terça-feira, 19 de agosto de 2008

168 Buddha Codorna




168
Uma Codorna estava em seu pasto ...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre seu pensamento na Pregação do Pássaro.

Um dia o Mestre chamou os Irmãos dizendo, “Quando vocês buscarem ofertas, Irmãos, cada um fique no seu distrito.” E repetindo aquele sutra do Mahavagga, adequado à ocasião, ele adicionou, “Mas esperem um momento : anteriormente outros, mesmo em forma de animais, recusaram guardar seus distritos e invadiram os preservados por outros, caíram no caminho dos inimigos, e com inteligência e recurso próprios, livraram-se das mãos dos inimigos.” E com estas palavras ele expôs uma velha história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como uma jovem Codorna. Ele apanhava sua comida saltando por sobre os torrões deixados após aragem (o passar do arado).

Um dia ele pensou em deixar seu pasto e tentar outro ; saiu então voando para a borda de uma floresta. Enquanto catava comida lá, um Falcão o espreitou, e atacando-o ferozmente, rápido o apanhou.

Mantido prisioneiro por este Falcão, nossa Codorna fez seu lamento : “Ah ! Como sou sem sorte ! Sem senso ! Invadi as reservas de alguém ! Ah, tivesse permanecido no meu pasto, onde meus pais ficaram antes ! Então este Falcão não seria páreo para mim, quer dizer se ele viesse brigar !”

Qual é, Codorninha,” disse o Falcão, “qual é seu pasto onde seus pais se alimentaram antes ?” Um chão de aragem todo coberto de torrões !” Com isto o Falcão, relaxando sua força, a deixou ir. “Para fora com você, Codorna ! Não me escaparás nem lá !”

A Codorna voou de volta e pendurou-se num torrão imenso e lá permaneceu, chamando - “Venha agora, Falcão !”

Tensionando todos os nervos e posicionando ambas as asas, mergulha o Falcão ferozmente sobre nossa Codorna. “Lá vem ele vingativo !” pensou a Codorna ; e logo que o viu em plena carreira, apenas girou e o deixou bater inteiro contra o torrão de terra. O Falcão não conseguiu parar o movimento e bateu com o peito na terra ; quebrando o coração e caindo morto com os olhos saltados na testa.

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Quando esta história já havia sido contada, o Mestre adicionou, “Vejam portanto Irmãos, que até animais caem às mãos dos inimigos quando deixam seus lugares ; quando contudo os guardam, vencem os inimigos. Daí, tomem cuidado de não deixarem seus lugares e se intrometerem nos lugares dos outros. Ó Irmãos, quando as pessoas largam suas estações, Mara encontra porta, Mara toma pé. O quê é chão estrangeiro, Irmãos, e o quê é lugar errado para um Irmão ? Penso nos Cinco Prazeres dos Sentidos. Quais são estes cinco ? A Luxúria do Olho, [ a Lúxuria da Carne, a Soberba da Vida ]...( n. do tr.: a passagem está corrupta sendo as chaves complemento joanino ). Isto, Irmãos, é o lugar errado para um Irmão.” Ficando aí perfeitamente iluminado ele falou a primeira estrofe :-

Uma Codorna estava em seu pasto, quando mergulhando do alto,
Um Falcão veio ; mas aí aconteceu dele morrer no lugar.

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Quando ele assim pereceu, saiu a Codorna, exclamando, “Vejo a derrota do meu adversário !” e pendurando-se no peito do inimigo, deu voz à sua exultação nas palavras da segunda estrofe :-

Agora regozijo-me com o sucesso : encontrei um plano inteligente
Que livrando-me do adversário, manteve-me no meu chão.

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Este discurso terminando, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka :- À conclusão das Verdades muitos Irmãos foram estabelecidos nos Caminhos ou na Fruição deles :- “Devadatra era o Falcão daqueles dias e a Codorna era eu mesmo.”




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