sexta-feira, 29 de agosto de 2008

178 Ananda Tartaruga



178
Aqui nasci...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana, como um homem se livrou da malária.

É dito que febre de malária uma vez atingiu uma família em Savatthi. Os pais disseram a seu filho : “Não fique nesta casa, filho ; faça uma brecha na parede e escape para algum lugar ( n. do tr. : Vale notar que aqui o mesmo jeito é usado para sobrepujar o espírito da doença como geralmente para sobrepujar os espíritos dos mortos que supostamente guardam as portas não as partes da casa, onde não há escape). Depois volte novamente – neste lugar existe enterrado um grande tesouro ; cave-o e restaure as riquezas da família, e feliz vida para você !” O jovem rapaz fez como lhe foi ordenado ; fez uma brecha na parede e escapou. Quando a enfermidade já tinha passado, ele retornou e cavou o tesouro com o qual levantou sua propriedade.

Um dia carregado de azeite e ghee, roupas e panos, e outras ofertas, foi para Jetavana, saudou o Mestre e tomou assento. O Mestre entra em conversação com ele. “Escutamos,” disse, “que tiveste malária em sua casa. Como escapaste dela ?” Ele conta ao Mestre tudo acerca disto. Ele diz, “Em dias idos, como agora, amigo leigo, quando perigo surgiu, houve gente que sendo muito apegada à casa para deixá-la, lá morreu ; enquanto aqueles que não era muito apegados a ela, mas partiram para outro lugar, salvaram suas vidas.” Então ao pedido dele o Mestre contou uma história do velho mundo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma cidade como filho do oleiro. Ele ocupava-se no ofício de oleiro e tinha esposa e família para amparar.

E naquele tempo havia um grande lago natural próximo de um grande rio de Benares. Quando havia muita água, rio e lago uniam-se ; mas quando a água estava baixa, eles se separavam.

 Bem peixes e tartarugas sabem por instinto quando o ano será chuvoso e quando haverá seca. Então no momento da nossa história os peixes e tartarugas que viviam naquele lago sabiam que haveria uma seca ; e quando os dois eram apenas uma água, nadaram para fora do lago entrando no rio. Mas havia uma Tartaruga que não iria entrar no rio, porque, ela disse, “Aqui nasci e aqui cresci e aqui foi a casa de meus pais : não posso sair !”

Então na estação quente àgua secou toda. Ela cavou um buraco e enterrou-se, justo no mesmo lugar que o Bodhisatva usava vir para apanhar argila. Lá ele foi atrás de alguma argila ; com uma pá pesada cavou até bater na couraça da tartaruga, girando-o para fora do chão como se fora um grande pedaço de argila. Em sua agonia a criatura pensou, “Aqui eu estou, morrendo, tudo porque fui muito apegada a minha casa para deixá-la !” e nas palavras dos versos seguintes fez seu lamento :-

Aqui cresci, e aqui vivi; meu refúgio foi a argila;
E agora a argila mostra-se falsa do jeito mais doloroso ;
A ti, a ti clamo, ó Bhaggava; escute o que tenho a dizer!

Vá aonde puderes encontrar felicidade, qualquer lugar que seja ;
Floresta ou cidade, lá o sábio, ambos, lar e acolhimento encontrará ;
Vá aonde haja vida; não permaneça em casa para a morte te dominar.

( n. do tr.: A palavra Bhaggava está dirigida ao oleiro; diz a Glosa.) Assim ela continuou falando e falando com o Bodhisatva, até que morreu. O Bodhisatva a levantou e chamando todos os cidadãos assim se dirigiu a eles: “Olhem esta tartaruga. Quando os outros peixes e tartarugas foram para o grande rio, ela estava muito apegada à casa para ir com eles, e enterrou-se no lugar em que apanho minha argila. Então quando eu cavava em busca de argila, atingi sua carapaça com minha pá pesada e o tirei do chão na crença de que era um grande pedaço de argila. Então ele/ela se lembrou do que fizera, lamentando seu fado em dois versos de poesia e expirou. Assim vocês vêem que ele/ela chegou a seu fim porque era muito apegado à sua casa. Cuidem-se para não ser como esta tartaruga. Não digam a vocês mesmos, 'Tenho visão, tenho audição, tenho cheiro, tenho gosto, tenho tato, tenho um filho, tenho uma filha, tenho numerosos empregados e empregadas a meu serviço, tenho ouro precioso' ; não clivais a estas coisas com anseio e desejo. Todo ser atravessa três estágios de existência [ n. do tr.: AUM ; vigília, sonho, sono profundo ; existência grosseira, existência sutil, existência informal. Mas talvez também sejam referência aos modos de vida mesmo já falados supra].” Assim pois ele exortava a multidão com toda a habilidade de um Buddha. O discurso foi transmitido por toda a Índia e durante sete mil anos, por inteiro, foi lembrado. Toda a multidão permaneceu na exortação ; e fez ofertas e obras boas até que por fim foram aumentar as hostes celestes.

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Quando o Mestre terminou, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka :- à conclusão das Verdades o jovem, estabelecera-se no Fruto do Primeiro Caminho: - dizendo, “Ananda era então a tartaruga e o Oleiro era eu mesmo.”



quarta-feira, 27 de agosto de 2008

177 Sakra Senaka




177
Ao redor de nós todos em pé veja...etc.” - Esta é uma história contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre conhecimento perfeito. Como no Mahabodhi Jataka número 528 e no Ummaga Jataka número 538, escutando seu conhecimento ser louvado, ele ressalta, “Não apenas desta vez tem sido sábio o Buddha mas sábio foi antes e fértil em recurso;” e contou a seguinte história antiga.

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Certa certa quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como um Macaco e com uma tropa de oitenta mil macacos vivia no Himalaia. Não distante havia uma vila, as vêzes habitada as vêzes vazia. E no meio desta cidade estava uma árvore tinduka (Diospyros Embryopteris ), com fruto doce, coberta de brotos e ramos. Quando o lugar estava vazio, todos os macacos usavam ir lá e comer o fruto.

