sábado, 26 de janeiro de 2013
Udaya em Ajanta
A história anterior pintada em Ajanta na caverna IX em desenho de Monika Zin baseados em desenhos preliminares de Matthias Helmdach em 'Guide to Ajanta paintings', vol 1, de Dieter Schhlingloff, MM Publishers, 1999, New Delhi. As três visitas, em três dias, parecem se suceder no roteiro em pedra, primeiro no jardim do palácio cercado e depois no quarto mesmo. O duende é chamado de gênio e o vemos nos ares. A figura em pé pertence à cena do lado.
domingo, 20 de janeiro de 2013
458 Buddha Sakra
458
“Tu sem
falha...etc.”- Esta história o Mestre contou, enquanto
residia em Jetavana sobre um Irmão relapso. A ocasião
será explanada no Jataka Kusa de número 531. Novamente
o Mestre perguntou ao sujeito, “É vero, Irmão que és
relapso, como dizem ?” E ele respondeu, “É, senhor.”
Então ele disse, “Ó Irmão, por quê és
relapso em uma religião como a nossa que leva à
salvação e tudo por luxúria da carne ? Sábios
antigos, que eram reis em Surundha, uma cidade próspera e
medindo doze léguas nas duas direções, apesar de
por setecentos anos residirem em um mesmo aposento com uma mulher
bela como ninfa divina, ainda assim não cedeu aos sentidos e
nunca nem mesmo olhou
para ela com desejo.” Assim falando, ele contou uma história
do passado. Cf. Jatakas 328 e 443.
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Certa vez
quando rei Kasi reinava no domínio Kasi, em Surundha sua
cidade, não tinha ele nem filho nem filha. Então pediu
para que suas rainhas rezassem por filhos. O Bodhisatva, saindo do
mundo de Brahma, foi concebido no útero da rainha principal.
E porque seu nascimento alegrou os corações de uma
multidão de gente, recebeu o nome de Udayabhadda ou Bem-vindo.
No tempo em que o garoto passou a andar nos próprios pés,
outro ser veio para este mundo vindo do mundo de Brahma e tornou-se
uma menina no útero de outra das rainhas deste rei e foi
chamada com o mesmo nome, Udayabhadda ou Bem vinda.
Quando o
Príncipe atingiu a idade, alcançou o magistério
em todos os ramos da educação ; mais, era casto a tal
ponto que nada sabia dos atos da carne nem mesmo em sonho nem estava
seu coração inclinado ao pecado. O rei desejava tornar
seu filho o rei, com a aspersão solene, e arranjar jogos para
o prazer dele ; e deu ordens de acordo com isto. Mas o Bodhisatva
respondeu “Não quero o reino, meu coração não
se inclina ao pecado.” Por várias vezes foi solicitado
contudo sendo a resposta que fizessem uma imagem de mulher de ouro
vermelho, que ele enviou para seus pais, com a mensagem, “Quando
encontrar uma mulher como esta, aceitarei o reino.” Esta imagem
dourada foi apresentada por toda a Índia mas não
encontraram mulher como ela. Então arrumaram Bem-vinda
finamente e compararam ela com a imagem ; e a beleza dela
ultrapassava a da imagem. Então casaram ela com o Bodhisatva,
contra os desejos deles, sua meia irmã, nascida de mãe
diferente, Princesa Bem-vinda e o ungiram rei.
Estes dois
viviam juntos uma vida casta. Com o pasar do tempo, quando seus pais
já estavam mortos, o Bodhisatva legislou o reino. Viviam
juntos num mesmo aposento, ainda assim negando os sentidos e nunca
nem mesmo olhando um para o outro com desejo ; não, uma
promessa eles fizeram, que aquele que morresse primeiro, deveria
retornar até o outro do lugar de seu novo nascimento e dizer,
'Em tal lugar nasci de novo.'
