sexta-feira, 13 de julho de 2012

449 Buddha Filho dos Deuses



449
Por quê na floresta ...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto hospedava-se em Jetavana sobre um fazendeiro cujo filho morreu. Em Savatthi, escutamos que a morte levou um filho amado de um certo fazendeiro que costumava permanecer junto ao Buddha. Aflito com o sofrimento por seu filho, o homem não se lavava nem comia, não continuou com seus negócios nem permanecia mais junto ao Buddha, só chorava, “Oh, meu filho amado, tu me deixaste e foste antes !”

Quando de manhã o Mestre contemplava o mundo, ele percebeu que este homem estava maduro para atingir o Fruto do Primeiro Caminho. Então, dia seguinte, dirigindo seus seguidores através da cidade de Savatthi em coleta de oferta, depois que sua refeição estava feita, ele mandou os Irmãos seguirem e junto com Ancião Ananda caminhou até o lugar onde este homem vivia. Disseram ao fazendeiro que o Mestre chegara. As pessoas da casa dele prepararam um assento e pediram ao Mestre que sentasse e levaram o fazendeiro até a presença do Mestre. A ele após saudação, e sentado em um dos lados, o Mestre se dirigiu com voz macia cheia de compaixão : “Você se lamenta, Irmão leigo, com a morte do filho único ?” Ele respondeu, “Sim, Senhor.” Disse o Mestre, “Muito, muito tempo atrás, Irmão leigo, sábios que se afligiam com a morte de um filho, escutaram as palavras de outro sábio e claramente discernindo que nada poderia trazer de volta o quê foi perdido, não choraram, nem mesmo um pouco.”
Assim falando, com seu pedido o Mestre contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o filho de um brahmin muito rico, na idade de quinze ou dezesseis anos, foi atacado por uma doença e morrendo veio a ser, nasceu, novamente no mundo dos deuses. Desde o momento da morte do filho o brahmin ia ao cemitério e lamentava-se andando ao redor do monte de cinzas ; e deixando de fazer todas suas tarefas, ele andava ao redor tomado de dor. Um filho dos deuses, enquanto passava, viu o pai, e arquitetou um plano para consolá-lo em seu sofrimento. Ele foi ao cemitério no momento do lamento dele, tomando para si o semblante do filho mesmo do homem e adornado com todo tipo de ornato, permaneceu em um lado, segurando a cabeça com ambas as mãos e chorando em alta voz. O brahmin escutou o barulho e olhou e cheio do amor que carregava pelo filho, parou diante dele dizendo, “Meu filho, garoto querido, por quê estais chorando no meio deste cemitério ?” Questão que ele colocou nas palavras da estrofe seguinte :

Por quê estais aqui na floresta,
Engrinaldado com brincos em cada ouvido,
Fragrância de sândalo saindo de tuas mãos ?
Que dor te faz deixar lágrima cair ?

Então o jovem contou sua história repetindo a segunda estrofe :

Feita de ouro puro e brilhante bastante
Minha carruagem está, onde costumo parar :
Pois um par de rodas não consigo encontrar ;
Por isto sofro tão dolorosamente que devo morrer !

O brahmin escutou e repetiu a terceira estrofe :

Dourada, ou feita com jóias, de qualquer tipo,
De bronze ou de prata, aquilo que tens em mente,
Fale e com tua palavra uma carruagem será feita,
E com isto um par de rodas encontraremos !

Bem, o Mestre ele mesmo, em sua perfeita sabedoria, tendo escutado a estrofe repetida pelo jovem, repetiu a primeira linha de outra -

O jovem brahmin respondeu, quando o outro acabou ;

enquanto o Jovem falava o restante :

Irmãos distantes lá estão sol e a lua !
Com tal par de rodas como aqueles dois lá
Meu carro dourado novo brilho ganhou !

E imediatamente depois :

Tu és um tolo por isto que fazes,
Pedes o quê não deve ser desejado por ninguém ;
Parece-me, jovem senhor, que tua carência deve acabar logo,
Pois nunca conseguirás sol ou lua !

Então -

Diante de nossos olhos eles se põe e se levantam, sem falhar na cor e no curso :
Ninguém vê fantasma : então quem é o mais tolo neste choro ?

Assim disse o garoto ; e o brahmin compreendendo repetiu uma estrofe :

De nós dois chorões, Ó jovem sapientíssimo,
Sou o maior tolo – dizes a verdade,
Em ansiar por um espírito dos mortos,
Como uma criança chorando pela lua, é vero !

Então o brahmin, consolado pelas palavras do jovem, o agradeceu recitando as estrofes restantes :

Ardendo eu estava,como quando uma pessoa derrama óleo no fogo :
Tu realmente trouxeste água e temperaste a dor do meu desejo.

Chorando por meu filho – uma seta cruel estava alojada dentro do meu coração ;
Tu me consolaste na dor e retiraste o dardo.

O dardo extraído, livre do sofrimento, fiquei calmo e tranquilo ;
Escutando, Ó jovem, tuas palavras verdadeiras não choro mais, nem me lamento.

