A
lista das árvores ( de Sañchi no lintel de cima da direita para a
esquerda ) e dos Buddhas anteriores, a elas relacionados : pathali
de Vipasyin ; a figueira de Sikhin ; a sala de Visvabhu ; a
sirisha de Krakucchanda ; a udumbara de Kanakamuni ;
nyagrodha de Kasyapa e asvattha de Siddharta Gautama.
Na última foto a mesma relação apresentada em
outro pórtico : reparem nas várias guirlandas
penduradas. Os outros lintéis representam a mesma cena. ( Alfred Foucher e sir John Marshall, Monuments of Sañchi. )
479
“Rei
Kalinga...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto
residia em Jetavana sobre a veneração d'árvore
bo realizada pelo Ancião Ānanda.
Quando o
Tathagata partiu em peregrinação, com objetivo de
reunir aqueles que estavam maduros para a conversão, os
cidadãos de Savatthi foram para Jetavana, suas mãos
cheias de guirlandas e grinaldas fragrantes e não encontrando
nenhum outro lugar para mostrar sua reverência, as deixaram no
corredor da câmara perfumada e saíram. Houve grande
regozijo. Mas Anathapindika o escutou ; e no retorno do Tathagata
visitou Ancião Ānanda e
disse a ele, - “Este mosteiro, Senhor, é deixado desprovido
quando o Tathagata vae em peregrinação e não há
lugar para o Povo reverenciar oferecendo guirlandas e grinaldas
fragrantes. Serias gentil, Senhor, em falar ao Tathagata sobre este
assunto e saber dele se é ou não possível
encontrar um lugar para este propósito.” O outro, nada
desprezando, fez isto, perguntando,”Quantos santuários
existem ?” - “Três, Ānanda.”
- “Quais são eles ?” - “Santuário para uma
relíquia do corpo, uma relíquia de uso ou vestimenta,
uma relíquia de memorial.” ( este último de imagem)
- “Pode um santuário ser feito, Senhor, durante tua vida ?”
- “Não, Ānanda, não
um santuário de corpo ; este tipo é feito quando o
Buddha entra no Nirvana. Um santuário de memorial é
impróprio porque a conexão depende somente da
imaginação. Mas a grande árvore bo usada pelos
Buddhas é adequada para um santuário, estejam eles
vivos estejam eles mortos.” - “Senhor, enquanto estás fora
em peregrinação o grande mosteiro de Jetavana fica
desprovido e o Povo não tem nenhum lugar para mostrar sua
reverência. Devo plantar uma semente da grande árvore
bo diante do corredor de Jetavana ?” - “Com todos os meios faça
isto Ānanda e este será
como um lugar de moradia para mim.”
O Ancião
contou isto para Anathapindika e Visakha e o rei. Então no
corredor de Jetavana fez uma clareira abriu uma cova para àrvore
bo permanecer e disse para o Ancião chefe, Moggallana, “quero
plantar uma árvore bo em frente de Jetavana. Você me
consegue um fruto da grande árvore bo ?” O Ancião,
de boa vontade, passou através dos ares até a
plataforma debaixo da árvore bo. Ele colocou no seu hábito
um fruto que estava caindo de um ramo mas ainda não tinha
atingido o chão, o trouxe de volta e entregou à Ānanda.
O Ancião informou o Rei de Kosala que ele plantaria àrvore
bo naquele dia. Assim à tardinha veio o Rei com um grande
séquito, trazendo todas as coisas necessárias ; então
veio também Anathapindika e Visakha e uma multidão de
fiéis do lado.
No
lugar onde àrvore bo seria plantada o Ancião colocou um
jarro de ouro e debaixo dele estava a cova ; tudo foi preenchido com
terra misturada com água fragrante . Ele disse, “Ó
rei, plante esta semente de árvore bo,” dando-a ao rei.
Mas o rei, pensando que seu reino não estaria nas suas mãos
para sempre e que Anathapindika devia plantá-la, passou a
semente para Anathapindika, o grande mercador. Então
Anathapindika mexeu o solo fragrante e a jogou dentro. No instante
que ela caiu de suas mãos, diante mesmo dos olhos de todos,
brotou largo como uma ponta de arado uma muda bo, alta cinquenta
côvados ; nos quatros cantos e para cima projetou-se cinco
grandes ramos de cinquenta côvados de comprimento como o
tronco. Assim ficou àrvore, já uma verdadeira senhora
da floresta ; um milagre portentoso ! O rei derramou ao redor
d'árvore jarros de ouro e de prata, em número de
oitocentos, cheios de água cheirosa, embelezadas com uma
grande quantidade de lírios azuis aquáticos. Sim, e fez
com que se estabelecesse lá uma longa série de vasos
sempre cheios e um lugar feito com as sete coisas preciosas, pó
de ouro aspergiu ao redor, um muro foi construído rodeando o
recinto e erigiu um portão com câmara feito com as sete
coisas preciosas. Grande foi a honra prestada a ela.
