quarta-feira, 6 de agosto de 2008

158 Buddha Conselheiro



  ( pintura de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya, Índia )

158
Pássaros de mesma pena...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre dois Irmãos de sangue quente.

Aconteceu de existirem dois Irmãos, apaixonados, cruéis, e violentos, um vivendo em Jetavana e outro no campo. Certa vez o Irmão do campo veio à Jetavana numa errância ou outra. Os noviços e jovens Irmãos souberam da natureza apaixonada deste homem, e então o levaram para a cela do outro, impacientes para vê-los brigarem. Assim que se viram, aqueles dois homens de sangue quente, correram um para os braços do outro, batendo as mãos, fazendo carinho, os pés e as costas !

Os Irmãos falavam disto no Salão da Verdade. “Amigo, estes Irmãos apaixonados são rabugentos, cruéis, irados com todo mundo mas um com outro são melhores amigos, cordiais e simpáticos !” O Mestre entra perguntando sobre que conversavam lá sentados ? Eles contam a ele. Ele diz, “Esta, Irmãos, não a a primeira vez que estes homens, que são rabugentos, cruéis e irados com todos os outros, mostram-se entre si cordiais, amigos e simpáticos. Aconteceu justo o mesmo em dias idos” ; e assim falando , ele contou um conto(a) do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era o faz-tudo dele, um cortesão que o aconselhava nas coisas temporais e nas coisas espirituais. Bem, este rei era de natureza um pouco gananciosa ; e tinha um cavalo pesado chamado Mahasona, ou Grande Castanho.

Alguns comerciantes de cavalos do país norte desceram com quinhentos cavalos ; e mensagem foi enviada ao rei que estes cavalos chegaram. Bem, antes disso o Bodhisatva sempre pedia aos comerciantes que fixassem seu preço e então ele pagava tudo. Mas agora o rei, estando brigado com ele, chamou outro da corte para quem disse,
Amigo, faça os homens darem o preço deles ; então solte Grande Castanho para ele ir para no meio deles ; faça-o mordê-los e quando estiverem fracos e feridos consiga que os comerciantes reduzam o preço.”
Com certeza,” disse o homem ; e assim ele fez.
Os comerciantes em grande ressentimento contaram ao Bodhisatva o quê aquele cavalo fez.
Vocês não têm um outro bruto destes em sua cidade mesma ?” perguntou o Bodhisatva. Sim, eles disseram, há um outro chamado Suhanu, Queixo-duro, feroz e selvagem. “Traga-o com vocês na próxima vez que vierem,” disse o Bodhisatva; e isto eles prometeram fazer.
Então na vez seguinte que vieram trouxeram o bruto cavalo com eles. O rei, entendendo que os comerciantes de cavalos chegaram, abriu a janela para olhar os cavalos e fez com que soltassem Castanho. Então os comerciantes vendo Castanho vir, soltaram Queixo-duro. Logo que os dois se encontraram, ficaram lambendo um ao outro por todo o corpo !
O rei perguntou ao Bodhisatva o quê é aquilo. “Amigo,” disse ele, “quando estes dois cavalos ariscos ficam entre outros, eles são ferozes, bravos e selvagens, mordendo os outros, e causando o mal. Mas um com o outro – lá eles estão, lambem-se por todo o corpo ! Qual a causa disto ?” “A razão é,” falou o Bodhisatva, “que eles não são diferentes mas semelhantes de natureza e caráter.” E ele repetiu este par de versos:

Pássaros de mesma pena voam juntos: Castanho e Queixo-duro concordam:
Na intenção e no interesse são o mesmo – não há diferença, posso ver.

Ambos selvagens são e viciados também; sempre mordendo as correias do arreio;
Assim vício com vício, pecado com pecado, juntos concordam.

O Bodhisatva a partir daí continuou aconselhando o rei contra cobiça excessiva e o espoliar os bens das outras pessoas ; e fixando o valor, ele o fez pagar o preço correto. Os comerciantes receberam o valor devido e seguiram caminho satisfeitos ; e o rei, permanecendo sob os conselhos do Bodhisatva, por fim passou, sendo tratado de acordo com seus atos.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, ele identificou o Jataka: “Os Irmãos ruins eram estes dois cavalos, Ananda era o rei e eu o sábio conselheiro.”



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