quarta-feira, 26 de maio de 2010

Natividade em Ajanta - a Grande África


Uma das obras primas de Ajanta é este pintura de Maha Maya com Suddhodana no trono escutando o sábio Asita falar da criança que cresce no útero da rainha interpretando o sonho que ela teve. A mesma Maha Maya aparece inclinada em uma coluna à direita diante de uma pessoa mais embaixo que tem rosário na mão. Como a imagem posterior é aquela do parto no parque de árvores sal, esta provavelmente representa o período da gestação mesma. Voltando à imagem da corte, os arranjos dos cabelos distinguem as pessoas atrás do rei e da rainha : a do meio veste uma capa estrangeira, é um estrangeiro e a da direita um bindi que ainda é popular no Punjab, Madhya Pradesh, etc ; a pessoa da esquerda atrás da rainha segura um leque e o penteado dela é peculiar. Ajanta, cave II, a Grande África. Clique na imagem para vê-la ampliada.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A Natividade de Buddha



Quatro cenas da Natividade ( de Buddha ). ( Placa de baú, Amaravati, terceiro século A.D., British Museum.)
( “O modo da concepção é explicado como segue. No tempo do festival de meio de verão em Kapilavasthu, Maha Maya, esposa de Suddhodana, dormia em sua cama e sonhou um sonho. Ela sonhou que os Quatro Guardiães dos Quartos levantavam-na e a carregaram para os Himalaias e lá ela foi banhada no lago Anotatta e deixada descansar em uma cama celestial dentro de uma mansão dourada na Montanha Prateada. Então o Bodhisatva, que tornara-se um belo elefante branco, levando em sua tromba uma flor de lótus branca, aproximou-se vindo do Norte e aparentemente tocou o lado direito dela e entrou no seu útero. Dia seguinte quando acordou ela relatou o sonho ao marido e foi interpretado pelos Brahmans como segue : esta senhora concebeu uma criança macho que, adotando a vida de dono de casa, tornar-se-á um Monarca Universal ; mas se adotar a vida religiosa tornar-se-á um Buddha, removendo do mundo os véus da ignorância e do pecado.
Deve ser dito também que no momento da incarnação os céus e a terra mostraram sinais, o mudo falou, o paralítico andou, todos as pessoas passaram a falar gentilmente, instrumentos musicais tocavam por si mesmos, a terra foi coberta com flores de lotus e lotus desceram dos céus e toda árvore produziu flores. A partir do momento da encarnação, além disso, quatro devas guardavam o Bodhisatva e sua mãe, protegendo-os de todo os perigos. A mãe não estava cansada e podia perceber criança em seu útero plenamente como alguém pode ver uma linha numa gema, conta, transparente. A Senhora Maha Maya carregou o Bodhisatva então por dez meses lunares ; no final deste tempo ela expressou o desejo de visitar sua família em Devadaha ; e partiu em viagem. No caminho de Kapilavasthu para Devadaha há um agradável parque de Salgueiros ( Árvore Sāl -Vatica Robusta ) que pertence ao povo das duas cidades e no momento da viagem da rainha, estava cheio de frutos e flores. Neste lugar a rainha desejou descansar e foi levada ao maior dos Salgueiros e ficou debaixo dele. Quando ela levantou a mão para segurar em um dos galhos ela percebeu que era hora do parto e permanecendo em pé segurando no galho de Salgueiro ela deu à luz. Quatro Brahma devas receberam a criança em uma rede dourada e o apresentaram a sua mãe, dizendo, : “Alegre-se, Ó Senhora ! Um grande filho nasceu para ti.” A criança ficou de pé e deu sete passos e gritou : “Sou supremo no mundo. Este é meu último nascimento : depois não haverá mais nascimento para mim !”
Naquela mesma hora vieram a vida os Sete Que Nasceram Juntos, quais sejam, a mãe de Rahula, Ananda o discípulo favorito, Channa, o ajudante, Kanthaka o cavalo, Kaludayi o ministro, a grande árvore Bodhi e os vasos do Tesouro.” Coomaraswamy, Ananda, Buddha and the Gospel of Buddhism, p. 14)

Em cima a direita é a concepção : Māyā Devī está dormindo numa cama, sua empregada está inclinada em um pitha ( assento tamborete ) dormindo, enquanto os quatro Regentes dos Quartos ( pontos cardiais ) mantêm vigilância.

Em cima a esquerda o sonho é interpretado : Suddhodana sentado no seu trono ; Maya Devi sentada abaixo à direita ; acima deles estão os ajudantes com leques e o ministro e Yuvaraja ( príncipe mais velho ) à esquerda ; abaixo estão dois adivinhos Brahman.

