sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Buddha Sumedha - as dez Perfeições



Buddha Sumedha – As dez Perfeições

Tradição diz que quatro asankheyas ( uma asankheya é um período de vasta duração, lit. incalculável ) e cem mil ciclos atrás houve uma cidade chamada Amaravati. Nesta cidade morava um brahmin chamado Sumedha, de boa família em ambos os lados, do pai e da mãe, de concepções puras sete gerações para trás, de nascimento irrepreensível e respeitável, um homem gracioso, bem favorecido e amigável e dotado de beleza notável. Ele seguiu seus estudos bramânicos sem engajar-se em nenhum outro objetivo. Seus pais morreram quando ele ainda era jovem. Um ministro de estado, que atuava como administrador de suas posses, trazendo o livro de suas propriedades, abriu os cofres cheios de ouro e prata, gemas e pérolas, e outros valores e disse : “Tanto, jovem, pertenceu a tua mãe, tanto a teu pai, tanto a teus avós e bisavós,” e e apontando para ele a propriedade herdada por sete gerações, pediu-o que cuidasse dela bem. O sábio Sumedha pensou consigo mesmo : “ Após açambarcar toda esta riqueza meus pais e ancestrais quando foram para o outro mundo não levaram nenhum centavo com eles. Pode estar correto que eu deva fazer disto um objetivo, levar minha riqueza comigo quando vou embora ?” E informando ao rei sua intenção, fez com que se proclamasse tocando o tambor na cidade, doou largamente para o Povo e abraçou a vida ascética de eremita.
Para tornar isto claro a ‘História de Sumedha’ deve aqui ser relata. Esta história, apesar de estar inteira no Buddhavamsa, por ser na forma de verso, não é fácil de entender. A relatarei portanto com frases nos intervalos explicando a construção em versos.

Quatro asamkheyas e cem mil ciclos atrás havia uma cidade chamada Amaravati ou Amara, ressoando com os dez barulhos, relativo aos quais é dito no Buddhavamsa :


12. Quatro asamkheyas e cem mil ciclos atrás
Uma cidade havia chamada Amara, bela e agradável,
Ressoando com os dez barulhos, abundante em comida e bebida.
Então segue uma estrofe do Buddhavamsa enumerando alguns destes barulhos,

13. O trompetear dos elefantes, o relinchar dos cavalos, os tambores, trompetes e
carroças,
E comidas e bebidas eram gritados, com o convite ‘Coma e beba’.
Segue dizendo :

14. Uma cidade provida com todos os requisitos, engajada em todo tipo de indústria,
Possuindo as sete coisas preciosas, abarrotada com moradores de muitas raças ;
Domicílio de pessoas devotas, qual a próspera cidade dos anjos.
15. Na cidade de Amaravati morava o brahmin chamado Sumedha.
Cujo tesouro era muitas dezenas de milhões, abençoado com muita riqueza e
estoque ;
16. Estudioso, conhecedor dos Mantras, versado nos três Vedas, Mestre da ciência da
profecia e das tradições e observâncias da sua casta.

Bem um dia o sábio Sumedha, tendo se retirado para o esplêndido cômodo superior da sua casa, sentando-se com as pernas cruzadas, ficou pensando. “Oh, ‘pandito’ ( sábio ), doloroso é renascer em uma nova existência e a dissolução do corpo em cada lugar sucessivamente onde nascemos. Estou sujeito ao nascimento, decaimento, doença, morte – é correto, sendo assim, que eu lute para atingir o tranquilo grande e imortal Nirvana, o calmo, libertação do nascimento, decaimento, doença, sofrimento e alegria ; certamente deve haver uma estrada que leva ao Nirvana e liberte o ser humano do devir.” Concordemente é dito :


17. Sentado em reclusão, pensei o seguinte :
Doloroso é renascer e o decaimento do corpo.
18. Sou sujeito ao nascimento, ao decaimento, a doença,
Portanto buscarei Nirvana, imperecível, abrigo imortal.
19. Que eu deixe este corpo perecível, esta congregação pestilenta de vapores,
E parta sem desejos e sem vontades.
20. Há, há que haver um caminho, não pode não ser :
Buscarei este caminho, qu’eu possa obter livramento do devir.

Depois ele pensou assim : “Como neste mundo há prazer correlativo à dor, então onde há devir deve haver seu oposto, a cessação do devir ; e como onde há calor há também frio que o neutraliza, assim deve haver um Nirvana ( Extinção ) que extingue ( os fogos ) da luxúria e de outras paixões ; e assim como em oposição a condições ruins e más há uma boa e sem culpa, assim onde há vil nascimento deve haver também um Nirvana, chamado o não-nascimento, porque ele põe um fim a tudo que é chamado renascer.” Portanto é dito :

21. Assim como onde há sofrimento há também benção,
Assim onde há devir devemos procurar por não devir.
22. E assim como onde há calor há também frio,
Assim onde há o triplo fogo da paixão extinção deve ser buscada,
23. E assim como coexistente com o mal há também o bem,
Do mesmo modo onde há nascimento a cessação do nascimento deve ser buscada.

Novamente ele pensou assim : “Justo como uma pessoa que caiu dentro de um monte de sujeira , se ele vê longe um grande lago coberto de lótus das cinco cores, deve buscar este lago, dizendo : ‘Por que caminho chegarei lá ?’; mas se ele não o busca a falta não é do lago ; do mesmo modo onde há o lago do grande Nirvana imortal para lavar as sujeiras do pecado, se ele não for buscado não é culpa do lago. E justo como uma pessoa cercada por ladrões, se quando houver um caminho para escapar ela não escapa não é culpa do caminho mas da pessoa ; do mesmo modo quando há um caminho abençoado que leva ao Nirvana para a pessoa que está cercada e presa pelo pecado, se ele não é buscado não é falta do caminho mas da pessoa. E como uma pessoa que está oprimida por uma doença, havendo um médico que possa curar sua doença, se ela não se cura indo ao médico isto não é culpa do médico ; do mesmo modo se uma pessoa que está oprimida pela doença do pecado não busca um guia espiritual que está ao alcance e sabe o caminho que coloca um fim no pecado, a falta está na pessoa e não no professor destruidor de pecado.” Portanto é dito :

24. Como uma pessoa caída na sujeira, vendo um lago repleto,
Se ela não busca o lago a falta não é do lago ;
25. Então quando existe o lago do Nirvana quelava as sujeiras do pecado,
Se uma pessoa não busca este lago, a falta não é do lago do Nirvana.
26. Como uma pessoa cercada de inimigos, havendo um caminho de escape,
Se ela não foge, a culpa não é do caminho ;
27. Do mesmo modo quando há um caminho abençoado, se uma pessoa presa pelo
pecado
Não busca este caminho, a culpa não é do caminho abençoado.
28. E como alguém que está doente, tendo um médico acessível,
Se não cura a doença, a culpa não é do médico ;
29. Igual se uma pessoa que está doente e oprimida com a doença do pecado
Não busca o professor espiritual, a culpa não é do professor.

