sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

457 Buddha Dharma



457
Faço o certo ...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre como Devadatra foi engulido pela terra. Eles se reuniram no Salão da Verdade para conversar : “Amigo, Devadatra tornou-se inimigo do Tathagata e foi engulido pela terra .” O Mestre entrando perguntou sobre o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. Ele respondeu, “Agora, Irmãos, ele foi engulido pela terra porque planejou um golpe em minha autoridade vitoriosa ; mas anteriormente ele planejou um golpe na autoridade do direito e foi engulido pela terra e seguiu seu caminho para o ínfero mais profundo.” Assim falando ele contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu no mundo dos sentidos como um dos deuses, e foi chamado Dharma, ou Direito ( Dever ), enquanto Devadatra foi chamado Adharma, ou Erro.

No jejum da lua cheia de tarde quando as refeições são oferecidas, os homens estavam sentados cada qual em sua porta no campo e na cidade e na capital real, quando Dharma apareceu diante deles, pousado nos ares em sua carruagem celestial, montado e adornado com arreios celestes no meio de uma multidão de ninfas e assim se dirigiu a eles :
Não tirem a vida das criaturas ( e os outros dez caminhos para evitar a conduta errada, cumprir o dever de serviço para com a mãe e o dever de serviço para com o pai e o triplo curso do direito ( obrar certo, falar certo e pensar certo ) ) ; assim sereis destinados ao céu e recebereis grande glória.” Deste jeito ele urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos retos e fez o circuito solene ao redor da Índia no sentido anti horário. Mas Adharma os ensinava, “Matem o quê vive,” e deste jeito urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos do erro e fez o circuito ao redor da Índia no sentido horário.

Bem, suas carruagens encontraram-se face a face no meio dos ares e suas multidões de ajudantes perguntaram uma à outra, “Vocês são de quem ? Vocês são de quem ? “ Elas responderam, “Nós somos de Dharma, nós somos de Adharma,” e pararam de modo que os caminhos estavam divididos. Mas Dharma disse a Adharma, “Bom senhor, tu és Adharma e eu sou Dharma ; tenho direito ao caminho ; coloque sua carruagem no acostamento e me dê passagem,” repetindo a primeira estrofe :

Faço o certo, a fama das pessoas é graça minha,
Sábios e brahmins a mim sempre exaltam,
Venerado pelas pessoas e deuses, o direito de passagem
É meu. Dharma sou : então, Ó Erro, saia do caminho !

Seguem seis estrofes, um respondendo ao outro.

No forte carro do Erro no alto entronizado
Sendo poderoso nada há que possa me aterrorizar :
Então por quê deveria, quem nunca ainda deu passagem,
Abrir caminho ho-je para Dharma me deixar para trás ?

O Dharma da verdade se manifestou primeiro,
Primordial ele, o mais velho, e o melhor ;
Erro era mais novo, nasceu depois de um tempo.
Abra o caminho, meu jovem, ao comando do mais velho.

Nem se você valesse isto, nem se pedisse,
Nem se fosse apenas justo, daria caminho :
Aqui vamos nós dois ho-je travar batalha ;
Terá o lugar, quem quer que vença a luta.

Saiba que estou em todas as regiões longe perto
Forte, de glória ilimitada, sem igual,
Todas as virtudes estão unidas na minha forma.
Dharma sou : Erro, como podes vencer aqui ?

Pelo ferro o ouro é batido, e nunca
Ouro para bater ferro jamais vimos :
Se Erro contra Dharma vencer a luta ho-je,
Ferro ficará tão belo quanto o ouro.

Se você realmente é forte na luta,
Apesar de nem bom nem sábio ser o quê dizes,
Engolirei todas as suas palavras ruins ;
E a contragosto te tiro do caminho.

Mas naquele momento mesmo em que o Bodhisatva repetiu esta estrofe, Adharma não podia mais ficar de pé no carro e mergulhou de cabeça na terra que abriu um fenda para recebê-lo e nasceu novamente no ínfero mais profundo.
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O Abençoado logo que percebeu o quê acontecera, recitou em sua Perfeita Sabedoria as estrofes restantes :

Logo as palavras escutadas, Erro das alturas
Mergulhou de cabeça para baixo para fora de vista :
Este foi o fim e o fado medonho de Erro.
Não tive batalha apesar de querer lutar.

Assim pelo Poder da Paciência jaz
Conquistado o Poder Guerreiro de Erro que morreu
Engulido pela terra : o outro, alegre, forte,
Armado com a Verdade, em seu carro apressou-se em partir.

Quem em sua casa não presta a devida observância
Aos pais, sábios, brahmins, quando cae
O corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Ele, deste mundo, vae direto para o ínfero,
Como Adharma caiu de cabeça para baixo.

Quem em sua casa presta toda a devida observância
Aos pais, sábios, brahmins, quando cae
O corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Apressa-se direto deste mundo para o celeste,
Qual Dharma em sua carruagem buscou os céus.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas em tempos antigos também, Devadatra me atacou e foi engulido pela terra “ : então ele identificou o Jataka - “Naquele tempo Devadatra era Adharma e seus ajudantes eram os ajudantes de Devadatra e eu mesmo era Dharma e os ajudantes do Buddha eram os ajudantes de Dharma.”

