domingo, 5 de março de 2023

507 Buddha príncipe Anitthi-gandha


                          Sanchi, Índia


507

        “Do céu de Brahma...etc” – Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre a contaminação da santidade. As circunstâncias já foram dadas. Aqui novamente disse o Mestre, “Mulheres causam contaminação mesmo em almas santificadas,” e então contou esta história do passado.

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       Certa vez em Benares – aqui a história do passado continua como no jataka 263. Aqui novamente o Grande Ser desce do mundo de Brahma como o filho do Rei de Kasi e seu nome era Príncipe Anitthi-gandha, avesso-a-mulher. Nas mãos de mulheres não ficaria; elas precisavam vestir-se como homens para dar a ele o seio; ele morava num quarto de meditação e nunca viu uma mulher.

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     Para explicar isto, o Mestre repetiu quatro estrofes,

 

  Do céu de Brahma um deus desceu, e aqui sobre esta terra

  Como filho de Rei que qualquer desejo é lei, teve seu nascimento.

 

  No céu de Brahma nenhum ato de luxúria, nem menção, nunca chegaram:

  Então nascido neste mundo, o príncipe agora desprezava até seu nome.

 

  Dentro do palácio ele fez um quarto apenas para si,

  Onde mergulhado em meditação profunda passava seus dias sozinho.

 

  O Rei, tornando-se angustiado por seu filho, lamentava-se de vê-lo lá:

  ‘Um único filho tenho e ele para prazeres não liga.’

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          A quinta estrofe descreve a lamentação do rei:

   Ó, quem pode me dizer o que fazer! Ó, não há nenhum artifício ?

   Quem o ensinará a anelar alegrias do amor e quem poderá seduzí-lo ?

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      A próxima estrofe e meia são da perfeita sabedoria:

 

    Há uma garota, de formas graciosas, de pele amável e bela:

      Ela conhecia um mundo de canções bonitas e bem podia dançar e girar.

      Esta garota procurou sua majestade e então ela começou.

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  A próxima linha é dita pela jovem garota.

 

   ‘Vou seduzí-lo, se você me conceder casar com ele.’

  O rei respondeu à donzela e assim ele disse:

   ‘Se você tiver sucesso em aliciá-lo, teu marido ele será.’

   O rei então deu ordens para que toda oportunidade fosse concedida a ela e a enviou para permanecer junto ao príncipe. De manhã, pegando seu violão ela foi e permaneceu justo do lado de fora do quarto de dormir do príncipe e tocando seu violão com as pontas dos dedos tentou atraí-lo cantando com voz doce.

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   Para explicar isto o Mestre disse:

     A garota entrou dentro da casa e onde ela ficou

     Cantou canções doces e lânguidas, para penetrar um coração amante.

 

   Lá enquanto a garota ficava e cantava, o príncipe, que escutava o som,

   Direto caiu em afeição e perguntou aos empregados que estavam lá –

 

  Que som melodioso é este que escuto tão claramente,

  Perfurando o coração com pensamentos de amor, delicioso aos ouvidos ?

 

   Uma jovem, sua alteza, bela de ver, de alegria infinita:

   Gozarias das doçuras do amor, rendendo-se, entregando-se, a esta delícia?

 

   Veja, aqui, deixa ela vir para mais perto e deixe ela cantar ainda mais,

   Aqui deixe ela cantar diante da minha face dentro do meu quarto !

 

   Ela que cantara do lado de fora estava dentro do quarto agora:

   Ela o pegou como um elefante é pego numa armadilha na floresta.

  

    Ele sentiu a alegria do amor e vejam ! olhem o ciúme plenamente crescido:

    ‘Nenhum outro homem a amará! ele gritou, ‘mas eu apenas a amarei!’.

 

    ‘Nenhum outro homem mas eu apenas!’ ele gritava; e foi para fora –

     Pegou uma espada e correu querendo matar com raiva todos os homens!

   O Povo gritando alarmado fugiu todo para o palácio:

   ‘Teu filho está matando todo mundo mesmo sem provocação!’ gritavam.

 

    O Rei guerreiro o prendeu e o baniu de diante de sua face:

     ‘Dentro dos limites do meu reino tu não encontrarás lugar.’

 

    Ele pegou sua esposa e viajou até que no oceano ele chegou;

    Lá construiu uma cabana de folhas e viveram de coletas da floresta. 

 

     Um eremita santo voando alto chegou atravessando o oceano,

     Entrou na cabana no momento que a comida estava pronta e servida.

 

     A mulher o tentou: - agora vejam como a coisa toda é vil!

     Ele caiu da castidade e todo seu poder mágico se foi!

 

     A noite chegou; o príncipe retornou e de sua coleta trouxe

     Pendurado na sua vara um carregamento abundante de raízes e coisas da floresta selvagem.

 

      O eremita vê o príncipe se aproximando: ele desce então para a praia,

       Pensando em viajar pelos ares mas afundou nos mares!

 

      Mas quando o príncipe contemplou o sábio afundando nos mares,

      Piedade brotou dentro dele e estes versos então ele disse:

 

      ‘Para cá, não viajando pelos mares, você veio com poder mágico,

       Mas agora você afunda; uma esposa ruim te levou a esta vergonha.

 

      Traidoras sedutoras, elas tentam o mais santo até a sua queda:

      Para baixo, para baixo eles afundam: quem conhece as mulheres deve fugir para longe delas todas.

 

      De fala doce, difícil de satisfazer, como rios difíceis de preencher;

      Para baixo, para baixo eles afundam: quem conhece as mulheres deve fugir para longe delas com calma.

 

      E quem quer que elas possam servir por ouro ou por desejo,

      Elas queimam inteiro, qual combustível que queima jogado em chamas de fogo’.

 

      O eremita escutou as palavras do príncipe; ele desprezava o mundo tão vão:

      Retornou para seu Caminho anterior e elevou-se nos ares novamente.

 

      Assim que o príncipe viu como nos ares ele se elevou,

      Afligiu-se e com um firme propósito ele escolheu a vida santa;

 

      Então, tornando-se religioso, inteiramente apagou sua luxúria e quente desejo;

      E a paixão subjugada, ao mundo de Brahma daí em diante ele aspirou. 

 

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          Este discurso terminado, o Mestre disse, “Assim Irmãos, por causa de mulher mesmo almas santificadas pecam;” então ele declarou as Verdades: ( então na conclusão das Verdades, o Irmão relapso atingiu a santidade: ) após o que ele identificou o Jataka dizendo, “Naquele tempo eu mesmo era Príncipe Anitthigandha.”