quarta-feira, 20 de setembro de 2017

[ n. do tr.: Nícias = Shiva ]


                             Plutarco Védico 
      ( isbn 978-85-906438-0-7 ; à venda no Kindle )

Nícias = Shiva

Nícias fez a Paz ; a paz de Nícias ficou famosa para sempre, paz política em sentido amplo posto que sua ‘Vida de Nícias’ de Plutarco espanta-se no começo e no fim com o fato de ter morrido na guerra ( a maior guerra que já houve de gregos contra gregos ) a qual foi contra todo tempo mas eleito pelo Povo para chefiá-la não o/a desobedece, às ordens da polis, república e acaba sacrificado. A imagem é a mesma do sacrifício de Daksha que exclui Shiva e acaba não realizando-se, destruindo-se por completo antes de acontecer. Os paralelos entre Plutarco e os Puranas são vários.

Vejamos o capítulo V da Vida de Nícias de Plutarco : “Vivendo sempre com temor dos caluniadores não jantava, ceiava, com nenhum dos cidadãos, nem tratava com eles, nem assistia suas ordinárias recreações ; em uma palavra : não gostava de semelhantes passatempos, antes, quando era arconte, permanecia no consistório até a noite e do Senado era o último a sair, sendo o primeiro a entrar ; e quando não tinha negócio público algum, não recebia ninguém nem saía para ser visto, sempre quieto e fechado em casa. Seus amigos recebiam aos que vinham para falar-lhe, lhes pediam desculpas porque estava ocupado em negócios públicos de grande urgência e importância. Aquele que principalmente representava esta farsa e mostrava grande interesse em conciliar-lhe autoridade e opinião, era Hierón que havia se exercitado na música e nas letras. Era filho de Dionísio, a quem apelidaram Calco e de quem se conservam ainda algumas poesias e que enviado comandante de uma colonia na Itália fundou a cidade de Turios ( atual Torre Brodognato ). Este pois tratava com os agoureiros da parte de Nícias na interpretação de prodígios e dos arcanos e fazia correr pelo Povo a voz que Nícias levava, apenas pelo bem da cidade / polis / república, uma vida infeliz e trabalhosa, pois nem no banho nem na mesa deixava de ocorrer-lhe assuntos graves, tendo abandonado os interesses próprios para cuidar dos do Povo ; tanto que nunca deitava senão quando os demais já tinham dormido o primeiro sono. De onde provinha estar sua saúde quebrantada e não ter gosto nem humor para conversar com seus amigos, tendo chegado a perdê-los pelos negócios públicos, junto com sua renda ; enquanto os demais, ganhando amigos e enriquecendo com as magistraturas, passam muito bem e se divertem no governo. E em realidade, de verdade, tal vinha a ser a vida de Nícias, pelo que ele mesmo se aplicou aquele epifonema de Agamemnon : ‘A majestade preside nossa vida ; mas da multidão somos escravos’.”

Há algo semelhante no Shiva Purana ? Há. Quando Kama, o desejo, a diversão, o cupido, dispara flechas para atingir o grande Yoguin em meditação ( Shiva é o pai da Yoga ) ( pg. 544 ) : seu terceiro olho abre-se e transforma Kama em cinzas com um fogo que depois dirige-se para o mar : daí o ritual de beber água do oceano. O terceiro olho prescrutando, intuindo, a realidade espiritual única do momento presente relaciona-se então com o entendimento dos ‘prodígios e arcanos’.

Por outro lado no Shiva Purana ( pg. 395 ) é dito “Sati e Shiva estão unidos juntos como palavras e seu significado. Apenas se desejarem pode sua separação
ser mesmo imaginada.” Sati é a oblação, a doação e devota de Shiva ; mas seu pai, Daksha, a seção sacrifical, exclui seu esposo da cerimônia, o quê causa a
destruição completa do sacrifício posto que Sati vai, mesmo sem ser convidada e diante da ignorância do pai, senta concentrada em meditação e auto imola-se, por força própria, sua energia mesma concentrada na respiração, coloca fogo em si mesma, incendeia-se em auto combustão, para renascer em outro ventre em seguida, ventre de Mena, deixando, largando, aquele corpo e seu pai.

Haveria uma tal separação da palavra e seu significado em Nícias ? Haveria no cap. VII e VIII que trata de Cleón, inimigo de Nícias que quer a guerra para mortificá-lo, diminuí-lo, ele que quer a paz. “Em verdade se fez notável dano a cidade deixando que adquirisse Cleón tanto crédito e poder, com o quê, tomando novo arrojo e ousadia insuportável, entre outros males que acarretou a república, ele fez destruir o decoro da tribuna, sendo o primeiro que nos discursos, arengas, gritou descompassadamente, se deixou aberto o manto, se golpeou as coxas e introduziu dar corridas estando falando ; no que engendrou nos que depois dele manejaram os negócios um absoluto esquecimento e desprezo de toda a dignidade ; causa principalíssima do transtorno e confusão que dali a pouco sobreveio à República.”

Haveria também no cap. XI onde se disserta sobre o fim do ostracismo : “Estavam Nícias e Alcebíades no mais forte de sua discórdia quando houve que tratar-se de desterrar pelo ostracismo segundo costume recebido de que em certo tempo devia o Povo mudar de país por dez anos a um dos que fossem suspeitos, ou por que causavam inveja por seu grande crédito ou por sua riqueza. Estavam ambos em grande agitação e perigo posto que não podia deixar de ser um dos dois a receber o desterro. Porque em Alcebíades vituperavam seu abandono de conduta e temiam sua ousadia e em Nícias, além de vê-lo com inveja por causa de sua riqueza, culpavam o ar pouco afável e popular, ou então intratável e oligárquico que o fazia parecer de outra espécie ; e como rejeitava muitas vezes os desejos do Povo, contradizendo seu modo de pensar, violentando-o de certa maneira, fazia o que acreditava conveniente, mas tornou-se para ele odioso. Em uma palavra : a contenda era dos jovens e amigos da guerra contra os anciãos e amantes da paz, querendo uns que a concha [ a célula eleitoral grega era uma concha ] caísse sobre este e os outros sobre aquele. ‘Mas se dois se altercam por uma honra, não é novidade que recaia sobre um terceiro.’ Também nesta ocasião dividido o Povo entre os dois, deu motivo a que se apresentasse na palestra homens sem vergonha e corrompidos, entre os quais Hipérbolo Peritoide, homem a quem não foi o poder que deu atrevimento mas por ser atrevido passou a ter poder, e de ter adquirido fama na cidade por sua afronta e infâmia. Este pois considerando-se muito distante do castigo das conchas quando o que verdadeiramente o que lhe cabia era um potro, esperava que caindo em qualquer daqueles, ele seria o rival do que ficasse ; assim se via bem as claras que se alegrava com a divisão e abertamente acalorava o Povo contra ambos. Inteirados Nícias e Alcibíades desta maldade, se puseram secretamente de acordo e juntando em um os dois partidos, conseguiram que o ostracismo não caísse em nenhum deles mas sobre Hipérbolo. No começo foi esta mudança matéria de diversão e riso para o Povo ; porém depois sentiram parecendo-lhes que aquele recurso se tinha desonrado, usando-o com um homem indigno pois tinha o ostracismo por uma pena que honrava e acreditavam que, se era castigo para Tucídides, Arístides e semelhantes, para Hipérbolo era uma honra e motivo de jactância que fosse tratado por sua maldade como haviam sido os varões mais excelentes ; segundo o que já disse Platón, o cômico, falando dele nestes versos : ‘Por sua maldade mereceu esta pena ; mas por sua qualidade, dela era indigno : porque não se inventou seguramente o ostracismo para um canalha tão ruim.’ Assim é que depois de Hipérbolo ninguém mais sofreu esta forma de desterro mas ele foi o último, tendo sido o primeiro Hiparco Colargueo, parente do tirano.”

Shiva Purana ( pg 380s ) há um discurso de Shiva sobre a piedade, devoção e desapego como princípios do conhecimento, em um diálogo com Sati, sua esposa :
12. Ó deusa Sati, escute, devo explicar o grande princípio em que criaturas com remorso tornam-se almas liberadas.
13. Ó grande deusa, saiba que o conhecimento perfeito é o grande princípio – a consciência que ‘sou Brahman’ no intelecto perfeito em que nada mais é lembrado.
14. Esta consciência é bem rara nos três mundos. Ó amada, sou Brahman, o maior dos maiores, e muito poucos são aqueles que conhecem minha real natureza.
15. Piedade, devoção é considerada doadora de prazeres e salvação. É alcançável pela graça. Ela é de nove tipos : escutar, elogiar, lembrar, servir, entregar-se, venerar, saudar, amizade e dedicação.
16. Não há diferença entre devoção e conhecimento perfeito. A pessoa que está absorvida em piedade goza felicidade perpétua. Conhecimento perfeito nunca desce numa pessoa viciada avessa à piedade.
17. Atraído pela devoção e como resultado de sua influência, Ó Deusa, vou mesmo nas casas dos outcasts e dos castas baixas. Não há nenhuma dúvida sobre isto. ...
36. Ó amada, assim a piedade com seus vários membros e auxiliares contribui para a salvação já que produz Desapego ( Vairagya ) e Conhecimento ( Jñana ) perfeitos. É o caminho mais excelente.
37. Uma piedade verdadeira é tão cara para mim quanto para você. Ela é produtora de frutos de todos os ritos para sempre. Aquele que tem isto em mente é um grande amigo meu.
38. Não há outro caminho tão fácil e agradável como a piedade, nos três mundos, Ó deusa dos devas, em todos os quatro Yugas de modo geral e no kaliyuga em particular.
39. Conhecimento ( Jñana ) e Desapego ( Vairagya ) ficaram velhos e perderam seu brilho no kali yuga. Decaíram e gastaram, passaram, já que as pessoas que os consegue perceber são raras.”

O capítulo III e IV da ‘Vida de Nícias’ de Plutarco disserta sobre sua piedade, devoção e desapego :
Enquanto Péricles administrou a cidade, estando dotado de uma virtude verdadeira e de uma poderosa eloquência, não teve necessidade de manhas ou de prestígio ; porém Nícias, que não tinha aqueles dons, abundando em bens da fortuna, com eles ganhava popularidade ; faltando-lhe disposição para rivalizar com a flexibilidade e as lisonjas de Cleón, conseguiu atrair com os coros, os espetáculos e com outros meios desta espécie, o favor do Povo, avantajando-se em magnificência e gosto a todos os de seu tempo e ainda a quantos o haviam precedido. Subsistem ainda das oferendas que fez, o Paládio da acrópole, tendo perdido o dourado, e o templete que se conserva no Templo de Baco entre os trípodes oferecidos em ocasiões iguais ; porque conduzindo coros venceu muitas vezes e em nenhuma foi vencido. Diz-se que em um destes coros apareceu representando no adorno a Baco,um escravo seu de bela disposição e figura, ainda imberbe, e que, tendo-se agradado os atenienses com a presença dele, aplaudindo e festejando por longo tempo, levantando-se Nícias, disse que tinha por sacrilégio estivesse na escravidão um corpo celebrado pela semelhança com o deus e deu liberdade para aquele moço. Também se conservam na memória, como brilhantes e dignos de tão alto objetivo, finalidade, os festejos que fez em Delos. Era comum que os coros enviados às cidades para cantar os louvores de Apolo, durante a navegação, fossem com o quê cada um recolhia e que vindo muita gente na chegada da nave, cantavam sem nenhuma ordem, saltando em terra em confusão e tomando as coroas e os trajes da mesma maneira ; mas ele, quando conduziu a Teoria, aportou em Renea com o coro, as vítimas e todo o prescrito e trazendo de Atenas uma ponte, construída com as dimensões convenientes e adornando magnificamente com dourados, cores, coroas e tapetes, durante a noite os arranjou no espaço intermediário entre Renea e Delos, que não é grande [ n. do tr. Sanz Romanillos : Para a melhor compreensão desta passagem, advertimos que Renea é uma ilha montanhosa ( chamada Megalo-Dilos ou Grande Delos ) e Delos, outra ( denominada Mikro Dilos ou Pequena Delos ), ambas pertencentes as Cíclades, no Mar Egeo. Delos estava consagrada a Apolo. A distância entre as duas é pouco mais de meio quilômetro. Teoria ou Teórida era o nome dado a nave que conduzia o cortejo religioso.]. No dia seguinte ao amanhecer conduziu a procissão que se fazia ao deus e o coro adornado primorosamente e cantando os atravessou pela ponte. Depois do sacrifício, do combate e do festim, apresentou ao deus em oferenda, uma palma de bronze e tendo comprado um terreno por dez mil dracmas, o consagrou, destinando de suas rendas que os de Delos tomassem o necessário para sacrificar e dar um banquete, rogando aos deuses a prosperidade de Nícias. Pois isto fez se escrever numa coluna que deixou em Delos como monumento desta dádiva e a palma, quebrada pelos ventos, veio a cair sobre a estátua grande dos de Naxos ( outra das ilhas cíclades )e a fez em pedaços.
IV. Nestas coisas costuma haver muito de ostentação e de vanglória, como se sabe ; porém observando o caráter e os costumes de Nícias para todo o resto, pode-se, não sem violência, inferir que aquele esmero e toda aquela pompa era consequência de sua religiosidade, porque lhe fazia demasiada impressão, o impressionava, as coisas superiores e era dado a superstição, segundo nos deixou escrito Tucídides. Assim se diz em um certo diálogo de Pasifonte, que todos os dias oferecia sacrifícios aos deuses e que tendo em casa um agoureiro, fingia consultar-lhe sobre as coisas públicas quando regularmente era sobre as suas próprias, especialmente sobre suas minas de prata, porque possuía minas deste metal em Laurio ( monte situado no extremo meridional d’Ática ) que lhe era muito útil ainda que o trabalho não era isento de perigo. Mantinha lá grande número de escravos e nisto consistia a maior parte de sua renda, pela qual tinha sempre ao redor de si muitos que pediam e a quem socorria, pois não era menos dadivoso com os que podiam fazer mal que com os que eram dignos de suas liberalidades ; em uma palavra : com ele era uma renda para os maus, seu medo e para os bons, sua beneficência. Dão disto testemunho os poetas cômicos.”

A imagem da palma caindo, por incrível que pareça, aparece no Shiva Purana justo quando da resolução do conflito entre Brahma e Vishnu ( Aciuta ) ( pg 55s ) em pleno campo de batalha em que os dois deuses jogam armas um no outro, e enfrentam-se com dois exércitos e Shiva aparece na forma de uma coluna de fogo que absorve as armas de ambos – na realidade eles vão até Kailasa e pedem para ele aparecer pois são devotos. Vishnu ( Aciuta ) na forma de Javali cava fundo para ver a raiz da coluna mas não acha, enquanto Brahma na forma de cisne voa para o alto em busca da outra extremidade : é quando encontra uma folha/ flor que cai, que lhe diz que está caindo há muito tempo e que caiu do meio, logo não há fim na altura da coluna e Brahma volta. Shiva acaba pacificando as duas deidades ( as duas tendências ascendente e descendente do universo, yin / yang ), não sem arrependimento inclusive com choro de Vishnu, e ressuscita os guerreiros mortos na guerra ( pg. 62 ). A coluna de fogo é a imagem do Shiva linga que representa a coluna vertebral ereta em meditação e concentração realizando o ideal da Yoga de Livramento, Libertação, bastante semelhante ao Buddhista ; enquanto phalo a coluna de fogo representa seu poder criador, da Yoga mesma e de seus membros : yama, nyama, pranayana, pratiahara, dharana, dhyana, samadhi. Na pg 71 do Shiva Purana fala-se do Gayatri Mantra, Savitri Mantra, em que a coluna de fogo é vista como o Sol, princípio / fim da Vida : ‘nós meditamos na excelente luz do Sol : que ela nos inspire !’ - Gayatri Mantra : deve-se repetir sempre, em devoção, piedade, de manhã ao nascer do Sol, para o Sol ( Cf. Jatakas Buddha Pavão ).

Vejamos o capítulo IX da ‘Vida de Nícias’ de Plutarco, que fala da Paz de Nícias : “ Começava já então a mostrar-se em Atenas Alcibíades ( educado por Péricles e favorecido por Sócrates ), outro orador nãotão decomposto ( quanto Cleón ) porém de quem dizia-se ser como a terra do Egito ; pois como esta, por sua grande fertilidade, produz ‘muitas plantas úteis e a seu lado outras tantas nocivas e funestas’, da mesma maneira a índole de Alcibíades, propensa igualmente ao bem como ao mal, deu ocasião a grandes inovações. Porquanto, ainda que Nícias chegou a ver-se desembaraçado de Cleón, não teve tempo de acalmar e firmar de todo a República, antes, tendo conseguido levá-la por um bom caminho, a afastou dele, a violência e fogosidade de Alcibíades, impelindo-a outra vez à guerra, o que sucedeu desta forma : Os que principalmente se opunham a paz da Grécia eram Cleón e Brasidas, aquele porque na guerra no se mostrava tanto sua maldade e este porque nela resplendia mais sua virtude ; como que a um dava ocasião a grandes injustiças e a outro para gloriosos triunfos. Mas como ambos morreram na mesma batalha, que foi a de Amphípolis ( ocorreu no ano 422 a.C. ), encontrando Nícias aos espartanos desejosos muito de antemão da paz e aos atenienses com pouca confiança de tirar partido da guerra, e a um e outro fatigados e com disposição de depor com o maior gosto as armas, trabalhou para ver como conciliar amizade entre as cidades, e aliviar e dar repouso aos demais gregos dos males que sofria, fazendo daí em diante seguro e estável o saboroso nome de felicidade. Os anciãos, os ricos, as pessoas do campo, desde logo estavam com com disposições pacíficas ; enquanto aos demais falando com cada um em particular e procurando convencê-los, conseguiu também retraí-los à guerra : e quando assim foi executado, dando já esperanças aos espartanos, os excitou e moveu para que se apresentassem pedindo a paz. Creram nele, seja por sua conhecida probidade, seja porque aos cativos e rendidos de Pilos, cuidando e visitando-lhes com humanidade, lhes fez mais leve a desgraça. Havia já antes ajustado tréguas por um ano, durante as quais,reunindo-se uns com os outros, e gostando do sossego e descanso, e do trato com os estrangeiros e os próximos, lhes havia acendido um vivo desejo [ a coluna de fogo ] daquela vida isenta de inquietudes e de riscos ; assim, ouviam com gosto aos coros quando cantavam : ‘Fica, ó lança, qual despojo ( resto ) inútil, onde enredem as aranhas suas teias.’
Era-lhes também saboroso trazer à memória aquele gracioso dito de que aos que em paz dormem não os despertam as trombetas mas os galos. Abominando, pois, e maldizendo aos que supunham ser destino certo aquela guerra se prolongar por três vezes nove anos, trataram e conferenciaram entre si e fizeram a paz. Formou-se então geralmente a ideia de que aquela reconciliação era estável e todos tinham sempre a Nícias nos lábios, dizendo que era um homem amado dos deuses, a quem seu bom gênio havia concedido, por sua piedade, que do maior e mais apreciável bem entre todos tivesse tomado o nome ; porque, realmente, criam sua obra a paz, como de Péricles a guerra ; parecendo-lhes que este, por muitos pequenos motivos, tinha jogado os gregos em grandes calamidades e que aquele os fez esquecer as ofensas mútuas, voltando a ser amigos. Por tanto esta paz, até o dia de ho-je, se chama de Nícias.”

Já sabemos o final da história o partido da guerra eventualmente acaba vencendo, com o lado ruim de Alcibíades, e acontece a maior guerra que já houve entre gregos e gregos : atenienses contra sicilianos & espartanos. Nícias sempre foi contra a guerra mas os atenienses o elegem general dela : essa imagem igual aquela do sacrifício de Daksha que ao afastar Shiva, não convidá-lo, desfaz-se, deixa de existir. O capítulo XIII da ‘Vida de Nícias’ de Plutarco faz um inventário, relata uma lista, elenca uma série, de preságios da ruína da expedição, de acontecimentos contra sua continuação. Corresponde no Shiva Purana pg 395 o ‘estranhamento entre Daksha e Shiva’, com as maldições, não maldições, correspondentes.

Gilipo, o espartano que chega só em Siracusa em um pequeno barco e apenas com sua capa e báculo como sinal distintivo da dignidade de Esparta conquista a todos, equivale a Virabhadra, que destrói o sacrifício todo na briga dos deuses contra Shiva. A derrota em si, de Nícias acontece quando à noite fica muito escura e ninguém vendo nada, acabam se matando entre si. Um eclipse da lua também leva Nícias a introspectar-se em sacrifícios somados a uma doença que também o castiga leva tudo a acabar-se antes de começar. No capítulo XXIX de Plutarco fala-se dos versos de Eurípedes que por todos conhecidos eram por todos recitados a guisa de salvação na desgraça que se segue.



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