Abaixo à direita está a 'natividade' real ; Maya Devi no parque Lumbini segurando-se no salgueiro ; à direita dela em pé uma mulher ajudando. À esquerda de pé estão os quatro Regentes, segurando um pano aonde colocarão a criança, cuja presença é indicada por duas pequenas pegadas vistas no pano segurado pelo primeiro Regente. O pitha abaixo é o símbolo do primeiro banho dado no Bodhisatva.

À esquerda a criança é apresentada ao Yaksha Sakyavardhana, que com mãos juntas emerge do altar no pé da árvore, inclinando-se às pegadas da criança, levando todos a exclamar, “Ele é o Deus dos Deuses,” Devatideva. A mulher deve ser Mahaprajapati, segurando a criança num pano ; novamente sua presença é indicada por pegadas. ( Idem, Ibidem.)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

409 Buddha e a Aliá




                   ( escultura de Mamalapuram, MahaBaliPuram, Índia )

409
Levei o rei...etc.” - O Mestre contou isto quando morava na floresta Ghosita próximo a Kosambi, relativo a Bhaddavatika, a aliá (elefanta) do rei Udena. Bem, o jeito como esta aliá ( elefanta ) era adornada e a linhagem real de Udena será estabelecido no Jataka 497. Um dia esta aliá saindo da cidade de manhã, viu o Buddha cercado por uma multidão de santos, na majestade incomparável de um Buddha, entrando na cidade em coleta de ofertas e caindo aos pés do Tathagata, lamentando-se ela rogou a ele dizendo, “Senhor que tudo sabes, salvador de todo o mundo, quando eu era jovem e capaz de trabalhar, Udena, rei reto, me amava, falando, 'Minha vida e reino e rainha são todos devidos a ela,' e fez-me grande honra, adornando-me com todos os ornamentos ; ele fez meu estábulo ficar perfumado com terra cheirosa e colorido com penduricalhos colocados ao redor, e uma lâmpada foi acessa com óleo perfumado e um prato de incenso colocado lá, e colocou um pote de ouro no alto do meu monte de esterco e me fez ficar em um tapete colorido, dando-me comida real de muitos sabores escolhidos : contudo agora quando estou velha e não posso trabalhar, ele me retirou todas aquelas honras ; desprotegida e destituída vivo comendo fruta ketaka na floresta ; não tenho outro refúgio : na lembrar dos meus méritos e restaurar novamente minhas velhas honrarias, Ó senhor.” O Mestre disse, “Vá tu, falarei com o rei e conseguirei que restaure tuas antigas honrarias,” e ele dirigiu-se para a porta da morada do rei. O rei fez Buddha entrar e ofereceu grande entretenimento no palácio para a assembléia dos irmãos seguidores de Buddha. Quando a refeição terminou, o Mestre agradeceu ao rei e perguntou, “Ó rei, onde está Bhaddavatika ?” “Senhor, não sei.” “Ó rei, após dares honrarias a servos não é justo retirá-las deles quando em idade avançada, é justo ser grato e agradecido ; Bhaddavatika está velha agora, está cansada com a idade e desprotegida, e ela vive de comer fruto ketaka na floresta : não é adequado a ti deixá-la desprotegida na velhice” : assim falando dos méritos de Bhaddavatika e dizendo, “Restaure todas as antigas honrarias dela,” ele partiu. O rei fez isto. Espalhou-se por toda a cidade que as antigas honrarias foram restauradas devido ao Buddha ter lembrado os méritos dela. Isto tornou-se sabido na assembléia dos Irmãos e os Irmãos discutiam sobre em sua reunião. O Mestre, chegando e entendendo que este era o assunto, disse, “Irmãos, esta não é a primeira vez que Buddha falando dos méritos dela, consegue que se lhe restaure as antigas honrarias” : e ele contou um conto antigo.

