sexta-feira, 18 de julho de 2008

153 Buddha Leão ( outro )



153
Tu és quadrúpede...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um certo Ancião já bem acometido pela idade.

Uma vez, nos é dito, aconteceu de haver, serviço noturno, e o Mestre pregou em pé em um degrau da escada em jóias à porta da sua cela perfumada. Após a exposição do discurso o Bento, Abençoado, retirou-se para sua câmara perfumada ; e o Capitão da Fé, saudando seu Mestre, voltou para sua cela própria. Grande Moggallana também retirou-se para sua cela, e após um momento de descanso retornou para perguntar ao Ancião Sariputra uma questão.

 Enquanto ele perguntava e perguntava questões, o Capitão da Fé tornou-as todas claras, como se ele fizesse a lua subir no céu. Estavam presentes as quatro classes de discípulos ( monges, monjas, leigos e leigas ), que sentados escutaram tudo. Então um pensamento veio à mente de um ancião idoso. “Suponha,” ele pensou, “que eu possa confundir Sariputra diante de toda esta multidão, perguntando a ele alguma questão ? Eles todos pensarão, Que sujeito inteligente! E ganharei crédito e reputação.” Então ele se levantou no meio da multidão, e andando para perto do Ancião, ficou em um lado, e disse, “Amigo Sariputra, eu também tenho uma pergunta para você ; tu me deixará falar ? Me dê uma diferença entre discriminação e indiscriminação, de refutação e aceitação, de distinção e indistinção.” O Ancião olhou para ele. “Este velho homem,” pensou ele, “ainda permanece na esfera do desejo ; ele está vazio, e nada sabe.” Ele não disse uma palavra para o outro por vergonha mesmo ; deitando seu abanador, levantou-se do assento, e retornou à sua cela. E Ancião Moggallana do mesmo jeito levantou-se e retornou para sua cela. Os circundantes pularam, gritando,”Peguem este velho sujeito ruim, que não nos deixa escutar as doces palavras do sermão !” e 'juntaram' ele.

 Ele correu fugindo e caiu por um buraco de esgoto na esquina justo para fora do mosteiro ; quando ele se levantou estava coberto de sujeira. Quando as pessoas o viram, sentiram pena dele, e foram até o Mestre. Ele perguntou, “Por quê vocês veem nesta hora inapropriada, leigos ?” Eles contaram o quê aconteceu. “Leigos,” disse ele, “esta não é a primeira vez que este velho homem envaidece-se, enfatua, bufa, e sem conhecer seu próprio poder, lança-se contra o forte, só para cobrir-se todo de sujeira. Muito, muito tempo atrás ele não conhecia seus poderes, lançando-se contra o mais forte, e foi coberto de sujeira como o foi agora.” Então, ao pedido deles, ele contou-lhes uma estória de tempos antigos.

------------------------------

Certa vez quando Brahmadatra era rei de Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era um Leão que morava em uma cova montanhosa nos Himalaias. Próximo havia uma multidão de Javalis, vivendo junto a um lago ; e do lado do mesmo lago vivia uma companhia de anacoretas em cabanas de folhas feitas e de galhos de árvores.

Um dia aconteceu de o Leão derrubar um búfalo ou um elefante ou alguma outra caça ; e, após comer o quê queria, desceu para beber neste lago. Justo quando ele saía, um Javali robusto alimentava-se à margem d'água. “Ele será minha refeição algum dia destes,” pensou o Leão. Mas temendo que se o Javali o visse, poderia não voltar lá novamente, o Leão enquanto saía da água escapole furtivamente pelo lado. Isto o Javali viu ; e logo veio pensamento à mente dele, - “Isto é porque ele me viu, e está com medo ! Ele não ousa se aproximar de mim, e foge amedrontado ! Este dia verá uma luta entre eu e o leão !” Então ele levanta sua cabeça e faz um desafio ao Leão na primeira estrofe:

Tu és quadrúpede – também o sou : então, amigo, somos semelhantes, veja você ;
Volte, Leão, volte ; estás com medo ? Por quê foges de mim ?

O Leão deu ouvidos. “Amigo Javali,” ele disse, “ho-je não haverá luta entre eu e você. Mas daqui há uma semana que haja luta aqui neste mesmo lugar.” E com estas palavras partiu.

O Javali ficou altamente deliciado em pensar como lutaria com um leão ; e contou a todos seus amigos e parentes ( kith & kin ) sobre isto. Mas a história apenas os aterrrorizava. “Serás a perdição de todos nós,” eles disseram, “e você mesmo sairá correndo. Você não sabe o quê podes fazer, ou não estarias tão ansioso para combater um leão. Quando o Leão vier, ele será a morte tua e de todos nós também ; não sejas tão violento !” Estas palavras fizeram o Javali ficar com medo. “O quê farei então ?” ele perguntou. Os outros Javalis aconselharam-no a rolar pelo esgoto dos anacoretas pelos próximos sete dias, e deixar a sujeira secar no corpo dele ; então no sétimo dia devia deixar-se molhar com gotas de orvalho e ser o primeiro no lugar da disputa ; devia descobrir para onde sopra o vento, e ficar a barlavento ; e o Leão, sendo uma criatura limpa, poupará a vida dele quando sentisse o cheiro.

Ele fez conforme dito ; e no dia indicado, lá ele estava. Logo que o Leão sentiu o cheiro da sujeira, disse, “Amigo Javali, belo truque este! Não estivesses tu todo sujo, teria perdido tua vida neste dia mesmo. Mas como estais, não posso morder-te, nem mesmo tocar-te com minha pata. Portanto poupo tua vida.” E então ele repetiu a segunda estrofe:

Ó Javali sujo, teu couro está impregnado, o fedor é terrível para mim;
Se você brigasse, eu me entregaria, e terias a vitória.

Então o Leão gira e sai procura da comida do dia ; e em pouco tempo, após beber no lago, voltou de novo para sua cova na montanha. E o Javali contou a seus parentes como derrotou o Leão ! Mas eles ficaram aterrorizados com medo que o Leão pudesse voltar outro dia e matar todos eles. Por isto fugiram correndo e abrigaram-se em outro lugar.

-----------------------

Quando o Mestre terminou seu discurso, ele identificou o Jataka: “O Javali daqueles dias é agora o Ancião idoso e eu mesmo era o Leão.”






Nenhum comentário: