sábado, 21 de outubro de 2023

510 Buddha sábio Ayoghara

 





     


510  Ayoghara  jataka 

                “Vida uma vez concebida...etc.” – Esta história o Mestre contou sobre a Grande Renúncia. Aqui novamente ele disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que o Tathagata fez a Grande Renúncia pois ele fez o mesmo antes.” E ele contou a eles uma história do passado.         

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                   Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, a rainha consorte concebeu, e quando seu tempo estava completo ela deu a luz um filho justo após aurora do dia. Bem, em uma existência anterior, outra esposa do mesmo marido rezou para que pudesse ser capaz de devorar a criança desta mulher; ela, foi dito, era estéril e ficando com raiva de mãe e filho pronunciou esta prece, pela qual veio a existir enquanto duende fêmea, ‘duenda’. A outra tornou-se consorte do rei e deu a luz este filho. Bem, a duende encontrou sua chance e colocando uma forma horrível pegou a criança diante dos olhos da mãe e fugiu. A rainha gritou em alta voz – “Um duende está levando meu filho! ” A outra o mastigou e mascou como uma cebola e o engoliu; depois após várias transformações de seus membros, que aborreceu e aterrorizou a rainha, partiu. Quando o rei escutou, ele ficou bobo: o que poderia ser feito, pensou ele, contra um duende?

                 Da próxima vez que a rainha estava para ter criança, ele colocou uma forte guarda ao redor dela. Ela teve outro filho; a duende novamente veio e o devorou também e partiu.

             A terceira vez foi o Grande Ser concebido em seu útero.  O rei reuniu um número de pessoas e disse: “Cada filho que minha rainha deu à luz, um duende fêmea veio e o devorou. O que deve ser feito? ” Então alguém disse, “Duendes tem medo de folha de palmeira; você deve amarrar uma destas folhas em cada uma de suas mãos e pés. ” Outro disse, “É uma casa de ferro que eles temem; uma deve ser feita.” O rei estava querendo. Ele reuniu todos os ferreiros de seu reino e ordenou-lhes que construíssem para ele uma casa de ferro, e colocou vigias sobre eles. Na cidade mesma em um lugar agradável eles construíram uma casa; ela tinha pilares e todas as partes de uma casa, tudo feito de nada além de ferro: em nove meses ela estava terminada, uma grande sala com quatro cantos: ela brilhava, iluminada continuamente com lâmpadas.

            Quando o rei soube que ela aproximava-se do tempo de parir, ele aprontou a casa de ferro e a levou para lá. Ela deu a luz um filho com as marcas da bondade e da sorte nele e lhe deram o nome de Ayoghara-Kumara, o Príncipe da Casa de Ferro.  O rei o confiou ao cargo de enfermeiras e colocou uma grande guarda ao redor do lugar, enquanto ele com sua rainha fazia o circuito de toda a cidade girando para a direita e então subiu para seu terraço magnífico. Enquanto isto a duende querendo água para beber foi destruída tentando pegar alguma água de Vessavana.

          Na casa de ferro o Grande Ser foi criado e cresceu em sabedoria e lá também foi educado em todas as ciências.

          O rei perguntou a seus cortesãos, “Qual a idade de meu filho? ” Eles responderam, “Ele está com dezesseis anos, meu senhor: um herói, poderoso e forte, pronto para domar mil duendes! ” O rei determinou-se a colocar o reino nas mãos de seu filho. Ele decorou a cidade e deu ordens para que o rapaz fosse trazido até ele fora da casa de ferro.  Os cortesãos obedeceram: toda Benares ficou decorada, esta grande cidade de doze léguas em extensão; eles adornaram o elefante de estado em armadura magnificente e vestiram o garoto do melhor modo e o colocaram em cima das costas do elefante, dizendo, “Meu senhor, faça um circuito para a direita ao redor da cidade feliz, sua herança e saude seu pai o Rei de Kasi; pois neste dia receberás o Parassol Branco. ”  O Grande Ser fez este circuito cerimonial para a direita e vendo os belos parques, as belas cores, lagos, pedaços de chão, todas as casas bonitas e assim por diante, pensou assim consigo mesmo: “Tudo isto, enquanto meu pai me manteve fechado numa prisão, nunca me deixou ver, esta cidade tão ricamente adornada. Que falta pode haver em mim? ”  Ele colocou esta questão para os cortesãos. “Meu senhor, ” eles disseram, “não há nenhuma falta em você; mas uma duende fêmea devorou seus dois irmãos, por isto teu pai te fez viver dentro de uma casa de ferro e a casa de ferro salvou tua vida.”  Estas palavras o fizeram pensar novamente, “Por dez meses eu estive no útero de minha mãe, como se fossem o Inferno do Caldeirão de Ferro ou o Inferno do Esterco; e quando saí do útero, por dezesseis anos habitei nesta prisão, sem nenhuma chance de ver aqui fora.  Apesar de ter escapado das mãos da duende não estou livre da velhice nem da morte. Que interesse tenho na realeza? Uma vez estabelecido no lugar real é difícil para alguém sair fora.  Neste dia mesmo pedirei a meu pai licença para abraçar a vida religiosa e irei para o Himalaia e farei isto. ” 