E novamente ele arguiu : “Como uma pessoa orgulhosa de sua bela vestimenta, jogando fora um cadáver amarrado a seus ombros, vai embora feliz, do mesmo modo devo, jogando fora este corpo perecível, e liberto de todo cuidado, entrar na cidade do Nirvana. E igual homens e mulheres depositando lixo no lixão não o guardam na dobra da roupa ou na vestimenta mas repugnando-o jogam-no fora, sentindo nenhum desejo por ele ; assim também devo jogar fora este corpo
perecível sem culpa e entrar na cidade imortal do Nirvana. Igual um marinheiro abandonando sem culpa um barco não navegável e escapando, assim também deixando este corpo que destila corroção dos seus nove orifícios inflamados, entrar sem arrependimento na cidade do Nirvana. Como uma pessoa carregando vários tipos de joias e indo pela mesma estrada que um bando de ladrões, temendo perder suas joias retira-se dela e vai para uma estrada segura ; do mesmo modo este corpo impuro é como um ladrão usurpador de joias, se coloco minhas afeições nele a joia da boa doutrina do sublime caminho da santidade se perderia para mim, portanto devo entrar na cidade do Nirvana, abandonando este corpo igual a um ladrão.” Portanto é dito :

30. Como uma pessoa pode com desprezo largar fora um cadáver amarrado
sobre seus ombros,
E, partir, segura, independente, senhora de si ;
31. Do mesmo modo que eu parta arrependido de nada, querendo nada.
Deixando este corpo perecível, esta coleção de muitos vapores sujos.
32. E igual homens e mulheres que depositam lixo no lixão,
E partem arrependidos de nada, desejando nada.
33. Igual partirei, deixando este corpo cheio de vapores sujos,
Como alguém deixa o esgoto depois de largar excrementos lá.
34. Como alguém que abandona roupa, de casca d’árvore, rasgada e despedaçada,
E parte sem arrependimento ou anseio,
35. Igual partirei, deixando este corpo com sua nove aberturas sempre correndo,
Como proprietários abandonam navios quebrados.
36. E como uma pessoa carregando mercadorias, andando co ladrões,
Vendo perigo de perder suas mercadorias, separa-se dos ladrões e vai seguro,
37. Do mesmo modo é este corpo como um ladrão poderoso, -
Largando-o partirei, temendo perder posses.

Tendo assim ponderado em nove símiles sobre as vantagens conectadas com o retirar-se do mundo, o sábio Sumedha, doou tudo em sua própria casa, como dito acima, um imenso tesouro amontoado para os indigentes, caminhantes, sofredores e manteve a casa aberta. Renunciando todos os prazeres, ambos material e sensual, partiu da cidade de Amara, largando o mundo no Himalaia fez para si um eremitério próximo da montanha chamada Dhammaka e construiu uma cabana e um claustro livres dos cinco defeitos que são impedimentos ( à meditação ). E com vistas de obter o poder tido por conhecimento sobrenatural, que é caracterizado pelas oito qualidades casuais descritas nas palavras que começam “Com a mente assim tranquilizada...” ( Samaññaphala Sutra, DN I, 76 ; 86 ), ele abraçou naquele eremitério a vida ascética de um Rishi, largando o manto com suas nove desvantagens e vestindo a roupa de casca d’árvore com suas doze vantagens. E quando ele tinha assim largado o mundo, abandonando esta cabana, cheia com os oito atrasos, ele dirigiu-se para o pé de uma árvore com suas dez vantagens e rejeitando todo tipo de grãos vivia constantemente de frutos do mato. E rigorosamente esforçando-se seja sentado, em pé ou andando, em uma semana ele tornou-se possuidor das oito consecuções e dos cinco conhecimentos sobrenaturais ; e assim, de acordo com sua intenção ele atingiu o poder do conhecimento sobrenatural. Portanto é dito :

38. Tendo assim ponderado doei muitos milhares de milhões em riqueza
para ricos e pobres e fiz meu caminho para o Himalaia.
39. Não distante no Himalaia na montanha chamada Dhammaka,
Aí fiz um excelente eremitério e construí com cuidado uma cabana de folha.
40. Lá construí para mim um claustro, livre dos cinco defeitos,
Possuidor das oito boas qualidades e atingi a força dos conhecimentos sobrenaturais.
41. Então joguei fora o manto possesso das nove faltas,
E coloquei a veste de casca d’árvore possessa de doze vantagens.
42. Deixei a cabana, repleta com os oito atrasos,
E fui para o pé d’árvore possuidor de dez vantagens.
43. Rejeitei completamente os grãos que são semeados e plantados,
E partilhei dos constantes frutos da terra, possessos de muitas vantagens.
44. Então lutei esforçadamente, sentado, de pé e andando,
E em sete dias atingi o poder dos conhecimentos.

Bem, enquanto o eremita Sumedha, tendo assim atingido a força do conhecimento sobrenatural, estando vivendo na benção das (oito ) consecuções, o Mestre Dipankara apareceu no mundo. No momento da sua concepção, do seu nascimento, do seu atingir a Buddhidade, da sua pregação do seu primeiro discurso, todo o universo dos dez mil mundo tremeu, chacoalhou e trepidou e produziu um poderoso som e as trinta e duas marcas mostraram-se. Mas o eremita Sumedha, vivendo na benção das consecuções, nem escutou este som nem viu aqueles sinais. Portanto é dito :

45. Então quando atingi a realização / consumação, enquanto estava sujeito ao ensinamento,
O Conquistador chamado Dipankara, chefe do universo, apareceu.
46. Na sua concepção, no seu nascimento, na sua Buddhidade, na sua pregação,
Não viu os quatro sinais, mergulhado no bendito transe da meditação.

