segunda-feira, 24 de março de 2014

482 Buddha Cervo


                                   

( desenho de pintura de Ajanta relatando a história do cervo ; começando de baixo quando o cervo salva o sujeito que se afoga passa logo para cima com o caçador relatando ao rei o local e descendo pela esquerda do desenho, a corte saindo em caravana e parando junto ao cervo que segue subindo pela direita homenageado em um carro com parassol . pg. 44, Guide to Ajanta paintings, vol1, Dieter Schlingloff, MM Publishers, New Delhi, 1999. Clique na imagem para vê-la ampliada. )

482
Te trago notícias...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia no bosque de Bambu sobre Devadatra. Alguém dizia para ele, “O Mestre é muito útil para ti, amigo Devadatra. Você recebeu ordens sacras do Tathagata, dele aprendeste as Três Cestas, obtivestes ofertas e honra.” Quando tais coisas foram ditas, é relatado com credibilidade que ele respondeu, “Não, amigo ; o Mestre não me fez nenhum bem, nem no valor de uma folha de grama. De mim mesmo recebi as ordens sacras, por mim mesmo aprendi as Três Cestas e por mim mesmo ganhei ofertas e honras.” No salão da Verdade os Irmãos falavam sobre tudo isto : “Ingrato é Devadatra, meu amigo, e esquece uma gentileza feita.” O Mestre entrou e queria saber o que falavam lá sentados. Eles disseram. Ele falou, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra é ingrato mas ingrato ele também foi antes ; e em dias há muito tempo passado tendo a vida salva por mim ainda assim não reconheceu a grandeza do meu mérito.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, um grande mercador que possuía uma fortuna de 800 milhões, teve um filho nascido dele ; e deu a ele o nome de Maha-dhanaka ou Homem dinheiro. Mas nunca lhe ensinou nada ; pois dizia, “Meu filho achará estudo uma canseira da carne.” Entre cantos e danças, comida e festança, o rapaz não aprendeu nada. Quando chegou à idade, seus pais lhe providenciaram uma esposa adequada e logo depois morreram. Após a morte deles, o jovem cercado de libertinos, bêbados e jogadores, dissipou toda sua riqueza em todo tipo de gastança e profusão. Depois pediu dinheiro emprestado e não pode pagar e foi cobrado pelos credores. Por fim ele pensou, “O quê é minha vida para mim ? Nesta única existência , estou como que já transformado em outro ser ; é melhor morrer.” Com isto disse a seus credores, “Tragam suas contas e venham aqui. Tenho um tesouro de família enterrado e guardado às margens do Ganges e vocês o terão.” Eles seguiram junto com ele. Ele fez como se estivesse apontando aqui ou lá o lugar do tesouro escondido ( mas enquanto isto pretendia cair no rio e se afogar ) e finalmente correu e atirou-se dentro do Ganges. Enquanto a corrente o transportava, ele berrava alto um grito de dor.
Bem, naquele tempo o Grande Ser nascera como um Cervo e tendo abandonado a horda, habitava próximo a uma curva do rio sozinho, em uma moita de salgueiros misturada com belas mangueiras floridas : a pele de seu corpo era da cor de um prato dourado bem lustrado, patas traseiras e dianteiras pareciam como que cobertas de verniz, seu rabo como o rabo de boi selvagem, seus chifres como espirais de prata, seus olhos tinham o brilho de gemas polidas quando virava a boca em qualquer direção parecia como uma bola de roupa vermelha. Ao redor da meia noite escutou o triste grito do outro e pensou, “Escuto a voz de uma pessoa. Enquanto estou vivo que ele não morra ! Salvarei para ele sua vida.” Surgindo de seu lugar de descanso no mato, ele desceu para a margem do rio e gritou em voz calma,”Ei homem ! Nada tema, salvarei tua vida.” Então cortou a corrente do rio e nadou até ele e o colocando em suas costas carregou-o até a margem e para sua própria moradia ; onde por dois ou três dias o alimentou com frutos selvagens. Após o quê disse ao homem, “Ei homem, agora vou te conduzir para fora desta floresta e te colocar numa estrada para Benares e irás em paz. Mas te peço, não seja levado por ganância de ganho em dizer ao rei ou outro grande homem que em tal lugar encontra-se um cervo dourado.” O homem prometeu observar suas palavras ; e o Grande Ser, tendo recebido esta promessa, o colocou nas suas costas, o carregou até a estrada de Benares e seguiu seu caminho.
No dia em que alcançou Benares, a Rainha principal cujo nome era Khema, viu de manhã em um sonho que um cervo dourado pregava a Lei a ela ; e pensou, “Se não existisse tal criatura, não a veria em meu sonho. Certamente deve existir ; vou proclamar ao rei.”
Ela ela foi ao rei e disse, “Grande rei ! Estou ansiosa em escutar o discurso do cervo dourado. Se puder, viverei mas se não, não haverá existência para mim.” O rei a confortou, dizendo, “ Se tal criatura existe no mundo das pessoas, você a terá.” Então ele chamou os brahmins e colocou a questão - “Existe tal ser : cervo de cor dourada ?” “Sim, existe, meu senhor.” O rei colocou sobre as costas de um elefante ricamente ajaezado uma bolsa com mil peças de dinheiro dentro de uma caixa dourado : quem quer que traga uma palavra sobre um cervo dourado, o rei de boa vontade dará a ele a bolsa com mil peças, a caixa de ouro e o elefante com tudo ou um melhor. E fez gravar uma estrofe sobre uma tábua de ouro e entregou a alguém da sua corte pedindo que proclamasse a estrofe em seu nome por todo o Povo da cidade. Então ele recitou a estrofe que vem primeiro neste Jataka :

Quem me trará notícias deste cervo, primoroso entre todos da raça :
Belas mulheres e uma cidade escolhida serão dadas como prêmio.

O cortesão tomou o prato dourado e fez com que fosse proclamado por toda a cidade. Justo então o filho jovem do mercador entrava em Benares ; e escutando a proclamação, aproximou-se do cortesão e disse, “Posso dar notícias de um tal cervo ao rei ; leve-me em sua presença.” O cortesão desmontou do elefante e o levou para diante do rei, dizendo, “Este homem, meu senhor, diz que pode te dar notícias do cervo.” cotejou o rei, “É verdade, cara ?” “É verdade, Ó grande rei ! me darás toda aquele a honra.” E recitou a segunda estrofe :

Te trago notícias do cervo, primoroso entre todos da raça :
Belas mulheres e uma cidade escolhida dê-me por prêmio.

