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“Sakra, o senhor
dos seres...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto
residia em Jetavana, sobre um generoso doador que vivia em Savatthi.
Este homem, assim é dito,convidou o Mestre e por sete dias deu
muitos presentes para a companhia que o seguia ; no último dia
presenteou a companhia dos Santos com todas as coisas necessárias
para eles. Então disse o Mestre, agradecendo-o, “Irmão
Laico, grande é tua generosidade : fizeste uma coisa muito
difícil. Este costume de dar é costume de sábios
antigos. Dons devem ser dados, estejas tu no mundo, estejas tu
afastado do mundo ; sábios antigos, mesmo quando deixam o
mundo e moram na floresta, quando têm para comer apenas folhas
de Kara ( Canthium parviflorum ) aspergidas com água,
sem sal ou tempero, ainda assim as deram a todos os mendicantes que
passavam para servir às necessidades deles e eles mesmos
viviam em sua própria alegria e benção.” O
homem respondeu, “Senhor, este doar de todas as coisas necessárias
à companhia é bastante claro mas o quê falas não
está claro. Explicarás para nós ?” Então
o Mestre ao seu pedido contou uma história do passado.
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Certa
vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu numa
família de um magnata Brahmin, cuja fortuna amontava-se em
oitocentos milhões. Eles o chamavam Akitti. Quando atingiu a
capacidade de andar, nasceu uma irmã, e deram a ela o nome de
Yasavati. O Grande Ser direcionou-se na idade de dezesseis anos para
Benares, onde completou sua educação e então
voltou. Após isto sua mãe e seu pai morreram. Ele
realizou todas as obrigações pelos espíritos dos
mortos e foi inspecionar seu tesouro : “Tal e tal,” discorria o
catálogo, “depositou tanto e morreu, tal outro tanto.”
Escutando isto ficou preocupado na mente e pensou, “Este tesouro
está aqui para todos verem mas os que o juntaram não
são mais vistos : todos já se foram e deixaram o
tesouro para trás mas quando eu me for vou levá-lo
comigo.” Então chamando sua irmã, disse, “Tome
conta deste tesouro.” “Qual é tua intenção
?” ela perguntou. Ele respondeu, “Me tornar um asceta.”
“Querido,” ela respondeu, “Não tomarei sobre minha
cabeça o que você cuspiu para fora da tua boca ; não
terei nada dele mas também me tornarei uma asceta.” Então
pedindo licença ao rei, fez com que se tocasse o tambor por
toda a cidade e uma proclamação foi feita : “Escutais
! Que todos aqueles que desejam dinheiro se dirijam para a casa do
homem sábio !” Por sete dias ele distribuiu uma grande
quantidade de esmolas e ainda assim o tesouro não terminou.
Então pensou consigo mesmo, “Os elementos do meu ser
gastam-se e o quê quero com este jogo do tesouro ? Que aqueles
que o desejam, peguem-no.” Então abriu largamente as portas
da casa,dizendo, “Isto é uma oferta ; que o Povo pegue-a.”
Assim, deixando a casa com todo seu ouro e metal precioso, com seus
parentes lamentando-se ao redor, ele e sua irmã partiram. E o
portão de Benares pelo qual eles saíram foi chamado
Portão de Akitti e a plataforma de desembarque pelo qual
desceu ao rio Cais de Akitti.
Três
léguas percorreu e em um lugar agradável fez uma cabana
de folhas e ramos e com sua irmã viveu nela como asceta.
Depois que ele se retirou do mundo, muitos outros também
fizeram o mesmo, aldeões, gente de cidade pequena e da capital
real ; grande era o aglomerado deles, grande as ofertas e as honras
recebidas ; foi como o surgimento de um Buddha. Então o Grande
Ser pensou consigo mesmo, “Aí temos uma grande homenagem e
acúmulo de ofertas, uma grande companhia, mais do que grande
mas preciso morar sozinho.” Então quando ninguém
esperava, sem nem mesmo avisar sua irmã, partiu sozinho e logo
chegou no reino de Damila ( Costa de Malabar ou norte do Ceilão
), onde, residindo em um parque em frente de Kavirapattana, cultivou
ênstase místico e Faculdades sobrenaturais. Lá
também recebeu muita honra e grande estoque de ofertas. Ele
não gostou disto e abandonou tudo passando através dos
ares e descendo na ilha de Kāra,
que está à frente da ilha de Naga ( próximo ao
Ceilão ). Naquele tempo, karadipa era chamada Ahidipa, a Ilha
das Cobras. Lá ele construiu um eremitério ao lado de
uma grande árvore kara e morou nele. Mas nenhuma pessoa sabia
que ele estava morando lá.