Naquele tempo Dipankara Buddha, acompanhado de cem mil santos, vagava no seu caminho de um lugar para outro, alcançando a cidade de Ramma e fixando residência no grande mosteiro de Sudassana. E os moradores da cidade de Ramma escutaram isto dito : “Dipankara, senhor dos ascetas, tindo atingido Buddhidade suprema e rodando a roda do excelente Dharma ( Norma ), vagando em seu caminho de um lugar para o outro, chegou na cidade de Ramma e reside no grande mosteiro de Sudassana.” E os moradores da cidade de Ramma tomando consigo ghee e manteiga e outros requisitos medicinais e roupas e vestes e carregando perfumes e guirlandas e outras ofertas nas mãos, suas mentes inclinadas em direção ao Buddha, ao Dharma ( Doutrina ) e a Sangha, inclinados em direção a eles, pendurados neles, eles aproximaram-se do Mestre e o veneraram e presentearam com perfumes e outras ofertas, sentando do lado. E tendo escutado sua pregação da Doutrina e convidado-o para o dia seguinte, eles levantaram-se de seus assentos e partiram. E dia seguinte, tendo preparado ofertas para os pobres e tendo adornado a vila, eles foram para a estrada pela qual Buddha viria, jogando terra nos lugares que estavam gastos pela água e com isto nivelando o caminho e espalhando areia que pareciam faixas prateadas. E polvilharam arroz frito e flores e levantaram bandeiras e faixas de tecidos de cores várias e erigiram arcos de bananeiras e colunas de jarros transbordantes. Então o eremita Sumedha, elevando-se de seu eremitérios e procedendo através dos ares até que estava acima das pessoas e vendo a multidão feliz exclamou : “Qual será a razão ?” e pousando ficou de um dos lados e questionou o Povo :”Diga-me, por quê estão adornando esta estrada ?” Portanto é dito :

47. Na região dos distritos da fronteira, tendo convidado o Buddha,
Estavam arrumando a estrada, alegres de coração, pela qual ele viria.
48. Naquele momento eu deixava meu eremitério,
Farfalhando minha túnica de casca, parti pelos ares,
49. E vendo uma multidão excitada alegre e feliz,
Desci dos ares e direto perguntei a eles,
50. O Povo está excitado, alegre e feliz,
Para quem a estrada está sendo arrumada, o caminho, quem está vindo ?

E as pessoas responderam : “Venerável Sumeddha, não sabes ? Dipankara Buddha, tendo atingido o conhecimento supremo e rolado a roda da gloriosa Doutrina, viajando de um lugar para outro, alcançou nossa cidade e mora no grande mosteiro de Sudassana ; convidamos o abençoado e estamos aprontando a estrada para o Buddha abençoado pela qual ele vem.” E o eremita Sumedha pensou : “O barulho mesmo da palavra Buddha é raro de se encontrar no mundo muito mais o aparecimento real de um Buddha ; devo me juntar a estas pessoas que estão arrumando a estrada.” Disse portanto aos homens : “Se vocês estão arrumando esta estrada para o Buddha designem-me um pedaço de chão, arrumarei a estrada junto com vocês.” Eles consentiram, dizendo : “Está bem” ; e percebendo que o eremita Sumedha era possuidor de poder sobrenatural, eles indicaram um pedaço pantanoso de chão e o designaram par ele dizendo: “Você prepare este chão.” Sumedha, com o coração cheio de alegria da qual o Buddha era a causa, pensou consigo mesmo : “Sou capaz de preparar este pedaço de chão com poder sobrenatural mas se for assim preparado não me dará satisfação nenhuma ; este dia cabe a mim realizar tarefas servis” ; e arranjando terra ele a colocava no local.
Mas antes que o chão estivesse pronto por ele – com um cortejo de uma centena de milhar de santos taumatúrgicos dotados com os seis conhecimentos sobrenaturais, enquanto deuses / devas ofereciam guirlandas e perfumes celestes, enquanto hinos celestiais soavam e pessoas prestavam homenagens com perfumes terrestres e com flores e outras ofertas, Dipankara dotado com as dez Forças, com
toda a transcendente majestade de um Buddha, como um leão levantando-se para buscar sua presa na planície Vermelha, surgiu na estrada, tudo adornado e preparado para ele. Então o eremita Sumedha – quando o Buddha com olhos firmes aproximou-se da estrada preparada para ele, vendo aquela forma dotada com a perfeição da beleza, adornada com as trinta e duas marcas de um homem superior e marcado com as oitenta belezas menores, atendido por um halo de uma braça profundo, e emitindo correntes de raios de seis cores de Buddha, juntos em pares de diferentes cores e envolvido como as luzes várias que brilham na calota celeste, salpicada de gemas – exclamou : “ Neste dia cabe a mim sacrificar minha vida pelo Buddha : que o abençoado não pisa na lama – não, que ele avance com seus quatrocentos mil santos pisando em meu corpo como se andando numa ponte de pranchas ajoialhadas, este gesto será por muito tempo por meu bem e minha felicidade.” Assim dizendo, ele soltou o cabelo e espalhando na lama suja seu manto de de pele, cabelo emaranhado, manto de casca, de eremita, ele deitou na lama como uma ponte de pranchas joias. Portanto é dito :

51. Questionados por mim eles responderam : Um Buddha incomparável nasceu no mundo,
O Conquistador chamado Dipankara, senhor do universo,
Para ele a estrada é arrumada, o caminho, que ele está vindo.
52. Quando escutei o nome de Buddha alegria brotou e espalhou-se dentro de mim,
Repetindo, um Buddha, um Buddha ! Expressei pronunciando minha alegria.
53. Em pé lá ponderei, alegre e excitado,
Aqui semearei a semente, que o feliz momento não escape !
54. Se vocês arrumam a estrada para o Buddha, designem-me um lugar,
Também arrumarei a estrada, o caminho, em que ele está vindo.
55. Então me deram um pedaço de chão para arrumar no caminho ;
Então repetindo comigo, um Buddha, um Buddha ! arrumei a estrada.
56. Mas antes da minha parte está pronta, Dipankara o grande sábio,
O Conquistador, apareceu no caminho com quatrocentos mil santos iguais a ele,
Possuidor dos seis conhecimentos superiores, puro de todo pecado.
57. De todos os lados as pessoas se levantaram para recebê-lo, muitos tambores tocaram,
Pessoas e espíritos cheios de alegria aplaudiam.
58. Devas olhando por cima das pessoas, pessoas por cima de devas,
E ambos com as mãos juntas elevadas aproximavam-se “daquele que assim vem.”
59. Devas com música deva, pessoas com músicas terrenas,,
Ambos emitindo seus versos aproximando-se “aquele que assim vem”.
60. Devas flutuando no ar polvilhavam em todas as direções
Flores Erythrina do mundo deva,Lótus e flor coral.
61. Pessoas em pé no chão atiravam para cima em todas as direções
Flores Champac e Salala, Cadamba e a fragante Mesua, Punnaga e Ketaka.
62. Então soltei meu cabelo e espalhando na lama
Manto de pele e manto de casca, deitei pronado de bruços.
63. Que o Buddha avance com seus discípulos, pisando em mim ;
Que ele não pise na lama, me será uma benção.

E enquanto estava na lama, novamente olhando o majestoso Buddha Dipankara com seu olhar firme, ele pensou como segue : “S’eu quisesse poderia entrar na cidade de Ramma como noviço no sacerdócio, após destruir todas as paixões humanas ; mas porque deveria me disfarçar para atingir Nirvana após a destruição das paixões humanas ? Antes, como Dipankara, tendo-me elevado até o supremo conhecimento da Doutrina, habilite a humanidade a entrar no Barco da Doutrina e assim atravessá-los pelo Oceano do Devir e após isto feito atingir o Nirvana ; isto é exatamente o que devo fazer.” Então tendo enumerado as oito condições ( necessárias para atingir Buddhidade ) e tendo feito a resolução de tornar-se Buddha, ele deitou-se no chão. Portanto é dito :

64. Enquanto jazia no chão este era meu pensamento de meu coração.
Se desejasse isto poderia neste dia destruir dentro de mim todas as paixões
humanas.
65. Mas por que deveria disfarçado chegar ao conhecimento da Verdade ?
Atingirei onisciência e me tornarei um Buddha e salvarei pessoas e devas.
66. Por que atravessar o oceano resoluto mas sozinho ?
Atingirei onisciência e habilitarei pessoas e devas a atravessar.
67. Por esta resolução minha, eu uma pessoa de resolução
Atingirei onisciência e salvarei muita gente.
68. Cortando fora a corrente da transmigração, aniquilando as três formas de renascer,
Embarcando no barco da Norma, atravessarei comigo pessoas e devas.

E a abençoado Dipankara tendo alcançado o lugar permaneceu próximo à cabeça do eremita Sumedha. E abrindo seus olhos possessos dos cinco tipos de graça como alguém abre uma janela joia e contemplando o eremita Sumedha deitado na lama, pensou consigo mesmo : “Este eremita que jaz aqui formou a resolução de tornar-se um Buddha ; seu desejo realizar-se-á ou não ?” E projetando seu olhar presciente no futuro e considerando ele percebeu que quatro asankheyas e cem mil ciclos depois ele tronar-se-ia um Buddha chamado Gotama. E em pé lá no meio da assembleia ele soltou esta profecia, “Vocês veem este asceta austero deitado na lama ?” “Sim, senhor,” eles responderam. “Este homem deitado aí tendo tomado a resolução de tornar-se um Buddha, seu desejo será atendido ; e no final de quatro asankheyas e de cem mil ciclos a partir de agora ele se tornará um Buddha chamado Gotama, e no seu nascimento a cidade de Kapilavasthu será sua residência, rainha Maya será sua mãe, rei Suddhodana seupai, seu discípulo chefe será o thera Upatissa, seu segundo discípulo o thera Kolita, o ajudante do Buddha será Ananda, sua discípula chefe será monja Khema, a segunda discípula chefe será monja Uppalavanna. Quando atingir a idade do conhecimento maduro, tendo-se retirado do mundo e feito um grande esforço, tendo recebido ao pé d’árvore banian uma refeição de mingau de arroz e a partilhado às margens do rio Neranjara, tendo subido ao assento d’árvore bo, ele, ao pé da figueira, atingirá Suprema Buddhidade. Portanto é dito :

70. Dipankara, conhecedor dos mundos, receptor de ofertas,
Em pé próximo a minha cabeça, falou estas palavras :
71. Vocês veem este mesmo eremita austero com seu cabelo emaranhado,
Daqui a idades incontáveis ele será um Buddha neste mundo.
72. Vejam, “aquele que assim vem” deixando a agradável Kapila,
Tendo feito o grande esforço, realizado todo tipo de austeridades.
73. Tendo sentado ao pé da árvore Ajapala e lá comido mingau de arroz,
Se aproximará do rio Neranjara.
74. Tendo recebido mingau de arroz às margens do Neranjara, o Conquistador
Deve seguir pelo belo caminho preparado para ele ao pé d’árvore Bodhi.
75. Então, glorioso e incomparável, reverencialmente saudando o assento Bodhi,
Ao pé da figueira ele despertará ( bujjhissati ).
76. A mãe que o carregará se chamará Maya,
Seu pai será Suddhodana, ele mesmo será Gotama.
77. Seus discípulos principais serão Upatissa e Kolita,
Homens saudáveis e imunes, livres de paixões, de mente e intenção calmas.
78. O servidor Ananda ajudará o Conquistador,
Khema e Uppalavanna serão sua mulheres chefas de discípulas,
79. Mulheres sãs e imunes, livres de paixões, de mente e intenção calmas.
Àrvore Bodhi deste Buddha é conhecida como a Assattha.

O eremita Sumedha, exclamando : “Meu desejo, parece, será realizado”, se encheu de felicidade. As multidões, escutando as palavras de Dipankara Buddha, ficaram felizes e deliciadas, exclamando : “O eremita Sumedha, parece, é um broto de Buddha, semente de Buddha !” Por isto eles pensaram : “Como uma pessoa atravessando um rio, se ela é incapaz de atravessar para a margem oposta a ela, atravessa numa passagem mais embaixo no rio, do mesmo modo nós, se sob a dispensação do Dipankara Buddha falhamos em atingir os Caminhos e sua fruição, ainda assim quando tu te tornares Buddha devemos ser capazes em tua presença de tornar os Caminhos e sua fruição também nossos.” - então eles recordaram seus desejos ( para futura santificação ). E Dipankara Buddha tendo também louvado o Bodhisatva e feito ofertas para ele de oito mancheias de flores reverencialmente saudando-o partiu. E os Arahants também, quatrocentos mil em número, tendo feito ofertas de perfumes e guirlandas ao Bodhisatva reverencialmente o saudaram e partiram. E os devas e as pessoas tendo feito as mesmas ofertas cumprimentaram-no e seguiram seu caminho.
E o Bodhisatva, quando todos tinham se retirado, levantando-se do sua cadeira e exclamando : “Estudarei as Perfeições”, sentou-se de pernas cruzadas em um monte de flores. E enquanto o Bodhisatva estava sentado assim, os devas em todos os dez mil mundos reuniram-se aplaudindo gritando. “Venerável eremita Sumedha”, eles disseram, “todos os preságios que se manifestaram quando Bodhisatvas anteriores sentaram-se de pernas cruzadas, dizendo : ‘Estudaremos as Perfeições’ - todos eles neste dia apareceram : certamente tornar-te-ás Buddha. Disso sabemos : para quem estes preságios aparecem, ele certamente tornar-se-á Buddha ; faças um esforço vigoroso e empenhe-se.” Com estas palavras eles louvaram o Bodhisatva com vários encômios. Portanto é dito :