Uma vez, na época do fruto, a cidade estava cheia de gente, uma paliçada de bambu foi levantada, e portões guardados. E esta árvore estava com todos seus galhos pendidos com o peso dos frutos. Os macacos começaram a imaginar : “Há tal e tal cidade, onde usamos pegar fruta para comer. Conjecturo se aquela árvore carrega frutos ou não ; estão as pessoas lá ou não ?” Por fim enviaram um macaco explorador para espreitar. Ele descobre que há frutos n' árvore e que a cidade está abarrotada, apinhada, de gente. Quando os macacos entendem que há frutos n' árvore, determinam que comerão o doce fruto ; e crescendo em coragem, um grupo deles vai e conta ao chefe. O chefe pergunta se a cidade está cheia ou vazia ; cheia, disseram. “Então não deveis ir,” disse ele, “porque as pessoas falam muito.” “Mas, Senhor, iremos à meia-noite, quando todos estão presos ao sono e aí comeremos !”

 Assim esta grande companhia obteve permissão do seu chefe, e desceu da montanha e esperou em uma grande rocha vizinha até que o Povo se retirasse para descanso; na vigília do meio, quando o Povo dormia, eles subiram n'árvore e passaram a comer o fruto.

Um homem precisou levantar à noite com um propósito qualquer ; ele saiu para a cidade e lá viu os macacos. Logo deu o alarme ; saíram as pessoas para fora, armadas com arcos e aljavas ou segurando qualquer outro tipo de arma, porretes, pedras, e cercaram àrvore ; “quando vier aurora,” pensaram eles, “os pegaremos !”

Os oitenta mil macacos viram este Povo e ficaram aterrorizados de medo. Eles pensaram, “Nenhuma ajuda temos a não ser a do nosso Chefe apenas ;” então até ele foram e recitaram a primeira estrofe:

Ao redor de nós todos em pé veja, guerreiros armados com arco e aljava,
Ao redor de nós, espada na mão : quem é que aqui, poderá nos livrar ?

Com isto o macaco Chefe respondeu : “Não tema ; seres humanos têm muitas coisas para fazer . Ainda é a vigília meridiana agora ; eles estão pensando - 'Nós vamos matá-los !' mas nós descobriremos algum outro negócio para atrapalhar este negócio deles.” E para consolar os Macacos repetiu a segunda estrofe:

As pessoas têm muitas coisas para fazer ; algo dispersará o encontro;
Vejam o quê sobrou ; comam, enquanto o fruto está no ponto.

O Grande Ser acalmou a tropa de macacos. Se eles não tivessem tido esta migalha de conforto, consolo, teriam explodido os corações e perecido. Quando o Grande Ser já tinha assim confortado os macacos, gritou, “Reúnam todos os macacos !” Contudo ao reuní-los, havia um a quem não acharam, seu sobrinho, um macaco chamado Senaka. Então disseram a ele que Senaka não estava entre a tropa. “Se Senaka não está aqui,” disse ele, “nada temam ; ele dará um jeito de nos salvar.”

Bem, na hora que a tropa saíra, Senaka dormia. Depois ele acordou e não viu ninguém do lado. Então seguiu a trilha deles e logo viu a multidão incitada. “Tropa em perigo,” ele pensou. Justo então espiou, em uma cabana nas bordas da cidade, uma velha, pregada no sono, diante de uma fogueira acesa. E fazendo-se como se fosse um garoto da cidade que foi aos campos, Senaka pega uma tocha e à barlavento, a favor do vento, incendiou a cidade. Todos os homens então largaram os macacos e correram para apagar o fogo. Deste modo os macacos saíram fora rápido e cada um deu um fruto para Senaka.

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Quando este discurso chegou ao fim, o Mestre identificou o Jataka : “Mahanama Sakra era o sobrinho Senaka daqueles dias ; os seguidores do Buddha eram a tropa de macacos ; e eu mesmo o Chefe deles.”


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    Ramayana o épico em que o exército dos Macacos derrota o exército dos demônios e salva a humanidade. 




176 Buddha Conselheiro




176
Um tolo macaco...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um rei de Kosala.

Numa estação chuvosa, desafeto estourou nas fronteiras dele. As tropas estacionaram lá, após duas ou três batalhas nas quais falharam em conquistar seus adversários, enviaram uma mensagem ao rei. A despeito da estação, a despeito das chuvas ele foi para batalha e acampou diante do Parque de Jetavana. Então passou a ponderar. “Esta é uma estação ruim para expedições ; toda greta e buraco está cheio d'água ; a estrada está pesada : vou visitar o Mestre. Com certeza ele perguntará 'onde vais' ; então eu direi a ele. Não apenas nas coisas da vida futura, nosso Mestre nos protege mas protege também nas coisas que vemos agora. Assim se minha viagem não for apropriada, ele dirá 'É má hora de ir, Senhor' ; mas se for próspera hora, nada dirá.” Então entrou na Parque e depois de cumprimentar o Mestre sentou em um dos lados.

Para onde vais, Ó Rei,” perguntou o Mestre, “nesta hora fora de estação ?” “Senhor,” ele respondeu, “Estou à caminho de fronteira para acalmar querelas ; e vim antes me despedir de ti.” A isto o Mestre falou, “Aconteceu o mesmo anteriormente, que poderosos monarcas, antes de sair para a guerra, tenham escutado a palavra do sábio e voltado de expedição inoportuna, fora de hora.” Então com o pedido do rei ele contou uma história antiga.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), ele tinha um Conselheiro que era seu braço-direito e dava a ele conselho nas coisas espirituais e temporais. Houve levante na fronteira, e as tropas estacionadas enviaram mensagem ao rei. O rei arruma a partida na estação das chuvas mesma, e forma um acampamento diante do seu parque, jardim. O Bodhisatva [que era o Conselheiro] estava de pé diante do rei. Naquele momento o Povo havia passado ervilhas no vapor e as lançavam no cocho para os cavalos. Um dos macacos que vivia no parque pulou para baixo vindo de uma árvore, encheu sua boca e mãos com ervilhas, e então subiu de novo e sentado em uma árvore começou a comer. Enquanto comia, uma ervilha caiu da mão dele no chão. Derramando de uma vez todas as ervilhas das mãos e da boca e descendo d'árvore, ele veio, para pegar a ervilha perdida. Mas aquela ervilha não encontrou ; então subiu para sua árvore novamente e sentou parado, muito deprimido, parecendo com alguém que perdeu hum mil num processo judicial. 

O rei observou como fizera o macaco e mostrou ao Bodhisatva. “Amigo, o quê pensas disto ?” ele perguntou. Ao o quê o Bodhisatva respondeu : “Rei, isto é o quê tolos de pouco entendimento têm praxe de fazer ; gastam um dinheiro para ganhar um centavo ;” e ele continua falando a primeira estrofe :

Um tolo macaco, vivendo nas árvores,
Ó rei, quando ambas as suas mãos estavam cheias de ervilhas,
Atirou fora todas direto para buscar uma :
Não há sabedoria, Senhor, em tais como estes.

Então o Bodhisatva aproximou-se do rei e falou com ele de novo, repetindo a segunda estrofe :

Tais somos nós, Ó poderoso monarca, tais todos aqueles que gananciosos são ;
Perdendo muito para ganhar pouco, como o macaco com a ervilha.

Escutando isto o rei girou e voltou direto para Benares. E os fora da lei escutando que o rei saíra da capital para fazer picadinho dos seus inimigos, fugiram das fronteiras.

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No tempo em que esta história foi contada, os fora da lei fugiram justo do mesmo modo. O rei, após escutar as falas do Mestre, levantou-se e pediu licença e voltou para Savatthi.O Mestre depois deste discurso terminado, identificou o Jataka : “Naqueles dias Ananda era o rei e o sábio conselheiro era eu mesmo.”

   [ Esopo buddhista o cão que levava a carne e que vendo o reflexo desta no rio que atravessava larga-a em busca dele, reflexo, reflexão, mente mente, e perde as duas carnes a real e a virtual ]. 




segunda-feira, 25 de agosto de 2008

175 Buddha Abade



            
                    ( Mamalapuram, MahaBalipuram, Índia )
  

175
Não há tribo...etc.” - Esta é uma história contada pelo Mestre em Jetavana, sobre um farsante.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin de Kasi. Chegando na idade, ele foi para Takkasila ( Taxila ) e lá completou sua educação. Então abraçou a vida religiosa, cultivou as Faculdades e as Consecuções e tornando-se preceptor de um cenóbio grande de pupilos passava sua vida nos Himalaias.

Lá por muito tempo morou ; até que tendo que comprar sal e temperos, desceu das terras altas para uma vila da fronteira, onde permaneceu em uma cabana de folhas. Quando eles estavam fora na coleta de ofertas, um macaco malicioso usava entrar no eremitério e virar tudo de cabeça para baixo, derramar àgua dos vasos, quebrar as moringas, enfim fazia uma bagunça na cela onde o fogo estava.

As chuvas terminadas, os anacoretas resolveram retornar e pediram licença aos da cidade ; “pois agora,” eles pensavam, “as flores e frutos estarão maduros nas montanhas.” “A-manhã,” foi a resposta, “iremos até sua moradia com nossas ofertas ; vocês devem comer antes de partir.” Então no dia seguinte levaram até lá abundante comida, sólida e líquida. O macaco pensou consigo mesmo, “Vou enganar estas pessoas e engambelá-las para que me dêem comida também.” Então ele fez uma cara de homem santo buscando ofertas, e próximo aos anacoretas ficou de pé, venerando o Sol. Quando o povo o viu, pensou, “Santos são aqueles que vivem com os santos,” e repetiu a primeira estrofe :

Não há tribo dos animais mas existe este virtuoso aí :
Vejam como este macaco miserável está de pé venerando o Sol !

Deste jeito o Povo louvava as virtudes do macaco. Mas o Bodhisatva, observando, respondeu, “Vocês não conhecem os modos de um macaco malicioso senão não louvariam a quem merece pouco louvor ;” adicionando a segunda estrofe :

Vocês louvam o caráter desta criatura porque vocês não a conhecem ;
Ele maculou o fogo sacro e quebrou todos os potes d'água.

Quando o povo escutou como era farsante o macaco, apanhando paus e pedras atiraram nele e deram as ofertas para os Irmãos. Os sábios retornaram ao Himalaia ; e sem interromper o ênstase místico deles foram por fim para o céu de Brahma.

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Ao final deste discurso, o Mestre identificou o Jataka : “Este hipócrita era naqueles dias o Macaco ; os seguidores do Buddha eram a companhia de sábios e o líder deles era eu mesmo.”


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    O Ramayana sobre os santos Macacos.  



174 Buddha Brahmin



                  ( Escultura de MahaBalipuram, Mamalapuram, Índia )

174
Bastante água...etc.” - Esta história o Mestre contou em sua estadia em Veluvana, sobre Devadatra. Um dia aconteceu dos Irmãos estarem falando no Salão da Verdade sobre a ingratidão e a traição de Devadatra para com os amigos, quando o Mestre entrou, “Não apenas nesta vez, Irmãos, Devadatra foi ingrato e traidor com seus próprios amigos. Ele foi antes, justo o mesmo.” E contou a eles uma velha história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma certa família brahmin numa certa cidade de Kāsi e quando cresceu em idade, casou e se estabeleceu. Naqueles dias havia um certo poço fundo ao lado da auto-estrada na
terra de Kasi, que não tinha caminho para baixo. As pessoas que passavam por aquele caminho, para ganhar mérito, usavam retirar água com uma longa corda e um balde e encher o cocho para os animais ; assim eles davam aos animais, água para beber. Ao redor havia um poderosa floresta, em que tropas de macacos moravam.