   

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

456 Buddha e Ananda


       
           ( Buddha e Ananda em pintura de Ajanta )

         456
Ó rei dos homens...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre os dons recebidos por Ancião Ānanda. Durante os primeiros vinte anos da sua vida qual Buddha, os ajudantes do Abençoado não foram sempre os mesmos : algumas vezes Ancião Nagasamala, algumas vezes Nagita, Upavana, Sunakkhatta, Cunda, Sagala, algumas vezes Meghiya ajudavam o Abençoado. Um dia o Abençoado disse aos Irmãos : “Agora estou velho, Irmãos : e quando digo, Vamos por este caminho, alguns da Irmandade vão por outro caminho, alguns largam minha tigela e hábito no chão. Escolham algum Irmão que possa me acompanhar .” Então todos se levantaram, começando pelo Ancião Sariputra juntaram as mãos nas cabeças e gritaram “ Te ajudarei Senhor, te ajudarei !” Mas ele os recusou, dizendo, “O pedido de vocês está impedido ! Basta !” Então os Irmãos disseram ao Ancião Ananda, “Você amigo peça o posto de ajudante.” O Ancião disse, “Se o Abençoado não me der a roupa que receber, se ele não me der o donativo de comida, se me não conceder habitar na mesma cela cheirosa, se ele não me tiver com ele quando e onde for convidado mas se o Abençoado for comigo onde eu for convidado, se me for concedido apresentar a companhia que no momento da chegada do estrangeiro de outros estados e países para ver o Abençoado, se me for concedido aproximar do Abençoado tão logo dúvida surja, se quando o Abençoado discursar em minha ausência ele repetir seu discurso para mim assim que eu retorne : então eu servirei e permanecerei do lado do Abençoado.” Estes oito pedidos, ele anelou, quatro negativos e quatro positivos. E o Abençoado os concedeu todos a ele.
Após isto ele permaneceu ao lado de seu Mestre continuamente por vinte e cinco anos. Assim tendo alcançado preeminência nos cinco pontos e tendo ganho as sete bençãos, benção da doutrina, benção da instrução, benção do conhecimento das causas, benção de inquirir sobre o bem de alguém, benção de residir em um lugar santo, benção da devoção iluminada, benção de ser Buddha em potencial, na presença do Buddha recebeu a herança de oito dons e tornou-se famoso na religião do Buddha e brilhou como a Lua nos céus.
Um dia falavam sobre isto no Salão da Verdade : “Amigo, o Tathagata satisfez Ancião Ananda cocedendo-lhe pedidos.” O Mestre entrou e perguntou, “Sobre o quê conversam, Irmãos, sentados aí ?” Eles disseram. Então ele falou, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, mas em dias idos como agora concedi a Ananda seu pedido ; em dias antigos, como agora, o quê quer que ele pedisse, eu lhe concedia.” E assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, um filho dele chamado Príncipe Junha, ou Príncipe Luz da Lua, estudava em Takkasila. Uma noite, após escutar cuidadosamente as instruções de seu professor, ele deixou a casa do professor no escuro e dirigiu-se para sua casa. Um certo brahmin que havia buscado ofertas, voltava para casa, e o príncipe não o percebendo atropelou o brahmin e quebrou a tigela dele com um golpe de seu braço. O brahmin caiu com um grito. Misericordioso o príncipe voltou e segurando as mãos do brahmin o levantou em seus pés. O brahmin disse, “Agora, meu filho, que você quebrou minha tigela me dê o preço de uma refeição.” Disse o Príncipe, “Não posso te dar agora o preço da refeição, brahmin ; mas sou Príncipe Junha, filho do rei de Kasi e quando voltar para meu reino, venha até mim e peça o dinheiro.”
Quando sua educação estava completa, ele pediu licença ao professor e retornando para Benares, mostrou a seu pai o quê havia aprendido.
Contemplei meu filho antes de morrer,” disse o rei “e o verei rei na realidade.” Então o aspergiu e o fez rei. Sob o nome de Rei Junha o príncipe legislou retamente. Quando o brahmin escutou sobre isto, ele pensou que agora iria recobrar o preço de uma refeição. Então para Benares ele foi e viu a cidade toda decorada e o rei passando em procissão solene no sentido horário ao redor dela. Tomando posição em um lugar alto, o brahmin esticou a mão e gritou, “Vitória ao rei !” O rei passou sem olhar para ele. Quando o brahmin percebeu que não estava sendo notado, pediu explicação repetindo a primeira estrofe :

Ó rei das pessoas, escute o que tenho para dizer !
Não sem razão venho aqui ho-je.
É dito, Ó melhor dos homens, não se deve atravessar
Um brahmin errante estando no caminho.

Escutando estas palavras o rei voltou o elefante com seu aguilhão em jóias e repetiu a segunda estrofe :

Escuto e paro : vamos brahmin, rapidamente diga,
Que razão te traz aqui ho-je ?
Que dádiva desejas de mim
Que tenhas vindo me ver ? Fale, peço !

O quê em seguida rei e brahmin disseram um ao outro a guisa de pergunta e resposta, e relato nas estrofes restantes :

Dê-me cinco cidades, todas belas e ricas
Cem mulheres empregadas e setecentas cabeças de gado,
Mais de mil ornamentos de ouro
E duas esposas, de mesmo nascimento que o meu.

Tens uma penitência, brahmin, terrível de dizer,
Ou tens muitos encantos e muitos feitiços
Ou demônios, prontos para fazer tua vontade,
Ou qualquer reclame por ter me servido bem ?

