sexta-feira, 18 de julho de 2008

152 Buddha Leão





152
Quem precipitadamente empreende...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto na câmara oitanada sobre um barbeiro que vivia em Vesali.

Este homem, como nos é dito, usava fazer barbas e cabelos pregueando na casa real, reis e rainhas, príncipes e princesas, realmente ele fazia tudo da arte de coiffeur que devia-se fazer. Ele era crente verdadeiro, refugiando-se nos Três Refúgios ( Buddha, Dharma, Sangha ) resoluto a manter os Cinco Preceitos ; e de tempos em tempos ele ia escutar o Mestre discursar.

Um dia saiu para fazer seu trabalho no palácio, levando seu filho junto. O jovem, vê uma garota Licchavi vestida fina e lindamente, como uma ninfa, caiu apaixonado com desejo por ela. Ele diz a seu pai, quando deixam o palácio juntos ainda, “Há uma garota – s'eu tiver a ela, viverei ; mas se não, nada haverá além de morte.” Ele não comia comida nenhuma mas jazia abraçado ao estrado da cama. Seu pai o encontro e diz, “Por quê, filho ? Não coloque sua mente em fruto proibido. Você não é ninguém – filho de barbeiro ; esta garota Licchavi é lady alta. Não és para ela. Encontrarei outra pessoa ; uma garota do seu lugar e rank.” Mas o rapaz não escutava ele. Veio então mãe, irmão, e irmã, tia e tio, todos os parentes e amigos e companheiros, tentar pacificá-lo ; mas pacificá-lo não puderam. Assim ele pinhou e pinhou e ficou deitado lá até que morreu.

O pai então realiza as exéquias, e faz o quê é usual fazer pelos espíritos dos mortos. Passa o tempo, e quando a primeira força da dor já gastara-se, ele pensou que deveria visitar o Mestre. Levando um largo presente de flores, essências, e perfumes, ele vai a Mahavana, e faz reverência ao Mestre, o saúda, e senta de um lado. “Por quê estiveste ausente todo este tempo, leigo ?” o Mestre perguntou. O homem então contou a ele tudo o quê tinha acontecido. Disse o Mestre, “Ah, leigo, esta não é a primeira vez que ele perece por colocar o coração naquilo que não devia ; isto é exatamente o quê ele fez antes.” Então ao pedido do leigo, ele contou esta história de tempos antigos.

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Certa vez quando Brahmadatra era rei de Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como um jovem Leão na região dos Himalaias. Na mesma família haviam alguns irmãos jovens e uma irmã ; e todos eles viviam na Cova Dourada.

Próxima a esta cova havia a Cova de Cristal na montanha de prata, onde vivia um Chacal.

 Depois de um tempo os Leões perdem seus pais por um golpe da morte. Então, acostumaram-se a deixar a Leoa, irmã deles, atrás na cova, enquanto eles vagavam em busca de comida ; que após obterem traziam para ela na volta para comer.

Bem, o Chacal viu esta Leoa, e caiu apaixonado por ela ; mas enquanto o velho Leão e a Leoa viviam, não tinha nenhum acesso. Agora, quando os sete irmãos saíram para buscar comida, ele sai também da Cova de Cristal e corre para a Cova Dourada ; onde, em pé diante da jovem Leoa, fala astutamente as palavras sedutoras e tentadoras:
Ó Leoa, sou criatura de quatro patas, e você também é. Portanto seja minha companheira, e eu serei seu marido! Viveremos juntos em amor e amizade, e você me amará para sempre !”
Bem escutando isto a Leoa pensou consigo mesma, “Este Chacal aí é o menor entre as bestas, vil, e como uma pessoa da mais baixa casta : e eu sou considerada como de origem real. Que ele comigo assim fale é inverossímil e mau. Como posso viver após escutar tais coisas ditas ? Vou segurar minha respiração até morrer.” - Então, pensando ela um pouco, “Não,” disse ela, “morrer assim não seria belo. Meus irmãos logo estarão em casa novamente ; contarei a eles isto e depois darei um fim a mim mesmo.”