Aconteceu numa eventualidade que por dois ou três dias, o suprimento de água que os viajantes usavam retirar, acabou ; e as criaturas nada conseguiam apanhar para beber. Um Macaco, atormentado de sede, andava para baixo e para cima perto do poço procurando água.

Bem, o Bodhisatva passava por ali em suas errâncias, tirou água para si, bebeu dela, e lavou suas mãos ; então ele nota nosso Macaco. Vendo como ele estava sedento, o viajante retira água do poço e enche o cocho para ele. Depois senta-se debaixo de um' árvore para ver o quê a criatura faria.

O Macaco bebe, senta perto e faz uma careta de macaco para amedrontar o Bodhisatva. “Ah, mau macaco !” disse ele, com isto - “quando estavas sedento e sofrendo, te dei bastante água ; e agora você me fazes careta. Bem, bem, ajudar um tratante é desperdício de esforço.” E repetiu a primeira estrofe :

Bastante água te dei
Quando estavas impaciente de calor e sede:
Agora cheio de malícia sentas tagarelando, -
Com pessoas más as boas nada têm a fazer.

Respondeu então o macaco amigo despeitado, “Suponho que pensas que isto seja tudo que posso fazer. Agora vou jogar algo na sua cabeça antes de ir.” Então, repetindo a segunda estrofe, ele prossegue -

Um macaco bem-comportado quem já viu ou ouviu falar ?
Vou largar uns golinhos na sua cabeça ; pois tais são nossos modos.

Logo que escutou isto o Bodhisatva levantou-se para ir. Mas naquele mesmo instante este Macaco do galho onde empoleirava-se, cuspiu como que uma grinalda na cabeça dele ; e fugiu para a floresta guinchando. O Bodhisatva se lavou e seguiu seu caminho.

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Quando o Mestre terminou este discurso, após dizer “Não é apenas agora que Devadatra é assim mas em dias idos também não reconheceu uma gentileza quando apresentada,” ele identificou o Jataka : “Devadatra era o Macaco então e o brahmin era eu mesmo.”



domingo, 24 de agosto de 2008

173 Buddha Eremita




173
Pai, veja ! Um pobre jovem companheiro...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto estava em Jetavana, sobre um tratante. - As circunstâncias serão dadas no Jataka 487. Aqui também o Mestre disse, “Irmãos, não foi nesta vez apenas que este sujeito tornou-se tratante ; em dias idos, quando ele era macaco, fazia truques para ter fogo.” E contou um conto de dias já há muito idos.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin na cidade de Kasi. Quando cresceu, recebeu sua educação em Takkasila ( Taxila ) e se estabeleceu na vida.

Sua esposa antes que fosse tarde deu a ele um filho ; e quando a criança já podia correr para cá e para lá, ela morreu. O marido realizou as exéquias dela e então disse, “O que é o lar para mim agora ? Eu e meu filho viveremos vida de eremitas.” Deixando em lágrimas seus amigos e parentes, leva o garoto para o Himalaia, torna-se um religioso anacoreta e vive de frutas e raízes produzidos pela floresta.

Em um dia durante a estação das chuvas, quando acabara de passar uma tempestade, ele acende alguns gravetos, e deita em um catre ( leito tosco e pobre ), aquecendo-se no fogo. E seu filho senta do lado esfregando os próprios pés.

Bem, um Macaco da selva, castigado pelo frio, espreitou o fogo na cabana de folha de nosso eremita. “Bem,” pensou ele, “supondo que eu entre : eles gritarão Macaco ! Macaco ! E com golpes me expulsarão : não terei chance de me esquentar. - Já sei !” ele gritou. “Arranjarei roupa de asceta e entrarei com este truque !” Então ele coloca a roupa de casca de árvore de um asceta morto, levanta a cesta e o cajado torto dele, e fica de pé diante da porta da cabana, onde ele se encolhe debaixo de uma palmeira. O rapaz o viu e grita para o pai (sem perceber que era um macaco) “Aqui está um velho eremita, com certeza, sofrendo com o frio, vindo para aquecer-se ao fogo.” Então ele se dirige para o pai nas palavras da primeira estrofe, pedindo a ele que deixasse o pobre companheiro aquecer-se :

Pai, veja ! Um pobre companheiro encolhido lá debaixo da palmeira !
Aqui temos uma cabana para viver ; vamos partilhar com uma pessoa.

Quando o Bodhisatva escutou isto, levantou-se e foi até a porta. Mas quando viu que a criatura era apenas um macaco, disse, “Meu filho, pessoas não têm tal face ; é um macaco e a ele não devemos pedir que entre.” Repetindo então a segunda estrofe :

Ele apenas estragaria nossa moradia se entrasse para dentro da casa ;
Tal face – é fácil de ver – nunca houve em um bom brahmin.

O Bodhisatva pega um tição gritando - “O quê queres aqui ?” - e atirando nele o afugenta. Sr. Macaco larga a roupa de casca de árvore, salta em uma próxima, e enterra-se na floresta.
O Bodhisatva então cultiva as Quatro Excelências até que vai para o céu de Brahma.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, ele identifica o Jataka : “Este Irmão com truques era o Macaco daqueles dias ; Rahula era o filho do eremita e eu mesmo era o eremita.”




         A antiga Kishkindah, a cidade dos Macacos atual Vijayanagara perto de Goa na Índia às margens do rio Tungabadra em Pampa : vê-se o carro que voa, ponte aérea que pousava nas linhas de Nazca entre outros aeroportos. Os Macacos com roupa qual humanos falando claro com fogo etc. Gravura do séc XVII de Said Din reproduzida pela Bristish Library que mantém a coleção em Sussex, do Ramayana em quadrinhos quando o exército de Macacos ajudou Rama a derrotar o exército dos demônios. Milhares de anos atrás.   

      https://plus.google.com/u/0/collection/gZZ4XB

     link do Ramayana com a coleção quase completa. 