Nenhuma penitência tenho, nem encanto nem feitiço,
Nenhum demônio pronto a me obedecer
Nem qualquer recompensa por serviço posso clamar ;
Mas nos encontramos antes, verdade seja dita.

Não me lembro, no tempo já passado,
De ter já visto tua face antes.
Diga-me, te suplico, me diga isto,
Quando nos encontramos, ou onde, em dias idos ?

Na bela cidade do rei Gandhara,
Takkasila, meu senhor, era tua morada.
Lá no breu da escuridão da noite
Ombro contra ombro você e eu demos um encontrão.

E enquanto estávamos lá em pé, Ó príncipe,
Uma conversa amigável teve início entre nós.
Então nos encontramos, e lá apenas,
Nem uma vez antes e nenhuma depois.

Onde quer, brahmin, que um sábio encontre
Um homem bom no mundo, ele não deve deixar
Amizade antiga ou um velho conhecido ir
Sem nada, nem uma coisa feita antes ser esquecida.

Tolos negam a coisa feita e deixam
Velhas amizades faltarem àqueles que antes conheceram,
Muitos gestos dos tolos não levam a nada
São ingratos e podem esquecer.

Mas homens confiáveis não podem esquecer o passado,
Amizade e convivência com eles é sempre mais estreita.
Uma insignificância para este não é rejeitada :
Assim homens confiáveis são gratos até o fim.

Cinco cidades te dou, belas e ricas,
Cem mulheres empregadas e setecentas cabeças de gado,
Mais de mil ornamentos d'ouro,
E mais, duas esposas iguais a ti em nascimento.

Ó rei, assim é quando os bons concordam :
Como quando vemos a Lua cheia entre as estrelas
Do mesmo modo, Ó Senhor de Kasi, eu estou,
Agora que cumpriste a barganha feita comigo.

O Bodhisatva adicionou grande honra a ele.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que concedi dádivas a Ananda mas concedi-as antes.” Com estas palavras, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o brahmin e eu mesmo era o rei.”


 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

455 Buddha Elefante



     Mahabalipuram, Mamallapuram, sudeste da Índia, séc. VIII.

  455
Apesar de distante...etc.” - Esta hstória o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana sobre um Ancião que tinha que amparar sua mãe. As circunstâncias do acontecimento são semelhantes àquelas do Sama Jataka nº. 540. Nesta ocasião também o Mestre disse, dirigindo-se aos Irmãos, “Não fiquem furiosos, Irmãos, com este homem ; houveram sábios no passado que mesmo nascidos no ventre de animais, separados de suas mães, recusaram por sete dias a comer, ficando muito tristes ; e mesmo quando lhe foram oferecidas comidas próprias de reis apenas respondeu, Sem minha mãe não comerei ; e depois alimentaram-se novamente quando viram a progenitora.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como um Elefante na região dos Himalaias. Ele era todo branco, um animal magnífico e uma horda de 80 mil elefantes o circundava ; mas a mãe dele era cega. Ele teria dado a seus elefantes o doce fruto selvagem, tão doce, que era para levar para ela ; mas não deram e eles comeram tudo eles mesmos. Quando ele perguntou e escutou a notícia, disse, “Deixarei a horda e cuidarei da minha mãe.” À noite então, sem ser visto pelos outros elefantes, levando sua mãe consigo, ele partiu para o Monte Candorana ; e lá colocou sua mãe em uma caverna nas montanhas, bem junto de um lago e cuidava dela.
Bem, um mateiro, que vivia em Benares, perdeu-se ; e incapaz de se orientar começou a chorar alto. Ouvindo o barulho dele, o Bodhisatva pensou consigo mesmo, “Há um ser humano sofrendo e não é conveniente que se machuque enquanto estou aqui.” Então ele se aproximou do homem ; mas o sujeito fugiu temeroso. Vendo isto o Elefante disse a ele, “ Ho man ! Não precisa ficar com medo. Não fujas mas diga porque perambulas chorando?”
Meu senhor,” disse o homem, “perdi o rumo já têm sete dias.”
Disse o Elefante, “Nada tema, Oh homem ; te colocarei nos caminhos das pessoas.” Então ele fez o sujeito sentar nas costas dele e o carregou para fora da floresta e depois voltou.
Este homem ruim resolveu ir à cidade e contar para o rei. De modo que marcou as árvores e marcou os montes e então fez seu caminho de volta a Benares. Naquele tempo o Elefante de estado do rei acabara de morrer. O rei fez com que a notícia fosse proclamada pelo bater de tambores, “ Se alguma pessoa tiver visto em algum lugar um elefante adequado e próprio de montaria ao rei, declare-o !” Este homem então foi para diante do rei e disse, “Vi, meu senhor, um elefante esplêndido, todo branco e excelente, adequado como montaria para qualquer rei. Mostrarei o caminho ; envie junto comigo apenas os treinadores de elefantes e o pegaremos.” O rei concordou e enviou o mateiro e uma grande tropa junto.
Foram juntos e encontraram o Bodhisatva se alimentando no lago. Quando o Bodhisatva viu o mateiro, pensou, “Este perigo sem nenhuma dúvida vem devido aquele sujeito. Mas sou forte ; posso dispersar até mil elefantes ; irado posso destruir todas as bestas que transportam um exército de todo um reino. Mas s'eu deixar escapar a ira estarei maculando minha virtude. Então ho-je não fiarei irado nem mesmo se espicaçado com lâminas.” Com esta resolução, dobrando a cerviz ele ficou imóvel.
Para dentro do lago de lótus foi o mateiro e vendo a beleza de suas presas, disse, “venha, meu filho !” Então segurando-o pela tromba ( e igual a uma corda de prata ela era ), o direcionou para Benares por sete dias.
Quando a mãe do Bodhisatva percebeu que seu filho não viria, ela pensou que ele foi pego pelos nobres do reino. “E agora,” ela gemia, “todas estas árvores continuarão crescendo mas ele estará longe “ ; e ela repetiu duas estrofes :

Apesar de longe estar este elefante
Ainda crescem olíbano e kutaja,
Grãos, gramas, e oleandro, lírios brancos,
Em lugares protegidos os sinos azuis escuros ainda florescem.

