sábado, 14 de abril de 2012

443 Buddha e Sammillabhasini


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                       Pintura de Ajanta, Índia 

443
Se alguém pega ...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana, sobre um homem irascível. Este homem, após tornar-se asceta, seguindo a doutrina que leva a salvação com todas as suas bençãos, foi incapaz de controlar sua paixão : exaltado ele era, cheio de ressentimento ; pouco dito e ele se irava, lançava-se numa paixão, era amargo e obstinado. O Mestre escutando sobre o comportamento irascível dele, mandou chamá-lo e perguntou se era verdade os rumores sobre a violência dele. “Sim, Senhor,” , respondeu o homem. “Irmão,” o Mestre disse, “paixão deve ser restringida ; tal mal feito não tem lugar aqui neste mundo nem no próximo. Por quê tu, depois de abraçar a salvação do Supremo Buddha, que não conhece paixão, mostra-te violento ? Sábios antigos, mesmo aqueles que abraçaram uma religião como a nossa, refrearam a raiva.” E ele contou um conto do mundo antigo. ( Cf. Jataka 328 e 458 que contam a história deste mesmo casal sendo o nome da mulher Sammillabhasini, olhos largos ).

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), havia em uma certa vila de Kasi um brahmin rico, próspero e de grandes posses mas era sem filhos ; e a esposa dele desejava um filho. Naquele tempo o Bodhisatva, descendo do mundo de Brahma, foi concebido no útero daquela senhora ; e no dia do seu batismo deram a ele o nome de Bodhi-kumara ou sábio. Quando atingiu a idade foi para Takkasilā ( Taxila ), onde estou todas as ciências ; e depois que voltou para casa, muito contra sua vontade, seus pais acharam uma donzela para esposa de uma família da mesma casta. Ela também desceu para este mundo vindo do mundo de Brahma e era de beleza extraordinária, como uma ninfa. Estes dois se casaram apesar de nenhum dos dois o desejarem. Nunca nenhum deles cometeu pecado e no caminho da paixão o máximo era olhar para o outro ; nunca nem na cama eles fizeram o ato de reprodução, tão puros eram.
Então aconteceu que logo, quando os pais morreram, e ele decentemente dispôs de seus corpos, o Grande Ser chamando sua esposa, disse a ela, “Bem, senhora, pegue esta fortuna de oitocentos milhões e viva feliz.” - “Eu não, tu, nobre senhor.” Ele disse, “Não quero riqueza nenhuma ; irei para a região do Himalaia e me tornarei recluso e lá encontrarei refúgio.” - “Bem, nobre senhor, são só os homens que devem viver vida ascética ?” “Não,” disse ele, “mas as mulheres também.” “Então não vou pegar aquilo que você vomitou da sua boca ; pois não quero riqueza como você e eu, como você, viverei como reclusa.”
Muito bom, senhora,” disse ele. E ambos juntos distribuíram uma grande quantidade de esmolas, ofertas ; e se arranjando eles fizeram um eremitério ( hermitage ) num lugar agradável. Lá vivendo dos frutos selvagens que pudessem catar, moraram por dez anos inteiros, e ainda assim não atingiram ao ênstase santo.
E depois de viverem vida ascética lá felizes por dez anos, eles atravessaram o campo para arranjar sal e temperos e no tempo devido chegaram a Benares, onde foram residir no parque real.
Bem, um dia o rei, espreitando o guardião do parque que vinha com um presente nas mãos, disse, “Coloque o parque em ordem, vamos nos divertir nele” ; e quando o parque estava limpo e pronto, ele entrou com um grande séquito. Naquele momento aqueles dois estavam sentados em um certo canto do parque passando o tempo na benção da vida religiosa. E o rei ao atravessar o parque, percebeu-os sentados lá ; e quando seus olhos caíram na amável e muito bela senhora, ficou apaixonado. Tremendo de desejo, decidiu perguntar o que ela era do asceta ; e assim se aproximando do Bodhisatva, perguntou a ele. “Grande rei,” o outro respondeu, “ela não é nada para mim ; ela apenas partilha minha vida religiosa mas quando eu vivia no mundo ela era minha esposa.” Escutando isto o rei pensou consigo, “Então ele diz que ela é nada para ele mas na vida mundana era sua esposa. Bem, s'eu pego ela com o poder de minha soberania o quê ele fará ? Vou pegá-la portanto.” E assim se aproximando ele falou a primeira estrofe :

Se alguém pega a dama de olhos largos e a leva para longe de ti,
A amada que senta lá sorrindo, brahmin, o quê tu farias ?

Em resposta a esta questão, o Grande Ser repetiu a segunda estrofe :

Uma vez levantada, nunca me deixaria por minha longa vida, não, nunca :
Como uma tempestade de chuva assenta a poeira novamente,
[ esfrie enquanto ainda é pouca.

Assim o Grande Ser respondeu, alto como um rugido de leão. Mas o rei, apesar de ter escutado, era ainda incapaz por tolice cega de dominar seu coração enamorado e deu ordens a um do seu séquito, “para levar a dama para o palácio.” O cortesão, obediente, a levou, apesar dos reclames dela e dos gritos que a injustiça e o erro eram os caminhos do mundo. O Bodhisatva, que escutou seus gritos, olhou uma vez mas depois não olhou mais. Assim chorando e se lamentando ela foi levada para o palácio.
E o Rei de Benares não ficou no parque mas rapidamente retornou para dentro de casa e mandando chamar a mulher fez grande honra a ela. E ela falou da desvalia de tal honra e do valor único da vida solitária. O rei, descobrindo que de nenhum jeito conseguiria mudar a mente dela, a fez ser colocada em um quarto separado e começou a pensar, “Aqui está uma mulher asceta que não dá valor a toda esta honra e um eremita lá que nunca nem jogou um olhar irado mesmo quando um homem leva uma dama tão bela ! Profunda é a astúcia dos anchoritas ; ele tramará uma revolta sem dúvida e tentará me atingir. Bem, voltarei até ele e descobrirei porque ele fica sentado lá.” E assim incapaz de ficar quieto, ele foi para o parque.
O Bodhisatva sentava costurando seu hábito. O rei, quase só, alcançou-o sem fazer barulho, maciamente. Sem nem olhar para o rei, o outro continuou a coser. “Este sujeito,” pensou o rei, “não falará comigo porque está irado. Este asceta, tratante como é, primeiro ruge, 'Não deixarei a raiva levantar-se mas se ela o fizer a esmagarei enquanto ainda é pequena,' e então estando tão obstinado de cólera não falará comigo !” com esta ideia o rei repetiu a terceira estrofe :

Tu que esbravejaste alto há pouco,
E agora débil de tanta raiva sentas e cerzes !

Quando o Grande Ser escutou isto, ele percebeu que o rei pensava estar ele em silêncio devido à ira ; e desejoso de mostrar que não estava sob a influência da cólera, repetiu a quarta estrofe :

Uma vez levantada, nunca me deixaria por minha longa vida, não, nunca :
Como uma tempestade de chuva assenta a poeira novamente,
[ esfrio enquanto ainda é pouca.

Escutando estas palavras, o rei pensou, “É da raiva que ele fala ou de outra coisa ?” Vou perguntar a ele.” E ele perguntou, repetindo a quinta estrofe :

O quê, nunca te deixaria por tua longa vida, não, nunca ?
Como uma tempestade de chuva assenta a poeira novamente,
[ o quê você esfria enquanto ainda é pouca ?

Disse o outro, “Grande rei, assim raiva traz muita desgraça, e muita ruína ; ela apenas começa dentro de mim mas cultivando sentimentos gentis eu a esfrio,” e então ele repetiu as estrofes seguintes declarando a desgraça da ira :

Aquilo sem a qual uma pessoa vê claramente, com a qual vai cegamente para frente,
Levantou-se dentro de mim mas não foi deixada livre – raiva, tolamente alimentada.

O quê causa satisfação em nossos inimigos,
[ que desejam trazer desgraça sobre nossas cabeças,
Levantou-se dentro de mim mas não foi deixada livre – ira, tolamente alimentada.

Aquilo que se se levanta dentro de nós cega a todos ao nosso bem espiritual,
Levantou-se dentro de mim mas não foi deixada livre – cólera, alimentada de tolice.

Aquilo que, supremo, destrói cada grande benção,
Que faz seus bobos abandonarem toda coisa valiosa,
Poderosa, destrutiva, com sua multidão de medos, -
Ira – recusa-se a me deixar, Ó grande rei !

O fogo se levantará mais alto se o combustível for mexido e virado ;
E porque o fogo se levanta, o combustível ele mesmo queima.

E assim na mente do tolo, a pessoa que não pode discernir,
De uma altercação surge a raiva e com ela se queimará.

Aquele cuja cólera cresce como fogo com combustível e grama que queima,
Qual a lua na quinzena escura, assim sua honra míngua e decae.

Aquele que aquieta sua raiva, como fogo que combustível não tem nenhum,
Qual a lua na quinzena luminosa, sua honra cresce muito bem.

Quando o rei acabou de escutar o discurso do Grande Ser, ele ficou contente e mandou um dos seus cortesãos trazer a mulher de volta ; e convidou o recluso sem paixão a permanecer com ela no parque gozando da vida solitária e prometeu cuidar e protegê-los como devia. Então pedindo perdão, ele polidamente partiu. E os dois moraram lá. Logo a mulher morreu e após a morte dela, o homem retornou para o Himalaias e cultivando as Faculdades e as Consecuções e fazendo com que as Excelências brotassem dentro dele, tornou-se destinado ao céu de Brahma.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka ; ( na conclusão das Verdades o Irmão apaixonado tornou-se estabelecido na fruição do Terceiro caminho :) - “Naquele tempo a mãe de Rahula era a dama asceta, Ananda era o rei e eu mesmo era o asceta.”



sábado, 7 de abril de 2012

441 Ajanta : Irandati, Purnaka e Vidhura



Na pintura de cima o jogo de dados com o rei a esquerda e a conversa no reino Naga à direita : reparem no cavalo em baixo dos dois lados. Embaixo Irandati. 'No meio do quadrinho tinha uma pedra , tinha uma pedra no meio do quadrinho. Caminho do meio'.