sexta-feira, 18 de julho de 2008

155 Buddha espirrando




155
Gagga, viva cem anos...etc.” - Esta história o Mestre contou quando fazia estada no mosteiro construído pelo Rei Pasenadi em frente ao de Jetavana ; foi sobre um espirro que ele deu.

Um dia, nos é dito, enquanto o Mestre sentado discursava para quatro pessoas ao seu redor, ele espirrou. “Vida longa ao Abençoado, vida longa ao Buddha !” os Irmãos todos gritaram alto, e fizeram grande algazarra.

O barulho interrompeu o discurso. Então o Mestre disse aos Irmãos: “Pois, Irmãos, se alguém grita 'Vida longa!' ao escutar um espirro, a pessoa vive ou morre mais por causa disto ?” Eles responderam, “Não, não, Senhor.” Ele continuou, “Vocês não devem gritar ' Vida longa' por causa de um espirro, Irmãos. Quem quer que faça isto peca.”

É dito que naquele tempo, quando os Irmãos espirravam, o Povo tinha o costume de gritar, “Vida longa para ti, Senhor!” Mas os Irmãos tinham seus escrúpulos e não respondiam. Todos ficaram aborrecidos e perguntaram, “Prego, por quê os padres do Buddha príncipe Sakya não respondem quando eles espirram e uma pessoa ou outra deseja a eles longa vida ?”

Tudo isto foi dito ao Abençoado. Que falou: “Irmãos, Povo comum é supersticioso. Quando vocês espirram e eles dizem, 'Vida longa para ti, Senhor!' eu permito que vocês respondam ao 'Vida longa' com 'O mesmo para ti' .” Então os Irmãos perguntaram a ele - “Senhor, quando o Povo começou a responder 'Longa vida' por 'O mesmo para você' ?” Falou o Mestre, “Isto foi a muito, muito tempo atrás;” e ele contou-lhes um conto(a) dos tempos antigos.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como um filho de brahmin no reino de Kasi ; e seu pai era advogado por vocação. Quando o rapaz estava com dezesseis anos de idade, seu pai confiou aos cuidados dele uma fina joia, e eles dois juntos viajavam de cidade em cidade, de vila em vila, até chegarem em Benares.

 Lá o homem arranjou como cozinhar comida na casa do porteiro no portão de entrada ; e como não podia encontrar lugar para se acomodar, perguntou onde havia alojamento para viajantes que chegavam muito tarde ? O Povo disse que havia uma construção fora da cidade mas que estava assombrada ; mas em todo caso ele podia alojar-se lá se quisesse. Fala o rapaz para o pai, “Não tema nenhum duende, pai ! Eu o dominarei e o trarei a teus pés.”

 Assim persuadiu seu pai e foram juntos para o lugar. O pai deitou em um banco e seu filho sentou ao lado dele, aquecendo os pés do pai.

Bem, o Duende que assombrava o lugar, o recebeu por ter prestado serviço a Vessavana ( n. do tr.: Um monstro de pele branca, três pernas e oito dentes, guardião das jóias e dos metais preciosos e uma espécie de Plutão Indiano) durante doze anos, nestes termos : que qualquer pessoa que entrasse devia espirrar, e quando longa vida fosse desejada à pessoa devia-se responder “Vida longa para ti !” ou “O mesmo para você !” - todos a não ser estes (que assim respondessem) o Duende tinha o direito de comer. O Duende vivia acima na viga central da cabana.

Ele estava determinado a fazer o pai do Bodhisatva espirrar. Conformemente, através de seu poder mágico ele levanta uma nuvem de poeira fina que entra nas narinas do indivíduo ; e deitado no banco, espirra. O filho não gritou “Longa vida!” e desce o Duende de seu poleiro, pronto a devorar sua vítima. Mas o Bodhisatva o viu descendo, e então estes pensamentos passaram pela mente dele. “Sem dúvida é ele que fez meu pai espirrar. Este deve ser um Duende que devora todos que não dizem 'Longa vida para ti'.” E dirigindo-se a seu pai, repetiu o primeiro verso como segue:

Gagga, viva cem anos, - sim, e mais vinte, prego!
Que nenhum duende possa te devorar ; vivas cem anos, digo!

O Duende pensou, “Este eu não posso comer, porque ele disse 'Vida longa para ti.' Mas comerei o pai dele;” e aproximou-se do pai. Mas o homem adivinhou qual a verdade do assunto - “Este deve ser um Duende,” pensou ele, “que devora todos que não respondam, 'Vida longa para ti, também!” e assim dirigiu-se a seu filho, repetindo o segundo verso:

Você também viva cem anos, - sim, e mais vinte, prego ;
Seja veneno a comida de duendes ; viva cem anos, digo!

O Duende escutando estas palavras, volta, pensando “Não posso comer nenhum destes dois.” Mas o Bodhisatva colocou uma questão para ele : “Venha, Duende , como aconteceu de você comer as pessoas que entram neste prédio ?”
Ganhei o direito por ter servido por doze anos a Vessavana.”
O quê, tens o direito de comer qualquer um ?”
Todos exceto aqueles que dizem 'O mesmo para você' quando outra pessoa deseja longa vida.”
Duende,” disse o rapaz, “fizeste alguma maldade em vidas anteriores, que causou nasceres agora feroz, e cruel, e desgraça dos outros. Se fazes o mesmo tipo de coisa agora, passarás de escuridão em escuridão. Portanto deste momento em diante abstenha-se de tal coisa como tirar a vida.” Com estas palavras ele tornou o Duende mais humilde, aterrorizando-o com o temor ao ínfero, estabeleceu-o nos Cinco Preceitos e o fez tão obediente quanto um garoto de recado.

Dia seguinte, quando o Povo veio e viu o Duende, e entendeu como o Bodhisatva o subjugara, foram e contaram ao rei : “Meu senhor, um homem domesticou o Duende e o tornou obediente como um garoto de recado !” O rei então manda chamá-lo e o eleva a Comandante-Chefe ; enquanto amontoava honras no pai dele. Tendo feito do Duende um coletor de impostos, e estabelecido-o nos preceitos do Bodhisatva, após fazer ofertas e obras boas ele partiu para aumentar as hostes celestes.

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Quando o Mestre terminou esta história, que contou para explicar quando começara o costume de responder 'Longa vida' por 'O mesmo para ti', ele identificou o Jataka : “Naqueles dias, Ananda era o rei, Kasyapa o pai, e eu mesmo era o rapaz filho dele.”




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