segunda-feira, 4 de agosto de 2008

156 Buddha Príncipe Coração ganhador


              
                   ( Imagem de Mamalapuram, MahaBalipuram, Índia )


156
Príncipe Coração-ganhador ...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana, sobre um Irmão covarde. As circunstâncias serão relatas no Samvara Jataka de número 462. Quando o Mestre perguntou a este Irmão se ele realmente era covarde, como estava sendo dito, ele respondeu, “Sim, Abençoado.” Ao que o Mestre falou, “O quê, Irmão ! Em dias idos ganhaste supremacia sobre o reino de Benares, doze léguas de extensão para todos os lados e a deste a um bebê menino, como um pedaço de carne e nada mais, e tudo isto justo pela perseverança ! E agora que você abraçou esta grande salvação, estás desanimado e fraco ?” E ele contou uma história de dias antigos.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava Benares ( Varanasi ), havia um vila de carpinteiros, não longe da cidade, na qual viviam 500 marceneiros. Usavam subir o rio num barco e entrar na floresta, onde cortavam vigas e tábuas para construção de casas e juntavam o estoque de uma estrutura ou duas, numerando todas as peças do poste principal em diante ( ripas, caibros e vigas ); depois descendo de barco o rio novamente, eles construíam casas, ordenadas de acordo com o necessário; após o quê, quando recebiam sua paga, voltavam novamente em busca de mais materiais para a construção e deste jeito  levavam a vida.

Certa vez aconteceu que num lugar onde trabalhavam cortando madeira, um certo Elefante ter pisado numa farpa de madeira de acácia, que furou a pata dele, e inchou e inflamou, e ele ficou em grande dor. Em sua agonia, escutou o som destes carpinteiros cortando madeira.

 “Lá estão alguns marceneiros que podem me curar,” pensou ele ; e pulando em três patas apresentou-se diante deles, e deitou perto. Os carpinteiros, notando a pata inchada, aproximaram e olharam ; havia uma farpa espetada nela. Com um instrumento afiado fizeram uma incisão perto da farpa, amarrando uma linha nela, puxaram-na para fora. Eles então perfuram o inchaço e o lavam com água quente e colocam remédio apropriado ; e em bem pouco tempo o machucado estava curado.

Agradecido pela cura, o Elefante pensou: “Minha vida foi salva com ajuda destes carpinteiros ; devo agora ser útil a eles.” Então sempre após isto, ele usava arrancar as árvores para eles, e quando estavam cortando, rolava os troncos ; ou trazia as enxós ou qualquer outro instrumento que quisessem, segurando tudo com a tromba como a morte implacável. E os marceneiros, quando chegava a hora de alimentá-lo, usavam trazer cada um uma porção de comida, de modo que ele conseguia quinhentas porções ao todo.

Bem, este Elefante tinha um filho mais jovem, todo branco, uma criatura puro-sangue magnífica. O Elefante refletiu que ele estava agora velho e que seria melhor trazer seu jovem filho para servir aos carpinteiros, e ele mesmo iria embora livre. Então sem dizer palavra aos carpinteiros saiu da floresta e trouxe seu filho com ele de volta dizendo, “Este jovem Elefante é meu filho. Vocês salvaram minha vida e dou ele a vocês com pagamento pela cura operada ; de agora em diante ele deve trabalhar para vocês.” E explicou ao jovem Elefante que era dever dele fazer o trabalho que ele mesmo acostumara-se a fazer e saiu de volta para a floresta, deixando-o com os marceneiros. Assim depois disto o jovem Elefante fazia todo o trabalho, fiel e obedientemente ; e eles o alimentavam, como alimentavam o outro, com quinhentas porções de comida.

Seu trabalho uma vez feito, o Elefante ia brincar no rio, e depois voltava. Os filhos dos carpinteiros usavam puxá-lo pela tromba, e brincar com todos os tipos de brincadeira com o Elefante na água e fora. Bem, criaturas nobres, sejam elefantes, cavalos ou pessoas, nunca cagam ou urinam n'água ( n. do tr.: cf. Hesíodo, Tr. e Dias, 753 e Heródoto I, 138). Então este Elefante não fazia nada deste tipo quando estava n'água mas esperava até sair para a margem.

Um dia, chuva encheu o rio ; e com a cheia um pouco do seu estrume seco foi levado pelo rio. Ele flutuou descendo até Benares onde grudou em um arbusto. Justo então os hatthi-bandas, tratadores, do rei desceram com quinhentos elefantes para darem banho neles. Mas as criaturas sentindo o cheiro desta sujeira de um nobre animal, não entraram nenhuma n'água ; levantaram os rabos e fugiram todos correndo. Os tratadores contaram aos treinadores de elefantes ; que responderam, “Deve haver alguma coisa na água então.” Ordens foram dadas para limpar a água ; e lá nos arbustos a excrescência foi vista. “Aí está o problema!” gritaram os homens. Então eles trouxeram uma jarra e a encheram com água ; depois colocaram o cocô em pó dentro dela, e borrifaram a água nos elefantes, cujos corpos então tornaram-se macios. Logo entraram descendo no rio e banharam-se.

Quando os treinadores fizeram relato ao rei, avisaram-no para assegurar o Elefante para seu próprio uso e ganho.