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Certa vez havia um rei chamado Dalhadhamma reinando em Benares ( Varanasi ). Naquele tempo o Bodhisatva nasceu na família de um ministro e quando ele cresceu servia ao rei. Ele recebeu muitas honrarias do rei e permaneceu no posto de ministro mais valoroso. O rei tinha uma certa aliá, dotada de poder e muito forte. Ela corria cem léguas em um dia, fazendo tarefas de mensageiro para o rei e em batalhas ela brigava e esmagava o inimigo. O rei disse, “Ela é muito útil para mim,” dando a ela todos os ornamentos e fazendo com que todas as honrarias fossem dadas a ela tal como Udena deu a Bhaddavatika. Então quando ela estava fraca com a idade o rei tirou dela todas as honrarias. A partir deste momento ela ficou desprotegida e vivia comendo grama e folhas na floresta. Então um dia quando os vasos, potes, na corte do rei não eram suficientes, o rei mandou chamar o oleiro e disse, “Os vasos não são suficientes.” “Ó rei, não tenho boi para colocar o jugo dos carros e trazer esterco para cozinhar argila.” O rei escutando isto disse, “Onde está nosso aliá ?” “Ó rei, ela vaga à vontade.” O rei deu-lha ao oleiro, dizendo, “De agora em diante você coloca o jugo nela e traga esterco.” O oleiro disse, “Bom, Ó rei,” e fez isto. Então um dia ela, saindo da cidade, viu o Bodhisatva entrando e caindo aos pés dele, ela disse se lamentando : “Senhor, o rei em minha juventude me considerava muito útil e deu-me grandes honrarias : agora que estou velha, ele me tirou todas e nem pensa em mim ; estou desprotegida e vivo comendo grama e folhas na floresta ; nesta penúria ele agora me entregou a um oleiro para puxar o carro ; a não ser você não tenho nenhum refúgio : conheces meus serviços ao rei ; me restaure as honrarias que perdi ” : e ela falou três estrofes :-

Levei o rei antigamente : não ficou ele satisfeito ?
Com armas no meu peito encarei a luta com passos poderosos.

Meus antigos feitos em batalha o rei esqueceu,
E bons serviços prestados como mensageira não são considerados ?

Sem ajuda e sem parentes estou : certamente minha morte está próxima,
Servindo um oleiro quando venho carregando estrume.

O Bodhisatva, escutando-a, a confortou, dizendo, “Não se entristeça, falarei ao rei para restaurar tuas honrarias” : assim entrando na cidade, ele foi até o rei depois do café da manhã e começou um diálogo, dizendo, “Grande rei, uma aliá chamada tal e tal, entrou em batalhas em tal e tal lugar com armas amarradas no peito e em tal dia com uma carta no pescoço não correu cem léguas com a mensagem ? Deste a ela grandes honras : onde ela está agora ?” “Dei-a ao oleiro para transportar estrume.” Então o Bodhisatva disse, “é isto certo, grande rei, você dá-la ao oleiro para puxar carro ?” E como conselho falou duas estrofes:-

Com esperanças egoístas as pessoas regulam as honras que prestam :
Como você a elefanta, eles jogam fora o escravo gasto.

Bons gestos e serviços recebidos quando esquecidos,
A ruína persegue o negócio onde seus corações estão estabelecidos.

Bons gestos e serviços recebidos se as pessoas não esquecem,
Sucesso acontece, no negócio onde seus corações estão colocados.

A toda a multidão ao redor esta verdade abençoada digo :
Seja agradecido sempre, e como prêmio habitarás muito no céu.

Com este começo o Bodhisatva deu instruções a todos reunidos ali. Escutando isto o rei deu à velha aliá suas honrarias antigas e estabelecido no conselho do Bodhisatva fez ofertas e trabalhos meritórios e tornou-se destinado ao céu.

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Após a lição, o Mestre identificou o Jataka :- “Naquele tempo a aliá era Bhaddavatika, o rei Ānanda, o ministro era eu mesmo.”

quarta-feira, 19 de maio de 2010

408 Buddha Oleiro


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                     Stupa e Buddha de Taxila ( Takkasilla ) Paquistão

408
Uma mangueira na floresta...etc.” - O Mestre contou isto quando morava em Jetavana, relativo à censura ao pecado. A ocasião aparecerá no Jataka 459. Naquele tempo em Savatthi quinhentos irmãos, que se tornaram ascetas, residiam na Casa do Piso Dourado, e tinham à meia-noite pensamentos luxuriosos. O Mestre observava seus discípulos três vezes à noite e três vezes ao dia, seis vezes todo dia e noite, como uma azulão guarda seu ovo, ou uma vaca yaque, seu rabo, ou uma mulher seu filho amado, ou um homem de um olho seu olho único ; então naquele mesmo instante ele censurou um pecado que estava em seu início. Observava Jetavana à meia-noite e sabendo da conduta dos Irmãos em pensamentos, ele considerou, “Este pecado entre os Irmãos se ele crescer destruirá a causa da Santidade. Repreenderei neste momento mesmo o pecado deles e lhes mostrarei Santidade” : então deixando a câmara perfumada ele chamou Ananda e pedindo que reunisse todos os irmãos que moravam no lugar, juntou-os e sentou no lugar preparado para Buddha. Ele disse, “Irmãos, não é certo viver no poder de pensamentos pecaminosos ; um pecado se cresce traz grande ruína como um inimigo : um Irmão deve censurar mesmo um pequeno pecado : sábios antigos vendo mesmo um causa mínima, censuraram um pensamento pecaminoso que começava e assim aproximaram-se de 'pacceka-buddhidade' : e assim ele contou um conto antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família de oleiros em um subúrbio de Benares : quando ele cresceu tornou-se dono de casa, teve um filho e uma filha e sustentava sua esposa e filhos com ofício de oleiro. 

