sexta-feira, 29 de agosto de 2008

178 Ananda Tartaruga



178
Aqui nasci...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana, como um homem se livrou da malária.

É dito que febre de malária uma vez atingiu uma família em Savatthi. Os pais disseram a seu filho : “Não fique nesta casa, filho ; faça uma brecha na parede e escape para algum lugar ( n. do tr. : Vale notar que aqui o mesmo jeito é usado para sobrepujar o espírito da doença como geralmente para sobrepujar os espíritos dos mortos que supostamente guardam as portas não as partes da casa, onde não há escape). Depois volte novamente – neste lugar existe enterrado um grande tesouro ; cave-o e restaure as riquezas da família, e feliz vida para você !” O jovem rapaz fez como lhe foi ordenado ; fez uma brecha na parede e escapou. Quando a enfermidade já tinha passado, ele retornou e cavou o tesouro com o qual levantou sua propriedade.

Um dia carregado de azeite e ghee, roupas e panos, e outras ofertas, foi para Jetavana, saudou o Mestre e tomou assento. O Mestre entra em conversação com ele. “Escutamos,” disse, “que tiveste malária em sua casa. Como escapaste dela ?” Ele conta ao Mestre tudo acerca disto. Ele diz, “Em dias idos, como agora, amigo leigo, quando perigo surgiu, houve gente que sendo muito apegada à casa para deixá-la, lá morreu ; enquanto aqueles que não era muito apegados a ela, mas partiram para outro lugar, salvaram suas vidas.” Então ao pedido dele o Mestre contou uma história do velho mundo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma cidade como filho do oleiro. Ele ocupava-se no ofício de oleiro e tinha esposa e família para amparar.

E naquele tempo havia um grande lago natural próximo de um grande rio de Benares. Quando havia muita água, rio e lago uniam-se ; mas quando a água estava baixa, eles se separavam.

 Bem peixes e tartarugas sabem por instinto quando o ano será chuvoso e quando haverá seca. Então no momento da nossa história os peixes e tartarugas que viviam naquele lago sabiam que haveria uma seca ; e quando os dois eram apenas uma água, nadaram para fora do lago entrando no rio. Mas havia uma Tartaruga que não iria entrar no rio, porque, ela disse, “Aqui nasci e aqui cresci e aqui foi a casa de meus pais : não posso sair !”

Então na estação quente àgua secou toda. Ela cavou um buraco e enterrou-se, justo no mesmo lugar que o Bodhisatva usava vir para apanhar argila. Lá ele foi atrás de alguma argila ; com uma pá pesada cavou até bater na couraça da tartaruga, girando-o para fora do chão como se fora um grande pedaço de argila. Em sua agonia a criatura pensou, “Aqui eu estou, morrendo, tudo porque fui muito apegada a minha casa para deixá-la !” e nas palavras dos versos seguintes fez seu lamento :-

Aqui cresci, e aqui vivi; meu refúgio foi a argila;
E agora a argila mostra-se falsa do jeito mais doloroso ;
A ti, a ti clamo, ó Bhaggava; escute o que tenho a dizer!

Vá aonde puderes encontrar felicidade, qualquer lugar que seja ;
Floresta ou cidade, lá o sábio, ambos, lar e acolhimento encontrará ;
Vá aonde haja vida; não permaneça em casa para a morte te dominar.

( n. do tr.: A palavra Bhaggava está dirigida ao oleiro; diz a Glosa.) Assim ela continuou falando e falando com o Bodhisatva, até que morreu. O Bodhisatva a levantou e chamando todos os cidadãos assim se dirigiu a eles: “Olhem esta tartaruga. Quando os outros peixes e tartarugas foram para o grande rio, ela estava muito apegada à casa para ir com eles, e enterrou-se no lugar em que apanho minha argila. Então quando eu cavava em busca de argila, atingi sua carapaça com minha pá pesada e o tirei do chão na crença de que era um grande pedaço de argila. Então ele/ela se lembrou do que fizera, lamentando seu fado em dois versos de poesia e expirou. Assim vocês vêem que ele/ela chegou a seu fim porque era muito apegado à sua casa. Cuidem-se para não ser como esta tartaruga. Não digam a vocês mesmos, 'Tenho visão, tenho audição, tenho cheiro, tenho gosto, tenho tato, tenho um filho, tenho uma filha, tenho numerosos empregados e empregadas a meu serviço, tenho ouro precioso' ; não clivais a estas coisas com anseio e desejo. Todo ser atravessa três estágios de existência [ n. do tr.: AUM ; vigília, sonho, sono profundo ; existência grosseira, existência sutil, existência informal. Mas talvez também sejam referência aos modos de vida mesmo já falados supra].” Assim pois ele exortava a multidão com toda a habilidade de um Buddha. O discurso foi transmitido por toda a Índia e durante sete mil anos, por inteiro, foi lembrado. Toda a multidão permaneceu na exortação ; e fez ofertas e obras boas até que por fim foram aumentar as hostes celestes.

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Quando o Mestre terminou, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka :- à conclusão das Verdades o jovem, estabelecera-se no Fruto do Primeiro Caminho: - dizendo, “Ananda era então a tartaruga e o Oleiro era eu mesmo.”



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