O rei conformemente, embarcou numa balsa, e subiu a corrente até chegar no lugar onde estava acampados os marceneiros. O jovem Elefante, escutando o som de tambores enquanto brincava na água, saiu e apresentou-se diante dos marceneiros, que vieram todos para prestar honra ao rei que chegava, e disseram a ele, “Senhor, se é trabalho de madeira que queres, qual a necessidade de vires aqui ? Por quê não chamares e pedires que venhas a ti ?”
Não, não, bons amigos,” respondeu o rei, “não é por madeira que venho mas por este elefante aí.”
Ele é seu, Senhor !” - Mas o Elefante a mover se recusou.
O quê queres que eu faça, compadre Elefante ?” perguntou o rei.
Ordene que os carpinteiros sejam pagos pelo que gastaram comigo, Senhor.”
Com prazer, amigo.” E o rei ordenou que cem mil dinheiros fossem depositadas pelo rabo, e tromba, e por cada uma das quatro patas. Mas isto não foi o suficiente para o Elefante ; não iria assim. Então para cada um dos marceneiros foi dado um par de roupas, e para cada uma de suas esposas vestidos para vestir, nem ele omitiu-se de dar o suficiente para quando suas companheiras de brincadeiras, as crianças, crescessem ; então com um último olhar sobre os marceneiros, e às mulheres e às crianças, ele partiu em companhia do rei.

O rei o trouxe para sua cidade capital ; a cidade e o estábulo foi decorados com toda magnificência. Ele levou o Elefante ao redor da cidade em procissão solene, e depois para o estábulo que foi arrumado com esplendor e pompa. Lá ele solenemente borrifou o Elefante, e o indicou como montaria própria ; como um camarada o tratava, e deu a ele metade do reino, tomando tanto cuidado dele quanto de si mesmo. Após a chegada deste Elefante, o rei ganhou supremacia sobre toda a Índia.

No curso do tempo o Bodhisatva foi concebido na Rainha Mãe ; e quando o tempo dela se aproximava para dar a luz, o rei morreu. Agora, se o Elefante escutasse as novidades da morte do rei, ele com certeza teria partido o coração ; então foi deixado como antes, nem uma palavra foi dita. Mas o vizinho do lado, o rei de Kosala, escutou sobre a morte do rei. “Certamente a terra está entregue a minha misericórdia,” pensou ele ; e marchou com hoste poderosa para a cidade, e a sitiou, cercou. Rapidamente os portões foram fechados e mensagem enviada ao rei de Kosala :- “Nossa Rainha está próxima de dar a luz ; e os astrólogos declararam que em sete dias ela dará a luz um filho. Se for um menino, não entregaremos o reino mas no sétimo dia daremos batalha. Até lá pedimos que esperes !” E o rei concordou com isto.

Em sete dias a Rainha deu a luz um filho. No dia do batismo foi nomeado Príncipe Coração-ganhador, porque disseram que ele nascera para ganhar os corações do Povo.

No mesmo dia que ele nasceu, o Povo da cidade começou a dar batalha ao rei de Kosala. Mas como não tinham líder, pouco a pouco o exército desistiu, apesar de ser grande. Os cortesãos contaram estas novidades à Rainha, somando, “Já que nosso exército perde terreno deste jeito, tememos perder. Mas o Elefante de estado, amigo do peito de nosso rei, não sabe ainda de sua morte e que um filho nasceu dele, e que o rei de Kosala está aqui para dar batalha. Devemos contar a ele?”

Sim, façamos isto,” disse a Rainha. Então ela vestiu o filho e o cobriu de linho fino ; após o quê com toda a côrte desceu do palácio e entrou no estábulo do Elefante. Lá ela deposita o bebê às patas do Elefante, dizendo, “Mestre, seu camarada está morto mas tememos dizê-lo e você partir o coração. Este é o filho de seu camarada ; o rei de Kosala está cercando a cidade e faz guerra contra seu filho ; o exército perde terreno ; ou mata seu filho ou ganhe de volta o reino para ele !”

O Elefante logo pega a criança com a tromba e a levanta e a coloca na sua cabeça ; então chorando e lamentando-se desce ele de novo e o coloca nos braços da mãe e com estas palavras - “Vou ensinar o rei de Kosala !” saiu fora rápido.

Os cortesãos então colocam armadura nele e carapaça e abrem os portões da cidade, e o escoltam até lá. O Elefante saiu berrando e amedrontando toda a hoste de modo que fugiram e largaram o campo de batalha ; então pegando o rei de Kosala pelo topete, carregou-o até seu jovem príncipe aos pés do qual deixou-o cair. Alguns levantaram-se para matá-lo mas a estes o Elefante segurou ; e ele deixou o rei captivo sair com este aviso: “Cuidado no futuro e não seja presunçoso por causa da mocidade de nosso Príncipe.”

Após isto, o poder sobre toda a Índia caiu nas mãos mesmas do Bodhisatva e nenhum inimigo era capaz de levantar-se contra ele. O Bodhisatva foi consagrado na idade de sete anos, como Rei Coração-ganhador ; justo foi seu reinado e quando chegou ao fim da vida foi avolumar as hostes celestes.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, tendo se tornado perfeitamente iluminado, repetiu este par de versos:-

Príncipe Coração-ganhador tomou rei Kosala apesar de tudo que ele tinha;
Capturando o ganancioso rei, fez feliz seu Povo.

Assim qualquer irmão, de vontade forte, que foge para os Refúgios,
Que preza toda bondade, e segue o caminho que leva ao Nirvana,
Em lentos passos destruirá todos os laços.

E assim o Mestre, levando seu ensino ao clímax no Nirvana eterno, continuou declarando as Verdades e então identificou o Jataka : após as Verdades, este Irmão que fraquejava foi estabelecido na santidade: - “Ela que agora é Mahamaya era então a mãe ; este relapso era o Elefante que tomou o reino e entregou à criança ; Sariputra era o pai Elefante, e eu mesmo era o jovem Príncipe.”




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