172 Buddha Leão



                 ( Pintura de teto de Ajanta, Índia )


172
Quem é este que com poderoso urro...etc.” - Esta é uma história que o Mestre contou em Jetavana sobre um Kokalika. Neste tempo, escutamos, que haviam numerosos Irmãos muito letrados no distrito de Manosila, que discursavam como jovens leões, alto o suficiente para fazer descer o celeste Ganges, enquanto recitam passagens da escritura diante da Comunidade. Enquanto eles recitam seus textos, Kokalika ( sem saber como tolo e vazio se mostrava ) pensou que gostaria de fazer a mesma coisa. E assim passou para junto dos Irmãos, sem contudo tomar a Palavra para si, mas dizendo, “Eles não me pedem para recitar uma parte da escritura. Se me pedissem, eu o faria.” Toda a Comunidade vem a saber disso ; e decidiram que iriam testá-lo. “Amigo Kokalika,” eles disseram, “faça à Comunidade a leitura de alguma escritura ho-je.” Com isto ele concordou, sem se dar conta da sua loucura ; naquele dia leria à Comunidade.

Primeiro ele bebeu mingau feito ao gosto dele, comeu comida, e tomou sopa. Ao entardecer o gongo soou para a hora do sermão ; e toda a comunidade se reuniu. O 'hábito amarelo' que ele colocou era azul como uma campânula ; seu manto era branco puro. Assim vestido, ele entrou no encontro saudando os Anciãos, subindo para o Assento da Pregação debaixo de um grande pálio em jóias, segurando um leque elegante esculpido e sentou pronto para começar sua leitura. Mas justo naquele momento gotas de suor começam a cair dele, que fica envergonhado. O primeiro verso da primeira estrofe ele repetiu ; mas o quê veio depois não conseguiu concatenar. Então levantando-se do assento, confuso, ele passa pela assembléia saindo do encontro e vai para a própria cela. Outra pessoa, um letrado verdadeiro, recitou a Escritura. Após o quê todos os Irmãos entenderam quão vazio ele era.

Um dia os Irmãos ficaram falando disto no Salão da Verdade : “Amigo, não era fácil ver quão vazio Kokalika era antes ; mas agora ele mesmo soltou a língua e se mostrou.” O Mestre entrou e perguntou sobre o quê falavam. Eles disseram. Ele falou - “Irmãos, esta não é a primeira vez que Kokalika se traiu com sua voz ; a mesma coisa aconteceu antes;” e então ele contou a eles um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como um jovem Leão e era o rei de muitos leões. Com seguidores leões habitava a Cova Prateada. Vizinho havia um Chacal, vivendo em outra cova.

Um dia, após um banho de chuva, todos os Leões estavam juntos na entrada da cova do seu líder, rugindo alto e brincando como usam fazer os leões. Enquanto assim estavam rugindo e brincando, o Chacal também levantou sua voz. “Aí está este Chacal, soltando a voz com a gente !” disseram os Leões ; sentiram-se envergonhados e ficaram em silêncio. Quando eles todos ficaram em silêncio, o filhote cachorro do Bodhisatva perguntou a ele esta questão. “Pai, todos estes Leões que rugiam e brincavam caíram em silêncio por vergonha mesmo em escutar aquela criatura lá. Que criatura é esta que se trai assim com sua voz ?” e repetiu a primeira estrofe:

Quem é este que com poderoso urro faz Daddara ressoar ?
Quem é este, Senhor das Bestas ? E por quê não foi bem vindo ?

Com as palavras de seu filho o velho Leão repetiu a segunda estrofe:

O Chacal, de todos os bichos o mais vil, é ele que faz este som :
Os Leões são aversos à vileza dele, enquanto sentam em roda silenciosos.

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Irmãos,” adicionou o Mestre, “esta não é a primeira vez que Kokalika se trai pela voz ; aconteceu justo o mesmo antes ;” e terminando sua fala, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Kokalika era o Chacal, Rahula o cachorro de leão e eu mesmo o rei Leão.”




sexta-feira, 22 de agosto de 2008

171 Buddha Mercador



           ( Pintura de teto de Ajanta, Índia )

171
Ó rei, quando o povo nos chama...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre uma sogra surda.

É dito que havia um escudeiro em Savatthi, um dos fiéis, verdadeiro crente, que refugiara-se nos Três Refúgios, dotado com as Cinco Virtudes. Um dia ele partiu para escutar o Mestre em Jetavana carregando bastante ghee e temperos de todo tipo, flores, perfumes, etc. Na mesma hora, sua sogra partiu para visitar sua filha, e trouxe de presente comida sólida e mingau. Ela escutava com dificuldade.

Após o jantar – sentindo um pouco de sonolência depois de comer – ela disse, para manter-se acordada - “Bem, e seu marido vive feliz contigo ? Vocês vivem em boa harmonia ?” “Ora essa, mãe, que coisa para perguntar ! Você dificilmente encontrará um eremita santo que seja tão bom e virtuoso como ele !” A boa senhora não entendeu direito o quê sua filha disse, mas apanhou a palavra - “Eremita” e ela grita - “Ó querida, por quê seu marido virou eremita !” e fez um grande alvoroço. Todos que viviam na casa escutaram e gritaram, “Novidades – o escudeiro virou eremita !” O povo escutou o barulho e uma multidão se juntou na porta para descobrir do que se tratava. “O escudeiro que vive aqui virou eremita !” foi tudo que escutaram.

Nosso Escudeiro escutou ao sermão do Buddha e então deixou o mosteiro para voltar à cidade. No meio do caminho um homem encontrou com ele gritando - “Como, mestre, estão dizendo que viraste eremita, todos seus familiares e empregados estão gritando isto em casa !” Estes pensamentos então passaram pela cabeça dele. “As pessoas dizem que virei eremita quando não fiz nada disto. Uma fala feliz não deve ser negligenciada ; ho-je mesmo devo ser eremita.” Lá e então ( then & there ) ele girou e voltou para o Mestre. “Prestaste visita ao Buddha,” o Mestre disse, “e partiste. O quê te traz aqui de volta ?” O homem contou a ele tudo sobre, adicionando, “Uma fala feliz, Senhor, não deve ser negligenciada. Então aqui estou e desejoso de me tornar eremita.” Então ele recebeu as ordens menores e maiores e viveu uma boa vida ; e logo atingiu santidade.

