. “Nosso mestre,” eles responderam, “morreu enquanto nossos estudos ainda estavam incompletos.” “Se é por isso, não fiquem estressados : ensinarei ciência para vocês.” “Como você sabe ciência ?” “Costumava escutar o mestre de vocês enquanto ele ensinava e aprendi de cor(ação) os três Vedas.” “Então partilhe conosco o que sabes de cor(ação).” A perdiz disse, “Bem, ouçam,” e expôs pontos difíceis para eles, fácil como um córrego que escorre pela montanha. Os jovens brahmins ficaram altamente deliciados e adquiriram ciência de uma perdiz letrada. E o pássaro ficou no lugar do afamado professor e deu aulas de ciência. Os jovens fizeram para ele uma gaiola dourada e amarraram um toldo por cima, servindo mel e grão escolhido em um prato dourado e presenteando-o com diversas flores coloridas, prestando grande honra ao pássaro. Foi espalhado e difundido por toda a Índia que uma perdiz na floresta estava instruindo quinhentos jovens brahmis nos textos sacros. Naqueles dias pessoas proclamaram um festival no alto – era como reunir o povo no topo da montanha. Os pais dos jovens enviaram uma mensagem para seus filhos virem e verem o festival. Eles contaram à perdiz e confiando o pássaro instruído e todo seu eremitério aos cuidados do lagarto, deixaram e partiram para suas várias cidades. Naquele momento um asceta sem piedade vagando para lá e para cá chegou naquele lugar. O lagarto vendo-o começou conversa amigável com ele, dizendo, “Em tal e tal lugar você encontrará arroz, azeite e semelhantes ; cozinhe um pouco de arroz e seja feliz,” e assim falando partiu em busca da própria comida. Cedo pela manhã o desgraçado cozinhou arroz, matou e comeu os dois lagartinhos filhotes, fazendo um prato fino com eles. Ao meio dia ele matou e comeu a perdiz letrada e o bezerro e à tarde assim que viu a vaca voltando para casa ele a matou também e comeu a carne. Depois deitou roncando e dormindo aos pés de uma árvore. À noitinha o lagarto voltou e sentindo falta dos seus filhotes ficou ao redor procurando-os. Um espírito-d'árvore observando o lagarto todo tremendo porque não achava seus filhotes, com um exercício de poder divino levantou-se na cavidade do tronco d'árvore e disse, “Cesse de tremer lagarto : seus filhotes, a perdiz, o bezerro e a vaca foram assassinados por este sujeito ruim. Morde ele no pescoço de modo a matá-lo.” E assim falando com o lagarto a deidade falou a primeira estrofe :

Tua progênie inocente ele comeu,
Apesar de ter-lhe dado arroz bastante ;
Com teus dentes morda a carne dele,
Não deixe o desgraçado escapar vivo.
Então o lagarto repetiu duas estrofes :

Suja como sua alma gananciosa está lambuzada, qual roupa de babá,
Sua pessoa está toda imune aos meus dentes, temo.

Falhas espreita em todo lado o abjeto ingrato,
Nem com o dom do mundo pode ser satisfeito.

O lagarto assim falando pensou, “Este sujeito acordará e me comerá,” e para salvar sua vida, fugiu. Bem, o leão e o tigre estavam em muitos bons termos de amizade com a perdiz. Algumas vezes costumavam ir e ver a perdiz e outras vezes a perdiz ia e ensinava a Lei a eles. Ho-je o leão disse ao tigre, “Já faz bastante tempo desde que vimos a perdiz ; deve ter sete ou oito dias : vá e traga novas dela.” O tigre assentiu prontamente e ele chegava no lugar no mesmo momento que o lagarto fugia e encontrou o vil desgraçado dormindo. Em seus cachos de tranças podiam ser vistos algumas penas de perdiz próximo estavam os ossos do bezerro e da vaca. Rei tigre, vendo tudo e não encontrando a perdiz na gaiola dourada pensou, “Estas criaturas devem ter sido mortas por este sujeito ruim,” e o levantou com um chute. Vendo o tigre o homem ficou terrivelmente assustado. Então o tigre perguntou, “Você matou e comeu estas criaturas ?” “Nem os matei nem os comi.” “Desgraçado vil, se você não os matou, diga-me quem o faria ? E se você não me disser, és um homem morto !” Temendo por sua vida ele disse, “Sim, senhor, matei e comi os jovens lagartos e a vaca e o bezerro mas não matei a perdiz.” E apesar dele protestar bastante, o tigre não acreditou e perguntou, “Você veio de onde para cá ?” “Meu senhor, mascateio bens mercantis para viver no país Kalinga e após apregoar uma coisa e outra cheguei aqui.” Mas quando o homem contou tudo que tinha feito, o tigre disse, “Você sujeito ruim, se não mataste a perdiz quem o poderia ter feito ? Venha, devo levá-lo para diante do leão, o rei das bestas.” Então o tigre saiu levando o homem diante dele. Quando o leão viu o tigre trazendo o homem com ele, colocando na forma de uma pergunta ele falou a quarta estrofe :

Por quê com pressa, Subahu, estais aqui,
E por quê contigo este bom jovem aparece ?
Que urgência existe, prego ?
Rápido, diga-me a verdade sem demora.

[ Subahu significa 'braço-forte' e é o nome do tigre ; cf. Jataka 361 ]

Escutando isto o tigre falou a quinta estrofe :

A perdiz, Senhor, nossa amiga valiosa,
Desconfio que ho-je teve um fim ruim :
Os antecedentes deste sujeito me fazem temer
Podemos escutar más novas da nossa boa perdiz.

Então o leão falou a sexta estrofe :

Quais podem ser os antecedentes deste sujeito
E quais os pecados que ele confessou a ti,
Para fazê-lo crer que algum infortúnio
Aconteceu com o pássaro sabido ho-je ?

Então respondendo a ele o rei tigre repetiu os versos restantes :

Como mascate através da terra de Kalinga
Ele viajou por estradas ruins, cajado na mão ;
Foi visto com acrobatas,
E bichos inocentes amarrou com trabalho ;
Com jogadores de dados também frequentemente jogava,
E armadilhas para pequenos pássaros armou ;
Nas multidões com porretes lutou,
E ganho medindo milho procurou :
Falso a seus votos, à meia-noite brigou
Ferido, lavou o sangue :
Suas mãos queimou ao ter coragem
De apanhar comida muito quente para segurar.
Tal a vida que escutei, ele leva,
Tais são os pecados sobre a cabeça dele,
E já que sabemos que a vaca está morta,
E penas aparecem no meio dos seus cabelos,
Temo grandemente pela amiga perdiz.

O leão perguntou ao homem, “Você matou a perdiz letrada ?” “Sim, meu senhor, matei.” O leão escutando-o falar a verdade, ficou ansioso em deixá-lo ir mas o rei tigre disse, “Este vilão merece morrer,” e lá e então o rasgou com seus dentes. Depois fez um buraco e atirou o corpo dentro dele. OS jovens brahmins quando retornaram para casa e não encontraram a perdiz com choro e lamento deixaram o lugar.

____________________

O Mestre terminou sua lição dizendo, “Assim, Irmãos, Devadatra desde antigamente quer me matar,” e ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o asceta era Devadatra, o lagarto Kisagotami, o tigre Mooggaallana, o leão Sariputra, o professor renomado Kassapa e a perdiz sabida era eu mesmo.”

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

437 Buddha e o chacal


-->

           pintura de Ajanta, Índia

437
Por quê os olhos de Putimansa...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana relativa ao subjugar dos sentidos. Pois certa vez haviam muitos Irmãos que não mantinham guarda na avenida dos sentidos. O Mestre disse ao ancião Ananda, “Devo aconselhar estes Irmãos,” e devido à vontade deles de auto controle os reuniu na assembleia dos Irmãos e sentou no meio de um sofá ricamente adornado e assim se dirigiu a eles : “Irmãos, não é certo que um Irmão sob a influência da beleza pessoal coloque suas afeições em atributos mentais ou físicos, pois vai que ele morre em tal momento, ele re-nasce no ínfero e em estados ruins semelhantes. Um Irmão não deve alimentar sua mente com atributos mentais e físicos. Aqueles que fazem isto mesmo na presente condição das coisas estão inteiramente arruinados. Portanto é bom, Irmãos, que o olho dos sentidos seja tocado com um prego de ferro quente.” E aqui ele deu outros detalhes, adicionando, “Há um tempo para ti para ver a beleza e um tempo para não considerá-la : no tempo de vê-la, veja-a não sob a influência do quê é agradável mas do que é desagradável. Assim tu não cairás para fora da tua própria esfera. O quê então é esta tua esfera ? As quatro meditações diligentes mesmo, o caminho óctuplo sagrado, as nove condições transcendentes. Se vocês andarem neste domínio próprio de vocês, Mara não encontrará entrada, mas se vocês estão submetidos as paixões e olham as coisas sob a influência da beleza pessoal, como o chacal Putimansa, vocês cairão fora da própria esfera verdadeira,” e com estas palavras ele relatou uma história do passado.

_____________________

Certa vez no reino de Brahmadatra, rei de Benares ( Varanasi ), muitas centenas de cabras selvagens habitavam uma caverna da montanha em um distrito de floresta nos cumes dos Himalaias. Não distante do lugar de domicílio deles um chacal chamado Putimansa com sua esposa Veni vivia numa caverna. Um dia quando ele estava vagueando ao redor com sua esposa, ele espreitou estas cabras e pensou, “devo encontrar algum meio de comer a carne destas cabras,” e com algum artifício ele matou um única cabra. Ambos, ele e sua esposa, alimentando-se de carne de cabra cresceram fortes e grandes de corpo. Gradativamente as cabras diminuíram de número. Entre elas havia uma cabra sábia chamada Melamātā. O chacal apesar de hábil em artifícios não a podia matar e aconselhando-se com sua esposa ele disse, “Minha querida, todas as cabras morreram. Devemos pensar como comer esta cabra. Bem aqui tem um plano. Você vai sozinha e torna-se amiga dela e quando confiança estiver surgido entre vocês, vou me deitar e me fingir de morto. Então você se aproxima da cabra e diz, 'cara, meu marido está morto e estou desolada ; exceto por você não tenho amigos : venha, vamos lamentar e chorar, e enterrar o corpo dele.' E com estas palavras venha e traga ela com você. Então eu vou saltar e matar ela com uma mordida no pescoço.” Ela prontamente concordou e após ficar amiga da cabra, quando confiança estava estabelecida, ela falou as palavras sugeridas pelo marido. A cabra respondeu, “Minha cara, todos os meus parentes foram devorados por teu marido. Temo ; não posso ir.” “Não tema ; que dano pode um morto te fazer ?” “Teu marido é de mente cruel ; temo.” Mas depois sendo repetidamente importunada a cabra pensou, “Ele certamente está morto,” e consentiu em ir com ela. No caminho porém ela pensou, “Quem sabe o quê acontecerá ?” e suspeitando ela fez a chacal fêmea ir na frente, mantendo um olho aguçado no chacal. Ele escutou o som das patas delas e pensou, “Aí vem a cabra,” e pendurou a cabeça e rolou os olhos ao redor. A cabra vendo-o fazer isto disse, “Este tratante patife quer me levar para dentro e me matar : ele lá jaz fingindo de morto,” e ela girou e fugiu. Quando a chacal fêmea perguntou porquê fugia, a cabra deu a razão e falou a primeira estrofe :

Por quê os olhos de Putimansa arregalam-se ?
Seus olhares me desagradam :
De tal amigo se deve ter cautela,
E para longe fugir.

Com estas palavras ela girou e foi direto para sua própria toca. E a chacal fêmea falhando em pará-la ficou com raiva e foi para seu marido e sentou lamentando-se. Então o chacal a censurou falando a segunda estrofe :

Veni, minha esposa, parece fraca da cabeça,
Xingar amiga que fez
Abandonada pode apenas sentar
E chorar, traída pela arte de Mela.

Escutando isto a chacal fêmea falou a terceira estrofe :

Você também, meu senhor, dificilmente é sábio,
E, tola criatura, levantar a cabeça,
Arregalando os olhos abertos,
Apesar de fingir estar morto.

__________________

Em tempo apropriado aqueles que são sábios
Sabem quando abrir ou fechar seus olhos,
Quem olha no momento errado, irá,
Como Putimansa, sofrer derrota.

Esta estrofe foi inspirada pela Perfeita Sabedoria.

_________________

Mas a chacal fêmea confortou Putimansa e disse, “Meu senhor, não se avexe, encontrarei um meio de trazê-la aqui novamente e quando ela vier, esteja preparado e pegue ela.” Então ele procurou a cabra e disse, “Minha amiga, tua vinda se mostrou útil para nós ; pois assim que você apareceu, meu senhor recuperou a consciência e ele agora está vivo. Venha e converse amigavelmente com ele,” e assim falando disse a quinta estrofe :

Nossa antiga amizade, cabra, ainda uma vez revive,
Venha com tigela cheia até nós, prego,
Meu senhor que acreditava morto ainda vive,
Com saudação gentil visite-o ho-je.

A cabra pensou, “Esta tratante patife quer me levar para dentro. Não devo agir como uma inimiga aberta ; encontrarei meios de enganá-la,” e ela falou a sexta estrofe :

Nossa antiga amizade revive,
Uma tigela bem cheia alegre cedo :
Com um grande cortejo irei ;
Para festejarmos bem, corra para casa.

Então a chacal fêmea perguntou sobre os seguidores, o cortejo e falou a sétima estrofe :

Que tipo de acompanhante trarás,
Que darei boas vindas para festejar bem ?
Os nomes de todos lembrando
Para nós, prego, diga verdadeiramente.

A cabra falou a oitava estrofe e disse :

Sabujos cinza e marrom, outro com quatro olhos,
Com Jambuka formam meu cortejo de verdade :
Vá rápido para casa e prepare
Para todos alimento abundante.

[ N. do tr.: Maliya e Pingiya se referem as cores dos cachorros ; Caturaksha é um dos cães de Yama no Rigveda e Jambuka um espírito no cortejo de Skanda – onde vemos novamente referências aos deuses hindus ]

Cada um destes,” ela adicionou, “está acompanhado de quinhentos cachorros : então aparecerei com um cortejo de dois mil cães. Se eles não acharem comida eles te matarão e ao teu marido para comer.” Escutando isto a chacal fêmea ficou com tanto medo que pensou, “Já tive o bastante dela vindo até nós ; encontrarei meios de impedi-la de vir,” e falou a nona estrofe :

Não deixe tua casa ou temo
Teus bens poderão sumir :
Levarei tua saudação ao meu marido ;
Não se agite : não, nem uma palavra !

Com estas palavras ela correu com grande pressa, como se corresse pela vida e tomando seu marido consigo fugiram correndo. E nunca mais ousaram voltar àquele lugar.

__________________

O Mestre terminou aqui e identificou o Jataka : “Naqueles dias eu era a divindade que habitava lá em uma velha árvore da floresta.”