Naquele tempo no reino de Kalinga, na cidade de Dantapura, o rei chamado Karandu, indo para seu jardim com um grande séquito, viu no portão do parque uma mangueira carregada de frutas doces : ele esticou seu braço do lugar que estava sentado no elefante e apanhou um cacho de mangas : então entrando no jardim ele sentou no assento real e comeu manga, dando algumas para os que mereciam favores. A partir do momento que o rei pegou a manga, ministros, brahmins e donos de casa, pensando que outros podiam também pegar, apanharam e comeram mangas daquela árvore. Vindo repetidamente eles subiam n'árvore e batiam nela com porretes e quebrando os galhos, que caíam, eles comeram os frutos, sem deixar nem mesmo as frutas verdes. O rei durante o dia divertiu-se no jardim e à tarde quando saía no elefante real, ele desmontou vendo a árvore e indo até sua raiz ele olhou para cima e pensou, “De manhã esta árvore estava bonita carregada de frutos e a platéia não pode se segurar : agora ela não está bela sem fruto e toda quebrada.”  
Novamente olhando em outro lugar ele viu outra mangueira estéril e pensou, “Esta mangueira está bonita em sua esterilidade como uma montanha desprovida de jóias ; a outra de sua frutividade caiu em desgraça : a vida de dono de casa é como uma árvore frutífera, a vida religiosa como uma mangueira estéril.” Assim tomando como tema a árvore frutífera, ele permaneceu de pé na raiz ; e considerando as três propriedades ( impermanência, sofrimento, irrealidade / anicca, dukkha, anatta ) e aperfeiçoando o insight espiritual, atingiu pacceka-buddhidade e refletindo, “O invólucro do útero caiu de mim agora, re-nascer nas três existências está terminado, a sujeira da transmigração está limpa, o oceano de lágrimas seco, a parede de ossos quebrada abaixo, não há mais re-nascer para mim,” ele permaneceu de pé como se adornado com todos os ornamentos. Então seus ministros disseram, “Estais ahi de pé muito tempo, Ó rei.” “Não sou um rei, sou um paccekabuddha.” “Paccekabuddhas não são como tu, Ó rei.” “Então como eles são ?” “O cabelo e a barba deles é cortada, vestem roupa amarela, não são apegados à família ou tribo, são como nuvens rasgadas pelos ventos ou a órbita da lua liberta de Rahu e vivem no Himalaia na gruta Nandamula : tais, Ó rei, são os paccekabuddhhas.” Naquele momento o rei soltou sua mão e tocou sua cabeça e instantaneamente as marcas de dono de casa desapareceram, e as marcas de um sacerdote foram vistas :-

Três roupas, tigela, navalha, agulhas, filtro, faixa (cinto),
Um pio Irmão estas oito marcas deve ter,

os requisitos, como são chamados, de um sacerdote tornaram-se anexos ao corpo dele. Pousado no ar ele pregou à multidão e então foi pelos ares para a montanha da gruta Nandamula no Alto Himalaia.

No reino de Candahar na cidade de Takkasila ( Taxila ), o rei chamado Naggaji em um terraço, no meio de um leito real, viu uma mulher que havia colocado uma pulseira em jóias em cada mão e estava moendo um incenso enquanto sentava próximo : ele pensou, “Estas pulseiras em jóias não tocam uma na outra nem soam quando separadas,” e assim sentado contemplava. Ela então, colocando a pulseira da mão direita na esquerda e colhendo perfume com a direita, começou a triturá-lo. A pulseira da mão esquerda tocou na outra e fez barulho. O rei observava que estas duas pulseiras soavam quando tocavam uma na outra e ele pensou, “Aquela pulseira quando separada, nada toca, agora ela toca a outra e faz barulho : justo assim seres vivos quando separados não se tocam nem fazem barulho, quando se tornam dois ou três, se tocam um no outro, e fazem uma barulhada : atualmente legislo sobre os habitantes de dois reinos, de Cashmira e de Candahar e eu também gostaria de viver como a pulseira sozinha legislando a mim mesmo e não legislando outro “ : assim fazendo do tocar das pulseiras seu tema, sentado como ele estava, ele entendeu as três propriedades, atingiu insight espiritual e ganhou paccekabuddhidade. Sendo o resto como o anterior. [ as mesmas duas mulheres moendo juntas de Lc 17, 35 ]

No reino de Videha, na cidade de Mithila, o rei, chamado Nimi, depois do café da manhã, cercado por seus ministros, permaneceu olhando para baixo para a rua através de uma janela aberta do palácio [ O terraço de Lc 17, 31 ]. Um gavião, tendo apanhado um pouco de carne no mercado de carne, voava nos ares. Alguns abutres e ouros pássaros, cercando o gavião pelos lados, passaram a bicá-lo, bater nele com as asas e com as garras, querendo a carne. Sem resistir ao ataque mortal, o gavião largou a carne e outro pássaro a pegou : o resto largando o gavião caiu em cima do outro : quando ele a abandonou, um terceiro a pegou : e eles o bicaram também do mesmo jeito. O rei vendo estes pássaros pensou, “Quem quer que pegue a carne, o sofrimento cae sobre ele : quem quer que a abandone, felicidades cae sobre ele : quem quer que assuma os cinco prazeres dos sentidos, sofrimento cae sobre ele, felicidade a outra pessoa : isto é comum a muitos : agora tenho dezesseis mil mulheres : devo viver feliz largando os cinco prazeres dos sentidos, como o gavião abandonando o pedaço de carne.” Considerando isto sabiamente, em pé como estava, ele entendeu as três propriedades, atingiu insight espiritual e alcançou a sabedoria de paccekabuddhidade. Sendo o resto como o anterior. [  Lc 17, 36 e 37 os apóstolos questionaram IHS no discurso escatológico : 'Onde Senhor ?' E IHS respondeu 'Onde está a carne, aí estão os abutres' referência explícita a esta imagem de conversão / metanoia, que aparece também em outro Jataka com Pingala e o Bodhisatva saindo da convivência humana : contemptus mundi ]. 

No reino de Uttarapañcala, na cidade de Kampila, o rei chamado Dummukha, após o café da manhã, com todos seus ornamentos e cercado de seus ministros, estava de pé olhando o jardim do palácio de uma janela aberta [ de novo terraço como lugar da conversão ]. Naquele instante abriram a porta de um estábulo : os touros saindo do estábulo subiram em uma vaca, luxurientos : e um grande touro com chifres pontiagudos vendo outro touro vindo, possesso de ciúme luxurioso, o atingiu na coxa com seus chifres afiados. Com a força do choque suas entranhas saíram e assim ele morreu. O rei vendo isto pensou, “Seres vivos do estado de bestas para cima alcançam sofrimento a partir do poder da luxúria : este touro por causa da luxúria morreu : outros seres também são perturbados pela luxúria : devo abandonar as luxúrias que perturbam estes seres :” e assim em pé como estava ele entendeu as três propriedades, atingiu insight espiritual e alcançou a sabedoria de paccekabuddhidade. Sendo o resto como o anterior.

Então um dia estes quatro paccekabuddhas, considerando que era tempo para suas rondas, deixaram a caverna Nandamula e tendo limpado os dentes mastigando betel no lago Anotatta e tendo feito suas necessidades em Manosila, apanharam tigela e manto e magicamente voando pelos ares e trilhando as nuvens de cinco cores, pousaram não distante de um subúrbio de Benares. Em um lugar conveniente eles colocaram suas roupas, pegaram a tigela e entrando no subúrbio começaram suas rondas em coleta de ofertas até chegarem na porta da casa do Bodhisatva. O Bodhisatva vendo-os ficou deliciado e fazendo-os entrar em sua casa deu-lhes assentos preparados, água e serviu-lhes comida excelente, sólida e macia. Então sentando em um dos lados ele saudou o mais velhos deles dizendo, “Senhor, vossa vida religiosa parece muito boa : teus sentidos estão calmos, tua aparência é muito clara : que tema de pensamento fez você tomar a vida religiosa e a ordenação ?” e enquanto perguntava ao mais velho deles, também chegou aos outros e os questionou. Então aqueles quatro disseram, “Eu era tal e tal, rei de tal e tal cidade em tal e tal reino” e continuaram, deste modo cada um contou as causas de sua retirada do mundo e falaram uma estrofe cada em ordem :-

Uma mangueira na floresta eu vi
Grande, escura e completamente carregada :
E querendo seus frutos as pessoas quebraram a mangueira,
Foi isto que inclinou meu coração a tomar a tigela.

Uma pulseira, polida por uma mão de renome,
Uma mulher vestia em cada pulso sem soar :
Uma tocou a outra e barulho começou :
Foi isto que inclinou meu coração a tigela tomar.

Pássaros em bando atacavam um pássaro inimigo,
Que sozinho um pedaço de carniça carregava :
O pássaro foi golpeado por causa da carniça :
Foi isto que inclinou meu coração a tomar a tigela.

Um touro orgulhoso entre seus pares pastava ;
Alta s'elevava suas costas, agraciado com força e beleza :
De luxúria ele morreu : um chifre uma ferida lhe fez :
Foi isto que inclinou meu coração a tomar a tigela.

O Bodhisatva, escutando cada estrofe, dizia, “Bom, senhor : teu tema é adequado,” e elogiou cada um dos paccekabuddhas : e tendo escutado os discursos pronunciados por estes quatro, ele se tornou-se desinclinado à vida de dono de casa. Quando os paccekabuddhas partiram, após o café da manhã sentado relaxado, ele chamou a esposa e disse, “Esposa, aqueles quatro paccekabuddhas largaram os reinos pela Irmandade e agora vivem sem pecar, sem impedimentos, na benção da vida religiosa : enquanto eu vivo de ganhos : que que tenho a ver com a vida de dono de casa ? Você tome as crianças e fique em casa” : e ele falou duas estrofes :-

O rei de Kalinga, Karandu, de Gandhara, Naggaji,
O legislador de Paňcala, Dummukha, de Videha, o grande Nimi,
Deixaram seus tronos e vivem vida de Irmãos impecavelmente.

Aqui as formas divinas deles foram mostradas
Cada um como um fogo resplandecente :
Bhaggavi, eu também irei,
Largando tudo que as pessoas desejam.

Escutando estas palavras ela disse, “Marido, desde de quando escutei os discursos dos paccekabuddhas, eu também não me contento com casa,” e ela falou a estrofe :-

É o tempo marcado, eu sei :
Melhores professores não existem :
Bhaggava, eu também irei,
Como um pássaro que da mão se livra.

O Bodhisatva escutando as palavras dela ficou em silêncio. Ela enganava o Bodhisatva e estava ansiosa de tomar vida religiosa antes dele : então ela disse, “Marido, estou indo até a fonte (piscina) você olhe as crianças,” e pegando um jarro como se fosse até lá, ela saiu e chegando até os ascetas fora da cidade ela foi ordenada por eles. O Bodhisatva vendo que ela não retornava cuidou das crianças ele mesmo. Depois quando eles cresceram um pouco e podiam entender por si mesmos, de modo a ensiná-los, quando cozinhando arroz ele cozinhava um dia um pouco duro e cru, um dia um pouco cozido demais, um dia bem cozido, um dia empapado, um dia insosso, outro dia salgado. As crianças diziam, “Pai, o arroz ho-je não está cozido, ho-je está empapado, ho-je bem cozido, ho-je insosso, ho-je salgado.” O Bodhisatva disse, “Sim queridos,” e pensou, “Estas crianças agora sabem o quê é cru e o que é cozido, o quê é salgado e o quê é insosso : eles serão capazes de viver por si mesmos : eu devo me ordenar.” Então mostrando-os aos parentes ele foi ordenado na vida religiosa, e morava fora da cidade. Então um dia a mulher asceta colhendo ofertas em Benares o viu e o saudou, dizendo, “Senhor, creio que mataste as crianças.” O Bodhisatva disse, “Eu não mato crianças : quando elas puderam entender por si mesmas, eu me ordenei : você não cuidou delas e agradou a si mesma sendo ordenada” : e então ele falou a última estrofe :-

Vendo que podiam distinguir sal de insosso, cozido de cru,
Me tornei um Irmão : me deixe, podemos seguir separados a lei.

Assim exortando a mulher asceta ele pediu licença a ela. Ela aceitando a exortação saudou o Bodhisatva e foi para um lugar que a agradava. Após aquele dia eles nunca mais viram um ao outro. O Bodhisatva alcançando conhecimento sobrenatural tornou-se destinado ao céu de Brahma.

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Após a lição, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka :- Após as Verdades os quinhentos Irmãos foram estabelecidos em Santidade : -“Naquele tempo a filha era Uppalavanna, o filho era Rahula, a mulher asceta a mãe de Rahula e o asceta era eu mesmo.”

   F.o do Homem = Buddha, à grande renúncia, ao contemptus mundi, este lugar fora da cidade, da casa, para oikia, paróquia. ]   

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ajanta, cave I, a Princesa Negra

Ajanta, cave I, a famosa pintura da Princesa Negra que apesar de danificada ainda podemos contemplar : cabe um esforço da comunidade internacional para recuperar este patrimônio da humanidade. Abaixo a briga de dois touros. Clique na imagem para vê-la ampliada.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ajanta, entrada de caverna

Ajanta, entrada de caverna ( clique na imagem para vê-la ampliada) onde se vê o teto da postagem anterior e o modo como são pintados. A legenda diz que a escultura na coluna é de quatro cervos com apenas uma cabeça.

sábado, 8 de maio de 2010

Ajanta, cave II, a Grande África


Buddha antes de encarnar, ainda no céu junto de sua corte esperando o momento certo para descer do céu Tushita para o mundo das pessoas. Ajanta, cave II. África Buddhista, África que já se estendeu até Àsia. Clique na imagem para vê-la ampliada.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

407 Buddha Rei-Macaco


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               desenho de Monika Zin de pintura de Ajanta : encontro de imagem com seu texto ( clique na imagem para vê-la ampliada ) 

407
Fizeste de ti mesmo...etc.” - O Mestre contou isto enquanto residia em Jetavana, relativo as obras boas para com parentes. A ocasião aparecerá no Jataka 444. Começaram a falar no Salão da Verdade, dizendo, “O supremo Buddha faz boas obras para seus parentes.” Quando o Mestre perguntando soube qual o tema da conversa deles, disse, “Irmãos, esta não é a primeira vez que um Tathagata faz obras boas para seus parentes,” e assim ele contou um conto de tempos antigos.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu do útero de uma macaca. Quando cresceu e atingiu estatura e robustez, ficou forte e vigoroso e vivia no Himalaia, com um séquito de oitenta mil macacos. Próximo às margens do Ganges havia uma mangueira ( outros dizem que era uma bânia ), com galhos e forquilhas, tendo sombra profunda e folhas grossas, como um topo de montanha. Seus frutos doces, de fragância e sabor divinos, eram largos como uma cabaça : de um galho os frutos caíam no chão, de outro nas águas do Ganges e de dois junto ao tronco principal da árvore. O Bodhisatva, enquanto comia o fruto com uma tropa de macacos, pensou, “Um dia algo perigoso ocorrerá conosco devido ao fruto desta árvore cair n'água” ; e assim, para não deixar nenhum fruto no galho que crescia acima d'água, ele os fez comê-los ou derrubar as flores quando na estação ainda estava brotando. Contudo apesar disso, um fruto maduro não visto pelos oitenta mil macacos, escondido por um formigueiro, caiu no rio e prendeu na rede acima do rei de Benares, que banhava-se por divertimento com uma rede acima e outra abaixo. Quando o rei já tinha se divertido todo o dia e estava indo embora de tardinha, os pescadores, que recolhiam a rede, viram o fruto e não sabendo o que era, mostraram ao rei. O rei perguntou, “Que fruto é este ?” “Não sabemos, senhor.” “Quem saberá ?” “Os mateiros, senhor.” Chamaram os mateiros e aprendendo deles que era uma manga, ele a cortou com uma faca e fazendo primeiro os mateiros comerem, ele também comeu e fez com que um fosse dado um pouco para seu harém e seus ministros. O sabor da manga madura permaneceu impregnando todo o corpo do rei. Possuído pelo desejo do sabor, ele perguntou aos mateiros onde ficava aquela árvore e entendendo que era na margem do rio, na parte do Himalaia, fez com que se unissem vários caibros e navegou rio acima na rota apresentada pelos mateiros. A exata contagem de dias não é dada. No tempo devido eles chegaram no lugar e os mateiros disseram ao rei, “Senhor, lá está a árvore.” O rei parou as jangadas e seguiu a pé com um grande séquito e tendo preparado um leito ao pé d'árvore, descansou depois de comer fruto de manga, deliciando-se com os vários sabores diferentes. Em cada lado estabeleceram guardas e fizeram fogo. Quando os homens adormeceram, o Bodhisatva veio à meia-noite com sua tropa. Oitenta mil macacos movendo-se de galho em galho comeram as mangas. O rei, despertando e vendo a tropa de macacos, levantou seus homens e chamando os arqueiros disse, “Cerquem estes macacos que comem as mangas de modo que eles não possam escapar e acertem eles : amanhã comeremos mangas com carne de macaco.” Os arqueiros obedeceram, dizendo, “Muito bem,” e cercaram a árvore com as flechas prontas. Os macacos vendo temeram a morte, já que não podiam escapar, vieram até o Bodhisatva e disseram, “Senhor, os arqueiros estão ao redor da árvore, dizendo, 'Vamos acertar estes macacos errantes' : que faremos ?” e ficaram tremendo. O Bodhisatva disse, “Nada temam, darei a vocês a vida” ; e assim confortando a horda de macacos, subiu em um galho que elevava-se reto, e prosseguiu em outro galho que estendia-se em direção ao Ganges e saltando da ponta deste, percorreu cem distâncias de arco e pousou em um arbusto na margem ( n. do tr.: Este salto está ilustrado em um Stupa de Bharhut e parece que ele pulou através do Ganges) . Descendo ele marcou a distância, dizendo, “Esta será a distância que percorri” : e cortando um ramo de bambu na raiz e desfolhando-o disse, “Tanto será amarrado n'árvore e tanto permanecerá no ar,” e assim avaliou as duas distâncias, esquecendo a parte amarrada em sua cintura. Levando o bambu amarrou uma ponta dele n'árvore na margem do Ganges e a outra em sua própria cintura e então atravessando o espaço de cem tiros de arcos com a velocidade de uma nuvem empurrada pelo vento. Por não ter contado a parte amarrada a sua cintura, ele falha em alcançar àrvore : então segurando firmemente um galho com ambas as mãos deu sinal a tropa de macacos, “Sigam rapidamente com boa fortuna, passando pelas minhas costas e por sobre o bambu.” Os oitenta mil macacos assim escaparam, após saudar o Bodhisatva e pedir licença. Devadatra era então um macaco e no meio daquela horda : ele disse, “ Esta é minha chance de ver o fim do meu inimigo” , e então subindo em um galho deu um salto e caiu em cima das costas do Bodhisatva. O Bodhisatva teve um ataque cardíaco e grande dor o atingiu. Devadatra tendo causado aquela dor insuportável, saiu fora : e o Bodhisatva ficou só. O rei estando acordado viu tudo o quê foi feito pelos macacos e pelo Bodhisatva : e descansou pensando, “Este animal, desconsiderando a própria vida, salvou sua tropa.” Quando o dia raiou, estando deleitado com o Bodhisatva, ele pensou, “Não é certo destruir este rei dos macacos : trarei ele para baixo de algum modo e cuidarei dele” : e então fazendo a jangada descer o Ganges e construindo uma plataforma lá, fez o Bodhisatva descer gentilmente e o vestiu com manto amarelo nas costas e o lavou com água do Ganges, dando a ele de beber água com açúcar e fazendo seu corpo ser limpo e ungido com óleo refinado mil vezes ; depois colocou uma pele conservada numa cama e fazendo-o lá deitar, sentou-se num assento baixo e falou a primeira estrofe :-