80. Escutando estas palavras do incomparável Sábio,
Devas e gentes deliciados exclamaram, Este é semente broto de Buddha !
81. Um grande clamor se levantou, pessoas e devas nos dez mil mundos
Bateram palmas e riram e prestaram obediência com as mãos juntas.
82. “Se falharmos”, eles disseram, “nesta dispensação de Buddha
Ainda assim em tempos que virão estaremos diante dele.
83. Como pessoas que atravessando um rio, se falham em alcançar
a margem oposta
Descem para uma passagem mais embaixo no rio,
84. Do mesmo modo nós todos, se perdemos este Buddha,
Em tempos que virão estaremos diante dele.”
85. O mundialmente conhecido Dipankara, recebedor de ofertas,
Tendo celebrado minha ação, seguiu seu caminho.
86. Todos seus discípulos do Buddha que estavam presentes
saudaram-me com reverência,
Pessoas, Nagas e Gandharvas inclinaram-se para mim e partiram.
87. Quando o Senhor do mundo com seus seguidores saíram da minha vista,
Então feliz, com coração repleto de alegria, levantei-me do meu assento.
88. Estou satisfeito de felicidade, contente com grande contentamento ;
Inundado de rapto então sentei de pernas cruzadas.
89. E assim sentado pensei comigo mesmo,
Sou treinado em Jhana, sou mestre dos conhecimentos sobrenaturais.
90. Em mil mundos não há sábios que rivalizam comigo,
Inigualável em poderes taumatúrgicos, alcancei esta benção.
91. Quando então me viram sentado, os moradores dos dez mil mundos
Deram um grande grito : Verdadeiramente serás um Buddha !
92. Os preságios contemplados em idades anteriores quando Bodhisatvas
sentavam de pernas cruzadas.
Os mesmos são vistos neste dia.
93. Frio é afastado e calor cessa,
Neste dia estas coisas são vistas, - verdadeiramente serás Buddha.
94. Mil mundos tranquilizam-se e silenciam.
Isto se vê ho-je, - verdadeiramente serás Buddha.
95. O vento poderoso não sopra, o rio para de correr,
Estas coisas são vistas ho-je, - verdadeiramente serás Buddha.
96. Todas as flores se abrem na terra e no mar.
Neste dia elas todas abriram – verdadeiramente serás Buddha.
97. Todas as trepadeiras e árvores estão carregadas de frutos,
Neste dia todas carregaram de frutas – verdadeiramente serás Buddha.
98. Gemas brilham na terra e no céu,
Neste dia todas as gemas realmente brilham – verdadeiramente serás Buddha.
99. Música terrena e música deva,
Ambas ho-je emitem seus sons – verdadeiramente serás Buddha.
100. Flores de todas as cores choveram do céu,
Neste dia foram vistas – verdadeiramente serás Buddha.
101. O poderoso oceano inclina-se, dez mil mundos são sacudidos,
Neste dia ambos enviaram seus rugidos – verdadeiramente serás Buddha.
102. No inferno os fogos de dez mil mundos apagaram,
Neste dia estes fogos são temperados – verdadeiramente serás Buddha.
103. Sol sem nuvens e todas as estrelas são vistas,
Estas coisas são vistas ho-je – verdadeiramente serás Buddha.
104. Apesar de nenhuma chuva cair, água brota da terra,
Neste dia ela brotou da terra – verdadeiramente serás Buddha.
105. As constelações estão todas brilhando e as casas lunares na abóbada celeste,
Visakha está em conjunção com a lua – verdadeiramente serás Buddha.
106. Aquelas criaturas que moram em covas e buracos saíram todas das tocas,
Neste dia as tocas foram abandonadas – verdadeiramente serás Buddha.
107. Não há ninguém descontente entre os mortais mas estão cheios de
contentamento,
Neste dia estão todos contentes – verdadeiramente serás Buddha.
108. Então as doenças foram dispersas e a fome cessou,
Neste dia estas coisas foram vistas – verdadeiramente serás Buddha.
109. Então Luxúria acabou-se, Aversão e Ignorância pereceram,
Neste dia todos estes foram dispersos – verdadeiramente.
110. Nenhum perigo então se aproxima ; neste dia isto é visto,
Por este sinal sabemos – verdadeiramente serás Buddha.
111. Nenhuma poeira nos ares ; neste dia isto é visto,
Por este sinal sabemos, verdadeiramente serás Buddha.
112. Todo odor fedorento afugentou-se, divina fragrância sopra ao redor,
Tal fragrância sopra neste dia – verdadeiramente serás Buddha.
113. Todos os devas se manifestaram, exceto o Sem Forma,
Neste dia foram todos vistos – verdadeiramente serás Buddha.
114. Todos os infernos tornaram-se visíveis,
Neste dia são todos vistos -verdadeiramente serás Buddha.
115. Então paredes e portas e rochas não são impedimentos,
Neste dia elas se derreteram no espaço – verdadeiramente serás Buddha.
116. Naquele momento morte e nascimento não aconteceram,
Neste dia estas coisas foram vistas – verdadeiramente serás Buddha.
117. Tu esforças-te vigorosamente, não te detenhas, avance,
Isto sabemos – verdadeiramente serás Buddha.

E o Bodhisatva, tendo escutado as palavras de Dipankara Buddha e dos devas em dez mil mundos cheio de vigor abundante, pensou consigo mesmo : “Os Buddhas são seres cuja palavra não falha ; não há desvio da verdade em suas palavras. Pois como a queda de um torrão de terra atirado para cima, como a morte do mortal, como o Sol se levanta na aurora, como um leão rugindo quando sai do covil, como o parto de uma mulher grávida, como todas estas coisas são certas e seguras – do mesmo modo a palavra dos Buddhas é certa é não pode falhar, verdadeiramente serei Buddha.” Portanto é dito :

118. Tendo escutado as palavras de Buddha e dos devas dos dez mil mundos,
Feliz, contente, deliciado, pensei então comigo mesmo ;
119. Os Buddhas não falam palavras dúbias, os Conquistadores não falam palavras vãs.
Não há falsidade nos Buddhas – verdadeiramente serei Buddha.
120. Qual torrão jogado no ar que certamente cairá no chão,
Do mesmo modo a palavra dos gloriosos Buddhas é certa e perene.
121. Qual a morte de todo os mortais que é certa e constante,
Igual a palavra dos gloriosos Buddhas é certa e perene.
122. Qual o Sol que eleva-se certo quando a noite acaba,
Igual a palavra dos gloriosos Buddhas é certa e perene.
123. Qual o rugido do leão que quando deixa seu covil é certo,
Igual a palavra dos gloriosos Buddhas é certa e perene.
124. Qual o parto das mulheres grávidas é certo,
Igual a palavra dos gloriosos Buddhas é certa e perene.