O rei ficou feliz quando escutou estas palavras do amigo traidor. “Vamos,” disse ele, “onde este cervo pode ser encontrado ?” “Em tal e tal lugar, meu senhor,” ele respondeu e declarou o caminho que deviam fazer. Com um grande séquito fez o traidor de guiá-lo até o lugar e então disse, “Ordene que o exército pare.” Quando o exército foi feito estacionar, ele seguiu apontando com a mão, “Há um cervo dourado lá naquele lugar :” e repetiu a terceira estrofe :

Dentro daquela moita de flores de salgueiro e manga, onde o chão
É todo vermelho qual cochonilha, este cervo será encontrado.

Quando o rei escutou estas palavras, disse para seus cortesãos,”Não deixem o cervo escapar mas com toda a velocidade façam um círculo ao redor do bosque, homens com armas nas mãos.” Eles fizeram isto e fizeram um clamor. O rei com um certo número de pessoas estava de pé à parte e o traidor também não estava distante. O Grande Ser escutou o som e pensou, “É o som de uma grande hoste, portanto devo me precaver deles.” Ele levantou-se e espreitando toda a companhia percebeu o lugar onde o rei estava. “Onde está o rei,” ele pensou, “estarei a salvo e para lá devo ir;” e correu na direção do rei. Quando o rei o viu vindo, disse, “Uma criatura forte como um elefante derrubaria tudo pelo caminho. Colocarei uma flecha na corda e amedrontarei o animal ; se ele correr o acertarei e o tornarei fraco de modo que possa pegá-lo.” Então acordoando seu arco, permaneceu olhando o Bodhisatva.

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Para explicar este assunto, o Mestre repetiu um par de estrofes :

Para frente ele foi : o arco estava curvado, a flecha na corda ;
Quando então de longe o cervo gritou, enquanto contemplava o rei :

Ó senhor dos aurigas, grande rei, pare ! E não faça ferimento :
Quem te trouxe notícias, que aqui seria encontrado este cervo ?

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O rei ficou encantado com a sua voz melíflua ; deixou cair o arco e ficou parado em reverência. O Grande Ser aproximou-se do rei e conversou agradavelmente com ele, permanecendo em um dos lados. Toda a hoste também largou as armas e aproximou-se cercando o rei. Naquele momento o Grande Ser fez sua pergunta ao rei com voz doce ( era como o tilintar de um sino dourado ) : “Quem te trouxe a notícia de que aqui este cervo seria encontrado ?” Justo então o homem mau aproximou-se e ficou escutando. O rei apontou-o dizendo “Foi ele que me informou,” e recitou a sexta estrofe :

Aquele homem de pecado, meu amigo valioso, lá está parado,
Ele me trouxe a notícia, que aqui o cervo seria encontrado.

Escutando isto, o Grande Ser censurou seu amigo traidor e dirigindo-se ao rei recitou a sétima estrofe :

Sobre a terra há muitas pessoas, de quem o provérbio é verdadeiro :
É melhor salvar um tronco afundando que alguém como tu.

Quando escutou isto o rei repetiu outra estrofe :

Quem é este que culpas por isto, Ó cervo ?
É alguma pessoa, animal ou pássaro ?
Estou possuído por um temor imenso
Por esta tua fala humana que escutei por último.

Com isto o Grande Ser respondeu, “Ó grande rei, não culpo animal, nem culpo pássaro mas um homem :” para explicar o quê ele repetiu a nona estrofe :

Salvei-o certa vez quando quase se afogava
Na rápida maré cheia que o carregava para baixo :
E agora estou em perigo por causa disto.
Vá com o fraco e certifique-se de castigá-lo.

O rei quando escutou isto ficou irado com o sujeito.”O quê ?” cotejou ele, “não reconhecer seus méritos após um tal bom serviço ! Vou atirar nele e matá-lo !“E então falou a décima estrofe :

Esta voadora de quatro asas deixarei voar,
E o atravessarei no coração ! Que ele pereça,
O mau em sua traição,
Quem por tal gentileza feita nenhuma gratidão nutre !

Então o Grande Ser pensou, “Não o deixarei perecer por minha causa,” e falou a estrofe onze :

Vergonha para tolo,Ó rei, realmente !
Mas nenhuma pessoa boa aprova a morte ;
Deixe o tratante ir, e lhe dê o prêmio,
Realizando tudo que a ele prometeste :
E te ajudarei em tua necessidade.
O rei ficou muito feliz de escutar isto, e louvando-o pronunciou a próxima estrofe :

Este cervo é realmente bom,
Não querendo pagar o mal com o mal,
Deixem o miserável ir ! Dou a ele o prêmio,
Cumprindo tudo que lhe prometi.
E você vá onde desejares – vá rápido !

Com isto o Grande Ser disse,”Ó poderoso rei, as pessoas dizem uma coisa com os lábios e fazem outra;” para expor o assunto recitando duas estrofes :

O grito do chacal e dos pássaros é entendido com facilidade ;
Sim, mas as palavras das pessoas, Ó rei, é mais difícil que estes.

Uma pessoa pode pensar, 'este é meu amigo, meu camarada, meu parente' ;
Mas amizade vai e geralmente ódio e inimizade começam.

Quando o rei escutou estas palavras, ele respondeu, “Ó rei dos cervos ! Não suponho que sou alguém deste tipo ; pois não negarei o dom que te prometi, nem mesmo se perder o reino por isto. Creia-me.” E deu a ele a escolha de um dom. O Grande Ser aceitou este dom das mãos dele e escolheu isto : Que todas as criaturas, começando por ele mesmo fossem livres de perigo. Este dom o rei concedeu e então o levou de volta para a cidade de Benares e tendo adornado e decorado a cidade e o Grande Ser também, o fez discursar para a rainha sua esposa. O Grande Ser discursou para a rainha e depois para o rei e toda a corte com voz humana doce qual mel ; ele aconselhou o rei a praticar fielmente as dez Virtudes dos Reis e confortou a grande multidão e então retornou para a floresta onde habitou com uma horda de cervos.
O rei enviou um tambor bater ao redor da cidade, esta proclamação : “Dou proteção a todas as criaturas !” A partir daquele momento em diante ninguém ousaria nem mesmo levantar as mãos contra um animal ou pássaro.
Hordas de cervos devoravam as colheitas agrícolas humanas e ninguém era capaz de desviá-las. Uma multidão reuniu-se na corte do rei e reclamou.
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Para tornar isto claro, o Mestre repetiu a seguinte estrofe :

O povo do campo e da cidade foram todos diretos até o rei :
Os cervos estão comendo nossa colheita : que o rei evite isto !

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Escutando isto, o rei recitou um par de estrofes :

Seja este o desejo do Povo ou não, mesmo que meu reino cesse,
Não posso errar com o cervo, a quem prometi vida e paz.

O Povo pode me abandonar, meu poder real pode acabar,
O dom que prometi ao cervo real nunca vou negar.

O Povo escutou as palavras do rei e vendo-se impotentes em dizer algo, partiram. Esta fala foi espalhada para todo lado. O Grande Ser a escutou e reunindo todos os cervos, deu sua ordem a eles : “A partir deste momento vocês não devem devorar as colheitas das pessoas.” Ele então enviou uma mensagem aos homens, que cada um deveria levantar uma placa em suas terras. Os homens fizeram isto ; e com aquele sinal até ho-je mesmo os cervos não devoram as colheitas.

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Quando o Mestre terminou este discurso,ele disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra foi ingrato ;” e então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo, Devadatra era o filho do mercador, Ananda era o rei e eu mesmo era o cervo.” 

 

quarta-feira, 19 de março de 2014

481 Buddha sábio Takkariya




( “Seis figuras voando segurando instrumentos musicais e cercadas de nuvens representam um grupo de gênios conhecidos como Gandharvas. De acordo com a tradição buddhista o rei destes gênios é chamado Dhrtarastra – é possível que seja o Gandharva vestindo coroa. Címbalos, flautas, veneram o Buddha. Mas acima à direita com tronco humano e metade de baixo pássaros, os Kinnaras ( quase humanos ) músicos também com címbalos nas mãos. A mulher tem a boca aberta indicando que canta e com o pé levantado também dança. “ pg. 28, Guide to Ajanta paintings, vol.2, Monika Zin, MMPublishers, 2003, New Delhi.   A gravura de baixo não aparece os kinnaras no canto direito  ).

481
Falei...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre Kokalika.
Durante uma estação de chuvas os dois Discípulos Chefes ( Sariputra e Moggaallana ) desejando deixar a multidão e residirem separados, pediram licença ao Mestre e foram para o reino onde Kokalika estava. Encaminharam-se para a casa de Kokalika e disseram assim para ele : “Irmão Kokalika, já que para nós é um prazer morar com você e para você conosco também, habitaremos aqui por três meses.” “Como,” cotejou o outro,”será um prazer para vocês morar comigo ?” Eles responderam, “Se você não disser a ninguém que os dois Discípulos Chefes estão morando aqui, ficaremos felizes e este será um prazer residir contigo.” “E como será um prazer para mim morar com vocês ?” “Declaramos a Lei / Dharma para você por três meses na tua casa e discursamos para você e este será teu prazer em residir conosco.” “Morem aqui, Irmãos,” cotejou ele, “por tanto tempo quanto vocês queiram :” e ele dividiu a agradável residência com eles. Lá moraram na fruição das Consecuções e nenhuma pessoa sabia da estadia deles naquele lugar.
Quando eles já tinham assim passado as chuvas disseram a ele, “Irmão, agora que já moramos contigo iremos visitar o Mestre,” e despedindo-se dele partiram. Ele concordou e foi com eles na coleta de ofertas na cidade à frente do lugar onde estavam. Após a refeição os Anciãos partiram da cidade. Kokalika os deixou, voltou e disse ao Povo, “Irmãos Laicos, vocês são como animais brutos. Aqui os dois Discípulos Chefe ficaram morando por três meses no mosteiro em frente e vocês não souberam nada sobre isto : agora eles já foram.” “Por quê você não nos disse, Senhor ?” perguntou o Povo. Eles então pegaram ghee e óleo, requisitos, vestes e roupas e aproximaram-se dos Anciãos, saudando-os e dizendo, “Perdoe-nos Senhores ; não sabíamos que vocês eram os Discípulos Chefes, o soubemos apenas ho-je através das palavras do reverendo Irmão Kokalika. Por favor, tenha compaixão de nós e receba estas roupas e requisitos.” Kokalika foi atrás dos Anciãos com eles pois pensava, “Frugais os Anciãos são, e contentam-se com pouco ; eles não aceitarão estas coisas e então as darão para mim.” Mas os Anciãos, devido ao presente ser oferecido por instigação de um Irmão, nem aceitaram as coisas para eles mesmos nem as deram a Kokalika. O Povo laico então disse, “Senhores, se vocês não aceitam estas coisas, venham aqui novamente para nos abençoar.” Os Anciãos prometeram e dirigiram-se à presença do Mestre.
Agora Kokalika ficou irado porque os Anciãos nem aceitaram as coisas eles mesmos, nem as deram para ele. Os Anciãos, contudo, tendo permanecido um pouco com o Mestre, escolheram cada um quinhentos Irmãos como seus seguidores e com estes mil Irmãos seguiram em peregrinação coletando ofertas até a região de Kokalika. O Povo leigo saiu para encontrá-los e os levaram até o mesmo mosteiro e fizeram a eles grande honra dia após dia.
Grande foi o suprimento dado a eles em roupas e requisitos. Aqueles Irmãos que saíram com os Anciãos dividiram as roupas dadas a eles por todos os Irmãos que foram mas para Kokalika não deram nada, nem os anciãos deram algo a ele. Kokalika sem ganhar nenhuma roupa passou a abusar e insultar os anciãos : “Sariputra e Moggaallana estão cheios de desejos pecaminosos ; eles não aceitaram antes o quê foi oferecido a eles mas agora estas coisas eles aceitam. Nada os satisfaz, eles não têm consideração pelos outros.” Mas os Anciãos, percebendo que o sujeito estava guardando rancor por causa deles, preparam-se com seus seguidores para partir ; nem retornariam, nem se o Povo suplicasse que permanecessem ainda uns dias mais. Então um jovem Irmão disse : “Onde os Anciãos ficarão, leigos ? Seu próprio Ancião particular não deseja que eles fiquem aqui.” Então o Povo foi até Kokalika e disse, “Senhor, nos foi dito que você não deseja que os Anciãos fiquem aqui. Saia ! Ou apazigue-os e traga-os de volta ou saia você e viva em outro lugar ! “ Temendo o povo este sujeito foi e pediu aos Anciãos. “Volte, Irmão,” responderam os Anciãos, “não retornaremos.” Assim sendo incapaz de convencê-los, retornou ao mosteiro. Os irmãos leigos então perguntaram se os Anciãos tinham voltado. “Não conseguiu persuadí-los a voltar,” disse ele. “Por que não, Irmão ?” questionaram. Eles então começaram a pensar que devia ser porque nenhum dos Irmãos bons habitaria lá devido ao sujeito viver em pecado ; eles deviam se livrar dele. “Senhor,” eles disseram, “não permaneça aqui ; não temos nada aqui para você.”
Deste modo desonrado por eles, pegou hábito e tigela e foi para Jetavana. Após saudar o Mestre, disse, “Senhor, Sariputra e Moggaallana estão cheios de desejos pecaminosos, estão sob o poder do desejo de pecar !” O Mestre respondeu, “Não diga isto Kokalika ; deixe teu coração, Kokalika, estar em caridade com Sariputra e Moggaallana ; entenda que eles são bons Irmãos.” Kokalika disse, “Você acredita nos seus dois Discípulos Chefes, Senhor ; eu vi com meus próprios olhos ; eles têm desejos pecaminosos, guardam secertos entre eles, são homens fracos.” Assim ele falou três vezes ( apesar do Mestre poder pará-lo ), e então levantou-se de seu lugar e partiu. Enquanto ele ainda estava no seu caminho surgiu por todo seu corpo bolhas do tamanho de grãos de mostarda, que cresceram, cresceram, até atingir o tamanho de uma semente madura de árvore vilva ( Aegle marmelos ), estouraram, e fez correr sangue por todo seu corpo. Gemendo ele caiu ao lado do portão de Jetavana, enlouquecido de dor. Um grande grito se levantou e alcançou mesmo o mundo de Brahma - “Kokalika insultou os dois Discípulos chefes !” Então seu professor espiritual, o anjo Brahma, de nome Tudu, conhecendo o acontecido, veio com a intenção de apaziguar os Anciãos e disse enquanto pousado nos ares, “Kokalika, uma coisa cruel esta que você fez ; faça as pazes com os Discípulos Chefes.” “Quem és tu, irmão ?” o sujeito perguntou. “Brahma Tudu é meu nome,” disse ele. “Você não foi declarado pelo Abençoado,” disse o sujeito, “um daqueles que não retorna ( Anagami, aqueles do Terceiro caminho, que não retornam para renascer na terra ) ? Aquela palavra significa que tais não voltam para esta terra. Você se tornará um duende em cima de um cupinzeiro !” Assim ele repreendeu o grande anjo de Brahma. E já que não podia persuadir o sujeito a seguir seu conselho, respondeu a ele, “Que você seja atormentado de acordo com suas próprias palavras.” E voltou para sua região de benção. E Kokalika morrendo nasceu novamente no Ínfero Lótus. Que ele nasceu lá o grande e poderoso Senhor Brahma contou ao Tathagata e o Mestre contou aos Irmãos. No salão da verdade os Irmãos sobre a fraqueza do sujeito : “Irmão, dizem que Kokalika insultou Sariputra e Moggaallana e pelas palavras de sua própria boca foi para o Ínfero Lótus.” O Mestre entrou e disse, “Sobre os que conversam aí sentados ?” Disseram a ele. Então ele falou, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Kokalika é destruído por suas próprias palavras e devido a sua boca mesma é condenado á miséria ; aconteceu o mesmo antes.” E ele contou a eles uma história do passado.