A partir da data
da sua unção, o Bodhisatva viveu setecentos anos e
depois morreu. Outro rei não havendo, as ordens de Bem-vinda
foram promulgadas e os cortesãos administravam o reino. O
Bodhisatva tornou-se Sakra no Céu dos Trinta e Três e
devido à magnificência de sua glória por sete
dias foi incapaz de lembrar o passado. Então após
passar setecentos anos, de acordo com a contagem humana, lembrou (
'um dia é como cem anos' ) e disse para si mesmo, “Vou até
a filha de rei Bem-vinda e a tentarei com riquezas e rugindo o rugido
de leão discursarei e cumprirei minha promessa !”
Nesta idade do
mundo dizem que o tamanho da vida humana era de dez mil anos. Bem,
naquele momento, sendo uma hora da noite, as portas do palácio
estavam bem fechadas e a guarda estabelecida e a filha do rei sentada
quieta e sozinha em um aposento magnífico no terraço do
sétimo andar de sua mansão, meditando em suas virtudes.
Então Sakra pegando um prato dourado cheio de moedas de ouro,
apareceu em seu quarto de dormir ficando diante dela ; e permanecendo
em um dos lados, começou a dialogar com ela recitando a
primeira estrofe :
Tu
sem falha na beleza, pura e brilhante,
Tu
sentada sozinha nesta alto terraço,
Em
pose graciosa, com olhos de ninfa celeste,
Peço,
deixe-me passar contigo esta noite !
A isto a
princesa respondeu com as duas estrofes seguintes :
Desta
cidade ameada, cavada com fossos, é difícil
aproximar-se,
Enquanto
suas trincheiras e torres mão e espada unidas a guardam.
Nem o
jovem nem o poderoso facilmente ganham entrada aqui ;
Diga-me
– por quê a razão estás ansioso de me encontrar
?
Então
Sakra recitou a quarta estrofe :
Sou um
Duende, linda mulher, que apareço diante de ti
Conceda-me
um favor, senhora, aceite esta tigela cheia.
Escutando isto a
princesa respondeu repetindo a quinta estrofe :
Não
quero ninguém desde que Udaya morreu,
Nem
deus nem duende, nem homem, do lado :
Portanto,
Ó poderoso Duende, vae embora
Não
venha mais aqui e fique bem longe.
Escutando seu
rugido de leoa, ele não ficou mas fez como se partisse e
desapareceu. Dia seguinte na mesma hora, ele pegou um prato de prata
cheio de moedas douradas e se dirigiu até ela repetindo a
sexta estrofe :
Aquela
alegria principal, conhecida completamente pelos amantes,
Que
leva os homens a fazer muitas coisas más,
Não
despreze tu, Ó senhora, sorrindo docemente :
Veja,
uma tigela cheia de prata trago aqui !
A princesa
então começou a pensar, “Se permito que ele fale e
reclame, ele virá novamente. Nada direi à ele agora.”
Com isto ela nada disse. Sakra vendo que ela nada tinha a dizer,
desapareceu imediatamente deste lugar.
Dia seguinte,
na mesma hora, ele pegou uma tigela de ferro cheia de moedas e disse,
“Senhora, se me abençoares com o teu amor, te darei esta
tigela de ferro cheia de moedas.” Quando ela o viu, a princesa
repetiu a sétima estrofe :
Homens
que cortejam uma mulher, aumentam e elevam,
As
ofertas de ouro, até que ela lhes obedeça.
O
caminho dos deuses difere, julgando por você
Vens
agora com menos do que nos outros dias.
O Grande Ser,
quando escutou estas palavras respondeu, “Senhora Princesa, sou um
comerciante cauteloso e não desperdiço minhas posses
com nada. Se você aumentasse em juventude ou beleza, eu também
aumentaria o presente que ofereço a ti ; mas você está
murchando e assim faço a oferta minguar também.”
Assim falando, ele repetiu estas três estrofes :
Ó
mulher ! A beleza e o vigor da juventude murcham
Neste
mundo das pessoas, tu mulher de belos membros.
E
você ho-je estás mais velha do que antes,
Então
míngua para menos a soma que pagaria.
Assim,
gloriosa filha de rei, diante dos meus olhos admirados
Como
voa o dia e a noite tua beleza murcha e morre.
Mas
se, Ó filha de rei o mais sábio, te agrada
Santa
e pura podes durar, mais amável serias !