                Concordemente após sua procissão pela cidade estar terminada, ele foi ao palácio do rei, saudou o rei e permaneceu esperando. O rei vendo seu belo corpo, olhou para seus cortesãos com forte amor em seus olhos. “O que você deseja que façamos, Senhor? ” eles perguntaram. “Peguem meu filho e o coloquem em uma pilha de joias, façam a aspersão nele com as três conchas, levantem o Parassol Branco com suas grinaldas douradas. ” Mas o Grande Ser saudou seu pai e disse, “Pai, não quero ter nada a ver com a realeza. Quero abraçar a vida religiosa e anseio sua permissão para fazer isto. ” “Por que você deixaria tua realeza, meu filho, e abraçaria a vida religiosa? ” – “Meu senhor, por dez meses eu estive no útero de minha mãe como se ele fosse o Inferno de Esterco; uma vez nascido, por temor de um duende habitei dezesseis anos em uma prisão, sem nunca ter nem a chance de olhar para fora, - me parece como se tivesse sido jogado no inferno Ussada.  Agora a salvo do duende não estou nem salvo da idade nem da morte, pois a morte nenhum homem pode conquistar. Estou farto da existência. Até que doença, idade, morte venham até mim seguirei a vida de religioso, andando em retidão. Nenhum reino para mim! Meu senhor, dê-me permissão! ” Então ele declarou a Lei para seu pai assim: 

 

                       Vida uma vez concebida dentro do útero, logo que começa

                      Segue continuamente, seu curso nunca acaba.

 

                      Nenhuma proeza guerreira nem força poderosa

                  Pode manter a distância das pessoas velhice e morte;

                  Tudo atormentado com nascimento e idade eu vejo:

                  Então me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Grandes reis pela força ou violência dominam

                  Hostes de quatro armas, terríveis de ver ;

                  Sobre a hoste da morte eles não ganham nenhuma vitória:

                   Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Apesar de cavalos, elefantes, carros e homens

                  Os cercarem, alguns ainda se libertaram novamente;

                  Mas das mãos da morte nenhum homem se livra:

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Com cavalos, elefantes, carros e homens

                  Heróis destroem e esmagam e esmagam novamente;

                  Mas para esmagar a morte não vejo nenhum homem tão forte:

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim. 

 

                  Elefantes loucos rugindo com pele lamacenta

                  Pisam cidades inteiras e matam as pessoas dentro,

                  Para pisar na morte não vejo ninguém tão forte assim:

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Arqueiros que são os mais fortes e habilidosos.

                  Ferindo como um raio de relâmpago de longe,

                  Mas para ferir a morte não vejo nenhum homem tão forte assim.

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                 Grandes lagos, suas florestas e rochas, caem em ruínas,

                Após um tempo ruína chega para todos,

               Com o tempo tudo é levado a nada

               Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

              Como uma árvore na beira de um rio,

              Ou qual um bêbado trocando seu casaco por bebida,

              Tal é a vida daqueles que são mortais:

               Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

               Os elementos do corpo se dissolvem – eles decaem

               Jovem, velho, idade mediana, homens, mulheres – todos,

               Caem como o fruto cae de uma árvore que se balança:

               Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

              O vigor humano é todo dessemelhante a rainha cujo reino

              Legisla sobre as estrelas (a Lua): nunca retornará novamente.

             Para um ancião esgotado que alegria ou amor pode haver?