A história foi ouvida na comunidade. Um dia estavam discutindo todos juntos no Salão da Verdade, deste jeito : “Digo, amigo, Escudeiro Tal e tal tomou ordens porque disse 'uma fala feliz nunca deve ser negligenciada,' e agora ele atingiu santidade !” O Mestre entrou e quis saber sobre o quê eles conversavam. Eles contaram a ele. Que disse, “Irmãos, sábios em dias há muito passados também entraram na Irmandade porque disseram que uma fala feliz nunca deve ser negligenciada;” e então ele contou a eles uma história dos velhos dias.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como filho de um rico mercador ; e quando ele cresceu e seu pai morreu ele tomou o lugar do pai.

Uma vez ele foi prestar respeito ao rei : e sua sogra veio visitar a filha dela. Ela escutava mal e tudo acontece justo como aconteceu agora. O marido estava no seu caminho de volta aos respeitos prestados ao rei, quando encontrou com uma pessoa, que disse, “Falam que você tornou-se eremita e sua casa está um alvoroço só !” O Bodhisatva, pensando que falas felizes nunca devem ser negligenciadas, virou e voltou ao rei. O rei perguntou o que o trazia de volta. “Meu senhor,” ele disse, “todo meu povo está lamentando por mim, como me é dito, porque virei eremita, quando não fiz nada disto. Mas falas felizes não devem ser negligenciadas e serei eremita. Imploro sua permissão de tornar-me eremita !” E ele explicou as circunstâncias com os versos seguintes:

Ó rei, quando o povo nos chama pelo nome
De santo, devemos agir assim :
Não podemos vacilar ou falhar nisto;
Devemos tomar o jugo envergonhados mesmos.

Ó rei, este nome me foi outorgado :
Ho-je gritam quão santo devo ser :
Portanto viverei e morrerei como eremita ;
Não tenho gosto em folia e alegria.

Assim o Bodhisatva pediu licença ao rei para abraçar a vida religiosa. Então ele foi para o Himalaias e tornou-se um asceta e cultivou as Faculdades e Consecuções e por fim, dirigiu-se ao céu de Brahma.

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O Mestre tendo terminado seu discurso, identificou o Jataka : “Ananda era o rei naqueles dias e eu mesmo era o rico mercador de Benares.”



quinta-feira, 21 de agosto de 2008

170 Buddha Mah'Osadha


      ( Pintura de Ajanta, Mah'Osadha conversando com Senaka e os outros três )

170
          (continuação da história de Maha [Grande] Osadha e Amara, Jatakas 110, 111, 112 na qual entramos direto na questão 19)

19. Agora o rei desejava testar o sábio. Naquele tempo havia uma joia preciosa em um ninho de corvo numa palmeira que elevava-se às margens de um lago próximo ao portão Sul e a imagem desta joia estava sendo vista refletida no lago. Disseram ao rei que havia uma joia no lago. Ele manda chamar Senaka dizendo, “Estão me dizendo que há uma joia no lago ; como vamos pegá-la ?” Disse Senaka, “O melhor modo é drenar fora àgua.” O rei instruiu-os a fazer assim ; ele juntou alguns homens e drenou para fora àgua e lama e cavou o solo no fundo – porém nenhuma joia pode ser encontrada. Mas, quando o lago ficou cheio novamente, lá estava o reflexo da joia para ser visto de novo. Senaka repete o procedimento e não encontra joia nenhuma. O rei então manda chamar o sábio, e fala, “Uma joia é vista no lago e Senaka retirou àgua e a lama e cavou a terra sem achar ela contudo logo que o lago está cheio novamente, ela aparece. Você conseguiria apanhá-la ?” Ele respondeu, “Esta não é nenhuma tarefa difícil, senhor, vou apanhá-la para ti.” O rei ficou agraciado com a promessa e com grande séquito seguiu para o lago, pronto para contemplar o poder do conhecimento do sábio. O Grande Ser ficou de pé na margem e olhou. Percebeu que a joia não estava no lago mas que devia estar n'árvore e falou alto, “Senhor, não há joia nenhuma no tanque.” “O quê! Não está visível n'água ?” Aí ele pediu que trouxessem uma caçamba d'água e disse, “Agora meu senhor, veja – não está a joia visível em ambos na caçamba e no lago ?” “Então onde que pode estar esta joia ?” “Senhor, é o reflexo [a reflexão] que é visto em ambos no lago e na caçamba mas a joia está em um ninho de corvo nesta palmeira : envie uma pessoa e traga ela para baixo.” O rei fez isto : um indivíduo trouxe para baixo a joia e o sábio a colocou nas mãos do rei. Todo o povo aplaudiu o sábio e zombou de Senaka - “Aí está uma joia preciosa em um ninho de corvo no alto de um'árvore e Senaka fazendo homens fortes cavarem o lago ! Certamente uma pessoa sábia deve ser como Mah' Osadha.” Assim louvavam o Grande Ser ; e o rei estando deliciado com ele, deu lhe um colar de pérolas retirando do seu pescoço mesmo e cordões de pérolas para os mil garotos, e para ele e sua comitiva agraciou com o direito de ficar diante dele sem cerimônias ( n. do tr.: aqui termina os Dezenove Problemas).