Disse o jovem então, “Sou aquele filho, brahmin, por quem choras ; nasci no mundo dos deuses. De agora em diante não chores mais por mim mas faça ofertas e observe virtude e mantenha o dia santo de jejum.” Com este conselho ele partiu para seu próprio lugar. E o brahmin viveu com o conselho dele ; e depois de muita oferta e outras obras boas ele morreu e nasceu no mundo dos deuses.

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O Mestre, tendo terminado este discurso,declarou as verdades e identificou o Jataka : ( bem na conclusão das Verdades, o fazendeiro foi estabelecido no fruto do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo, eu mesmo era o filho dos deuses que pronunciou o conselho.” 

 Confrontar Jatakas 352, 372 e 410 em que aparecem versos canônicos semelhantes.

   

terça-feira, 3 de julho de 2012

448 Buddha Pássaro








448
Não acredite naqueles...etc.” - Esta história o Mestre contou no Bosque de Bambu, sobre o tentar assassinar. No Salão da Verdade, os Irmãos estavam discutindo a natureza má de Devadatra. “Pois, Senhor, subornando arqueiros e outros para a tarefa, Devadatra tenta assassinar o Dasabala !” O Mestre, entrando, perguntou, “O quê é isto, Irmãos, que vocês estão falando ahi sentados juntos ?” Eles disseram. Ele falou, “Esta não é a primeira vez que ele tenta me assassinar mas aconteceu o mesmo antes” ; e ele contou a eles uma história do passado.
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Certa vez quando reinava em Kosambi ( uma cidade à margem do Ganges ) um rei chamado Kosambaka. Naquele tempo o Bodhisatva tornou-se rebento de uma ave selvagem que habitava num bosque de bambus e além disso era chefe de um bando de centenas de pássaros na floresta. Não longe vivia um Falcão, que quando achava oportuno pegava as aves uma a uma e as comia e no curso do tempo devorou todas e só sobrou o Bodhisatva. Mas ele usava de toda a cautela na busca de comida e morava numa moita de bambu. Nela o Falcão não podia pegá-lo e então passou a pensar com que truque o enganaria para o capturar.
Então ele pousou num ramo próximo e gritou, “Valorosa Ave, o que te faz me temer ? Estou ansioso em fazer amizade contigo. Olha, em tal lugar há comida em abundância ; vamos comer juntos lá, como amigos e companheiros.” - “Não bom Senhor,” respondeu o Bodhisatva, “entre você e eu nunca haverá amizade ; portanto cae fora !” - “Bom Senhor, por meus pecados anteriores você não pode confiar em mim agora ; mas prometo que nunca mais fazer igual !” - “Não, não quero tal amigo ; cae fora eu disse !” Novamente pela terceira vez o Bodhisatva recusou : “Com uma criatura com tais qualidades,” cotejou ele, “amizade nunca deve haver” ; e fez a ampla floresta ressoar, as deidades aplaudindo enquanto ele pronunciava o discurso :

Não confie naqueles cujas palavras são mentiras, nem naqueles que só conhecem
Interesse próprio, nem nos que pecam, nem nos que muito piedosos se mostram.

Algumas pessoas tem natureza como do gado, sedento e cheio de fome :
Têm palavras verdadeiras para lisonjear um amigo mas nunca as realizam.

Estes estendem mãos secas e vazias ; a voz esconde seus corações ;
Daqueles que não conhecem gratidão ( vãs criaturas !) fique longe.

Não coloque tua confiança em homem ou mulher de mente volúvel,
Nem naqueles que tendo feito um pacto estão inclinados a quebrá-lo.

A pessoa que anda em maus caminhos, ameaçando de morte todas as coisas,
Inconstante, não confie nele, como espada afiada na bainha.

Alguns falam palavras macias que não vem do coração e tentam agradar
Fingindo com muitos mostrar amizade : não confie nestes.

Quando pessoas com tal mente má vê comida ou ganho,
Obra todo mal e ela irá mas primeiro será teu dano.

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Estas sete estrofes foram repetidas pelo Rei das Aves. Então foram as quatro estrofes seguintes recitadas pelo rei da Fé, palavras inspiradas pelo insight de Buddha :

Em ampla mostra de amizade muitos seguem um inimigo, ajudando-o ;
Como a Ave deixou o Falcão, é melhor deixar as pessoas ruins.

Quem não é rápido em reconhecer o significado dos eventos,
Cae sob o controle de seus inimigos e depois se arrepende.

Quem o significado dos eventos é rápido em reconhecer,
Como a faina do Falcão a Ave, assim do seu inimigo foge.

De tal armadilha inevitável e traiçoeira,
Mortal, colocada fundo no meio de muitas árvores da floresta,
A pessoa com olhos que veem, longe andará.

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E ele novamente após recitar estas estrofes, chamou o Falcão e o reprovou dizendo, “Se continuares a viver neste lugar, saberei o que fazer contigo.” O Falcão voou para longe dali e foi para outro lugar.

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O Mestre, tendo terminado este discurso, disse, “Irmãos, muito tempo atrás como agora Devadatra tentou planejar minha destruição,” e então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo, Devadatra era o Falcão e eu mesmo a Ave.”