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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, seu capelão era marrom castanho e havia perdido todos os dentes. Sua esposa cometia pecado com outro brahmin. Este sujeito era justo como o outro. O capelão tentou várias vezes conter sua esposa mas não conseguia. Então ele pensou, “Este meu inimigo não posso matar como minhas próprias mãos mas devo imaginar algum plano para matá-lo.”
Então veio para diante do rei e disse : “Ó rei, tua cidade é a cidade principal de toda a Índia e você o principal rei : contudo apesar de rei principal, teu portão do sul é mal fadado e está com azar.” “Bem, agora, meu professor, o quê deve ser feito ?” “Você deve trazer boa sorte para ele e estabelecê-lo corretamente.” “O quê deve ser feito ?” “Devemos retirar a velha porta, conseguir troncos novos e auspiciosos, fazer sacrifício aos seres que guardam a cidade, e levantar o novo em uma conjunção boa de estrelas.” “Faça isto então,” disse o rei.
Naquele tempo o Bodhisatva era um jovem chamado Takkariya, que estudava com este homem.
Então o capelão fez com que o velho portão fosse derrubado e um novo fosse aprontado ; o quê feito, ele foi e disse ao rei, “O portão está pronto, meu senhor : a-manhã acontece uma conjunção auspiciosa ; antes que a manhã acabe, devemos sacrificar e levantar o novo portão.” “Bem, meu professor, e o quê é necessário para o rito ?” “Meu senhor, um grande portão possue e é guardado por grandes espíritos. Um brahmin, marrom castanho e sem dentes, de sangue puro em ambos os lados, deve ser morto ; sua carne e sangue oferecida em veneração e seu corpo deixado embaixo e o portão elevado sobre ele. Isto trará sorte para ti e tua cidade.” “Muito bem, meu professor, mate tal brahmin e levante o portão sobre ele.”
O capelão ficou feliz. “A-manhã,” disse ele, “verei as costas do meu inimigo !” Cheio de energia ele retornou para sua casa mas não pode manter a língua quieta e disse rapidamente a sua esposa, “Ah, megera tola, com quem terás prazer agora ? Amanhã matarei teu amante e farei sacrifício dele !” “Por quê matarias um homem inocente ?” “O rei me ordenou de matar e sacrificar um brahmin marrom castanho e levantar o portão da cidade sobre ele. Teu amante é marrom castanho e pretendo matá-lo para o sacrifício.” ela enviou então uma mensagem para seu amante dizendo, “Eles dizem que o rei deseja matar um brahmin marrom castanho em sacrifício ; se desejas salvar tua vida, fujas enquanto tem tempo e contigo todos que são como você.” Assim o homem fez : as novidades se espalharam pela cidade e todos aqueles que eram marrom castanho fugiram.
O capelão, sem saber da fuga do seu inimigo, dirigiu-se cedo na manhã seguinte até o rei e disse, “Meu senhor, em tal lugar encontra-se um brahmin marrom castanho ; pegue-o.” O rei enviou alguns homens mas eles não viram ninguém e retornando informaram ao rei que ele fugira. “Busquem em outro lugar,” disse o rei. Por toda a cidade procuraram mas não encontraram nenhum. “Procurem rapidamente !” disse o rei. “Meu senhor,” eles responderam, “exceto teu capelão não há nenhum outro.” “Um capelão,” cotejou ele, “não pode ser morto.” “O quê dizes, meu senhor ? De acordo com o capelão, se o portão não for levantado ho-je, a cidade estará em perigo. Quando o capelão explicou o assunto, ele disse que se deixássemos este dia passar, o momento auspicioso não ocorreria novamente até o final de um ano. A cidade sem um portão por um ano, que ocasião para nossos inimigos ! Matemos alguém e sacrificamos com a ajuda de algum outro sábio brahmin e levantamos o portão.” “Mas existe outro brahmin sábio como meu professor ? “ “Existe, meu senhor, seu pupilo, um jovem chamado Takkariya ; faça-o teu capelão e realize a cerimônia de sorte.” O rei mandou chamá-lo e o honrou e o fez seu capelão e o ordenou que fizesse como foi dito. O jovem foi para o portão seguido por uma grande multidão. Em nome do rei amarraram e trouxeram o capelão. O Grande Ser fez com que se cavasse um buraco no lugar em que o portão seria levantado e uma tenda colocada sobre ele e com seu professor entrou na tenda. O professor contemplando o buraco e não vendo como escapar disse ao Grande Ser, “Meu objetivo foi alcançado. Tolo como sou, não pude manter a língua calada mas asperamente falei àquela mulher fraca. Mato-me com minha própria arma.” então recitou a primeira estrofe :
 