Bem, sua
irmã saiu em busca de seu irmão e no devido tempo chegou
ao reino de Damila, não o viu, e ainda assim residiu no mesmo
lugar onde ele residiu mas não podia induzir o ênstase
místico. O Grande Ser estava tão contente que não
foi a nenhum lugar mas no tempo do fruto se alimentava do fruto
d'árvore e no tempo de brotar as folhas alimentava-se das
folhas aspergidas com água. Através do fogo de sua
virtude , o trono de mármore de Sakra tornou-se quente. “Quem
me fará descer do meu lugar ?” pensou Sakra e procurando
viu o sábio. “Por quê é que,” pensou ele,
“aquele asceta lá guarda sua virtude ? É porque ele
aspira à Sakridade ou por alguma outra causa ? Vou testá-lo.
O homem vive miseravelmente, come folhas de kara aspergidas com água
: se ele deseja tornar-se Sakra, ele me dará suas próprias
folhas encharcadas ; mas se não, então ele não
me dará.” Então disfarçado de um brahmin ele
foi até o Bodhisatva.
O Bodhisatva
sentou à porta da sua cabana de folha, tendo encharcado as
folhas e deixado-as descansar : “Quando estiverem frias,” ele
pensou, “vou comê-las.” Naquele momento Sakra apareceu na
frente dele, suplicando esmolas. Quando o Grande Ser o viu, ficou
feliz de coração ; “Uma benção para
mim,” pensou, “vejo um mendigo ; ho-je atingirei o desejo do meu
coração e darei esmolas.” Quando a comida estava
pronta, ele a colocou na sua tigela imediatamente e avançando
em direção a Sakra, disse a ele,”Esta é minha
oferta : seja ela o meio d'eu ganhar onisciência !” Então
sem deixar nada para si mesmo, colocou a comida na tigela do outro.
O brahmin a pegou e deslocando-se um pouco afastando-se pelo caminho,
desapareceu. Mas o Grande Ser, tendo feito sua oferta, não
cozinhou mais novamente, contudo, sentou-se imóvel, alegre e
abençoado. Dia seguinte cozinhou novamente e sentou como
antes na entrada da cabana. Novamente Sakra veio na aparência
de um brahmin e novamente o Grande Ser deu a ele a refeição
e continuou em alegria e benção. No terceiro dia de
novo ele ofertou como anteriormente , dizendo, “Veja que benção
para mim ! Umas poucas folhas de kāra
produziram grande mérito para mim.” Assim em alegria
sentida no coração, fraco como estava por querer comer
por três dias, saiu fora da cabana ao meio dia e sentou na
porta, refletindo sobre a oferta que fez. E Sakra pensou : “Este
brahmin jejuando por três dias, fraco como está, ainda
assim me faz oferta e fica feliz em oferecer. Não há
outra intenção em seus pensamentos ; não entendo
o quê ele deseja e por quê ele faz estas ofertas,
portanto devo perguntar a ele e descobrir sua intenção
e aprender a razão de sua oferta.” De acordo com isto, ele
esperou até passar o meio dia e em grande glória e
magnificência veio até o Grande Ser reluzente como um
sol jovem ; e de pé diante dele, fez a pergunta : Ó
asceta ! Por quê praticas a vida ascética nesta
floresta, cercada pelo mar salgado, com ventos quentes batendo em ti
?”
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Para
tornar clara a matéria, o Mestre repetiu a primeira estrofe :
Sakra, o
senhor dos seres, viu o honrado Akitti :
Por quê,Ó
grande Brahmin, descansas aqui no calor ?' ele disse.
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Quando o
Grande Ser escutou isto e percebeu que era Sakra, respondeu e disse a
ele,”Aquelas Consecuções não ambiciono ; mas
ambicionando onisciência vivo vida de recluso.” Para tornar
isto claro, ele recitou a segunda estrofe :
Re-nascer,
o dissolver do corpo, morte, erro – tudo é sofrimento :
Por isto, Ó
Sakra Vasava ! Aqui em paz permaneço.