O Ancião
aproximando-se do Tathagata, disse a ele, “Senhor, para o bem do
Povo, realize debaixo d'árvore bo que plantei, aquela altura
da Consecução à qual atingiste debaixo da grande
árvore bo.” “O quê é isto que você
está falando, Ananda ?” respondeu ele. “Não há
nenhum outro lugar que possa me suportar, s'eu sentar lá e
atingir ao que atingi no lugar da grande árvore bo.”
“Senhor,” disse Ananda, “peço a ti pelo bem do Povo,
para usar esta árvore para o rapto da Consecução,
na medida que este lugar de chão possa suportar o peso.” O
Mestre o usou durante uma noite para o rapto da Consecução.
O Ancião
informou o rei e a todos os outros e a chamou pelo nome de Festival
Bo. E esta árvore, tendo sido plantada por Ananda, ficou
conhecida pelo nome e Árvore Bo de Ananda.
Naquele
tempo começaram a falar sobre isto no Salão da Verdade.
“Irmão, enquanto o Tathagata ainda vivia, o venerável
Ananda fez uma árvore bo ser plantada, e grande reverência
prestou a ela. Oh, como é grande o poder do Ancião !”
O Mestre entrando perguntou sobre o quê estavam falando. Eles
disseram. Ele disse, “Esta não é a primeira vez,
Irmãos, que Ananda guia a humanidade cativa de quatro grandes
continentes, com todas suas multidões ao redor e faz uma vasta
quantidade de guirlandas cheirosas serem trazidas e realiza um
festival bo no recinto de uma grande árvore bo.” Assim
falando, ele contou uma história do passado.
______________________
Certa
vez, no reino de Kalinga na cidade de Dantapura, reinava um rei
chamado Kalinga. Ele tinha dois filhos, Maha-Kalinga e
Culla-Kalinga, Kalinga o Grande e o Pequeno. Bem, adivinhos previram
que o filho mais velho reinaria depois da morte do pai ; mas que o
mais novo viveria como asceta e viveria de ofertas, ainda que seu
filho seria um monarca universal.
O tempo
passou e com a morte do pai o filho mais velho tornou-se rei, e o
mais novo vice rei. O mais novo, sempre pensando que um filho nascido
dele seria monarca universal, cresceu arrogante por causa disto. O
rei não podia tolerar isto e então enviou um mensageiro
para prender Kalinga o Pequeno. O homem veio e disse, “Príncipe,
o rei deseja que você seja preso, portanto salve tua vida.”
O príncipe mostrou ao cortesão encarregado desta missão
seu próprio selo-anel, um tapete fino e sua espada : estes
três. Então disse, “Através destes penhores
você conhecerá meu filho e o fará rei.” Com
estas palavras, ele correu para fora para a floresta. Lá
construiu para si uma cabana em um lugar agradável e viveu
como asceta nas margens de um rio.
Bem, no
reino de Madda na cidade de Sagala, nasceu uma filha do Rei de Madda.
Sobre a garota, como sobre o príncipe, os adivinhos previram
que ela viveria como asceta mas seu filho seria monarca universal.
Os Reis da Índia, escutando este rumor, reuniram-se e vieram
concordes e cercaram a cidade. O rei pensou consigo mesmo, “Bem, se
der minha filha para um, todos os outros reis ficarão irados.
Tentarei salvá-la.” Então com esposa e filha ele
fugiu disfarçado para a floresta ; e após construir
para si uma cabana a alguma distância acima do rio da cabana do
Príncipe Kalinga, viveu lá como asceta, comendo o que
podia colher, catar.
Os pais,
desejando salvar sua filha, deixaram-na atrás, na cabana, e
saíram para colher frutos selvagens. Enquanto eles estavam
fora ela reuniu flores de todos os tipos , e as arranjou em uma
guirlanda. Bem, na margem do Ganges há uma mangueira com belas
flores, que formam uma espécie de escada natural. Ela subiu
nesta e brincando acabou jogando a guirlanda de flores n'água.
Um dia,
quando Príncipe Kalinga saía do rio após um
banho, esta guirlanda de flores prendeu no cabelo dele.
Ele
olhou para ela e disse, “Alguma mulher fez isto e não foi
foi mulher madura mas uma garota jovem e meiga. Devo procurá-la.”
