Plutarco Védico
( isbn 978-85-906438-0-7 ; à venda no Kindle )
Nícias = Shiva
( isbn 978-85-906438-0-7 ; à venda no Kindle )
Nícias = Shiva
Nícias
fez a Paz ; a paz de Nícias ficou famosa para sempre, paz política
em sentido amplo posto que sua ‘Vida de Nícias’ de Plutarco
espanta-se no começo e no fim com o fato de ter morrido na guerra (
a maior guerra que já houve de gregos contra gregos ) a qual foi
contra todo tempo mas eleito pelo Povo para chefiá-la não o/a
desobedece, às ordens da polis, república e acaba sacrificado. A
imagem é a mesma do sacrifício de Daksha que exclui Shiva e acaba
não realizando-se, destruindo-se por completo antes de acontecer. Os
paralelos entre Plutarco e os Puranas são vários.
Vejamos
o capítulo V da Vida de Nícias de Plutarco : “Vivendo sempre com
temor dos caluniadores não jantava, ceiava, com nenhum dos cidadãos,
nem tratava com eles, nem assistia suas ordinárias recreações ; em
uma palavra : não gostava de semelhantes passatempos, antes, quando
era arconte, permanecia no consistório até a noite e do Senado era
o último a sair, sendo o primeiro a entrar ; e quando não tinha
negócio público algum, não recebia ninguém nem saía para ser
visto, sempre quieto e fechado em casa. Seus amigos recebiam aos que
vinham para falar-lhe, lhes pediam desculpas porque estava ocupado em
negócios públicos de grande urgência e importância. Aquele que
principalmente representava esta farsa e mostrava grande interesse em
conciliar-lhe autoridade e opinião, era Hierón que havia se
exercitado na música e nas letras. Era filho de Dionísio, a quem
apelidaram Calco e de quem se conservam ainda algumas poesias e que
enviado comandante de uma colonia na Itália fundou a cidade de
Turios ( atual Torre Brodognato ). Este pois tratava com os
agoureiros da parte de Nícias na interpretação de prodígios e dos
arcanos e fazia correr pelo Povo a voz que Nícias levava, apenas
pelo bem da cidade / polis / república, uma vida infeliz e
trabalhosa, pois nem no banho nem na mesa deixava de ocorrer-lhe
assuntos graves, tendo abandonado os interesses próprios para cuidar
dos do Povo ; tanto que nunca deitava senão quando os demais já
tinham dormido o primeiro sono. De onde provinha estar sua saúde
quebrantada e não ter gosto nem humor para conversar com seus
amigos, tendo chegado a perdê-los pelos negócios públicos, junto
com sua renda ; enquanto os demais, ganhando amigos e enriquecendo
com as magistraturas, passam muito bem e se divertem no governo. E em
realidade, de verdade, tal vinha a ser a vida de Nícias, pelo que
ele mesmo se aplicou aquele epifonema de Agamemnon : ‘A majestade
preside nossa vida ; mas da multidão somos escravos’.”
Há
algo semelhante no Shiva Purana ? Há. Quando Kama, o desejo, a
diversão, o cupido, dispara flechas para atingir o grande Yoguin em
meditação ( Shiva é o pai da Yoga ) ( pg. 544 ) : seu terceiro
olho abre-se e transforma Kama em cinzas com um fogo que depois
dirige-se para o mar : daí o ritual de beber água do oceano. O
terceiro olho prescrutando, intuindo, a realidade espiritual única
do momento presente relaciona-se então com o entendimento dos
‘prodígios e arcanos’.
Por
outro lado no Shiva Purana ( pg. 395 ) é dito “Sati e Shiva estão
unidos juntos como palavras e seu significado. Apenas se desejarem
pode sua separação
ser
mesmo imaginada.” Sati é a oblação, a doação e devota de Shiva
; mas seu pai, Daksha, a seção sacrifical, exclui seu esposo da
cerimônia, o quê causa a
destruição
completa do sacrifício posto que Sati vai, mesmo sem ser convidada e
diante da ignorância do pai, senta concentrada em meditação e auto
imola-se, por força própria, sua energia mesma concentrada na
respiração, coloca fogo em si mesma, incendeia-se em auto
combustão, para renascer em outro ventre em seguida, ventre de Mena,
deixando, largando, aquele corpo e seu pai.
Haveria
uma tal separação da palavra e seu significado em Nícias ? Haveria
no cap. VII e VIII que trata de Cleón, inimigo de Nícias que quer a
guerra para mortificá-lo, diminuí-lo, ele que quer a paz. “Em
verdade se fez notável dano a cidade deixando que adquirisse Cleón
tanto crédito e poder, com o quê, tomando novo arrojo e ousadia
insuportável, entre outros males que acarretou a república, ele fez
destruir o decoro da tribuna, sendo o primeiro que nos discursos,
arengas, gritou descompassadamente, se deixou aberto o manto, se
golpeou as coxas e introduziu dar corridas estando falando ; no que
engendrou nos que depois dele manejaram os negócios um absoluto
esquecimento e desprezo de toda a dignidade ; causa principalíssima
do transtorno e confusão que dali a pouco sobreveio à República.”
Haveria
também no cap. XI onde se disserta sobre o fim do ostracismo :
“Estavam Nícias e Alcebíades no mais forte de sua discórdia
quando houve que tratar-se de desterrar pelo ostracismo segundo
costume recebido de que em certo tempo devia o Povo mudar de país
por dez anos a um dos que fossem suspeitos, ou por que causavam
inveja por seu grande crédito ou por sua riqueza. Estavam ambos em
grande agitação e perigo posto que não podia deixar de ser um dos
dois a receber o desterro. Porque em Alcebíades vituperavam seu
abandono de conduta e temiam sua ousadia e em Nícias, além de vê-lo
com inveja por causa de sua riqueza, culpavam o ar pouco afável e
popular, ou então intratável e oligárquico que o fazia parecer de
outra espécie ; e como rejeitava muitas vezes os desejos do Povo,
contradizendo seu modo de pensar, violentando-o de certa maneira,
fazia o que acreditava conveniente, mas tornou-se para ele odioso. Em
uma palavra : a contenda era dos jovens e amigos da guerra contra os
anciãos e amantes da paz, querendo uns que a concha [ a célula
eleitoral grega era uma concha ] caísse sobre este e os outros
sobre aquele. ‘Mas se dois se altercam por uma honra, não é
novidade que recaia sobre um terceiro.’ Também nesta ocasião
dividido o Povo entre os dois, deu motivo a que se apresentasse na
palestra homens sem vergonha e corrompidos, entre os quais Hipérbolo
Peritoide, homem a quem não foi o poder que deu atrevimento mas por
ser atrevido passou a ter poder, e de ter adquirido fama na cidade
por sua afronta e infâmia. Este pois considerando-se muito distante
do castigo das conchas quando o que verdadeiramente o que lhe cabia
era um potro, esperava que caindo em qualquer daqueles, ele seria o
rival do que ficasse ; assim se via bem as claras que se alegrava com
a divisão e abertamente acalorava o Povo contra ambos. Inteirados
Nícias e Alcibíades desta maldade, se puseram secretamente de
acordo e juntando em um os dois partidos, conseguiram que o
ostracismo não caísse em nenhum deles mas sobre Hipérbolo. No
começo foi esta mudança matéria de diversão e riso para o Povo ;
porém depois sentiram parecendo-lhes que aquele recurso se tinha
desonrado, usando-o com um homem indigno pois tinha o ostracismo por
uma pena que honrava e acreditavam que, se era castigo para
Tucídides, Arístides e semelhantes, para Hipérbolo era uma honra e
motivo de jactância que fosse tratado por sua maldade como haviam
sido os varões mais excelentes ; segundo o que já disse Platón, o
cômico, falando dele nestes versos : ‘Por sua maldade mereceu esta
pena ; mas por sua qualidade, dela era indigno : porque não se
inventou seguramente o ostracismo para um canalha tão ruim.’ Assim
é que depois de Hipérbolo ninguém mais sofreu esta forma de
desterro mas ele foi o último, tendo sido o primeiro Hiparco
Colargueo, parente do tirano.”
Shiva
Purana ( pg 380s ) há um discurso de Shiva sobre a piedade, devoção
e desapego como princípios do conhecimento, em um diálogo com Sati,
sua esposa :
“12.
Ó deusa Sati, escute, devo explicar o grande princípio em que
criaturas com remorso tornam-se almas liberadas.
13.
Ó grande deusa, saiba que o conhecimento perfeito é o grande
princípio – a consciência que ‘sou Brahman’ no intelecto
perfeito em que nada mais é lembrado.
14.
Esta consciência é bem rara nos três mundos. Ó amada, sou
Brahman, o maior dos maiores, e muito poucos são aqueles que
conhecem minha real natureza.
15.
Piedade, devoção é considerada doadora de prazeres e salvação. É
alcançável pela graça. Ela é de nove tipos : escutar, elogiar,
lembrar, servir, entregar-se, venerar, saudar, amizade e dedicação.
16.
Não há diferença entre devoção e conhecimento perfeito. A pessoa
que está absorvida em piedade goza felicidade perpétua.
Conhecimento perfeito nunca desce numa pessoa viciada avessa à
piedade.
17.
Atraído pela devoção e como resultado de sua influência, Ó
Deusa, vou mesmo nas casas dos outcasts e dos castas baixas. Não há
nenhuma dúvida sobre isto. ...
36.
Ó amada, assim a piedade com seus vários membros e auxiliares
contribui para a salvação já que produz Desapego ( Vairagya ) e
Conhecimento ( Jñana ) perfeitos. É o caminho mais excelente.
37.
Uma piedade verdadeira é tão cara para mim quanto para você. Ela é
produtora de frutos de todos os ritos para sempre. Aquele que tem
isto em mente é um grande amigo meu.
38.
Não há outro caminho tão fácil e agradável como a piedade, nos
três mundos, Ó deusa dos devas, em todos os quatro Yugas de modo
geral e no kaliyuga em particular.
39.
Conhecimento ( Jñana ) e Desapego ( Vairagya ) ficaram velhos e
perderam seu brilho no kali yuga. Decaíram e gastaram, passaram, já
que as pessoas que os consegue perceber são raras.”
O
capítulo III e IV da ‘Vida de Nícias’ de Plutarco disserta
sobre sua piedade, devoção e desapego :
“Enquanto
Péricles administrou a cidade, estando dotado de uma virtude
verdadeira e de uma poderosa eloquência, não teve necessidade de
manhas ou de prestígio ; porém Nícias, que não tinha aqueles
dons, abundando em bens da fortuna, com eles ganhava popularidade ;
faltando-lhe disposição para rivalizar com a flexibilidade e as
lisonjas de Cleón, conseguiu atrair com os coros, os espetáculos e
com outros meios desta espécie, o favor do Povo, avantajando-se em
magnificência e gosto a todos os de seu tempo e ainda a quantos o
haviam precedido. Subsistem ainda das oferendas que fez, o Paládio
da acrópole, tendo perdido o dourado, e o templete que se conserva
no Templo de Baco entre os trípodes oferecidos em ocasiões iguais ;
porque conduzindo coros venceu muitas vezes e em nenhuma foi vencido.
Diz-se que em um destes coros apareceu representando no adorno a
Baco,um escravo seu de bela disposição e figura, ainda imberbe, e
que, tendo-se agradado os atenienses com a presença dele, aplaudindo
e festejando por longo tempo, levantando-se Nícias, disse que tinha
por sacrilégio estivesse na escravidão um corpo celebrado pela
semelhança com o deus e deu liberdade para aquele moço. Também se
conservam na memória, como brilhantes e dignos de tão alto
objetivo, finalidade, os festejos que fez em Delos. Era comum que os
coros enviados às cidades para cantar os louvores de Apolo, durante
a navegação, fossem com o quê cada um recolhia e que vindo muita
gente na chegada da nave, cantavam sem nenhuma ordem, saltando em
terra em confusão e tomando as coroas e os trajes da mesma maneira ;
mas ele, quando conduziu a Teoria, aportou em Renea com o coro, as
vítimas e todo o prescrito e trazendo de Atenas uma ponte,
construída com as dimensões convenientes e adornando magnificamente
com dourados, cores, coroas e tapetes, durante a noite os arranjou no
espaço intermediário entre Renea e Delos, que não é grande [ n.
do tr. Sanz Romanillos : Para a melhor compreensão desta passagem,
advertimos que Renea é uma ilha montanhosa ( chamada Megalo-Dilos ou
Grande Delos ) e Delos, outra ( denominada Mikro Dilos ou Pequena
Delos ), ambas pertencentes as Cíclades, no Mar Egeo. Delos estava
consagrada a Apolo. A distância entre as duas é pouco mais de meio
quilômetro. Teoria ou Teórida era o nome dado a nave
que conduzia o cortejo religioso.]. No dia seguinte ao amanhecer
conduziu a procissão que se fazia ao deus e o coro adornado
primorosamente e cantando os atravessou pela ponte. Depois do
sacrifício, do combate e do festim, apresentou ao deus em oferenda,
uma palma de bronze e tendo comprado um terreno por dez mil dracmas,
o consagrou, destinando de suas rendas que os de Delos tomassem o
necessário para sacrificar e dar um banquete, rogando aos deuses a
prosperidade de Nícias. Pois isto fez se escrever numa coluna que
deixou em Delos como monumento desta dádiva e a palma, quebrada
pelos ventos, veio a cair sobre a estátua grande dos de Naxos (
outra das ilhas cíclades )e a fez em pedaços.
IV.
Nestas coisas costuma haver muito de ostentação e de vanglória,
como se sabe ; porém observando o caráter e os costumes de Nícias
para todo o resto, pode-se, não sem violência, inferir que aquele
esmero e toda aquela pompa era consequência de sua religiosidade,
porque lhe fazia demasiada impressão, o impressionava, as coisas
superiores e era dado a superstição, segundo nos deixou escrito
Tucídides. Assim se diz em um certo diálogo de Pasifonte, que todos
os dias oferecia sacrifícios aos deuses e que tendo em casa um
agoureiro, fingia consultar-lhe sobre as coisas públicas quando
regularmente era sobre as suas próprias, especialmente sobre suas
minas de prata, porque possuía minas deste metal em Laurio ( monte
situado no extremo meridional d’Ática ) que lhe era muito útil
ainda que o trabalho não era isento de perigo. Mantinha lá grande
número de escravos e nisto consistia a maior parte de sua renda,
pela qual tinha sempre ao redor de si muitos que pediam e a quem
socorria, pois não era menos dadivoso com os que podiam fazer mal
que com os que eram dignos de suas liberalidades ; em uma palavra :
com ele era uma renda para os maus, seu medo e para os bons, sua
beneficência. Dão disto testemunho os poetas cômicos.”
A
imagem da palma caindo, por incrível que pareça, aparece no Shiva
Purana justo quando da resolução do conflito entre Brahma e Vishnu
( Aciuta ) ( pg 55s ) em pleno campo de batalha em que os dois deuses
jogam armas um no outro, e enfrentam-se com dois exércitos e Shiva
aparece na forma de uma coluna de fogo que absorve as armas de ambos
– na realidade eles vão até Kailasa e pedem para ele aparecer
pois são devotos. Vishnu ( Aciuta ) na forma de Javali cava fundo
para ver a raiz da coluna mas não acha, enquanto Brahma na forma de
cisne voa para o alto em busca da outra extremidade : é quando
encontra uma folha/ flor que cai, que lhe diz que está caindo há
muito tempo e que caiu do meio, logo não há fim na altura da coluna
e Brahma volta. Shiva acaba pacificando as duas deidades ( as duas
tendências ascendente e descendente do universo, yin / yang ), não
sem arrependimento inclusive com choro de Vishnu, e ressuscita os
guerreiros mortos na guerra ( pg. 62 ). A coluna de fogo é a imagem
do Shiva linga que representa a coluna vertebral ereta em meditação
e concentração realizando o ideal da Yoga de Livramento,
Libertação, bastante semelhante ao Buddhista ; enquanto phalo a
coluna de fogo representa seu poder criador, da Yoga mesma e de seus
membros : yama, nyama, pranayana, pratiahara, dharana, dhyana,
samadhi. Na pg 71 do Shiva Purana fala-se do Gayatri Mantra, Savitri
Mantra, em que a coluna de fogo é vista como o Sol, princípio / fim
da Vida : ‘nós meditamos na excelente luz do Sol : que ela nos
inspire !’ - Gayatri Mantra : deve-se repetir sempre, em devoção,
piedade, de manhã ao nascer do Sol, para o Sol ( Cf. Jatakas Buddha
Pavão ).
Vejamos
o capítulo IX da ‘Vida de Nícias’ de Plutarco, que fala da Paz
de Nícias : “ Começava já então a mostrar-se em Atenas
Alcibíades ( educado por Péricles e favorecido por Sócrates ),
outro orador nãotão decomposto ( quanto Cleón ) porém de quem
dizia-se ser como a terra do Egito ; pois como esta, por sua grande
fertilidade, produz ‘muitas plantas úteis e a seu lado outras
tantas nocivas e funestas’, da mesma maneira a índole de
Alcibíades, propensa igualmente ao bem como ao mal, deu ocasião a
grandes inovações. Porquanto, ainda que Nícias chegou a ver-se
desembaraçado de Cleón, não teve tempo de acalmar e firmar de todo
a República, antes, tendo conseguido levá-la por um bom caminho, a
afastou dele, a violência e fogosidade de Alcibíades, impelindo-a
outra vez à guerra, o que sucedeu desta forma : Os que
principalmente se opunham a paz da Grécia eram Cleón e Brasidas,
aquele porque na guerra no se mostrava tanto sua maldade e este
porque nela resplendia mais sua virtude ; como que a um dava ocasião
a grandes injustiças e a outro para gloriosos triunfos. Mas como
ambos morreram na mesma batalha, que foi a de Amphípolis ( ocorreu
no ano 422 a.C. ), encontrando Nícias aos espartanos
desejosos muito de antemão da paz e aos atenienses com pouca
confiança de tirar partido da guerra, e a um e outro fatigados e com
disposição de depor com o maior gosto as armas, trabalhou para ver
como conciliar amizade entre as cidades, e aliviar e dar repouso aos
demais gregos dos males que sofria, fazendo daí em diante seguro e
estável o saboroso nome de felicidade. Os anciãos, os ricos, as
pessoas do campo, desde logo estavam com com disposições pacíficas
; enquanto aos demais falando com cada um em particular e procurando
convencê-los, conseguiu também retraí-los à guerra : e quando
assim foi executado, dando já esperanças aos espartanos, os excitou
e moveu para que se apresentassem pedindo a paz. Creram nele, seja
por sua conhecida probidade, seja porque aos cativos e rendidos de
Pilos, cuidando e visitando-lhes com humanidade, lhes fez mais leve a
desgraça. Havia já antes ajustado tréguas por um ano, durante as
quais,reunindo-se uns com os outros, e gostando do sossego e
descanso, e do trato com os estrangeiros e os próximos, lhes havia
acendido um vivo desejo [ a coluna de fogo ] daquela vida isenta de
inquietudes e de riscos ; assim, ouviam com gosto aos coros quando
cantavam : ‘Fica, ó lança, qual despojo ( resto ) inútil, onde
enredem as aranhas suas teias.’
Era-lhes
também saboroso trazer à memória aquele gracioso dito de que aos
que em paz dormem não os despertam as trombetas mas os galos.
Abominando, pois, e maldizendo aos que supunham ser destino certo
aquela guerra se prolongar por três vezes nove anos, trataram e
conferenciaram entre si e fizeram a paz. Formou-se então geralmente
a ideia de que aquela reconciliação era estável e todos tinham
sempre a Nícias nos lábios, dizendo que era um homem amado dos
deuses, a quem seu bom gênio havia concedido, por sua piedade, que
do maior e mais apreciável bem entre todos tivesse tomado o nome ;
porque, realmente, criam sua obra a paz, como de Péricles a guerra ;
parecendo-lhes que este, por muitos pequenos motivos, tinha jogado os
gregos em grandes calamidades e que aquele os fez esquecer as ofensas
mútuas, voltando a ser amigos. Por tanto esta paz, até o dia de
ho-je, se chama de Nícias.”
Já
sabemos o final da história o partido da guerra eventualmente acaba
vencendo, com o lado ruim de Alcibíades, e acontece a maior guerra
que já houve entre gregos e gregos : atenienses contra sicilianos &
espartanos. Nícias sempre foi contra a guerra mas os atenienses o
elegem general dela : essa imagem igual aquela do sacrifício de
Daksha que ao afastar Shiva, não convidá-lo, desfaz-se, deixa de
existir. O capítulo XIII da ‘Vida de Nícias’ de Plutarco faz um
inventário, relata uma lista, elenca uma série, de preságios da
ruína da expedição, de acontecimentos contra sua continuação.
Corresponde no Shiva Purana pg 395 o ‘estranhamento entre Daksha e
Shiva’, com as maldições, não maldições, correspondentes.
Gilipo,
o espartano que chega só em Siracusa em um pequeno barco e apenas
com sua capa e báculo como sinal distintivo da dignidade de Esparta
conquista a todos, equivale a Virabhadra, que destrói o sacrifício
todo na briga dos deuses contra Shiva. A derrota em si, de Nícias
acontece quando à noite fica muito escura e ninguém vendo nada,
acabam se matando entre si. Um eclipse da lua também leva Nícias a
introspectar-se em sacrifícios somados a uma doença que também o
castiga leva tudo a acabar-se antes de começar. No capítulo XXIX de
Plutarco fala-se
dos versos de Eurípedes que por todos conhecidos eram por todos
recitados a guisa de salvação na desgraça que se segue.
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