Com isto a
princesa repetiu outra estrofe :
Os
deuses não são como as pessoas, eles não
envelhecem ;
Em
sua carne não se vê dobra de ruga.
Como
é isto se os deuses não têm constituição
corporal ?
Sobre
isto, poderoso Duende, agora me conte !
Então
Sakra explicou o assunto repetindo outra estrofe :
Os
deuses não são como as pessoas, eles não
envelhecem ;
Em
sua carne não se vê dobra de ruga :
A-manhã
e a-manhã sempre mais
Cresce
a beleza celestial e benção incontável.
Quando ela
escutou sobre a beleza do mundo dos deuses, perguntou o caminho para
ir para lá em outra estrofe :
O
quê aterroriza tantos mortais aqui ?
Te
pergunto, poderoso Duende, para esclarecer
O
caminho, explicado de modo tão diverso :
Qual
o caminho para o céu que ninguém deve temer ?
Então
Sakra explicou o assunto em outra estrofe :
Quem
mantem controlados voz e mente,
Quem
não ama pecar com o corpo,
Dentro
da casa que há muita comida e bebida,
Mão
aberta, bondoso, em toda a fé toda a verdade,
Livre
de favores, de língua macia, de ânimo gentil -
Aquele
que assim caminha para o céu nada deve temer.
Quando a
princesa escutou suas palavras, ela agradeceu em outra estrofe :
Qual
mãe, qual pai, Duende, me aconselhaste :
Poderoso,
Ó belo ser, me diga, me diga quem és ?
Então
o Bodhisatva repetiu outra estrofe :
Sou
Udaya, bela senhora, como prometi vim a ti :
Agora,
vou, pois já falei : estou livre da promessa.
A princesa
respirou profundamente e disse, “És Rei Udayabhadda, meu
senhor !” e então explodiu em um dilúvio de lágrimas
adicionando, “Sem você não posso viver ! Me instrua,
para que possa viver contigo para sempre !” Assim falando ela
repetiu outra estrofe :
Se és
Udaya, que vieste aqui pela promessa – verdadeiramente ele -
Então
me instrua,ó príncipe, para ficarmos juntos novamente.
Então ele
repetiu quatro estrofes a guisa de instrução :
Juventude
passa logo : um momento – e acabou ;
Nenhuma
posição é firme : todas as criaturas morrem
Nascido
em nova vida : esta frágil estrutura decae :
Portanto
não descuide, ande em piedade.
Se
toda a terra com toda sua riqueza pudesse ser
O
reino de apenas um rei possuir como feudo
Um
santo sagrado o ultrapassaria na corrida :
Portanto
não descuide, ande em piedade.
Mãe
e pai, irmão e ela
(
A esposa ) que por um preço pode ser comprada,
Eles
vão e cada um deixa o outro para trás :
Portanto
não descuide, ande em piedade.
Lembre
que este corpo será alimento
Para
outros ; alegria semelhante a miséria,
Uma
hora que passa, enquanto vida sucede vida :
Portanto
não descuide, ande em piedade.
Deste modo
discursou o Grande ser. A senhora ficando agraciada com o discurso,
agradeceu nas palavras da última estrofe :
Doce
a fala deste Duende : breve a vida que os mortais conhecem,
Ela
é triste, curta e com ela vem inseparavelmente sofrimento.
Renuncio
ao mundo : de Kasi, de Surundhana, saio.
Tendo assim
discursado a ela, o Bodhisatva voltou para seu próprio lugar.
A princesa dia
seguinte confiou a seus cortesãos o governo ; e nesta cidade
mesma dela, em um parque agradável, se tornou reclusa. Lá
ela viveu retamente, até que no fim dos seus dias nasceu
novamente no Céu dos Trinta e Três, como ajudante do
Bodhisatva.
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Quando o
Mestre terminou este discurso, declarou as Verdades e identificou o
Jataka : ( bem, na conclusão das Verdades, o Irmão
relapso foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho
:) - “ Naquele tempo a mãe de Rahula era a princesa e Sakra
era eu mesmo.”
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