Profundamente apaixonado ele partiu em busca subindo o Ganges até
escutar ela cantando com voz doce sentada na mangueira. Ele
aproximou-se do tronco d'árvore e vendo-a, disse, “O que é
você, bela Senhora ?” “Sou uma humana, Senhor,” ela
respondeu. “Desça então,” disse ele. “Senhor,
não posso ; sou da casta guerreira.” “Também sou,
senhora : desça !” “Não, não, Senhor, não
posso fazer isto. Apenas por falar não te faz um guerreiro ;
se és tanto, me diga os segredos deste mistério.”
Então eles repetiram um para o outro estes segredos de guilda
( casta, classe ). E a princesa desceu e fizeram conexão um
com o outro.
Quando
seus pais retornaram ela contou a eles sobre este filho do Rei de
Kalinga e como ele veio para a floresta com todos os detalhes. Eles
consentiram em dá-la a ele. Enquanto viviam juntos em união
feliz, a princesa concebeu e após dez meses deu à luz um
filho com os sinais da boa sorte e da virtude ; e eles o chamaram de
Kalinga. Ele cresceu e aprendeu todas as artes e realizações
com seu pai e seu avô.
Por fim
seu pai soube pelas conjunções das estrelas que seu
irmão estava morto. Chamou então seu filho e disse,
“Meu filho, você não deve passar sua vida na floresta.
O irmão de teu pai, Kalinga o Grande, está morto ;
você deve ir a Dantapura e receber o reino por herança.”
Então deu a ele as coisas, penhores, que trouxera consigo , o
selo-anel, o tapete e a espada, dizendo, “Meu filho, na cidade de
Dantapura, em tal rua vive um cortesão que é um
servidor muito bom. Desça até a casa dele e entre no
seu quarto e mostre a ele estas três coisas e diga-lhe que és
meu filho. Ele te colocará no trono.”
O rapaz deu adeus
a seus pais e avós ; e pelo poder de sua própria
virtude atravessou pelos ares e descendo na casa daquele cortesão
entrou em seu quarto. “Quem és tu ?” perguntou o outro.
“O filho de Kalinga o Pequeno,” disse ele, apresentando os três
penhores. O cortesão contou no palácio e todos os da
corte decoraram a cidade e abriram o parassol real sobre sua cabeça.
Então o capelão, que era chamado Kalinga-bharadvaja,
ensinou a ele as dez cerimônias que um monarca universal deve
realizar e ele cumpriu todos os seus deveres. Então no décimo
quinto dia, dia de jejum, veio até ele de Cakkadaha a preciosa
Roda do Império, do estoque de Uposatha o precioso Elefante,
da linhagem real de Valaha o precioso Cavalo, de Vepulla a preciosa
Jóia ; e a preciosa esposa, séquito e príncipe
conselheiro apareceram. Então ele atingiu a soberania em toda
a esfera terrestre.
Um dia,
acompanhado por uma companhia que espalhava-se por 36 léguas
e montado em um elefante todo branco, alto como um pico do Monte
Kelasa ( Kailasa ), em grande pompa e esplendor ele foi visitar seus
pais. Mas para além do círculo ( a palavra é
usada para o trono embaixo d'árvore e o terraço
construído em volta ) ao redor da grande árvore bo, o
trono da vitória de todos os Buddhas, que se tornou o umbigo
mesmo da terra, para além deste o elefante era incapaz de
passar : seguidamente o rei incitava-o mas não podia passar.
________________________
Explicando
isto, o Mestre recitou a primeira estrofe :
Rei
Kalinga, senhor supremo,
Legislava
a terra pela lei e o direito,
Para
árvore bo certa vez veio
Em
um poderoso elefante.
_________________________
Em relação
a isto o capelão do rei, que estava viajando junto, pensou
consigo mesmo,”Nos ares não há impedimento ; por quê
o rei não pode fazer o elefante prosseguir ? Irei e verei.”
Então descendo do alto,ele contemplou o trono da vitória
de todos os Buddhas, o umbigo da terra, o círculo ao redor da
grande árvore bo. Naquele tempo, é dito, no espaço
de uma karisa real não havia nunca nem uma folha de
grama, nem do tamanho de um bigode de lebre ; parecia como se fosse
uma areia macia brilhante qual prato de prata. Mas para todos os
lados haviam grama, trepadeiras, árvores poderosas, senhoras
da floresta, como em modo de reverência todas ao redor com
suas faces viradas em direção ao trono da árvore
bo. Quando o brahmin contemplou este lugar na terra, “Este,”
pensou ele, “é o lugar onde todos os Buddhas esmagaram todos
os desejos da carne ; e para além dele nada pode passar, não
nem se fosse Sakra mesmo.” Então aproximando-se do rei,
ele contou-lhe a qualidade do círculo ao redor d'árvore
bo, e pediu-lhe que descesse.