Onde quer que aquele elefante real for,
Nutrido pelos que mostram peito e corpo
Todo em arreios dourados, o Rei ou Príncipe pode dirigí-lo
Sem medo para o triunfo sobre o inimigo de armadura.

Então o treinador, enquanto ainda estava no caminho, enviou mensagem para contar ao rei. O rei fez com que se decorasse a cidade. O treinador levou o Bodhisatva para um estábulo todo adornado e aparrelhadocom guirlandas e grinaldas e o cercando com uma tela de muitas cores o mandou para o rei.O rei fez com que dessem ao Bodhisatva todo tipo de comida rica. Mas ele nada comeu : “Sem minha mãe, nada comerei,” disse ele. O rei suplicou a ele que comesse repetindo a terceira estrofe :

Tome, pega um pedaço, Elefante, e não desfaleça :
Há muita coisa a ser feita servindo ao rei ainda.

Escutando isto, o Bodhisatva repetiu a quarta estrofe :

Não, ela junto ao Monte Candorana, pobre cega e infeliz,
Tropeça em alguma raiz de árvore por falta minha, seu filho !

O rei falou a quinta estrofe para perguntar o significado :

Quem está no Monte Candorana, cega pobre e infeliz,
Tropeçando em alguma raiz de árvore, sem seu filho real ?

Ao quê o outro respondeu com a sexta estrofe :

Minha mãe no sopé do Candorana, cega e infeliz !
Tropeça em alguma raiz d'árvore sentindo minha falta
Escutando isto, o rei deu a ele a liberdade, recitando a sétima estrofe :

A este poderoso Elefante que alimenta a mãe, deixem livre :
E deixem-no ir até a mãe e para toda sua família.

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As estrofes oitava e nona são do Buddha em sabedoria perfeita :

O Elefante livre da prisão, o animal libertado das cadeias,
Com palavras de consolação voltou para as montanhas.

[ n. do tr. : o Escoliasta, a Glosa, explica que o elefante discursou sobre a virtude para o rei, depois disse a ele para se cuidar e partiu no meio dos aplausos da multidão quelançava flores sobre ele. Foi para casa e alimentou e lavou sua mãe. Para explicar isto, o Mestre repetiu duas estrofes. ]

Então do lago límpido e frio, que Elefantes frequentam,
Com sua tromba pega água e esparrama toda em sua mãe.

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Mas a mãe do Bodhisatva pensou ao começar a chover, censurando a chuva, repetindo a décima estrofe :

Quem traz chuva fora de época – que deidade ruim ?
Pois ele se foi, meu próprio filho, que costumava cuidar de mim.

Então o Bodhisatva falou a estrofe onze para tranquilizá-la :

Levante mãe ! Por quê deitas ? Teu filho voltou !
Videha, rei glorioso de Kasi, me mandou a salvo para casa.

E ela louvou também o rei falando a última estrofe :

Longa vida ao rei ! Por longo tempo possa fazer prosperar estes reinos,
Que libertou o filho que sempre me mostrou grande respeito.

O rei ficou agraciado com a bondade do Bodhisatva ; e construiu um vila não distante do lago e prestou homenagem contínua ao Bodhisatva e sua mãe. Depois, quando a mãe morreu e o Bodhisatva realizou suas exéquias ele foi para um mosteiro chamado Karandaka. Para este lugar quinhentos sábios vieram e habitaram e o rei prestou o mesmo serviço para eles. O rei mandou fazer uma imagem de pedra da figura do Bodhisatva e prestou grande honra a ela. Lá os habitantes de toda a Índia todo ano reuniam-se para realizar o chamado Festival do Elefante.

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Quando o Mestre terminou este discurso, declarou as Verdades e identificou o Jataka : ( e na conclusão das Verdades o Irmão que amparava a mãe foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo Ananda era o rei, a senhora Mahamaya era a aliá, e eu mesmo era o elefante que alimentava a mãe.”

  

terça-feira, 23 de outubro de 2012

454 Krishna e Buddha



   ( as Gopis, esposas de Brâmanes dando leite a Krishna tendo Balaram do lado em Mathura. o desenho é do séc. XVII, Pahâri. )
       
