sexta-feira, 4 de novembro de 2011

437 Buddha e o chacal


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           pintura de Ajanta, Índia

437
Por quê os olhos de Putimansa...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana relativa ao subjugar dos sentidos. Pois certa vez haviam muitos Irmãos que não mantinham guarda na avenida dos sentidos. O Mestre disse ao ancião Ananda, “Devo aconselhar estes Irmãos,” e devido à vontade deles de auto controle os reuniu na assembleia dos Irmãos e sentou no meio de um sofá ricamente adornado e assim se dirigiu a eles : “Irmãos, não é certo que um Irmão sob a influência da beleza pessoal coloque suas afeições em atributos mentais ou físicos, pois vai que ele morre em tal momento, ele re-nasce no ínfero e em estados ruins semelhantes. Um Irmão não deve alimentar sua mente com atributos mentais e físicos. Aqueles que fazem isto mesmo na presente condição das coisas estão inteiramente arruinados. Portanto é bom, Irmãos, que o olho dos sentidos seja tocado com um prego de ferro quente.” E aqui ele deu outros detalhes, adicionando, “Há um tempo para ti para ver a beleza e um tempo para não considerá-la : no tempo de vê-la, veja-a não sob a influência do quê é agradável mas do que é desagradável. Assim tu não cairás para fora da tua própria esfera. O quê então é esta tua esfera ? As quatro meditações diligentes mesmo, o caminho óctuplo sagrado, as nove condições transcendentes. Se vocês andarem neste domínio próprio de vocês, Mara não encontrará entrada, mas se vocês estão submetidos as paixões e olham as coisas sob a influência da beleza pessoal, como o chacal Putimansa, vocês cairão fora da própria esfera verdadeira,” e com estas palavras ele relatou uma história do passado.

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Certa vez no reino de Brahmadatra, rei de Benares ( Varanasi ), muitas centenas de cabras selvagens habitavam uma caverna da montanha em um distrito de floresta nos cumes dos Himalaias. Não distante do lugar de domicílio deles um chacal chamado Putimansa com sua esposa Veni vivia numa caverna. Um dia quando ele estava vagueando ao redor com sua esposa, ele espreitou estas cabras e pensou, “devo encontrar algum meio de comer a carne destas cabras,” e com algum artifício ele matou um única cabra. Ambos, ele e sua esposa, alimentando-se de carne de cabra cresceram fortes e grandes de corpo. Gradativamente as cabras diminuíram de número. Entre elas havia uma cabra sábia chamada Melamātā. O chacal apesar de hábil em artifícios não a podia matar e aconselhando-se com sua esposa ele disse, “Minha querida, todas as cabras morreram. Devemos pensar como comer esta cabra. Bem aqui tem um plano. Você vai sozinha e torna-se amiga dela e quando confiança estiver surgido entre vocês, vou me deitar e me fingir de morto. Então você se aproxima da cabra e diz, 'cara, meu marido está morto e estou desolada ; exceto por você não tenho amigos : venha, vamos lamentar e chorar, e enterrar o corpo dele.' E com estas palavras venha e traga ela com você. Então eu vou saltar e matar ela com uma mordida no pescoço.” Ela prontamente concordou e após ficar amiga da cabra, quando confiança estava estabelecida, ela falou as palavras sugeridas pelo marido. A cabra respondeu, “Minha cara, todos os meus parentes foram devorados por teu marido. Temo ; não posso ir.” “Não tema ; que dano pode um morto te fazer ?” “Teu marido é de mente cruel ; temo.” Mas depois sendo repetidamente importunada a cabra pensou, “Ele certamente está morto,” e consentiu em ir com ela. No caminho porém ela pensou, “Quem sabe o quê acontecerá ?” e suspeitando ela fez a chacal fêmea ir na frente, mantendo um olho aguçado no chacal. Ele escutou o som das patas delas e pensou, “Aí vem a cabra,” e pendurou a cabeça e rolou os olhos ao redor. A cabra vendo-o fazer isto disse, “Este tratante patife quer me levar para dentro e me matar : ele lá jaz fingindo de morto,” e ela girou e fugiu. Quando a chacal fêmea perguntou porquê fugia, a cabra deu a razão e falou a primeira estrofe :

Por quê os olhos de Putimansa arregalam-se ?
Seus olhares me desagradam :
De tal amigo se deve ter cautela,
E para longe fugir.

Com estas palavras ela girou e foi direto para sua própria toca. E a chacal fêmea falhando em pará-la ficou com raiva e foi para seu marido e sentou lamentando-se. Então o chacal a censurou falando a segunda estrofe :

Veni, minha esposa, parece fraca da cabeça,
Xingar amiga que fez
Abandonada pode apenas sentar
E chorar, traída pela arte de Mela.

Escutando isto a chacal fêmea falou a terceira estrofe :

Você também, meu senhor, dificilmente é sábio,
E, tola criatura, levantar a cabeça,
Arregalando os olhos abertos,
Apesar de fingir estar morto.

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Em tempo apropriado aqueles que são sábios
Sabem quando abrir ou fechar seus olhos,
Quem olha no momento errado, irá,
Como Putimansa, sofrer derrota.

Esta estrofe foi inspirada pela Perfeita Sabedoria.

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Mas a chacal fêmea confortou Putimansa e disse, “Meu senhor, não se avexe, encontrarei um meio de trazê-la aqui novamente e quando ela vier, esteja preparado e pegue ela.” Então ele procurou a cabra e disse, “Minha amiga, tua vinda se mostrou útil para nós ; pois assim que você apareceu, meu senhor recuperou a consciência e ele agora está vivo. Venha e converse amigavelmente com ele,” e assim falando disse a quinta estrofe :

Nossa antiga amizade, cabra, ainda uma vez revive,
Venha com tigela cheia até nós, prego,
Meu senhor que acreditava morto ainda vive,
Com saudação gentil visite-o ho-je.

A cabra pensou, “Esta tratante patife quer me levar para dentro. Não devo agir como uma inimiga aberta ; encontrarei meios de enganá-la,” e ela falou a sexta estrofe :

Nossa antiga amizade revive,
Uma tigela bem cheia alegre cedo :
Com um grande cortejo irei ;
Para festejarmos bem, corra para casa.

Então a chacal fêmea perguntou sobre os seguidores, o cortejo e falou a sétima estrofe :

Que tipo de acompanhante trarás,
Que darei boas vindas para festejar bem ?
Os nomes de todos lembrando
Para nós, prego, diga verdadeiramente.

A cabra falou a oitava estrofe e disse :

Sabujos cinza e marrom, outro com quatro olhos,
Com Jambuka formam meu cortejo de verdade :
Vá rápido para casa e prepare
Para todos alimento abundante.

[ N. do tr.: Maliya e Pingiya se referem as cores dos cachorros ; Caturaksha é um dos cães de Yama no Rigveda e Jambuka um espírito no cortejo de Skanda – onde vemos novamente referências aos deuses hindus ]

Cada um destes,” ela adicionou, “está acompanhado de quinhentos cachorros : então aparecerei com um cortejo de dois mil cães. Se eles não acharem comida eles te matarão e ao teu marido para comer.” Escutando isto a chacal fêmea ficou com tanto medo que pensou, “Já tive o bastante dela vindo até nós ; encontrarei meios de impedi-la de vir,” e falou a nona estrofe :

Não deixe tua casa ou temo
Teus bens poderão sumir :
Levarei tua saudação ao meu marido ;
Não se agite : não, nem uma palavra !

Com estas palavras ela correu com grande pressa, como se corresse pela vida e tomando seu marido consigo fugiram correndo. E nunca mais ousaram voltar àquele lugar.

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O Mestre terminou aqui e identificou o Jataka : “Naqueles dias eu era a divindade que habitava lá em uma velha árvore da floresta.”



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