sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

459 Buddha Rei




              Pintura de Ajanta, Índia.


   459
A sede...etc.” - Esta história o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana sobre subjugar as paixões ruins, más.
Certa vez, escutamos, quinhentos cidadãos de Savatthi, que eram donos de casa e amigos do Tathagata, aprenderam o Dharma e renunciaram ao mundo, e foram ordenados padres. Vivendo na casa do pavimento Dourado à meia noite indulgiam em pensamentos pecaminosos. ( Todos os detalhes se passam como no Jataka 412 ). Com a ordem do Abençoado, a Irmandade foi reunida pelo Venerável Ānanda. O Mestre sentou em um lugar determinado e sem questioná-los, “Indulgistes em pensamentos pecaminosos ?“, dirigiu-se a eles com compreensão e de modo geral : “Irmãos, não existe pecado insignificante, trivial. Um Irmão deve deter, reprimir, frear, todos os pecados e atingir o conhecimento de um Pacceka-Buddha.” Com estas palavras, ele lhes contou uma história do passado.
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               Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, haviam dois amigos em uma certa vila no reino de Kasi [ cuja capital é Varanasi, Benares ]. Eles saíram para o campo, levando consigo recipientes para beber, que deixaram no caminho enquando cortavam lenha e quando estavam sedentos iam e bebiam água neles. Um deles, quando ia beber, economizou água de seu recipiente e bebeu direto do pote do outro. Ao anoitecer quando saíram da mata e já tinham se banhado, ele ficou pensando. “Pequei ho-je,” pensou ele, “seja por alguma porta do corpo ( visão, audição, etc ) ou qualquer outra ( palavra, pensamento ) ?” . Então ele se lembrou como bebeu água roubada e o arrependimento apossou-se dele e ele chorou, “Se esta sede crescer em mim, ela me levará a um nascimento ruim ! Subjugarei meu pecado.” Então com este gole d'água roubado como causa, ele gradualmente adquiriu insight sobrenatural e atingiu o conhecimento de um Pacceka-Buddha ; e lá ele permaneceu, refletindo sobre este conhecimento que adquiriu.
                 Bem o outro sujeito, tendo se banhado, levantou-se e disse, “Venha amigo, vamos para casa.” Disse o outro, “Vá você para casa, casa não é nada para mim, sou um Pacceka-Buddha.” “Ora ! São como você os Pacceka-Buddhas ?” “Como eles se parecem então ?” “Cabelos longos dois dedos, hábitos amarelos eles vestem, vivem na gruta Nandamula alta no Himalaia.” O Outro bateu na própria cabeça : naquele mesmo momento as marcas de leigo desapareceram, um par de roupas vermelhas o envolveu ao redor, um cinto amarelo como um raio de luz o amarrou, o manto de cima da cor vermelha foi atirado sobre um ombro, um tecido esfarrapado desbotado como uma nuvem de tempestade descandou no seu ombro, uma tigela marrom como abelha balançava no ombro esquerdo ; lá permaneceu pousado nos ares e tendo pronunciado um discurso, elevou-se e desceu apenas na montanha caverna de Nandamula.
               Outra pessoa, que também vivia numa vila de Kasi, um dono de casa, estava sentado no bazaar, quando viu um homem aproximar-se levando a esposa. Vendo-a ( e ela era uma mulher de beleza extraordinária ) ele quebrou os princípios morais e olhou para ela ; então, novamente, ele pensou, “Este desejo, se ele aumentar, me jogará em algum nascimento ruim.” Sendo exercitado na mente, ele desenvolveu insight sobrenatural e atingiu o conhecimento de um Pacceka-Buddha ; então pousado nos ares, ele pronunciou um discurso e também se dirigiu para a caverna Nandamula.