E tendo feito assim a resolução : “Tornar-me-ei certamente Budddha” , tendo em vista a consideração das condições que constituem um Buddha, exclamando : “Onde estão as condições que fazem um Buddha, elas são encontradas acima ou abaixo, no princípio ou nas direções menores ?” estudando sucessivamente os princípios de todas as coisas e contemplando a primeira Perfeição do Doar, praticada e seguida pelos Bodhisatvas anteriores, ele então admoestou a si mesmo : “Sábio Sumedha, de agora em diante tu deves consumar a perfeição do Doar ; pois como um jarro d’água virado descarrega àgua de modo que nada sobra, e não se pode recobrá-la, assim mesmo se tu, indiferente à riqueza e fama, e esposa e filhos, e bens pequenos e grandes, doando tudo para quem venha e peça por alguma coisa até que nada permaneça, tu te sentarás no pé d’árvore Bodhi e tornar-te-ás um Buddha.” Com estas palavras ele esforçou-se vigorosamente em atingir a primeira perfeição do Doar. Portanto é dito :

125. Vamos, pesquisarei as condições que fazem um Buddha,
neste lado e naquele,
Acima e abaixo, em todas as dez direções,
em que os princípios das coisas se estende.
126. Então, enquanto fazia a pesquisa, contemplei a primeira perfeição do Doar.
A estrada elevada seguida por sábios anteriores.
127. Tu vigorosamente tomando-a sobre ti mesmo avance
Para esta primeira perfeição : Doar, se tu queres atingir Buddhidade.
128. Qual jarro d’água transbordando, virado por alguém,
Despeja inteiramente toda água, e não retem nenhuma dentro,
129. Igual, quando você vê alguém que pede, grande, pequeno e médio,
Tu, doe tudo em esmolas, como o jarro d’água virado.

Considerando em seguida : “Deve haver além desta, outras condições que fazem um Buddha” e contemplando a segunda Perfeição : Prática Moral, ele pensou assim : “Ó sábio Sumedha, de agora em diante possas consumar a perfeição da Moralidade ; pois como o boi yak, sem cuidar da própria vida, guarda sua basta cauda, do mesmo modo serás Buddha se de agora em diante sem cuidar da vida tu manténs os preceitos morais.” e ele vigorosamente resolveu atingir a segunda perfeição, Prática Moral. Portanto é dito :

130. As condições de um Buddha não podem ser em verdade tão poucas,
Estudarei as outras condições que tornam madura a Buddhidade.
131. Então estudando contemplei a segunda Perfeição da Moralidade
Praticada e seguida por sábios anteriores.
132. Esta segunda tu empreendes vigorosamente,
E alcances a perfeição Moral Prática se queres atingir Buddhidade.
133. Qual o boi yak quando sua cauda embaraça-se completamente,
Lá e então espera a morte sem querer machucá-la,
134. Igual faças tu, tendo consumado os preceitos morais nos quatro estágios,
Sempre guarde Sila como o yak guarda sua cauda.

Mas considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Buddha”, e contemplando a terceira Perfeição da Auto-Abnegação, ele pensou assim : “Ó sábio Sumedha, possas tu de agora em diante consumar a perfeição da Abnegação ; pois como uma pessoa, longo tempo habitante de um prisão não sente nenhum amor por ela mas está descontente e não deseja mais viver lá, igual você, assemelhando todos os nascimentos a uma prisão, descontente com todos os nascimentos e ansioso para livrar-se deles, coloca seu rosto em direção à Abnegação, assim te tornarás Buddha.” E ele vigorosamente tomou a resolução de atingir a terceira Perfeição da Auto-Abnegação. Portanto é dito :

135. Pois as condições que fazem um Buddha não podem ser tão poucas,
Estudarei outras condições que tragam maturidade à Buddhidade.
136. Estudando-as contemplei a terceira Perfeição, Abnegação
Praticada e seguida por sábios anteriores.
137. Esta terceira tu empreendas esforçadamente,
E alcances a perfeição da abnegação, se queres atingir Buddhidade.
138. Como uma pessoa por longo tempo habitante da cadeia,
oprimido por sofrimento,
Não sente prazer nela mas antes anela libertação,
139. Do mesmo modo consideres todos nascimentos como prisões,
Coloque tua face em direção a auto-abnegação, para obter
livramento do devir.

Mas considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Budddha” e contemplando a quarta Perfeição da Sabedoria, ele pensou assim : “Ó sábio Sumedha, tu de agora em diante consuma a Perfeição da Sabedoria, não evitando nenhum assunto de conhecimento, grande, pequeno ou médio, tu te aproximes de todos as pessoas sábias e pergunte-lhes questões ; pois como o monge mendicante em suas coletas de ofertas, não evite nenhuma família, grande e pequena, que ele frequenta e vagando em coleta de ofertas de um lugar para outro, velozmente consegue comida para sustentá-lo, igual tu, aproximando-se de todos os sábios e perguntando questões, tornar-te-ás Buddha.” E ele vigorosamente resolveu atingir a quarta Perfeição, Sabedoria. Portanto é dito :

140. Pois as condições que fazem um Buddha não podem ser tão poucas,
Estudarei outras condições que tragam maturidade à Buddhidade.
141. Estudando-as contemplei a quarta Perfeição, Sabedoria
Praticada e seguida por sábios anteriores.
142. Esta quarta tu empreendas esforçadamente,
E alcances a Perfeição da Sabedoria, se queres atingir Buddhidade.
143. Qual um monge em suas rondas de coleta não evita nenhuma famílias,
Seja pequena, grande ou média e assim obtém subsistência,
144. Tu igual, constantemente questionando as pessoas sábias,
E alcançando a Perfeição da Sabedoria, atingirás Buddhidade suprema.

Mas considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Buddha” e contemplando a quinta Perfeição do Esforço, ele pensou assim : “Ó sábio Sumedha, esforce-se de agora em diante para consumar a Perfeição do Esforço. Qual leão, o rei das bestas, em todas as posturas, ações, esforça-se vigorosamente, tu igual em todos os nascimentos e em todos teus atos esforce-se vigorosamente, não qual lagarto, tornar-te-ás Buddha.” E ele fez a firme resolução de atingir a quinta Perfeição do Esforço. Portanto é dito :

145. Pois as condições que fazem um Buddha não podem ser tão poucas,
Estudarei outras condições que tragam maturidade à Buddhidade.
146. Estudando-as contemplei a quinta Perfeição, Esforço
Praticada e seguida por sábios anteriores.
147. Esta quinta tu empreendas esforçadamente,
E alcances a perfeição do Esforço, se queres atingir Buddhidade.
148. Qual leão, rei das bestas, sentado, em pé e andando
Não é nenhum lagarto mas sempre de coração resoluto,
149. Tu igual, em toda existência esforça-te vigorosamente,
E alcançando a Perfeição Esforço, atingirás a suprema Buddhidade.

Mas considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Buddha” e contemplando a sexta Perfeição da Paciência, ele pensou consigo mesmo : “Ó sábio Sumedha, tu de agora em diante consuma a Perfeição da Paciência ; sejas paciente no louvor e na reprovação. Como quando as pessoas jogam lixo na terra, a terra não sente nem desejo nem repulsão em relação a elas mas as sofre, suporta, consente, do mesmo modo tu também se fores paciente no louvor e na reprovação tornar-te-ás um Buddha.” E ele resolveu vigorosamente atingir a sexta Perfeição, Paciência. Portanto é dito :

150. Pois as condições que fazem um Buddha não podem ser tão poucas,
Estudarei outras condições que tragam maturidade à Buddhidade.
151. Estudando-as contemplei a sexta Perfeição, Paciência
Praticada e seguida por sábios anteriores.
152. Esta sexta tu empreendas esforçadamente,
E alcances a perfeição da Paciência, se queres atingir Buddhidade.
153. Como a terra suporta tudo que é jogado nela
Sejam coisas puras ou impuras e não sentem nem raiva nem pena,
154. Do mesmo modo suportando louvores e reprovações das pessoas,
Indo para a perfeita Paciência, atingirás suprema Buddhidade.