Falei loucamente, qual um sapo que chama
Uma serpente na floresta : assim caio
Dentro deste buraco, Takkariya. Como é verdade,
Que palavras ditas fora de hora podem arruinar alguém !

O outro dirigindo-se a ele, recitou esta estrofe :

A pessoa que fora de hora fala, irá
Como este para a ruína, lamentação, dor :
Aqui deves culpar a ti mesmo, agora deves ter
Esta cova profunda, meu professor, por teu túmulo.

A estas palavras ele adicionou ainda estas : “Ó professor, não apenas você mas muitos outros do mesmo modo, caíram em desgraça porque não vigiaram suas palavras.” Assim falando, contou a ele uma história do passado para ilustrar.
Certa vez, dizem, vivia uma cortesã em Benares chamada Kāli e ela tinha um irmão chamado Tundila. Em um dia Kāli ganhava mil peças de dinheiro. Bem, Tundila era um debochado, bêbado, jogador ; ela deu a ele dinheiro e o que quer que ele ganhasse ele gastava. O que quer quer ela fizesse para contê-lo, ela não conseguia restringí-lo. Um dia ele brigava ao acaso e perdeu até as roupas que vestia. Envolto em um farrapo na cintura, dirigiu-se a casa de sua irmã. Mas fora dada ordem dela a suas empregadas que se Tundila viesse, não dariam nada a ele mas o pegariam pela garganta e o jogariam para fora. E assim elas fizeram : ele ficou na entrada e lamentava-se. Bem, um certo filho de mercador rico, que costumava constantemente a dar a Kāli mil peças de dinheiro, naquele dia aconteceu de vê-lo e lhe disse, “Por que estais chorando Tundila ?” “Mestre,” ele disse, “fui derrotado nos dados e vim até minha irmã ; e as empregadas me pegaram pela pescoço e me atiraram para fora.” “Bom, fique aqui,” respondeu o outro, “e vou falar com tua irmã.” Ele entrou na casa e disse, “Teu irmão está esperando vestindo um trapo na cintura. Por quê não dás a ele algo para vestir ?” “Na realidade,” ela respondeu, “não darei nada. Se gostas dele, dê você mesmo.” Bem, naquela casa de má fama o costume era este : de todas as mil peças de dinheiro recebidas, quinhentas eram da mulher e quinhentas eram o preço das roupas, perfumes e guirlandas ; os homens que visitavam aquela casa recebiam roupas para vestir e passavam a noite lá, e então no dia seguinte despiam as roupas que receberam e vestiam as que haviam trazido e seguiam seus caminhos. Nesta ocasião o filho do mercador vestiu as roupas fornecidas para ele e deu suas próprias roupas para Tundila. Ele as colocou e com grandes gritos correu para a taverna. Mas Kāli ordenou a suas mulheres que quando o jovem partisse no dia seguinte , elas deviam despir suas roupas. Concordemente, quando ele veio, elas correram de um lado para outro, como vários ladrões, e itraram as roupas dele e o deixaram nu, dizendo, “Agora, jovem senhor, saia !” Assim eles livraram-se dele. E seguiu pelado : o Povo brincava com ele e ficou com vergonha e lamentava-se dizendo, “É obra minha mesmo, porque não pude manter vigilância sobre meus lábios !” Para tornar isto claro, o Grande Ser recitou a terceira estrofe :
 
Por quê perguntar a Tundila como ele deve ser tratado
Nas mãos de Kalika sua irmã ? Agora veja !
Minhas roupas se foram, estou nu e desguarnecido ;
É desumano como o quê aconteceu contigo.

Outra pessoa relatou esta história. Por descuido de um pastor de cabras, dois carneiros brigavam num pasto em Benares. Como estavam inflexíveis nisto, um certo rabo de forquilha ( pássaro ) pensou consigo mesmo, “Estes dois quebrarão suas cabeças e morrerão ; devo contê-los.” Então tentou contê-los gritando - “Tio, não brigue !” Nem uma palavra conseguiu deles : no meio da batalha, montando primeiro nas costas, então na cabeça, ele buscou pará-los mas nada conseguiu.Por fim ele gritou, “Briguem então, mas matem-me primeiro !” e colocou-se entre as duas cabeças. Eles seguiram se batendo mutuamente. O pássaro foi esmagado qual poeira e veio a destruir-se devido a seu próprio ato. Para explicar este outro conto o Grande Ser repetiu a quarta estrofe :

Entre dois carneiros um rabo de forquilha voou,
Apesar de na rixa não ter nem parte nem quinhão.
As cabeças dos dois carneiros esmagaram-no lá e então.
Ele em seu fado foi espantoso como você.

Outro. Havia um árvore alta que os vaqueiros guardavam grandes provisões. O Povo de Benares vendo isto enviou um certo homem para cima d'árvore para pegar frutos. Quando ele jogava os frutos para baixo, uma serpente preta saindo de um cupinzeiro começou a subir árvore ; aqueles que estavam debaixo tentaram retirá-lo batendo nele com varas e outras coisas mas não conseguiram. Então eles gritaram, “Uma serpente está subindo àrvore !” e ele aterrorizado deu um grande grito. Os que estavam debaixo pegaram uma roupa forte pelos quatro cantos e disseram para ele cair dentro da roupa. Ele deixou-se cair e atingiu o meio da roupa entre os quatro deles ; rápido como ovento desceu e os homens não puderam segurá-lo mas chocaram suas quatro cabeças juntas e quebraram-nas e assim morreram. Para explicar esta história o Grande Ser recitou a quinta estrofe :

Quatro homens, para salvar um companheiro de seu fado,
Seguraram os quatro cantos de uma roupa embaixo.
Eles todos caíram mortos, com a cachola quebrada.
Estes homens foram um absurdo como você, creio.

Outros ainda contam isso. Alguns ladrões de cabra que viviam em Benares roubaram uma cabra uma noite, determinados a fazer uma refeição na floresta : para prevenir que ela balisse abafaram seu focinho amarrando nela um nó de bambu. Dia seguinte, no caminho para matá-la, esqueceram a machadinha. “Agora mataremos a cabra e cozinharemo-la,” “tragam a machadinha aqui !” Mas ninguém tinha uma. “Sem uma machadinha,” eles disseram, “não podemos comer o animal, mesmo se a matarmos : deixem ela ir ! Isto é devido a algum mérito dela.” Então a soltaram. Bem, aconteceu que um trabalhador do bambuzal, que tinha estado lá por uma moita deles, deixou uma faca de fazer cestas escondida entre as folhas, com a intenção de usá-la quando fosse lá novamente. Mas a cabra, crendo-se livre, começou a brincar ao redor da moita de bambu e chutando com patas traseiras fez a faca cair. Os ladrões escutaram o som da faca caindo e procurando a encontraram, para delírio deles ; então mataram a cabra e comeram a carne dela. Assim, para explicar como esta cabra foi morta devido a um ato seu mesmo, o Grande Ser recitou a sexta estrofe :

Uma cabra, em uma moita de bambu ligada,
Cabriolando ao redor, ela mesma descobriu uma faca.
Com esta mesma faca eles cortaram a garganta da criatura.
Me ocorre que você é um espanto como esta cabra.

Após contar isto, ele explicou, “Mas aqueles que são moderados no falar, vigiando suas palavras são geralmente libertos do fado da morte,” e então contou uma história de fadas ( kinnaras ).
Um caçador, nos é dito, que vivia em Benares, estando certa vez na região do Himalaia, de um jeito ou de outro capturou uma parelha de seres sobrenaturais, uma ninfa e o marido dela ; e ele então os pegou e mostrou ao rei. O rei nunca havia visto tais seres antes. “caçador,” cotejou ele, “que tipo de criaturas são estas ?” Disse o homem, “Meu senhor, estes podem cantar com voz melíflua, e dançam deliciosamente : nenhuma pessoa pode dançar e cantar como eles podem.” O rei concedeu um grande prêmio para o caçador e ordenou às fadas que cantassem e dançassem. Mas eles pensaram “Se não formos capazes de carregar o sentido pleno de nossa música, a música será um fracasso e eles abusarão e nos machucarão ; e assim novamente aqueles que falam muito, falam falsamente :” deste modo, o medo de uma falsidade ou outra, eles nem cantaram nem dançaram, apesar do rei suplicar-lhes várias vezes. Por fim o rei ficou irado e disse, “Matem estas criaturas, cozinhem-nas e sirvam-nas para mim.” Esta ordem que ele deu nas palavras da sétima estrofe :

Não são deuses nem músicos celestes ( gandharva putras )
Bestas trazidas por alguém ansioso em encher o bolso.
Então para minha ceia cozinhe um deles,
E o outro no café no Sol da manhã.

A fada dama então pensou consigo mesma, “Agora o rei está irado ; sem dúvida nos matará. Agora é hora de falar.” E imediatamente recitou uma estrofe :

Cem mil cantigas todas cantadas erradas
Não valem um décimo de uma bem cantada.
Cantar mal é crime ; daí porque
( Levianamente ) uma fada não tentará.

O rei, feliz com a fada, logo recitou uma estrofe :

Esta que falou, deixem ela ir, que ela
A montanha do Himalaia novamente possa ver,
Mas peguem o outro e matem
E no café d' a-manhã o comerei

Mas o outro 'fado' pensou, “Se segurar minha língua, certamente o rei me matará ; agora é hora de falar;” e então ele recitou outra estrofe :

O rebanho depende das nuvens e as pessoas do rebanho,
E eu, Ó rei ! dependo de ti, de mim esta esposa minha.
Deixe um, antes de buscar as montanhas, ter o fado divino do outro.

Quando ele disse isto, repetiu um par de estrofes para tornar claro,que estiveram em silêncio não por má vontade de obedecer a vontade do rei mas porque entenderam que falar seria um erro.

Ó monarca ! Outros povos, outros modos :
É muito difícil te manter sem culpa.
A mesma coisa que para um merece louvor,
Outro reprova pela mesma razão.

Para toda pessoa alguém há que a considera tola ;
Cada um difere-se sempre pela imaginação ;
Todos diferentes, muitas pessoas e muitas mentes,
Nenhuma vontade humana é lei universal.

Cotejou o rei, “Ele fala a verdade ; é um 'fado' sábio ; e muito agraciado recitou a última estrofe :

Silenciosos estavam, a fada e seu companheiro :
E ele que agora balbucia fala por temor,
Intocado, livre, feliz, deixem ele ir alegre.
Esta fala traz o bem, como muitas vezes ouvimos.

Então o rei, colocou o casal de fadas em uma gaiola dourada e mandando chamar o caçador, mandou-o soltá-los no mesmo lugar onde os pegara.
O Grande Ser adicionou, 'Veja, meu professor ! Deste modo as fadas vigiaram suas palavras e falando no momento certo foram libertadas pelo seu bem falar ; mas você pelo seu mal falar atingiste grande miséria.” Então após mostrar a ele estes paralelos, o confortou dizendo, “ Nada tema, meu professor ; salvarei tua vida.” “Há um jeito,” perguntou o outro, “como podes me salvar ?” Ele respondeu, “Não é ainda a conjunção própria dos planetas.” Ele deixou o dia passar e nomeio da vigília da noite trouxe para lá um bode morto. “Vá quando quiseres brahmin e viva,” disse ele e então o deixou ir. E ele fez sacrifício com a carne do bode e levantou o portão sobre ela.
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Quando o Mestre terminou este discurso, disse : “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Kokalika foi destruído por suas próprias palavras mas aconteceu o mesmo antes;” após o que ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Kokalika era o sujeito marrom castanho e eu mesmo era o sábio Takkariya.” 

 

sexta-feira, 7 de março de 2014

480 Buddha sábio, Anurudha Sakra




 
       (  imagens de Buddha em Ellora compartilhando espaço com imagens dos deuses hindus, cada um na sua caverna. clique na imagem para vê-la ampliada. )

480
           “Sakra, o senhor dos seres...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre um generoso doador que vivia em Savatthi. Este homem, assim é dito,convidou o Mestre e por sete dias deu muitos presentes para a companhia que o seguia ; no último dia presenteou a companhia dos Santos com todas as coisas necessárias para eles. Então disse o Mestre, agradecendo-o, “Irmão Laico, grande é tua generosidade : fizeste uma coisa muito difícil. Este costume de dar é costume de sábios antigos. Dons devem ser dados, estejas tu no mundo, estejas tu afastado do mundo ; sábios antigos, mesmo quando deixam o mundo e moram na floresta, quando têm para comer apenas folhas de Kara ( Canthium parviflorum ) aspergidas com água, sem sal ou tempero, ainda assim as deram a todos os mendicantes que passavam para servir às necessidades deles e eles mesmos viviam em sua própria alegria e benção.” O homem respondeu, “Senhor, este doar de todas as coisas necessárias à companhia é bastante claro mas o quê falas não está claro. Explicarás para nós ?” Então o Mestre ao seu pedido contou uma história do passado.

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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu numa família de um magnata Brahmin, cuja fortuna amontava-se em oitocentos milhões. Eles o chamavam Akitti. Quando atingiu a capacidade de andar, nasceu uma irmã, e deram a ela o nome de Yasavati. O Grande Ser direcionou-se na idade de dezesseis anos para Benares, onde completou sua educação e então voltou. Após isto sua mãe e seu pai morreram. Ele realizou todas as obrigações pelos espíritos dos mortos e foi inspecionar seu tesouro : “Tal e tal,” discorria o catálogo, “depositou tanto e morreu, tal outro tanto.” Escutando isto ficou preocupado na mente e pensou, “Este tesouro está aqui para todos verem mas os que o juntaram não são mais vistos : todos já se foram e deixaram o tesouro para trás mas quando eu me for vou levá-lo comigo.” Então chamando sua irmã, disse, “Tome conta deste tesouro.” “Qual é tua intenção ?” ela perguntou. Ele respondeu, “Me tornar um asceta.” “Querido,” ela respondeu, “Não tomarei sobre minha cabeça o que você cuspiu para fora da tua boca ; não terei nada dele mas também me tornarei uma asceta.” Então pedindo licença ao rei, fez com que se tocasse o tambor por toda a cidade e uma proclamação foi feita : “Escutais ! Que todos aqueles que desejam dinheiro se dirijam para a casa do homem sábio !” Por sete dias ele distribuiu uma grande quantidade de esmolas e ainda assim o tesouro não terminou. Então pensou consigo mesmo, “Os elementos do meu ser gastam-se e o quê quero com este jogo do tesouro ? Que aqueles que o desejam, peguem-no.” Então abriu largamente as portas da casa,dizendo, “Isto é uma oferta ; que o Povo pegue-a.” Assim, deixando a casa com todo seu ouro e metal precioso, com seus parentes lamentando-se ao redor, ele e sua irmã partiram. E o portão de Benares pelo qual eles saíram foi chamado Portão de Akitti e a plataforma de desembarque pelo qual desceu ao rio Cais de Akitti.
Três léguas percorreu e em um lugar agradável fez uma cabana de folhas e ramos e com sua irmã viveu nela como asceta. Depois que ele se retirou do mundo, muitos outros também fizeram o mesmo, aldeões, gente de cidade pequena e da capital real ; grande era o aglomerado deles, grande as ofertas e as honras recebidas ; foi como o surgimento de um Buddha. Então o Grande Ser pensou consigo mesmo, “Aí temos uma grande homenagem e acúmulo de ofertas, uma grande companhia, mais do que grande mas preciso morar sozinho.” Então quando ninguém esperava, sem nem mesmo avisar sua irmã, partiu sozinho e logo chegou no reino de Damila ( Costa de Malabar ou norte do Ceilão ), onde, residindo em um parque em frente de Kavirapattana, cultivou ênstase místico e Faculdades sobrenaturais. Lá também recebeu muita honra e grande estoque de ofertas. Ele não gostou disto e abandonou tudo passando através dos ares e descendo na ilha de Kāra, que está à frente da ilha de Naga ( próximo ao Ceilão ). Naquele tempo, karadipa era chamada Ahidipa, a Ilha das Cobras. Lá ele construiu um eremitério ao lado de uma grande árvore kara e morou nele. Mas nenhuma pessoa sabia que ele estava morando lá.
Bem, sua irmã saiu em busca de seu irmão e no devido tempo chegou ao reino de Damila, não o viu, e ainda assim residiu no mesmo lugar onde ele residiu mas não podia induzir o ênstase místico. O Grande Ser estava tão contente que não foi a nenhum lugar mas no tempo do fruto se alimentava do fruto d'árvore e no tempo de brotar as folhas alimentava-se das folhas aspergidas com água. Através do fogo de sua virtude , o trono de mármore de Sakra tornou-se quente. “Quem me fará descer do meu lugar ?” pensou Sakra e procurando viu o sábio. “Por quê é que,” pensou ele, “aquele asceta lá guarda sua virtude ? É porque ele aspira à Sakridade ou por alguma outra causa ? Vou testá-lo. O homem vive miseravelmente, come folhas de kara aspergidas com água : se ele deseja tornar-se Sakra, ele me dará suas próprias folhas encharcadas ; mas se não, então ele não me dará.” Então disfarçado de um brahmin ele foi até o Bodhisatva.
O Bodhisatva sentou à porta da sua cabana de folha, tendo encharcado as folhas e deixado-as descansar : “Quando estiverem frias,” ele pensou, “vou comê-las.” Naquele momento Sakra apareceu na frente dele, suplicando esmolas. Quando o Grande Ser o viu, ficou feliz de coração ; “Uma benção para mim,” pensou, “vejo um mendigo ; ho-je atingirei o desejo do meu coração e darei esmolas.” Quando a comida estava pronta, ele a colocou na sua tigela imediatamente e avançando em direção a Sakra, disse a ele,”Esta é minha oferta : seja ela o meio d'eu ganhar onisciência !” Então sem deixar nada para si mesmo, colocou a comida na tigela do outro. O brahmin a pegou e deslocando-se um pouco afastando-se pelo caminho, desapareceu. Mas o Grande Ser, tendo feito sua oferta, não cozinhou mais novamente, contudo, sentou-se imóvel, alegre e abençoado. Dia seguinte cozinhou novamente e sentou como antes na entrada da cabana. Novamente Sakra veio na aparência de um brahmin e novamente o Grande Ser deu a ele a refeição e continuou em alegria e benção. No terceiro dia de novo ele ofertou como anteriormente , dizendo, “Veja que benção para mim ! Umas poucas folhas de kāra produziram grande mérito para mim.” Assim em alegria sentida no coração, fraco como estava por querer comer por três dias, saiu fora da cabana ao meio dia e sentou na porta, refletindo sobre a oferta que fez. E Sakra pensou : “Este brahmin jejuando por três dias, fraco como está, ainda assim me faz oferta e fica feliz em oferecer. Não há outra intenção em seus pensamentos ; não entendo o quê ele deseja e por quê ele faz estas ofertas, portanto devo perguntar a ele e descobrir sua intenção e aprender a razão de sua oferta.” De acordo com isto, ele esperou até passar o meio dia e em grande glória e magnificência veio até o Grande Ser reluzente como um sol jovem ; e de pé diante dele, fez a pergunta : Ó asceta ! Por quê praticas a vida ascética nesta floresta, cercada pelo mar salgado, com ventos quentes batendo em ti ?”