             454
Krishna Kanha, levante...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre a morte de um filho. As circunstâncias são semelhantes àquelas no Jataka 449. Aqui também o Mestre pergunta ao irmão leigo, “Estás triste, irmão ?” Ele respondeu, “Sim, Senhor.” “Irmão,” disse o Mestre, “muito tempo atrás sábios escutaram sábias palavras e não choraram pela morte de um filho.” E com o pedido dele, contou uma história do passado. [ n. do tr. : a história é uma síntese da vida de Sri Krishna de olhos de lótus, negro, na era passada com os nomes das pessoas e das cidades sendo o mesmo assim como o enredo cf Bhagavata Purana parte IV vol 10 dos Puranas. Hari, Narayana, Govinda, Vasudeva, Kesava, Krishna e outros mil nomes são da mesma Pessoa, Sarva, Sambhu, Hrishikesa, Acyuta, Aquele que alimenta todas criaturas como o luminar marcado pela lebre, enfim Vishnu em todas suas encarnações, Mahabharata, Anusasana parva seç. CXLIX. Sri Krishna não matou ninguém na guerra do Mahabharata apenas dirigiu o carro de Arjuna tendo a misericórdia da autoridade espiritual suprema. Buddha teria sido um dos irmãos mais novos dele o quê aproxima as duas religiões e conta um encontro sagrado por excelência da Antiguidade. Aum, Om, saudações a Ele. ]
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Certa vez, um rei chamado Mahakamsa reinava em Uttarapatha no distrito de Kamsa na cidade de Asitañjana. Ele tinha dois filhos, Kamsa e Upakamsa e uma filha chamada Devagabbha. No dia do aniversário dela os brahmins que adivinhavam o futuro disseram dela : “Um filho nascido desta garota irá um dia destruir o país e a linhagem de Kamsa.” O rei gostava muito da garota para executá-la ; e deixando que os irmãos dela determinassem, viveu o resto de seus dias e depois morreu. Quando ele faleceu Kamsa se tornou rei e Upakamsa vicerey. Eles consideraram que haveria revolta se matassem sua irmã e então resolveram não dá-la em casamento para ninguém e mantê-la sem marido e vigiá-la ; e construíram uma torre redonda isolada para ela viver.
Bem, ela tinha uma empregada chamada Nandagopa e o marido da mulher, Andhakavenhu, era o empregado que a vigiava. Naquele tempo um rei chamado Mahasagara reinava em Madhura Superior e ele tinha dois filhos, Sagara e Upasagara. Com a morte do pai deles Sagara se tornou rei e Upasagara vicerey. Este rapaz era amigo de Upakamsa, criado junto com ele e ensinado pelo mesmo professor. Mas ele fez intriga na zenana ( aposento das mulheres ) do irmão e tendo sido detectada, fugiu correndo para Upakamsa no estado de Kamsa. Upakamsa o apresentou ao rei Kamsa e o rei o teve em grande honra.
Upasagara enquanto estava junto ao rei observou a torre onde morava Devagabbha ; e perguntando quem morava lá, escutou a história e ficou apaixonado pela garota. E Devagabbha um dia o viu quando junto com Upakamsa iam servir o rei. Ela perguntou quem era e sendo informada por Nandagopa que era Upasagara, filho do grande rei sagara, ela também caiu apaixonada por ele. Upasagara deu um presente para Nandagopa dizendo, “Irmã, podes arranjar um encontro meu com Devagabbha.”
Bastante fácil,” cotejou Nandagopa e contou à garota sobre. Ela estando já apaixonada por ele concordou imediatamente. Uma noite Nandagopa arranjou um local de encontro e trouxe Upasagara para cima da torre ; e lá ele ficou com Devagabbha. E com o constante encontro dos dois, Devagabbha concebeu. Logo ficou-se sabendo que ela estava grávida e os irmãos questionaram a Nandagopa. Ela os fez prometer que a perdoariam e então contou os ir e vir do assunto. Quando eles escutaram a história, pensaram, “Não podemos matar nossa irmã. Se ela gerar uma filha, pouparemos o bebê também ; se um filho, o mataremos.” E deram Devagabbha como esposa para Upasagara.
Quando o tempo de gestação se completou ela deu à luz uma menina. Os irmãos escutando isto ficaram aliviados e deram a ela o nome Senhora Añjana. E concederam a eles uma vila como feudo chamada Govaddhamana. Upasagara pegou Devagabbha e viveu com ela na vila de Govaddhamana.
Devagabbha ficou noamente grávida e no mesmo dia Nandagopa também. Quando o tempo delas chegou,deram a luz no mesmo dia, Devagabbha um filho e Nandagopa uma filha. Mas Devagabbha, temendo que matassem seu filho, o enviou secretamente para Nandagopa e recebeu a filha de Nandagopa em troca. Elas contaram aos irmãos o nascimento. “Filho ou filha ?” perguntaram. “Filha,” foi a resposta. “Então cuide da criação dela,” disseram os irmãos. Do mesmo jeito Devagabbha deu à luz dez filhos e Nandagopa dez filhas. Os filhos viviam com Nandagopa e as filhas com Devagabba e ninguém sabia do segredo.
O filho mais velho de Devagabbha foi chamado Vasu-deva, o segundo Bala-deva, o terceiro Canda-deva, o quarto Suriya-deva, o quinto Agni-deva, o sexto Varuna-deva, o sétimo Ajjuna, o oitavo Pajjuna, o nono Ghata-pandita e o décimo Amkura ( n. do tr. : Krishna, Bala-rama ( irmão de Krishna ), Lua, Sol, Fogo, Varuna o deus do céu, a árvore Terminalia Arjuna, a Nuvem de Chuva, o Sábio do Ghee ( manteiga ), Rebento ( broto ). A história parece conter um cerne de mito da natureza ). Eles ficaram conhecidos como os filhos de Andhakavenhu o servidor, os Dez Irmãos-Sudras.
Com o passar do tempo eles ficaram grandes e sendo muito fortes e também ferozes e furiosos, saíram saqueando ao redor, indo tão longe como saquear um presente que estava sendo transportado para o rei. O povo se amontoou no jardim da corte do rei, reclamando, “Os filhos de Andhakavenhu, os Dez Irmãos, estão saqueando a terra !” Então o rei mandou chamar Andhakavenhu e o censurou por permitir que seus filhos roubassem. Do mesmo jeito as reclamações foram feitas três ou quatro vezes e o rei o ameaçava. Ele temendo por sua vida suplicou o dom da incolumidade ao rei e contou o segredo, de como não eram seus filhos mas de Upasagara. O rei ficou atônito. “Como podemos pegá-los ?” ele perguntou aos cortesãos. Eles responderam, “Senhor, eles são lutadores. Vamos patrocinar disputas de lutas na cidade e quando eles entrarem no ringue nós os pegamos e os matamos.”