Mas considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Buddha” e contemplando a sétima Perfeição da Verdade, ele pensou consigo mesmo : “ Ó sábio Sumedha, de agora em diante consuma a perfeição da Verdade ; ainda que um raio desça na tua cabeça, nunca sob a influência do desejo ou de outro modo, pronuncies um mentira consciente, para conseguir bens ou qualquer outra coisa. Como o planeta Vênus em todas as estações segue seu próprio curso, não seguindo o curso de outros abandonando o seu, assim mesmo, se não abandonares a verdade e não pronunciares nenhuma mentira, tornar-te-ás Buddha.” E ele vigorosamente virou sua mente para a sétima Perfeição, Verdade. Portanto é dito :

155. Pois estas não são todas as condições um Buddha,
Estudarei outras condições que tragam Buddhidade.
156. Estudando-as contemplei a sétima Perfeição da Verdade
Praticada e seguida por sábios anteriores.
157. Tendo esforçadamente tomado sobre si está sétima perfeição,
Então livre-se da palavra dúbia e atingirás Buddhidade suprema.
158. Como o planeta Vênus, balança em seus tempos e estações,
No mundo das pessoas e dos devas, não sai do seu caminho,
159. Do mesmo modo tu não afaste-se do curso da verdade,
Avançando para a perfeição da Verdade, atingirás suprema Buddhidade.

Mais considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Buddha” e contemplando a oitava Perfeição da Resolução, ele pensou assim consigo mesmo : “Ó sábio Sumedha, tu de agora em diante consuma aperfeição da Resolução ; o que quer que resolvas sejas inabalável na resolução. Pois como uma montanha, o vento batendo nela em todas as direções, não treme, não move, mas permanece no seu lugar, do mesmo modo tu se não te desviares da tua resolução tornar-te-ás Buddha.” E ele resolveu vigorosamente atingir a oitava Perfeição, Resolução. Portanto é dito :

160. Pois estas não são todas as condições de um Buddha,
Estudarei outras condições que tragam Buddhidade.
161. Estudando-as contemplei a oitava Perfeição, Resolução
Praticada e seguida por Buddhas anteriores.
162. Resolutamente tome sobre si esta oitava perfeição.
Então tu sendo imóvel atingirás suprema Buddhidade.
163. Como a montanha rochosa, imóvel, de bases firmes,
Não chacoalha com muitos ventos e permanece no seu lugar,
164. Do mesmo modo tu permaneças sempre imóvel na resolução,
Avançando na perfeição da Resolução, atingirás suprema Buddhidade.

Mais considerando ainda : “Estas não podem ser s únicas condições que fazem um Buddha” e contemplando a nona Perfeição do Amor Bondade ele pensou consigo mesmo : “Ó sábio Sumedha, tu de agora em diante consuma a perfeição do Amor Bondade, que tu possas ser de mente una em relação a amigos e inimigos. E qual água que preenche com seu frio refrescante a pessoas boas e más igualmente, do mesmo modo, se tu for de mente una com sentimentos de amizade para todos os mortais tornar-te-ás Buddha.” E ele vigorosamente resolveu atingir a nona Perfeição do Amor Bondade. Portanto é dito :

165. Pois estas não são todas as condições de um Buddha,
Estudarei outras condições que tragam Buddhidade.
166. Estudando-as contemplei a nona Perfeição, Amor Bondade
Praticada e seguida por Buddhas anteriores.
167. Resolutamente tome sobre si esta nona perfeição.
Tornando-te sem rival em gentileza, se queres tornar-te Buddha.
168. E qual àgua que enche com seu frio
Pessoas boas e más igualmente e leva toda impureza,
169. Igual tu, olhes com amizade igualmente o bom e o mau.
Avançando na perfeição do amor Bondade, atingirás suprema Buddhidade.

Mas considerando ainda : “Estas não podem ser as únicas condições que fazem um Buddha” e contemplando a décima Perfeição : Equanimidade, ele pensou consigo mesmo : “Ó sábio Sumedha, a partir de agora consuma a perfeição da Equanimidade, estejas com a mente igual na prosperidade e na adversidade. E como a terra é indiferente quando coisas puras ou impuras são jogadas nela, do mesmo modo, se fores indiferente na prosperidade e na adversidade, tornar-te-ás Buddha.” E ele resolveu vigorosamente atingir a décima Perfeição, Equanimidade. Portanto é dito :

170. Pois estas não são todas as condições de um Buddha,
Estudarei outras condições que tragam Buddhidade.
171. Estudando-as contemplei a décima Perfeição : Equanimidade
Praticada e seguida por Buddhas anteriores.
172. Se tomares resolutamente sobre ti esta décima perfeição,
Tornando-te bem equilibrado e firme, atingirás suprema Buddhidade.
173. Como a terra é indiferente às coisas puras e impuras que jogam sobre ela,
Com ambos semelhantemente e é livre de raiva e louvor,
174. Do mesmo modo tu sempre sejas bem equilibrado na alegria e na tristeza,
Avançando para a perfeição, Equanimidade, atingirás Buddhidade suprema.

Então ele pensou : “Estas são as únicas condições neste mundo que trazendo Buddhidade à perfeição e constituindo um Buddha, devem ser consumadas pelos Bodhisatvas ; além das dez Perfeições não há outras. E estas dez Perfeições não estão nem no céu acima nem na terra abaixo, nem se encontram no leste ou nos outros pontos cardiais mas reside no meu coração de carne.” Tendo então entendido que as perfeições estavam estabelecidas no coração, tendo vigorosamente resolvido mantê-las todas, pegando-as novamente e repetidamente, ele as dominou da primeira até a última e vice versa ; tomando-as pela última seguiu para a primeira, pegando-as pela primeira colocou-as como última, pegando pelo meio segui-as para as duas extremidades, pegando-as pela extremidade, segui-as até o meio. Repetindo : “As Perfeições são o sacrifício dos membros, as Perfeições Menores são o sacrifício da propriedade, as perfeições Ilimitadas são o sacrifício da vida” ele dominou-as como as Perfeições, as Perfeições Menores e a Perfeições Ilimitadas – como alguém que converte dois tipos de óleos em um único, ou como alguém que, usando Monte Meru como pilão batesse o grande oceano Chakkavala ( como almofariz ). E enquanto ele compreendia novamente e de novo as dez Perfeiçoes, pelo brilho de sua piedade ( dharma ), esta terra, oitocentas mil léguas de largura, como uma moita de caniços pisada por um elefante, ou um moinho de cana de açúcar em movimento, proferindo um poderoso rugido, tremeu, chacoalhou e trepidou e girou ao redor como a roda do leiro ou a roda do moinho de óleo. Portanto é dito :

175. Estas são todas as condições no mundo que levam Buddhidade à perfeição ;
Além destas não há outras, nelas persevere.
176. Enquanto ele compreendia estas condições naturais e intrínsecas,
Pelo poder da sua piedade a terra de dez mil mundos estremeceu.
177. A terra balançou e rugiu como um moinho de açúcar trabalhando,
Como uma roda de moinho de óleo assim chacoalhou a terra.