            Aldeões de um lugar em Kasi também eram dois, um pai e um filho, que estavam numa jornada juntos. Na entrada de uma floresta ladrões esperavam. Estes ladrões, se apanhavam pai e filho juntos, seguravam o filho com eles e enviavam o pai dizendo, “Traga um resgate para seu filho” ; ou se dois irmãos, eles mantinham o mais jovem e enviavam o mais velho ; ou se professor e pupilo, mantinham o professor e enviavam o pupilo – e o pupilo por amor ao conhecimento traria dinheiro e libertaria o professor. Bem, quando este pai e filho viram os ladrões parados esperando, o pai disse, “Não me chame de 'pai' e não te chamarei de 'filho'. E concordaram com isto. Então quando os ladrões vieram e perguntaram qual a relação de um para o outro, eles responderam, “Não somos nada um para o outro,” falando uma mentira premeditada. Quando saíram da floresta e descansavam após o banho da noite, o filho examinando sua própria virtude e lembrando esta mentira, pensou, “Este pecado, se ele crescer, me afundará em algum nascimento ruim. Vou dominar o meu pecado !” Assim ele desenvolveu insight sobrenatural e atingiu o conhecimento de um Pacceka-Buddha e pousado nos ares pronunciou um discurso para seu pai e ele também foi para a caverna Nandamula.
               Em uma cidade de Kasi também vivia um zemindar, que impôs proibição para qualquer matança. Bem, quando chegou o tempo que ofertas eram de praxe feitas aos espíritos, uma grande multidão reunida disse, “Meu senhor ! É tempo de sacrifício : deixe-nos matar um veado, um porco e outros animais e fazer ofertas aos Duendes / Gênios” ele respondeu, “Façam como vocês faziam anteriormente.” O povo fez uma grande matança ( para dela se alimentarem ). O homem vendo uma grande quantidade de carne e peixe, pensou consigo mesmo, “Todos estas criaturas vivas as pessoas mataram e tudo por causa da minha palavra apenas !” Ele se arrependeu : e enquanto estava na janela, desenvolveu insight sobrenatural e atingiu ao conheciemtno de Pacceka-Buddha e pousado nos ares proclamou um discurso e então foi para a caverna de Nandamula.
           Outro zemindar que vivia no reino de Kasi, proibiu a venda de bebida alcoólica. Uma multidão gritava para ele, “Meu senhor, que faremos ? Estamos na época do festival de bebida !” Ele respondeu, “Façam como vocês sempre fizeram no passado.” O povo fez seu festival e bebeu bebida forte e caíram na discussão ; braços e pernas se quebraram e coroas rachadas orelhas rasgadas e muita injúria inflingida. O zemindar vendo isto, pensou consigo mesmo, “S'eu não tivesse permitido, não teriam sofrido esta desgraça.” Mesmo por causa desta bagatela, ficou com remorso : então desenvolveu insight sobrenatural e atingiu o conhecimento de um Pacceka-Buddha, pousado nos ares pronunciou um discurso e incitou-lhes à vigilância e também foi para a caverna de Nandamula.
           Algum tempo depois, os cinco Pacceka-Buddhas pousaram no portão de Benares, em coleta de ofertas. Seus mantos e vestes belamente arrumadas, com graça na palavra, iam em suas rondas e chegaram no portão do palácio do Rei. O Rei ficou feliz de vê-los ; e os convidou para entrar em seu palácio, lavou os pés deles, ungiu-s com óleo fragrante, colocou diante deles comida gostosa, dura e macia e sentando em um dos lados, assim falou : “Senhores, que tenhais ainda na juventude abraçado a vida ascética , é bonito ; nesta idade, tornaram-se ascetas vendo a miséria das luxúrias ruins. Qual foi a causa deste gesto de vocês ?” Eles responderam como segue :