              Daí me resolvi – uma vida santa para mim. 

 

             Enquanto fantasmas e espíritos e duendes horríveis podem

             Quando irados soprar seus sopros envenenados no homem,

             Contra a morte seus sopros-venenos não são de nenhuma ajuda:

             Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

             Enquanto fantasmas e espíritos e duendes horríveis podem

             Quando irados, apaziguarem-se por atos dos homens,

              Usar isto com a morte, nenhum abrandamento eu conheço:

              Daí me resolvi – uma vida santa para mim. 

 

             Aqueles que praticam crime e coisas erradas e que machucam,

           Quando conhecidos, são punidos pelos atos do rei,

           Mas contra a morte nenhuma punição pode haver:

           Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

          Aqueles que praticam crime e coisas erradas e que machucam

          Podem encontrar um jeito de parar as mãos dos reis,

          Mas como parar a mão da morte nenhum jeito pode haver:

          Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

         Guerreiros ou brahmins, homens de alto escalão,

         Homens de muitas riquezas, o poderoso e o grande,-

         Rei Morte, não tem dó, nem piedade ele tem:

         Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

        Leões e tigres, panteras, pegam suas presas,

        E todos as devoram, mesmo podendo ela lutar;

        A morte é livre do medo de ser devorada por eles:

       Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

       No palco o mágico com sua manha

       Numa performance pode enganar as vistas das pessoas,

       Para enganar a morte, não há nenhum truque tão rápido:

       Daí me resolvi -  uma vida santa para mim. 

 

       Serpentes iradas atacarão com picada envenenada

       E matarão imediatamente uma pessoa;

       Para a morte não há medo de picada envenenada:

       Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

       Serpentes iradas com presas envenenadas podem picar,

      O antídoto habilidoso pode segurar a força do veneno;

      Para curar a mordida da morte nenhum homem tão forte pode ser:

       Daí me resolvi: uma vida santa para mim.

 

       Habilidade médica pode curar picada de serpente;

       Agora eles mesmos estão mortos e fora de vista,

       Bhoga, Vetarani, Dhammantari:

       Daí me resolvi: uma vida santa para mim.

 

       Alguns que em encantos e conhecimentos mágicos são sábios

       Podem andar invisíveis aos olhos do próximo,

       Ainda assim nem tão invisíveis pois a morte pode ver:

       Daí me resolvi: uma vida santa para mim. 

 

       Salvo está a pessoa que anda em retidão;

       Religião bem observada tem poder de abençoar;

       Feliz a pessoa correta e nunca ele

       Enquanto for correto cairá em miséria.

 

       Não é verdade, seu próprio fruto, do certo ou do errado brotarão?

       Certo leva ao céu, errado a pessoa ao ínfero levará. 

 

       Quando o Grande Ser assim declarou a Lei em vinte e quatro estrofes, ele disse, “Ó grande rei! Guarde teu reino para ti mesmo; não quero nada dele. Permaneça onde você está.”  Então como um elefante louco rompe seus grilhões de aço, ou como um jovem leão quebraria uma jaula dourada, ele rompeu seus desejos carnais; e saudando seus pais, ele partiu. Então seu pai disse, “Não quero o Reino!” e largando-o foi com ele. Quando ele já tinha ido, a rainha e os cortesãos, brahmins, donos de casa, e todos os outros me habitavam na cidade, deixaram suas casas e foram embora. Houve uma grande reunião; a multidão estendia-se por doze léguas. Com esta multidão ele partiu para o Himalaia. 

          Quando Sakra percebeu que ele partira, enviou Vishvakarma para fazer um eremitério doze léguas de comprimento e sete de largura e pediu-lhe que coloca-se dentro todas as coisas necessárias, requisitos da vida ascética. Como o Grande Ser procedeu para admití-los na Irmandade e advertiu-lhes e como eles se tornaram destinados ao mundo de Brahma ou entraram no Terceiro Caminho, tudo deve ser repetido como antes.

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               Este discurso terminado, o Mestre disse: “Assim Irmãos, o Tathagata fez a Grande Renúncia antes”; após o que ele identificou o Jataka:- “Naquele tempo os pais do rei eram o pai e a mãe, os seguidores de Buddha eram seus seguidores e eu mesmo o sábio Ayoghara.