O ringue de luta foi preparado em frente ao portão do rei ; havia um estádio para os jogos, o ringue decorado alegremente, as bandeiras vitoriosas amarradas. Toda a cidade estava uma torvelinho ; fila após fila alinhava os assentos, fileira atrás de fileira. Canura e Mutthika desceram para o ringue e empertigados pulavam, gritavam e batiam as mãos. Os Dez Irmãos vieram também. No caminho saquearam a rua das lavanderias e vestiram-se em roupas de cores brilhantes e roubando perfumes das lojas de perfumes e coroas de flores de floristas,com seus corpos ungidos, guirlandas nas cabeças.brincos nas orelhas, empertigaram-se no ringue pulando, gritando, batendo as mãos.
Naquele momento, Canura andava e batia as mãos perto. Baladeva, vendo-o , pensou, “Não tocarei naquele sujeito lá com minhas mãos !” e pegando uma correia grossa no estábulo dos elefantes, pulando e gritando ele a atirou ao redor da barriga de Canura e juntando as duas extremidades as amarrou e levantando-o, o rodou em cima da cabeça e o esmagou no chão, rolando-o para fora da arena. Quando Canura estava morto, o rei enviou Mutthika. Levantou-se Mutthika, pulando, gritando batendo as mãos. Baladeva bateu nele e esmagou seus olhos ; e enquanto ele gritava - “Não sou lutador ! Não sou lutador !” Baladeva amarrou suas mãos dizendo, “Lutador ou não, é o mesmo para mim,” e o atirou no chão matando-o e atirando-o para fora da arena.
Mutthika em seus estertores de morte, pronunciou uma prece - “Possa me tornar um duende e devorá-lo !” E ele se tornou um duende, na floresta chamada pelo nome de Kalamattiya. O rei disse, “Retirem os Dez Irmãos Sudras.” Naquele momento, Vasudeva atirou um disco que cortou fora as cabeças dos dois irmãos ( o rey e o vicerey ). A multidão, aterrorizada, caiu aos pés dele e buscaram refúgio e proteção nele.
Assim os Dez Irmãos, tendo matado seus dois tios, assumiram a soberania da cidade e Asitañjana e trouxeram seus pais para ela.
Eles agora estabelecidos, pretendiam conquistar toda a Índia. Pouco depois chegaram na cidade de Ayojjha, o trono do rei Kalasena. Esta eles rodearam destruíram a floresta em volta fizeram uma brecha no muro aprisionaram o rei e tomaram a soberania do lugar para suas mãos. Dali foram para Dvaravati. Bem, esta cidade tem de um lado o mar e de outro as montanhas. Diziam que o lugar era assombrado por duendes. Um duende estaria de vigília, e vendo seus inimigos, na forma de um burro zurra como zurra um burro. Imediatamente, por magia de duende toda a cidade elevava-se nos ares e depositava-se em uma ilha no meio dos mares ; quando o inimigo já havia ido embora, ela volta e se estabelece no seu próprio lugar novamente. Desta vez como usualmente assim que o burro viu os Dez Irmãos vindo, zurrou como zurra um burro. Eleva-se a cidade nos ares e estaciona numa ilha. Não viam cidade alguma e voltaram ; então a cidade voltou para seu lugar novamente. Eles retornaram – novamente o burro fez como antes. A soberania desta cidade de Dvaravati eles não conseguiram tomar.
Então eles foram visitar Kanha Dipayana ( o sábio do Jataka 444 ) e disseram : “Senhor, falhamos em capturar o reino de Dvaravati ; nos diga como fazê-lo.” Ele disse : “Em uma vala, em tal lugar, está um burro andando ao redor. Ele zurra quando vê um inimigo e imediatamente a cidade se eleva nos ares. Vocês devem pedir a ele o modo de realizar o objetivo de vocês.” Eles então pediram licença ao asceta e foram todos os dez até o burro e suplicando a ele disseram, “Senhor, só você pode nos ajudar ! Quando viermos para tomar a cidade, não zurre !” O burro respondeu, ”Não posso não zurrar. Mas se primeiro quatro de vocês trouxer grandes arados de ferro e nos quatro portões da cidade enterrarem grandes postes de ferro no chão e quando a cidade começar a se elevar, se vocês fixarem ao poste uma corrente de ferro amarrada ao arado, a cidade não será capaz de se elevar.” Eles agradeceram ; e ele não emitiu um som enquanto pegavam arados e fixavam postes no chão dos quatro portões da cidade e ficaram esperando. Quando o burro zurrou, a cidade começou a se elevar mas aqueles que estavam nos quatro portões com os quatro arados, tendo fixado os postes de ferro no chão comcorrentes amarradas ao arado, a cidade não podia se elevar. Com isto os Dez Irmãos entraram na cidade, mataram o rei e tomaram o reino. [ n. do tr. : nos Puranas a cidade de Dvaraka é construída para que cercada pelos mares possam se proteger de inimigos muitos em um tempo de muita guerra : Sri Krishna com o poder da Yoga transfere os cidadãos todos para dentro dela ].
Assim eles conquistaram toda a Índia e em sessenta e três mil cidades eles mataram na roda os reis delas e viveram em Dvaravati, dividindo o reino em partes. Mas esqueceram sua irmã, a Senhora Añjana. Então “Façamos onze partes deste todo,” disseram eles. Mas Amkura respondeu, “Dêem minha parte para ela e eu farei algum negócio para viver ; mas que cada um desconte no próprio país minhas taxas.” Eles consentiram e deram a parte dele para a irmã ; e com ela viveram em Dvaravati, nove reis, enquanto Amkura embarcou fazendo comércio.
Com o passar do tempo, eles todos cresceram com filhos e filhas ; e após passar muito tempo, os pais morreram. Naquela era dizem que a vida humana era de vinte mil anos.
Então um filho querido do grande Rei Vasudeva faleceu. O rei, meio morto de tristeza, negligia tudo e deitado lamentava-se segurando o estrado da cama. Então Ghatapandita pensou consigo mesmo, “A não ser eu mesmo ninguém será capaz de aliviar a dor de meu irmão ; encontrarei um jeito de acalmar sua dor para ele.” Então assumindo uma aparência de louco, andava por toda a cidade olhando para o céu e gritando, “Deem-me uma lebre ! Deem-me uma lebre !” Toda a cidade estava excitada : “Ghatapandita ficou doido !” diziam. Justo então um cortesão chamado Rohineyya, entrou na presença do Rei Vasudeva e começou uma conversa com ele recitando a primeira estrofe :

Krishna Kanha, levante-se ! Por quê fechar os olhos para dormir ?
Por quê jaz aí ? Teu próprio irmão – veja, os ventos levaram sua
Consciência e sabedoria ! Ghata delira, oh tu de longos cabelos pretos !

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Quando o cortesão falou assim, o Mestre percebendo que ele levantara-se, em sua Perfeita Sabedoria pronunciou a segunda estrofe :

Assim que Kesava de longos cabelos escutou o grito de Rohineyya,
Levantou-se todo ansioso e preocupado com o sofrimento de Ghata.

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Levantou-se o rei e rapidamente desceu de seus aposentos ; e dirigindo-se até Ghatapandita, segurou-o com as duas mãos e falando com ele, pronunciou a terceira estrofe :

Com jeito louco, por quê atravessas Dvaraka,
E gritas repetidamente 'Lebre, lebre !' Diga, quem lá tirou a lebre de ti ?

A estas palavras do rei, ele só respondeu repetindo o mesmo grito de antes novamente. O rei contudo recitou mais duas estrofes :

Seja de ouro ou feita de jóias finas
Cobre, prata, como queiras,
Concha, pedra ou coral, diga
Farei uma lebre.

E muitas outras lebres há, que vagam na larga floresta,
Elas podem ser trazidas, as farei serem pegas : diga, que decides ?

Escutando estas palavras do rei, o sábio homem respondeu repetindo a sexta estrofe :

Não busco lebre terrena mas aquela na lua :
Faça-a descer, Ó Kesava ! Não peço outro dom !

Sem dúvida meu irmão ficou louco,” pensou o rei, quando escutou isto. Em grande dor, falou a sétima estrofe :

Em verdade, meu irmão, morrerás se fazes tal pedido,
E pedes aquilo que ninguém deve pedir, a lebre celestial lunar.

[ n. do tr. : a quarta estrofe ocorre tb no Jataka 449 e a Lebre na Lua no Jataka 316 em que ela se atira no fogo do sacrifício em oferta de si mesma. Kanha é mais um nome de Krishna aqui. ]

Ghatapandita, escutando a resposta do rei, ficou imóvel como um tronco e disse : “Meu irmão, sabes que se uma pessoa pede a lebre na lua e não consegue obtê-la, ela morrerá ; então por quê choras por teu filho morto ?”

Se, Kanha, sabes disto e podes consolar a dor de outro,
Por quê ainda choras o filho que morreu a tanto tempo atrás ?

Ele então continuou, em pé lá na rua - “E eu irmão peço apenas por o quê existe mas você se lamenta pelo que não existe.” Então ele o instruiu repetindo mais duas estrofes :

'Meu filho nasceu, que ele não morra !' Nem homem nem deidade
Pode ter esta dádiva ; então por quê pedir pelo quê nunca pode existir ?
Nem encantos místicos, nem raízes 'máyacas', nem ervas, nem dinheiro gasto,
Podem trazer de volta à vida aquele fantasma por quem choras, Kanha.

O Rei, escutando isto, respondeu, “Tua intenção foi boa, querido irmão. Você fez isto para acabar com meu problema.” Então em louvor de Ghatapandita ele repetiu quatro estrofes :

Homens tenho sábios e excelentes que me dão bom conselho :
Mas agora Ghatapandita me abriu os olhos
Eu queimava como quando alguém joga combustível no fogo ;
Trouxestes água e abrandaste a dor do meu desejo.

Sofria por meu filho, uma cruel flecha estava alojada dentro do coração ;
Consolaste-me no meu sofrer e retiraste o dardo.

