segunda-feira, 14 de julho de 2008

150 Buddha e Ajatasatru




    ( Pilar de Ajatasatru, Bharhut, clique na imagem para vê-la ampliada ) 

150
Ajude um vil...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu, sobre àdesão de Rei Ajatasatru a falsos professores (Kulla-Vagga VII, 3 as várias tentativas de matar Buddha, tentadas por Devadatra, com àjuda do príncipe Ajatasatru a quem ele instiga a matar o rei pai Seniya Bimbisara, que entrega o trono ao filho quando sabe que este o quer matar por isto ). Pois ele acreditava no rancoroso inimigo dos Buddhas, o mau e vil Devadatra, e em sua insensatez, querendo fazer honras a Devadatra, gasta vasta soma erigindo um mosteiro em Gayasisa. E seguindo os perversos conselhos de Devadatra, ele mata o bom e virtuoso ancião rei seu pai o Rei, que entrara nos Caminhos, e com isto destruiu sua própria oportunidade de ganhar bondade e virtude semelhante e trouxe grande dano para si mesmo.

Escutando que a terra engolira Devadatra, ele teme fado semelhante consigo mesmo. E tal o frenesi de seu medo que não mais se interessou pelo bem-estar de seu reino, não dormia na cama mas vagava fora tremendo em todos os membros, como um elefante jovem em agonia de dor. Em fantasia via a terra de mandíbulas abertas e as chamas dos ínferos projetando-se ; ele podia se ver atado a cama de metal em chamas com lanças de ferro atravessando seu corpo. Como galo ferido, nem por um instante ele ficou em paz. O desejo veio a ele de ver o Buddha Todo-Sapiente, reconciliar-se com ele, e pedir orientação ; mas devido a magnitude de suas transgressões ele encolheu-se de ir à presença de Buddha. Quando celebrava-se já o festival Kattika, e de noite Rajagaha iluminava-se e adornava-se como a cidade dos deuses, o Rei [ n. do tr.: Ajatasatru tem este título porque seu pai passou-lhe o trono; ele apesar disto mata o pai de fome numa prisão], enquanto sentado em alto trono de ouro, viu Jivaka Komarabhacca sentado próximo. A idéia de ir ao Buddha com Jivaka, iluminou a mente dele mas sentiu que não podia dizer imediatamente que não iria sozinho mas queria que Jivaka o acompanhasse. Não ; o melhor curso, trajeto, seria, após louvar a beleza da noite, propor sentar aos pés de algum sábio ou brahmin, e perguntar aos cortesãos qual professor pode dar paz ao coração. Claro que irão todos louvar individualmente seus próprios mestres ; mas Jivaka iria com certeza exaltar o Buddha Todo-Iluminado ; e ao Buddha o Rei com Jivaka iria. Então ele irrompe nos cinco louvores à noite, dizendo - “Como é bela, senhores, esta clara noite sem nuvens! Como brilha! Como encanta! Como delicia! Como ama! ( n. do tr.: palavras de abertura do Samaññapala Sutra ) Que sábio ou brahmin devemos buscar, para ver se com felicidade pode dar paz aos nossos corações ?”

Então um ministro recomendou Purana Kassapa, outro Makkhali Gosala e outros ainda Ajita Kesakambala, Kakudha Kaccayana, Sañjaya Belatthiputra, ou Nigantha Nathaputra [este, Maha-Vira, Grande-Irmão ]. Todos estes nomes o Rei escutou em silêncio, esperando que seu ministro chefe, Jivaka, falasse. Mas Jivaka, suspeitando que oobjetivo real do Rei era fazê-lo falar, manteve silêncio de modo a ter certeza. Por fim o Rei disse, “Bem, meu bom Jivaka, por quê você não tem nada a dizer ?” Bastou esta frase para Jivaka saltar do assento e com mãos postas em adoração em direção ao Abençoado, gritou, “Senhor, lá, no meu bosque de manga mora o Buddha Todo-Iluminado com mil e trezentos e cinqüenta Irmãos. Esta é a alta fama que surgiu relativa a ele.” E aqui ele segue recitando os nove títulos honoríficos atribuídos a ele, começando com 'Venerável' (cf. Digha Nikaya para esta lista e para o sutra em questão). Quando depois mostrou como desde o nascimento mesmo os poderes de Buddha ultrapassavam todos antigos presságios e expectativas, Jivaka fala, “Até ele, o Abençoado, encaminhe-se o Rei, para escutar a verdade e colocar questões.”