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Para tornar clara a matéria, o Mestre repetiu a primeira estrofe :

Sakra, o senhor dos seres, viu o honrado Akitti :
Por quê,Ó grande Brahmin, descansas aqui no calor ?' ele disse.

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Quando o Grande Ser escutou isto e percebeu que era Sakra, respondeu e disse a ele,”Aquelas Consecuções não ambiciono ; mas ambicionando onisciência vivo vida de recluso.” Para tornar isto claro, ele recitou a segunda estrofe :

Re-nascer, o dissolver do corpo, morte, erro – tudo é sofrimento :
Por isto, Ó Sakra Vasava ! Aqui em paz permaneço.

Escutando estas palavras, Sakra ficou satisfeito de coração e pensou - “Ele está insatisfeito com todo o tipo de ser e no interesse do Nirvana reside na floresta. Vou oferecer a ele um dom.” Então o convidou a escolher um dom nas palavras da terceira estrofe :

Bem falado, Kassapa, bem colocado, mais excelentemente dito :
Escolha agora um dom – como manda teu coração, deixe a escolha ser feita.

O Grande Ser repetiu a quarta estrofe, escolhendo este dom :

Sakra, senhor de todos os seres, me ofereceu um dom,
Filho, esposa ou tesouro, grãos armazenados, não contentam apesar de possuídos :
Não peço que nenhuma luxúria tais quais estas possa ancorar em meu peito.

Então Sakra, muito satisfeito, ofereceu ainda mais dons e o Grande Ser aceitou-os, cada um por sua vez repetindo uma estrofe como segue :

Bem falado, Kassapa, bem colocado, mais excelentemente dito :
Escolha agora um dom – como manda teu coração, deixe a escolha ser feita.

Sakra, o senhor dos seres, me ofereceu um dom.
Terras, bens, ouro, escravos, cavalos e gado, envelhecem e morrem :
Qu'eu possa não ser como eles, nem ter esta falta em mim, peço.

Bem falado, etc...

Sakra, o senhor de todo o mundo, me ofereceu um dom.
Qu'eu possa nem ver nem ouvir um tolo, nem tal morar comigo,
Nem sustentar conversa com um tolo, nem gostar de sua companhia.

O quê um tolo já fez para ti, Ó Kassapa, declare !
Vamos diga-me por quê a companhia dos tolos é demais para você suportar ?

O tolo age erradamente, amarra em si cargas que ninguém pode carregar,
O bem dele é fazer o mal e está colérico quando fala com justiça,
Não conhece conduta reta ; por isto não quero tolo aqui.

Bem falado, Kassapa, etc...

Sakra, o senhor dos seres todos, me ofereceu um dom.
Seja por mim o sábio visto e ouvido e possa habitar comigo,
Qu'eu possa sustentar conversa com o sábio e amar sua companhia.

O quê o homem sábio fez para você, Ó Kassapa, declare!
Por quê você deseja que onde você esteja, o sábio possa estar ?

O sábio faz bem, nenhuma carga amarra-se nele que ninguém possa carregar,
Seu bem é fazer o bem, nem fica irado quando fala com justiça,
Bem conhece conduta reta ; daí porque é bom que esteja lá.

Bem falado, Kassapa, etc...

Sakra, o senhor de todos os seres, me ofereceu um dom.
Qu'eu possa ser livre de luxúrias e quando o Sol começar a brilhar
Possam santos mendicantes aparecer e me conceder alimento divino ;

Possa esta não minguar enquanto oferto, nem eu me arrepender do gesto,
Mas meu coração alegre-se em dar : isto escolho como prêmio.

Bem falado, Kassapa, bem colocado, mais excelentemente dito :
Escolha agora um dom – como manda teu coração, deixe a escolha ser feita.

Sakra,o senhor de todos os seres, para mim um dom concedeu : -
Ó Sakra, não me visite mais : este dom é tudo que anseio.

Mas muitos homens, e mulheres também, entre os que vivem retamente
Desejam me ver : pode haver perigo na visão ?

Tal é teu aspecto todo divino, tal glória e encanto,
Vendo isto, posso esquecer meus votos : este perigo tem a visão.

Bem, Senhor,” disse Sakra, “nunca mais te visitarei” ; e assim o saudando e pedindo perdão, Sakra partiu. O Grande ser então residiu por toda sua vida cultivando as Excelências e nasceu novamente no mundo de Brahma.

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O Mestre, tendo completado este discurso, identificou o Jataka : “Naquele tempo Anuruddha era Sakra e eu mesmo era o sábio Akitti.”