Escutando estas
palavras, Sakra ficou satisfeito de coração e pensou -
“Ele está insatisfeito com todo o tipo de ser e no interesse
do Nirvana reside na floresta. Vou oferecer a ele um dom.” Então
o convidou a escolher um dom nas palavras da terceira estrofe :
Bem
falado, Kassapa, bem colocado, mais excelentemente dito :
Escolha agora um
dom – como manda teu coração, deixe a escolha ser
feita.
O Grande Ser
repetiu a quarta estrofe, escolhendo este dom :
Sakra,
senhor de todos os seres, me ofereceu um dom,
Filho, esposa ou
tesouro, grãos armazenados, não contentam apesar de
possuídos :
Não
peço que nenhuma luxúria tais quais estas possa ancorar
em meu peito.
Então
Sakra, muito satisfeito, ofereceu ainda mais dons e o Grande Ser
aceitou-os, cada um por sua vez repetindo uma estrofe como segue :
Bem
falado, Kassapa, bem colocado, mais excelentemente dito :
Escolha agora
um dom – como manda teu coração, deixe a escolha ser
feita.
Sakra,
o senhor dos seres, me ofereceu um dom.
Terras,
bens, ouro, escravos, cavalos e gado, envelhecem e morrem :
Qu'eu
possa não ser como eles, nem ter esta falta em mim, peço.
Bem
falado, etc...
Sakra, o
senhor de todo o mundo, me ofereceu um dom.
Qu'eu
possa nem ver nem ouvir um tolo, nem tal morar comigo,
Nem
sustentar conversa com um tolo, nem gostar de sua companhia.
O quê
um tolo já fez para ti, Ó Kassapa, declare !
Vamos diga-me por
quê a companhia dos tolos é demais para você
suportar ?
O tolo age
erradamente, amarra em si cargas que ninguém pode carregar,
O bem dele é
fazer o mal e está colérico quando fala com justiça,
Não
conhece conduta reta ; por isto não quero tolo aqui.
Bem falado,
Kassapa, etc...
Sakra, o
senhor dos seres todos, me ofereceu um dom.
Seja por mim o
sábio visto e ouvido e possa habitar comigo,
Qu'eu possa
sustentar conversa com o sábio e amar sua companhia.
O quê o
homem sábio fez para você, Ó Kassapa, declare!
Por quê
você deseja que onde você esteja, o sábio possa
estar ?
O sábio faz
bem, nenhuma carga amarra-se nele que ninguém possa carregar,
Seu bem é
fazer o bem, nem fica irado quando fala com justiça,
Bem conhece
conduta reta ; daí porque é bom que esteja lá.
Bem falado,
Kassapa, etc...
Sakra, o
senhor de todos os seres, me ofereceu um dom.
Qu'eu possa
ser livre de luxúrias e quando o Sol começar a brilhar
Possam santos
mendicantes aparecer e me conceder alimento divino ;
Possa esta não
minguar enquanto oferto, nem eu me arrepender do gesto,
Mas meu
coração alegre-se em dar : isto escolho como prêmio.
Bem falado,
Kassapa, bem colocado, mais excelentemente dito :
Escolha agora
um dom – como manda teu coração, deixe a escolha ser
feita.
Sakra,o senhor
de todos os seres, para mim um dom concedeu : -
Ó
Sakra, não me visite mais : este dom é tudo que anseio.
Mas muitos
homens, e mulheres também, entre os que vivem retamente
Desejam me ver
: pode haver perigo na visão ?
Tal é
teu aspecto todo divino, tal glória e encanto,
Vendo isto,
posso esquecer meus votos : este perigo tem a visão.
“Bem, Senhor,”
disse Sakra, “nunca mais te visitarei” ; e assim o saudando e
pedindo perdão, Sakra partiu. O Grande ser então
residiu por toda sua vida cultivando as Excelências e nasceu
novamente no mundo de Brahma.
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O Mestre, tendo
completado este discurso, identificou o Jataka : “Naquele tempo
Anuruddha era Sakra e eu mesmo era o sábio Akitti.”
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