Seu objetivo assim atingido, o Rei pede a Jivaka que apronte os elefantes e vá em formalidade real ao bosque de manga, onde encontrou no pavilhão perfumado o Buddha no meio da Irmandade que estava tranquilo como oceano em repouso perfeito. Olhando para onde olhasse, os olhos do Rei viam apenas os ranks, as fileiras sem fim dos Irmãos, excedendo em séqüito qualquer número que já vira. Agraciado com a postura dos Irmãos, o Rei inclinou-se baixo e falou palavras de louvor. Saudando então o Buddha, sentou-se, e perguntou a ele uma questão, 'Qual o fruto da vida religiosa ?' E o Abençoado pronunciou o Samaññapala Sutra em duas seções. Com o coração feliz , o rei fez as pazes com o Buddha ao término do Sutra, e levantando-se, partiu em solene obediência. Logo depois que o Rei partiu, o Mestre dirigiu-se aos Irmãos e disse, “Irmãos, este Rei está desenraizado ; não tivesse este Rei assassinado em luxúria por poder, aquele reto legislador seu pai, ele teria ganho a clara visão da Verdade de Arahat, antes de levantar do assento. Mas por seu vil favorecer a Devadatra, perdeu o fruto desde primeiro caminho.”

Dia seguinte os Irmãos conversavam juntos sobre tudo isto e disseram que o crime de parricídio de Ajatasatru, que era devido ao mau e perverso Devadatra foi a ruína do Rei. Neste ponto o Mestre entra no Salão da Verdade e pergunta o tema da conversa. Entendendo, o Mestre fala, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Ajatasatru sofre por favorecer o mal ; conduta semelhante no passado custou a ele sua vida.” Assim falando, ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares (  Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa família de brahmin rico. Chegando na idade da discrição, foi estudar em Takkasila ( Taxila ) , onde recebeu educação completa. Em Benares como professor gozava de fama mundial e tinha quinhentos jovens brahmins como pupilos. Entre estes estava um de nome Sañjiva, a quem o Bodhisatva ensinou o encanto de ressuscitar mortos. Mas apesar do jovem ter aprendido isto, não aprendeu o contra encanto. Orgulhoso do seu novo poder, ele saiu com seus pupilos estudantes para a floresta catar lenha, e lá encontram um tigre morto.
Agora me vejam fazer o tigre voltar à vida,” disse ele.
Não consegue,” disseram eles.
Vocês olhem e me verão fazê-lo.”
Bem, se podes, então faça-o,” disseram eles e subiram em uma árvore em seguida.
Então Sañjiva repetiu seu encanto e bateu na cabeça do tigre morto com uma louça de barro [ n. do tr.: provavelmente quebra um vaso com óleo, cena semelhante à de IHS XTO em Bethânia na Quinta-feira da Paixão, quebrando um vaso de óleo da Índia ]. Levanta-se o tigre e rápido como um raio, salta em Sañjiva e morde-o na garganta, matando-o imediatamente. Cai morto o tigre lá e então, then and there, e morto cai Sañjiva também no mesmo lugar. De modo que os dois jazem deitados mortos lado a lado.

Os jovens brahmins catam sua lenha e voltam a seu mestre para quem contam a estória. “Meus caros pupilos,” disse ele, “notem aí como por razão de mostrar favor a um ruim e prestando homenagem onde não era devida, ele trouxe toda esta calamidade sobre si mesmo.” E falando assim ele disse esta estrofe:-

Ajude um vil, ampare-o na necessidade,
E, como aquele tigre que Sañjiva ressuscitou
À vida, imediatamente, para sofrimento seu, ele te devora.

[n. do tr.: A Glosa sugere ironia com o nome de Sañjiva que significa 'Vivo'.]

Tal foi a lição do Bodhisatva aos jovens brahmins, e após vida de caridade e obras boas outras, ele passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada o Mestre identificou o Jataka dizendo, “Ajatasatru era o jovem brahmin daqueles dias que ressuscitou o tigre morto, e eu o professor famoso.”




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