Fizeste de ti mesmo uma ponte para eles passarem em segurança :
O quê é você para eles, macaco, e o quê são eles para ti ?

Escutando-o, o Bodhisatva instruindo o rei falou as outras estrofes :-

Rei vitorioso, guardo a horda, sou o senhor e o chefe dela,
Quando tomados de medo de ti e atingidos de aflição dolorosa.

Saltei cem vezes a distância de tiro de arco estendido,
E amarrei um bambu firmemente ao redor das pernas :

Alcancei àrvore como nuvem de trovão lançada por vento de tempestade;
Perdi minha força mas alcancei um galho : com as mãos o segurei firme.

E enquanto eu estava pendurado lá firmemente seguro no bambu e no galho,
Meus macacos passaram através das minhas costas e estão salvos agora.

Daí não sinto medo da morte, laços não me dão dor,
A felicidade daqueles sobre quem costumava reinar, foi conquistada.

Uma parábola para ti, Ó rei, se tu a verdade quiseres ler :
A felicidade do reino e do exército e dos corcéis
E da cidade devem ser caras para ti, se realmente quiseres legislar.

O Bodhisatva, assim instruindo e ensinando o rei, morreu. O rei, chamando seus ministros, deu ordens que o rei-macaco deveria ter exéquias de rei e chamou o harém, dizendo, “Venham ao cemitério, como séquito do rei-macaco, com vestes vermelhas e cabelos desgrenhados e com tochas nas mãos.” Os ministros fizeram uma pira fúnebre com cem carretos cheios de madeira. Tendo feito as exéquias do Bodhisatva como de rei, tomaram seu crânio e trouxeram ao rei. O rei fez com que se construísse no lugar do sepultamento do Bodhisatva, um templo, tochas a serem queimadas lá e ofertas de incenso e flores a serem feitas ; ele teve o crânio incrustado em ouro e colocado em frente elevado em uma ponta de lança : honrando-o com incensos e flores, ele o colocou no portão do rei quando veio a Benares, e tendo adornado toda a cidade prestou honras a ele por uma semana. Depois tomando-a como uma relíquia e elevando-a em um santuário, a honrou com incenso e guirlandas toda sua vida ; e estabelecido no ensinamento do Bodhisatva ele fez ofertas e outras obras boas e legislando seu reino retamente tornou-se destinado ao céu.

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Após a lição, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka : “Naquele tempo o rei era Ānanda, a tropa de macacos a assembléia e o rei macaco eu mesmo.”  Cf


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