E enquanto a terra estava tremendo o Povo de Ramma, incapaz de suportá-lo, qual as grandes árvores Sal, reviradas pelo vento que sopra no fim de um ciclo, cae desfalecido cá e lá, enquanto jarros e outros vasos, revolvendo como um jarro na roda de oleiro, batem um contra o outro e quebram no chão em pedaços. A multidão temendo e tremendo aproximando do Mestre ( Dipankara ) disse : “Diga-nos, Abençoado, esta agitação é causada pelos Nagas, ou por outros demônios, ou ogros, ou por devas ? - pois isto não sabemos mas verdadeiramente esta multidão toda está tristemente aflita. Prega este portento bem ou mal ao mundo ? Diga-nos a causa dele.” O Mestre escutando as palavras deles disse : “Não temam nem se preocupem, não advém nenhum perigo para vocês disso. O sábio Sumedha, relativo a quem predisse neste dia : ‘No futuro ele será um Buddha chamado Gotama’, está agora entendendo as Perfeições e enquanto ele as entende e as gira ao redor pelo poder de sua piedade todo os dez mil mundos concordemente troveja e estremece.” Portanto é dito :

178. Toda a multidão que estava lá atendendo o Buddha,
Tremendo, caíam desfalecidas lá no chão.
179. Milhares de jarros d’água e muitas centenas de potes
Foram quebrados e esmagados lá batendo uns contra os outros.
180. Excitados, temerosos, aterrorizados, confusos, seus sentidos desordenados,
As multidões reunidas, se aproximaram do Buddha.
181. Dia, será bom ou mal para o mundo ?
Todos estão aflitos, evite este perigo, tu Vidente !
182. Então o grande Sábio Dipankara dirigiu-se a eles,
Tenham confiança, não fiquem com medo deste terremoto :
183. Aquele de quem previ neste dia, que será um Buddha neste mundo,
A lei do passado é a mesma seguida pelos Conquistadores.
184. Portanto enquanto ele está ponderando inteiramente a norma,
o trabalho básico de um Buddha,
Esta terra décupla de pessoas e de devas é sacudida.

Então o Povo escutando as palavras de Buddha, feliz e deliciado, tomando consigo guirlandas, perfumes e unguentos, deixou a cidade de Ramma e foi até o Bodhisatva. E tendo oferecido suas flores e outros presentes, e inclinado-se diante dele e respeitosamente saudá-lo, eles retornaram para a cidade de Ramma. E o Bodhisatva, tendo feito um esforço de resolução vigoroso, levantou-se do assento em que sentava. Portanto é dito :

185. Tendo escutado a palavra do Buddha, suas mentes acalmaram direto,
Todas as pessoas aproximaram-se novamente de mim e prestaram suas
homenagens.
186. Tendo tomado sobre mim as Perfeições de um Buddha,
tendo feito firme minha resolução,
Tendo inclinado para Dipankara, levanto-me do meu assento.

E enquanto o Bodhisatva levantava-se de seu assento, os devas em todos os dez mil mundos tendo-se reunidos, ofereceram-lhe guirlandas e perfumes, pronunciaram estas e outras palavras de louvor e benção : “Venerável eremita Sumedha, neste dia tu fizeste uma poderosa resolução aos pés de Dipankara Buddha, possas tu consumá-la sem estorvo nem obstáculo : nada tema e não desfaleça, que nem a menor doença visite tua construção, rapidamente exercite as Perfeições e atinja suprema Buddhidade. Como as flores e as árvores frutíferas fazem brotar flores e frutos nas estações, do mesmo modo tu também, sem deixar a estação certa passar, rapidamente atinja a suprema iluminação,” e assim falando, eles retornaram cada um para sua casa-deva. Então o Bodhisatva, tendo recebido a homenagem dos devas, fez um esforço de resolução vigoroso, dizendo : “Tendo consumado as dez Perfeições, no fim de quatro asamkheyas e cem mil ciclos serei Buddha.” E elevando-se nos ares ele retornou para o Himavanta. Portanto é dito :

187. Quando ele levantava-se do assento ambos devas e pessoas
Aspergiram-no com flores divinas e terrenas.
188. Ambos devas e pessoas pronunciaram sua benção :
Uma grande coisa desejaste, possas tu obtê-la de acordo com teu desejo.
189. Possam todos os perigos ser evitados, possam todas as doenças sumirem,
Possas tu não ter obstáculos – rapidamente alcance a suprema iluminação.
190. Como quando a estação chegando brotam flores das árvores,
Do mesmo modo tu, Ó poderoso, brote com o conhecimento de um Buddha.
191. Como todos os Buddhas consumaram as dez Perfeições,
Do mesmo modo tu, Ó poderoso, consuma as dez Perfeições.
192. Como todos os Buddhas despertam no assento da iluminação,
Assim seja com você, Ó poderoso, desperto na sabedoria do conquistador.
193. Como todos os Buddhas giraram a roda da Norma ( Lei, Dharma ),
Assim seja com você, Ó poderoso, faça-a girar.
194. Como a lua no dia do meio do mês brilha em sua pureza,
Assim seja com você, com a mente cheia, brilhe nos dez mil mundos.
195. Como o Sol, liberto de Rahu, brilha fervente em seu calor,
Do mesmo modo, tendo libertado a humanidade, brilhes tu em toda a tua majestade.
196. Como todos os rios encontram seu caminho para o grande oceano,
Do mesmo modo possam os mundos de pessoas e devas tomar refúgio em ti !
197. O Bodhisatva exaltado com estes louvores, tomando para si as dez condições,
Começando a consumar estas condições, entrou na floresta então.

[ n. do tr. : Lembra o sermão da montanha de IHS : amai os inimigos, construir a casa sobre a rocha, não vos preocupeis com o dia de amanhã, as bem aventuranças. Neste sentido podemos entender os prodígios naturais que aparecem aqui e os semelhantes do discurso escatológico quando da vinda do Filho do Homem : a aproximação com o jatakas 86, 330 e 290 quando se lembra a frase ‘onde está a carne aí estão os pássaros’ permite relacionar os dois textos. A Ressurreição = Iluminação, o Filho do Homem = Buddha. Tudo, como dito em ambos, dentro do coração.




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