A flecha extraída, livre da dor, tranquilo e calmo estou
Escutando,Ó jovem, tuas palavras verdadeiras, não mais choro nem lamento.

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E por fim :

Assim faz o misericordioso e assim aqueles realmente sábios :
Eles libertam do sofrimento qual Ghata aqui seu irmão mais velho libertou.

Esta estrofe é da Perfeita Sabedoria.

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Deste modo foi Vasudeva consolado pelo Príncipe Ghata.
Depois de passar muito tempo, durante o qual legislou seu reino,os filhos dos dezirmãos pensaram : “Eles dizem que Kanha Dipayana é possuidor de insight divino. Vamos testá-lo.” Então procuraram um garoto e o vestiram e colocando um travesseiro na barriga dele o fizeram parecer que estivesse com filho. Então o levaram à presença dele e perguntaram, “Quando, Senhor, esta mulher dará a luz ?” O asceta percebeu ( com sua visão miraculosa ) havia chegado da destruição dos dez irmãos ; então, olhando para ver qual o fim de sua própria vida, percebeu que deveria morrer naquele mesmo dia. Então ele disse, “Jovens senhores, o quê este homem é para vocês ?” “Responda-nos,” falaram persistentemente. Ele disse, “Este homem no sétimo dia a partir de agora dará à luz um nó de madeira de acácia. Com isto ele destruirá a linhagem de Vasudeva, mesmo que vocês peguem o pedaço de madeira e o queimem e joguem as cinzas no rio.” “Ah, falso asceta !” eles disseram, “um homem não pode nunca gerar uma criança !” e o mataram enforcado imediatamente. Os reis mandaram chamar os jovens e perguntaram a eles por quê haviam matado o asceta. Eles ficaram assustdos quando escutaram tudo. E colocaram um guarda no garoto ; e quando no sétimo dia ele evacuou da barriga um nó de acácia eles o queimaram e jogaram as cinzas no rio. As cinzas flutuaram no rio e grudaram no lado do portão de trás ; e dela brotou uma planta eraka.
Um dia, os reis propuseram que se divertissem e brincassem n'água. E vieram parao portão de trás ; e fizeram erigir um grande pavilhão e neste belo pavilhão comeram e beberam. Então de brincadeira começaram a pegar mãos e pés e dividindo em dois times acabou virando uma briga. Por fim um deles não achando nada com que bater pegou uma folha da planta eraka e assim que tirou se tornou um porrete de madeira de acácia nas mãos dele. Com isto ele bateu em muita gente. Depois os outros também tiraram folhas e enquanto tiravam tornavam porretes e com eles esbordoavam uns aos outros até que estavam mortos. Enquanto estes destruíam uns aos outros quatro apenas - Vasudeva, Baladeva, senhora Añjana irmã deles e o capelão – montados numa carruagem fugiram ; o resto morreu todos.
Bem, estes quatro, fugindo de carro chegaram na floresta Kalamatrika. Lá Mutthika o Lutador havia nascido tendo se tornado de acordo com sua prece um duende. Quando ele percebeu a aproximação de Baladeva, ele criou uma cidade no lugar ; e tomando a aparência de um lutador e seguiu pulando e gritando “Quem quer brigar ?” “Irmão, vou tentar derrubar este sujeito.” Vasudeva tentou o máximo que pode prevenindo-o mas ele desceu do carro [ que deveria estar em alta velocidade ] e foi até ele estalando os dedos. O outro apenas o pegou na palma da mão e o devorou feito um rabanete. Vasudeva percebendo que estava morto seguiua noite inteira com sua irmã e o capelão e ao nascer do dia chegou numa vila da fronteira. Ele deitou ao abrigo de um arbusto e mandou sua rimã e o capelão para a cidade com ordens de cozinharem alguma comida e trazerem para ele. Um caçador ( chamava-se Jara ou Velhice ) percebeu o arbusto se mexendo. “Um porco com certeza,” ele pensou ; jogou a lança que atingiu o pé dele. “Quem me feriu ?” gritou Vasudeva. O caçador, vendo que tinha ferido uma pessoa, fugiu aterrorizado. O rei recobrando o espírito, levantou e chamou o caçador -”Tio, venha cá, nada tema !” Quando ele chegou - “Quem é você ?” perguntou Vasudeva. “Meu nome é Jara, meu senhor.” “Ah,” pensou o rei, “quem velhice fere morre, assim dizem os antigos dizem. Sem dúvida devo morrer ho-je.” Então falou, “Nada tema, Tio ; venha, amarre meu ferimento.” A abertura da ferida estancada , o rei o deixou partir. Grandes dores o atingiram ; não pode comer a comida que os outros trouxeram. Então Vasudeva mesmo falou aos outros : “Ho-je morro. Vocês criaturas delicadas não serão capazes de aprender nada para sobreviver ; então aprendam esta ciência comigo.” E assim falando ele ensinou-os uma ciência e os deixou ir ; e morreu imediatamente.
Assim excetuando a senhora Añjana pereceram todos, é dito.

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Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “Irmão Leigo, assim as pessoas livram-se da dor por um filho escutando sábias palavras antigas ; não pense nisto.” Declarou as Verdades ( na conclusão das Verdades o Irmão Leigo foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho ), e identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda foi Rohineyya, Sariputra era Vasudeva, os seguidores de Buddha eram as outras pessoas e eu mesmo era Ghatapandita.”