Um gole d'água de meu próprio amigo, apesar de amigo, roubei :
Abominando o pecado que pratiquei, fiquei com vontade de
Deixar o mundo, um eremita, para que não pecasse novamente.

Olhei para a mulher de outro ; luxúria cresceu em minh'alma :
Abominando o pecado que pratiquei, fiquei com vontade de
Deixar o mundo, um eremita, para não pecar de novo.

Ladrões pegaram meu pai na floresta : a quem deveria dizer,
Que era outro do que era – uma mentira, bem soube :
Abominando o pecado que pratiquei, fiquei com vontade de
Deixar o mundo, um eremita, para que não pecasse novamente.

As pessoas em um festival de bebidas cheio, muitas bestas mataram,
E não contra a minha vontade :
Abominando o pecado que pratiquei, fiquei com vontade de
Deixar o mundo, um eremita, para não pecar de novo.

Aquelas pessoas que anteriormente de bebida beberam até encher,
Agora completam uma rodada e com isto muitos se machucam,
E não contra a minha vontade.
Abominando o pecado que pratiquei, fiquei com vontade de
Deixar o mundo, um eremita, para não pecar de novo.

Estas cinco estrofes eles repetiram um após o outro.
Quando o rei escutou a explicação de cada um, pronunciou seu louvor, dizendo, “Senhores, seu ascetismo tornou vocês, melhores.”
O rei ficou deliciado com os discursos destes homens. Deu a eles tecidos para vestes exteriores e interiores, remédios, e deixou os Pacceka-Buddhas irem. Eles o agradeceram e retornaram para o lugar de onde vieram. Depois deste acontecimento o rei passou a abominar os prazeres dos sentidos, ficou livre do desejo, não cuidava de comer comida fina e não falava com as mulheres, nem olhava para elas, levantando-se desgostoso no coração e retirando-se para seu aposento magnífico e lá se sentou : fixando o olhar numa parede branca até cair em transe e concebeu dentro de si o rapto da meditação mística. No rapto deste rapto, recitou uma estrofe em desprezo ao desejo :

Fora dele, fora dela luxúria, digo, sem sabores, espinhos insistentes !
Nunca, apesar de seguir muito tempo o erro, tal alegria como esta encontrei !

Então sua rainha principal pensou consigo mesma, “O rei escutou o discurso dos Pacceka-Buddhas e agora não fala mais conosco mas se enterra impotente em seu quarto magnífico. Devo orientá-lo.” Então ela foi até a porta do aposento senhorial e parada na porta, escutou os pronunciamentos do rapto do rei, em desprezo ao desejo. Ela disse, “Ó poderosos rei, falas mal do desejo ! Mas não há nenhuma alegria como a alegria do doce desejo !” Então em louvor ao desejo ela repetiu outra estrofe :

Grande é a alegria do doce desejo : nenhuma alegria maior do que o amor :
Quem segue isto atinge a benção do paraíso superior !

Escutando isto, o rei respondeu : “Pereça, mulher vil ! O quê dizes ? De onde vem a alegria do desejo ? Existem misérias que acontecem para pagar por ele” : com o quê pronunciou as estrofes restantes em desprezo :

De mau gosto, doloroso é desejo, não há dor pior :
Quem segue pecado certamente alcançará dores no ínfero abaixo.

Do que espada bem afiada, ou lâmina implacável, sedenta,
Que ladrões dirigem profundamente ao coração, desejos são mais execráveis.

Um poço fundo a altura de uma pessoa, onde estão carvões em brasas incandescentes,
Um arado aquecido ao sol, - desejo é pior que isto.

Uma peçonha muito venenosa, óleo de difícil extração,
Ou aquela coisa vil verde que se adere ao cobre – desejo é pior que isto.

Assim o Grande Ser discursou para sua consorte. Então ele reuniu seus cortesãos e disse, “Ó cortesãos, cuidem do reino : estou para renunciar ao mundo.” No meio de choro e lamentação de uma grande multidão, ele elevou-se diante deles e pousado nos ares, pronunciou um discurso. Então ao longo da trilha do vento passou para o Himalaia ulterior e em um local encantador construiu um eremitério ; vivendo lá a vida de sábio, até o fim dos seus dias estando destinado ao mundo de Brahma.

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O Mestre, tendo terminado este discurso, adicionou, “Irmãos, não há tal coisa como pecado trivial : o menor de todos deve ser confrontado pelo sábio.” Declarou as Verdades e identificou o Jataka ( e na conclusão das Verdades os quinhentos Irmãos tornaram-se estabelecidos na santidade ) : - “ Naquele tempo os Pacceka-Buddhas atingiram o Nirvana, a mãe de Ra(h)ul(a) era a rainha principal e eu mesmo era o rei.”