Novamente, um dia o rei foi com o sábio para o parque, jardim ; quando um camaleão, que vivia no topo do arco do portão, viu o rei aproximar-se e desceu e deitou esticado no chão. O rei vendo isto perguntou, “O quê ele está fazendo, sábio senhor ?” “Prestando consideração a ti, senhor.” “Se é assim, não deixe o serviço dele ficar sem recompensa ; dê a ele um presente.” “Senhor, um presente para ele não é de nenhuma utilidade ; tudo o quê ele quer é algo para comer.” “E o quê ele come ?” “Carne, senhor.” “Quanto ele deve ter ?” “O valor de um quarto de centavo, senhor.” “Um quarto de centavo não é presente de rei,” falou o rei, e indicou uma pessoa com ordens de trazer regularmente e dar ao camaleão o valor de metade de um aná (centavo hindu) em carne. A partir daí isto foi feito. Mas em um dia de jejum, quando não há abate, o sujeito não pôde encontrar carne ; este indivíduo então faz um furo na peça de meio centavo, aná, e amarra ela numa linha, e coloca no pescoço do camaleão. Isto fez a criatura ficar orgulhosa. Naquele dia o rei novamente foi ao parque ; mas o camaleão quando viu o rei , aproximou-se, com orgulho da riqueza fez-se igual ao rei, pensando consigo mesmo - “Você pode ser muito rico, Videha, mas também o sou.” Deste modo ele não desceu mas permaneceu deitado no arco, cofiando a cabeça. O rei vendo isto disse, “Sábio senhor, esta criatura não desceu ho-je como usualmente ; qual a razão ?” e recitou a primeira estrofe:

Aquele camaleão lá não usa subir no arco : explique, Mah' Osadha, por quê o camaleão tornou-se teimoso.

O sábio entendeu que o sujeito deve ter sido incapaz de encontrar carne em dia de jejum quando não há abate e que a criatura tornara-se orgulhosa por causa da moeda pendurada no pescoço ; e recitou esta estrofe:

O camaleão conseguiu o que não conseguira antes, uma peça de meio centavo ;
daí ele desprezar Vedeha senhor de Mithilā.

O rei manda chamar o encarregado e o questiona e este conta a ele tudo com verdade. Então ele fica mais do que nunca agraciado com o sábio, que (parece) conhecia a mente do camaleão, sem nada perguntar, com a sabedoria semelhante a sabedoria do supremo Buddha ; e deste modo deu a ele a receita coleta nos quatro portões. Ficando irado com o camaleão, ele pensou em suspender o presente mas o sábio disse a ele que seria inadequado e o dissuadiu.

(fim da Questão do Camaleão. Continua no Jataka 192.)





terça-feira, 19 de agosto de 2008

169 Buddha professor Araka



                   ( Pintura de Ajanta, Índia  )

169
O coração que piedade infinita sente...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre a Escritura da Amabilidade.

Em uma ocasião o Mestre assim se dirigiu à Irmandade : “Irmãos, caridade praticada com toda devoção de pensamento, meditada, cresce, torna-se veículo de progresso, torna-se objetivo único, prática, bem começada, pode esperar produzir Onze Bençãos ( n. do tr.: As Onze Bençãos são discutidas em Questões de Milinda, IV, 4, 16).

Quais são estas onze ? Feliz se dorme e feliz se levanta; não há pesadelos; o amor das pessoas; a guarda dos espíritos; fogo, veneno, e espada não se aproximam; rapidamente absorver-se em pensamento; olhar calmo; morte consciente; sem necessidade de mais sabedoria, vai ao céu de Brahma. Caridade, Irmãos, praticada com a renúncia aos desejos " - continuou - “pode-se esperar produzir estas Onze Bençãos. Louvando a Caridade sustenta nestas Onze Bençãos, Irmãos, um Irmão mostra amor por todas as criaturas, expresso o amor ou não, deve ser amável com os amáveis, e também com os não amáveis, amável com o indiferente : assim com todos sem distinção, estejam enlaçados ou não, deve mostrar Caridade : deve mostrar simpatia, na alegria e na tristeza, e praticar equanimidade ; a pessoa deve fazer seu trabalho por meio das Quatro Excelências. Fazendo isto, irá ao céu de Brahma mesmo sem Caminho e sem Fruto. Sábios antigos cultivando a caridade por sete anos, viveram no céu de Brahma por sete idades, cada uma com um período de crescente e outro de minguante" E contou a eles uma história do passado.

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Certa vez em uma idade antiga, o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin. Quando ele cresceu, abandonou suas luxúrias e abraçou a vida religiosa, e atingiu as Quatro Excelências.

 Chamava-se Araka e tornou-se um Professor, e vivia na região do Himalaia com um bando grande de seguidores. Aconselhando este cenóbio de sábios, disse, “Um recluso deve mostrar Caridade, simpático deve ser na alegria e na tristeza e cheio de eqüanimidade ; pois este pensar em caridade, atingido com resolução, o prepara para o céu de Brahma.” E explicando a benção da caridade, repetiu estes versos:-

O coração que piedade infinita sente por todas as coisas que nascem
No céu acima, nos reinos de baixo, e nesta terra no meio,

Cheio de piedade infinita, caridade infinita,
Em tal coração, nada estreito ou confinado pode existir.

Assim o Bodhisatva discursava a seus pupilos sobre a prática da caridade e suas bençãos. E sem interromper por nenhum momento seu transe místico, ele nasceu no céu de Brahma, e por sete idades, cada uma com um período crescente e outro minguante, ele não mais veio a este mundo.

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Após terminar este discurso, o Mestre identificou o Jataka : “O cenóbio de sábios daquele tempo são agora os seguidores de Buddha ; e eu mesmo aquele Professor chamado Araka.”


168 Buddha Codorna




168
Uma Codorna estava em seu pasto ...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre seu pensamento na Pregação do Pássaro.

Um dia o Mestre chamou os Irmãos dizendo, “Quando vocês buscarem ofertas, Irmãos, cada um fique no seu distrito.” E repetindo aquele sutra do Mahavagga, adequado à ocasião, ele adicionou, “Mas esperem um momento : anteriormente outros, mesmo em forma de animais, recusaram guardar seus distritos e invadiram os preservados por outros, caíram no caminho dos inimigos, e com inteligência e recurso próprios, livraram-se das mãos dos inimigos.” E com estas palavras ele expôs uma velha história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como uma jovem Codorna. Ele apanhava sua comida saltando por sobre os torrões deixados após aragem (o passar do arado).

Um dia ele pensou em deixar seu pasto e tentar outro ; saiu então voando para a borda de uma floresta. Enquanto catava comida lá, um Falcão o espreitou, e atacando-o ferozmente, rápido o apanhou.

Mantido prisioneiro por este Falcão, nossa Codorna fez seu lamento : “Ah ! Como sou sem sorte ! Sem senso ! Invadi as reservas de alguém ! Ah, tivesse permanecido no meu pasto, onde meus pais ficaram antes ! Então este Falcão não seria páreo para mim, quer dizer se ele viesse brigar !”

Qual é, Codorninha,” disse o Falcão, “qual é seu pasto onde seus pais se alimentaram antes ?” Um chão de aragem todo coberto de torrões !” Com isto o Falcão, relaxando sua força, a deixou ir. “Para fora com você, Codorna ! Não me escaparás nem lá !”

A Codorna voou de volta e pendurou-se num torrão imenso e lá permaneceu, chamando - “Venha agora, Falcão !”

Tensionando todos os nervos e posicionando ambas as asas, mergulha o Falcão ferozmente sobre nossa Codorna. “Lá vem ele vingativo !” pensou a Codorna ; e logo que o viu em plena carreira, apenas girou e o deixou bater inteiro contra o torrão de terra. O Falcão não conseguiu parar o movimento e bateu com o peito na terra ; quebrando o coração e caindo morto com os olhos saltados na testa.

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Quando esta história já havia sido contada, o Mestre adicionou, “Vejam portanto Irmãos, que até animais caem às mãos dos inimigos quando deixam seus lugares ; quando contudo os guardam, vencem os inimigos. Daí, tomem cuidado de não deixarem seus lugares e se intrometerem nos lugares dos outros. Ó Irmãos, quando as pessoas largam suas estações, Mara encontra porta, Mara toma pé. O quê é chão estrangeiro, Irmãos, e o quê é lugar errado para um Irmão ? Penso nos Cinco Prazeres dos Sentidos. Quais são estes cinco ? A Luxúria do Olho, [ a Lúxuria da Carne, a Soberba da Vida ]...( n. do tr.: a passagem está corrupta sendo as chaves complemento joanino ). Isto, Irmãos, é o lugar errado para um Irmão.” Ficando aí perfeitamente iluminado ele falou a primeira estrofe :-

Uma Codorna estava em seu pasto, quando mergulhando do alto,
Um Falcão veio ; mas aí aconteceu dele morrer no lugar.

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Quando ele assim pereceu, saiu a Codorna, exclamando, “Vejo a derrota do meu adversário !” e pendurando-se no peito do inimigo, deu voz à sua exultação nas palavras da segunda estrofe :-

Agora regozijo-me com o sucesso : encontrei um plano inteligente
Que livrando-me do adversário, manteve-me no meu chão.

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Este discurso terminando, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka :- À conclusão das Verdades muitos Irmãos foram estabelecidos nos Caminhos ou na Fruição deles :- “Devadatra era o Falcão daqueles dias e a Codorna era eu mesmo.”




segunda-feira, 18 de agosto de 2008

167 Buddha Eremita.


         
                                                   ( Rajagaha, Índia )

167
Irmão Mendicante, sabes...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto pousava no Parque Tapoda próximo de Rajagaha sobre Ancião Samiddhi, ou Boa Sorte.

Certa vez Padre Boa Sorte lutou a noite toda em espírito. Àurora banhou-se ; então ficou com sua roupa de baixo, segurando a outra na mão, enquanto secava o corpo, todo amarelo como ouro. Como uma estátua dourada de apurado artesanato, ele era, perfeição da beleza ; e por isto era chamado Boa Sorte.

Uma filha dos deuses, vendo a beleza maravilhosa do Irmão, caiu apaixonada por ele e assim lhe falou, “Você é jovem, Irmão, e gostoso, um mero rapaz, com cabelo preto, abençoado sejas ! Tens juventude, és amável e agradável aos olhos. Por quê deveria um homem como você, virar religioso sem se divertir um pouco ? Goze primeiro e depois tornar-te-ás religioso e farás o quê os eremitas fazem !” Ele respondeu, “Ninfa, em algum momento ou outro, devo morrer e o dia da minha morte não sei ; este dia está escondido de mim. Portanto no frescor da minha juventude seguirei a vida solitária e darei um fim à dor.”

Não encontrando nele nenhum estímulo, a deusa sumiu imediatamente. O Ancião foi e contou ao Mestre sobre isto. Então o Mestre disse, “Não foi apenas agora, Boa Sorte, que foste tentado por uma ninfa. Em dias antigos, como agora, ninfas tentaram ascetas.” E então ao pedido dele o Mestre contou uma história do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra  reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio a ser filho de um brahmin na vila de Kasi. Crescendo em idade atingiu a perfeição em todos seus estudos e abraçou a vida religiosa ; e vivia no Himalaia, ao lado de um lago natural, cultivando as Faculdades e as Consecuções.

Por toda a noite ele lutou em espírito ; e àurora banhou-se, com uma roupa de casca de árvore e outra na mão, ficou de pé, deixando àgua secar do corpo. Naquele momento uma filha dos deuses observava sua beleza perfeita e caiu apaixonada por ele. Tentando-o, ela repetiu esta primeira estrofe:-

Irmão mendicante, sabes
Qual àlegria que o mundo pode mostrar ?
Agora é a hora – não há outra :
Prazer primeiro, depois – mendigar irmão !

O Bodhisatva escutou a fala da ninfa e então respondeu, declarando seu propósito estabelecido, repetindo a segunda estrofe : -

O tempo se esconde – não posso saber
Qual é o momento que devo partir :
Agora é a hora : não há outra :
Agora, assim, sou um irmão mendigo.

( n. do tr.: a Glosa adiciona outra estrofe para explicar:

Vida, doença, morte, o despir-se da carne.
Re-nascer – estes cinco estão escondidos neste mundo.)

Quando a ninfa escutou as palavras do Bodhisatva, ela sumiu imediatamente.

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Após este discurso o Mestre identificou o Jataka : “A ninfa é a mesma em ambas as histórias e o eremita naquele tempo era eu mesmo.”