O Chacal, vendo que não tinha resposta, sentiu que com certeza ela nada queria com ele ; e volta para sua Cova de Cristal, e deita triste.

Bem, um dos jovens Leões, tendo matado um búfalo, ou um elefante, ou outro bicho, ele mesmo come e traz de volta uma parte para sua irmã, que dá a ela, convidando-a a comer. “Não irmão,” diz ela, “nem uma mordida vou comer ; pois devo morrer !” “Por quê tal deve ser ?” ele perguntou. E ela contou a ele o quê aconteceu. “Onde está este Chacal agora ?” ele perguntou. Ela o viu deitado na Cova de Cristal e pensando que ele estava alto no céu ( n. do tr.: por causa da transparência ), disse ela, “Pois, irmão, não podes vê-lo lá na Montanha Prateada, deitado no céu ?” O jovem Leão, desconhecendo que o Chacal estava deitado na Cova de Cristal, e considerando que ele estava verdadeiramente no céu, deu um salto, como fazem leões, para matá-lo, e bateu contra o cristal : que fez explodir seu coração em dois, e cair ao sopé da montanha, perecendo direto.

Depois veio outro, a quem a Leoa conta a mesma história. Este Leão fez o mesmo que o primeiro, e caiu morto ao sopé da montanha.

Quando seis dos irmãos Leões estavam mortos deste jeito, último de todos entra o Bodhisatva. Quando ela já tinha contado sua história, ele perguntou onde estava o Chacal agora ? “Lá está ele,” ela disse, “alto no céu, acima na Montanha Prateada !” O Bodhisatva pensou - “Chacais deitados no céu ? Nonsense . Sei o quê é isto : ele está deitado na Cova de Cristal.” Ele vai então ao sopé da montanha e lá vê os seis irmãos jazendo mortos. “Vejo o que aconteceu,” ele pensou ; “estes eram todos tolos, e carentes da plenitude da sabedoria ; sem saber que esta é a Cova de Cristal, eles bateram seus corações contra ela, e foram mortos. Isto é o quê acontece em agir precipitadamente sem reflexão devida ;” e ele repete a primeira estrofe:-

Quem precipitadamente empreende uma tarefa,
Não contando todos os problemas que podem surgir,
Como alguém que queima a boca ao comer
Cai vítima dos planos que urdir.

Após repetir estas linhas, o Leão continuou : “Meus irmãos quiseram matar este Chacal mas não souberam como executar seus planos com inteligência ; de modo que saltaram muito apressadamente contra ele, e assim morreram. Não farei isto ; mas farei o Chacal explodir seu próprio coração enquanto deita na Cova de Cristal.” Prescrutou o caminho por onde o Chacal subia e descia e virando para este lado rugiu três vezes o rugido dos leões, de modo que céu e terra juntos eram um só grande rugido ! O Chacal deitado na Cova de Cristal ficou assustado e aterrorizado, e seu coração explodiu ; e ele pereceu incontinentemente naquele lugar.

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O Mestre continuou, “Assim este Chacal pereceu ao ouvir o rugido do Leão.” E tornando-se perfeitamente iluminado, ele repetiu esta segunda estrofe:-

Em Daddara o Leão deu um rugido,
E fez Monte Daddara ressoar novamente.
Próximo vivia um Chacal ; temia dor plena
Ao escutar o som, e explodiu em dois seu coração.

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Assim nosso Leão matou o Chacal. Ele depois sepulta os Irmãos em uma cova, e conta para a irmã que eles estavam mortos, e a confortou ; e ele viveu o resto dos seus dias na Cova Dourada, até que ele passou para o lugar que seus méritos ganhavam para ele.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, ele revelou as Verdades, e identificou o Jataka: - à conclusão das Verdades, o leigo foi estabelecido no Fruto do Primeiro Caminho : - “O filho do barbeiro de ho-je era então o Chacal ; a garota Licchavi era a jovem Leoa ; os seis jovens Leões são agora seis Anciãos ; e eu mesmo o Leão mais velho.”




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