_________________________
À
guisa de explicar isto o Mestre recitou estas estrofes seguintes :
Este
Kalinga-bharadvaja disse ao seu rei, o filho do asceta,
Quando girava a
roda do império, guiando-o, fazendo obediência :
'Este é o
lugar que os poetas cantam sobre ; aqui, Ó poderoso rei, salte
!
Aqui atingiram
sabedoria perfeita, Buddhas perfeitos, brilhantes em luz.
No mundo,
tradição diz, este lugar único é chão
sagrado,
Onde em atitude
de reverência ervas e trepadeiras situam-se ao redor.
Venha, desça
e preste obediência ; tanto quanto o limite do oceano
Na fértil
terra tudo criando este lugar é chão santo.
Todos os
elefantes que possuis puros sangue por mãe e pai,
Para aqui
dirigidos, viriam tão longe mas não ultrapassariam.
É puro
sangue o quê você monta ; dirija a criatura como você
queira,
Ele não
irá um passo mais à frente : aqui o elefante
estaciona.'
Falou o
adivinho, escutou Kalinga ; o rei então, respondeu,
Batendo forte
o chicote – 'Se isto é verdade ou não, veremos logo.'
Perfurada a
criatura trompeteou alto, gritando como qualquer garça o
faria,
Mexida, caiu
sobre as patas debaixo do peso e não pode se levantar.
________________
Perfurada
e perfurada novamente pelo rei, este elefante não pode
suportar a dor e assim morreu ; mas o rei não soube que
estava morto e ficou lá parado nas suas costas. Então
Kalinga-bharadvaja disse, “Ó grande rei ! Teu elefante está
morto ; passa para outro.”
________________
Para
explicar o assunto, o Mestre recitou a décima estrofe :
Quando
Kalinga-bharadvaja viu que o elefante estava morto,
Ele,
tremendo e temendo, disse então ao rei Kalinga :
'Busque
outro, poderoso monarca : este teu elefante está morto'.
___________________
Pela
virtude e poder mágico do rei, outra besta da linhagem de
Uposatha apareceu e ofereceu as costas. O rei sentou atrás.
Neste mesmo momento o elefante caiu morto em terra.
____________________
Para
explicar o assunto, o Mestre repetiu outra estrofe :
Escutando
isto, Kalinga, consternado
Montou
em outro e direto
Sobre
a terra o cadáver afundou,
E a
palavra do adivinho como verdadeira se apresentou.
______________________
Com isto o
rei desceu das alturas e contemplando o recinto d'árvore bo e
o milagre que aconteceu, louvou Bharadvaja, dizendo -
Para
Kalinga-bharadvaja, rei Kalinga, disse então :
'Sabes
e compreendes tudo, e tudo vês continuamente.'
Bem, o brahmin
não aceitaria este louvor ; mas permanecendo em sua humilde
posição, exortou e louvou os Buddhas.
________________________
Para explicar
isto o Mestre repetiu estas estrofes :
Mas
o brahmin sincero negou isto e assim falou ao rei :
'Sei a
verdade por marcas e sinais : mas os Buddhas, todas as coisas.
Apesar
de tudo saber e tudo ver, em marcas não têm habilidade :
Eles sabem
tudo mas sabem por intuição : eu um homem de livros sou
fraco'.
( intuição
= insight )
_______________________
O rei,
escutando as virtudes dos Buddhas, ficou feliz de coração
; e fez todos os habitantes do mundo trazer flores fragrantes em
abundância e por sete dias os fez venerar o circuito da Grande
Árvore Bo.
_____________________
À
guisa de explicação, o Mestre recitou um par de
estrofes :
Assim
venerando a grande árvore bo com muito som melodioso
De música
e com guirlandas fragrantes : levantou um muro ao redor,
e após isto
o rei seguiu seu caminho -
Trouxe
flores em sessenta mil carros fazendo oferta ;
Assim o
rei Kalinga venerou o Circuito d'Árvore.
__________________
Tendo
deste modo prestado veneração à Grande Árvore
Bo, ele visitou seus pais e os levou de volta novamente para
Dantapura ; onde fez ofertas e boas ações até
nascer novamente no Céu dos Trinta e Três.
___________________
O Mestre,
tendo terminado este discurso, disse : “Não é esta a
primeira vez , Irmãos, que Ananda presta veneração
àrvore bo mas anteriormente também;” e ele
identificou o Jataka :- “Naquele tempo Ananda era Kalinga e eu
mesmo Kalinga-bharadvaja.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário