quarta-feira, 30 de setembro de 2009

363 Buddha Mercador de Benares


363
“Quem apesar da honraria...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um rico mercador amigo de Anātha-pindika, que vivia em uma província da fronteria. Ambas as histórias introdutórias e a do passado estão relatas inteiras no Jataka 90 mas nesta versão quando o mercador de Benares soube que os seguidores do mercador estrangeiro foram espoliados de todas as suas propriedades e após perderem tudo que tinham, tiveram que fugir, disse, “Porque falharam em fazer o quê deviam para os estrangeiros que vieram a eles, não encontraram ninguém pronto a devolver-lhes o favor.” E assim falando ele repetiu estes versos :-

Quem apesar da honraria, enquanto faz a parte
De humilde servo, te detesta no coração,
Pobre em boas obras e rico em palavras apenas –
Ah! Tal amigo certamente não possues.
Sejas tu em atos, verdadeiro às promessas,
Recuses prometer o que não podes ;
Sábios olham de lado para fanfarrões vazios.
Nenhum amigo suspeita sem causa,
Ou cuidadosamente procurará por falhas ;
Mas permanecerá com seu amigo em verdade
Como uma criança da mãe ao seio,
E nunca por uma palavra estranha
Apartar-se-á de seu amigo do peito.
Quem puxa bem o arado da amizade humana,
Pode falar de uma vida aumentada de benção e de honra :
Mas alguém que sabe as alegrias do calmo repouso,
Bebendo largos goles de Verdade – ele só sabe
Escapar dos laços do pecado e de todos seus pesares.

Assim o Grande Ser, desgostoso em entrar em contato com parceiros ruins, através do poder da solidão, trouxe seu ensinamento ao clímax e levou as pessoas ao Nirvana eterno.
O Mestre, sua lição terminada,assim identificou o Jataka : “Naquele tempo eu mesmo era o mercador de Benares.”

A terceira estrofe repete a dita pelo leão ao tigre no jātaka 361. Jataka // 90.



terça-feira, 29 de setembro de 2009

362 A história da Cobra boa.


362
“Virtude e conhecimento...etc.” - Esta história o Mestre, enquanto residia em Jetavana contou, relativa a um brahmin que testou o poder da virtude. O rei, dizem, devido a reputação do outro pela virtude, olhava-o com respeito especial, além do que era prestado aos outros brahmins. Ele pensou, “O rei me olha com consideração especial porque sou dotado de virtude ou por ser dedicado àquisição de conhecimento ? Testarei a importância comparativa entre virtude e conhecimento.”
Então um dia tirou uma moeda da mesa do tesouro real. O tesoureiro devido ao respeito que tinha por ele nada falou. Aconteceu uma segunda vez e o tesoureiro nada disse. Mas na terceira ocasião o prendeu como alguém que vivia de furtos e o trouxe para diante do rei. E quando o rei perguntou qual a ofensa dele, o acusou de roubar a propriedade real.
“É verdade, brahmin ?” disse o rei.
“Não tenho o hábito de roubar tua propriedade, Senhor,” ele disse, “mas tenho minhas dúvidas da importância relativa da virtude e do conhecimento e em testando qual era a maior das duas, por três vezes retirei uma moeda e então fui preso e trazido para diante de ti. Agora que sei a grande eficácia da virtude comparada com o conhecimento, não quero mais viver a vida de leigo. Me tornarei um asceta.”
Obtendo consentimento para fazer tal, sem nem mesmo olhar para trás para a porta de casa, foi direto para Jetavana e suplicou ao Mestre que o ordenasse. O Mestre concedeu a ele ambas as ordens, diaconal e sacerdotal. E não ficou muito tempo nas ordens, logo atingindo insight espiritual e alcançando a fruição mais alta. O incidente foi discutido no Salão da Verdade, como certo brahmin, após provar o poder da virtude, tomou ordens e obteve insight espiritual alcançando Santidade. Quando o Mestre veio e perguntou aos Irmãos qual a natureza do tema que discutiam ali sentados, escutou qual era, ele disse, “Não apenas este homem apenas, mas sábios antigos também colocaram virtude à prova e tornando-se ascetas realizaram a própria salvação.” E com isto ele contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin. E quando ele estava com idade, adquiriu toda arte liberal em Takkasila ( Taxila ) e voltando para Benares foi ver o rei. O rei ofereceu a ele o posto de sacerdote da família e enquanto guardava o cinco preceitos morais, o rei o considerava respeitosamente como homem virtuoso. “Será que,” ele pensou, “que o rei me considera respeitosamente como homem virtuoso ou porque devoto da aquisição de conhecimento ?” E toda a história corresponde exatamente à variante moderna, mas neste caso o brahmin disse, “Agora sei a grande importância da virtude comparada com o conhecimento.” E com isto falou estas cinco estrofes :-

Virtude e conhecimento estava a testar;
Doravante não duvido mais, virtude é a melhor.
Virtude excede os vãos dons da forma e do nascimento,
Sem a virtude aprendizagem não tem valor.
Um príncipe ou camponês, se escravo do pecado,
Em nenhum mundo é salvo da miséria.
Pessoas de casta alta e aqueles de nível básico,
Se virtuosos aqui, no céu serão iguais.
Nem nascimento, nem conhecimento, nem amizade, valem algo,
Pura virtude somente lega benção futura.

Assim o Grande Ser cantando os louvores da virtude, e tendo ganho o consentimento do rei, naquele mesmo dia transladou-se para a região do Himālaia, e adotando a vida religiosa de asceta desenvolveu as Faculdades e as Consecuções, e tornou-se destinado a nascer no mundo de Brahma.
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O Mestre aqui terminou a lição e identificou o Jataka : “Naquele tempo eu mesmo que coloquei a virtude em teste e adotei a vida religiosa como asceta.”

Jatakas 86, 290, 330 //.  História da Cobra Boa aqui simplificada.



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

361 Mooggaallana Tigre e Sariputra Leão



361
“É assim que Sudatha...etc.” - Esta história o Mestre contou, enquanto morava em Jetavana, relativa aos dois discípulos principais. Em certa ocasião os dois discípulos principais resolveram durante a estação das chuvas dedicarem-se à solidão, soledad. E então deram adeus ao Mestre e deixando a companhia dos Irmãos saíram de Jetavana, levando hábito e tigela, e viviam perto de uma vila na fronteira. Um certo homem, que servia aos anciãos e que vivia de partes das provisões deles, morava aparte no mesmo lugar. Vendo como estavam felizes os Irmãos vivendo juntos, ele pensou: “Imagino ser possível colocá-los em desacordo.” Então aproximou-se de Sāriputra e disse, “Será possível, Reverendo Senhor, que haja querelas entre você e o venerável chefe ancião Moggaallāna?” “Por quê, Senhor?” ele perguntou. “Ele sempre fala, Santo Senhor, te desprezando e diz, ‘Quando eu tiver ido, o que valerá Sāriputra comparando-se comigo em casta, linhagem, família e etnia, ou poder de consecuções nos sacros volumes?” O ancião sorriu e disse, “Sai fora patife!” Outro dia aproximou-se do chefe ancião Moggaallāna, e disse a mesma coisa. Ele também disse, “Sai fora patife!” Moggaallāna foi até Sāriputra e perguntou, “Este indivíduo que vive do que largamos, disse algo para você?” “Sim, amigo, ele disse.” “E ele disse a mesma coisa para mim. Devemos mandá-lo embora.” “Muito bem, amigo, mande-o embora.” O ancião disse, “Você não deve ficar aqui,” e estalando os dedos para ele, expulsou-o. Os dois anciãos viveram felizes juntos e retornaram para o Mestre, obedecendo e sentando. O Mestre falou amigavemente com eles e perguntou se foi agradável o Retiro. Eles disseram, “Um certo mendigo desejou nos colocar em desacordo mas falhando na tentativa, foi embora.” O Mestre disse, “Verdadeiramente, Sāriputra, não apenas agora, mas antes também ele pensou em colocá-los em desacordo mas falhando na tentativa, fugiu.” E assim ao pedido dele contou uma história dos tempos antigos.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era uma árvore-deus na floresta. Naquele tempo um leão e um tigre viviam numa cova na montanha, na floresta. Um chacal, os ajudava e vivia dos restos deles, começou a engrossar o corpo. Um dia foi tomado pelo pensamento, “Nunca comi carne de leão nem de tigre. Devo pegar estes dois animais pelos ouvidos, e quando em conseqüência da disputa eles se matarem, comerei a carne deles.” Assim aproximou-se do leão e disse, “Há alguma querela, Senhor, entre você e o tigre?” “Por que isto, Senhor?” “Sua Reverência,” ele disse, “ele sempre fala com desprezo de ti e diz, ‘Quando eu tiver ido, este leão não terá atingido um dezesseis avos de minha beleza pessoal, nem de minha estatura e largura, nem de minha força natural e poder.’ ” Então o leão disse a ele, “Fora com você. Ele nunca falaria assim de mim.” Então o chacal aproximou-se do tigre também, e falou do mesmo modo. Escutando, o tigre correu ao leão, e perguntou, “Amigo, é vero, que disseste isto e isto de mim?” E falou a primeira estrofe:- (Sudātha, dentes-fortes, é o leão; Subāhu, braço-forte, o tigre.)

É assim que Sudātha fala de mim?
“Na graça da forma e em pedigree,
Em força e proeza no campo,
Subāhu a mim deve dar lugar.”

Escutando isto Sudātha repetiu as quatro estrofes:-

É assim que Subāhu fala de mim?
“Na graça da forma e em pedigree,
Em força e proeza no campo,
Sudātha a mim deve dar passagem.”
Se tais palavras injuriosas fossem tuas,
Não serias mais meu amigo.
A pessoa que empresta pronto ouvido
A qualquer fofoca que escute,
Logo arranja querela com um amigo,
E àmizade em ódio amargo terminará.
Nenhum amigo suspeita sem causa,
Ou cuidadosamente procurará por falhas;
Mas permanecerá com seu amigo em verdade
Como uma criança da mãe ao seio,
E nunca por uma palavra estranha
Apartar-se-á de seu amigo do peito.

Quando as qualidades da amizade foram assim estabelecidas nestas quatro estrofes, o tigre disse, “A falta é minha,” e pediu perdão ao leão. E continuaram a viver felizes juntos no mesmo lugar. Mas o chacal foi embora e fugiu para outro lugar.
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O Mestre tendo levado a lição ao fim, identificou o Jataka : “Naquele tempo o mendicante que vivia de restos era o chacal, Sāriputra o leão, Moggaallāna o tigre, e a deidade que habitava àquela floresta e viu a coisa toda com seus próprios olhos, era eu mesmo.” Cf. Jātaka 272 e 349.




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

360 Buddha rei Garuda


360
“Cheiro o perfume...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana relativa a um Irmão que errava. O Mestre perguntou se era verdade que queria voltar ao mundo, e o quê o fez arrepender-se de tomar ordens. O Irmãos respondeu, “É tudo devido aos encantos de uma mulher.” O Mestre disse, “Verdadeiramente, Irmão, não há jeito de guardar-se de mulheres. Sábios antigos, apesar de precaverem-se e morarem no lugar dos Garudas, falharam em guardá-las.” E sendo incitado por ele, o Mestre contou uma história do passado.
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Certa vez rei Tamba reinava em Benares e sua rainha chamada Sussondi era uma mulher de beleza extraordinária. Naquele tempo o Bodhisatva veio a vida como um jovem Garuda ( Pássaro ). Então a ilha Nāga era chamada de ilha Seruma, e o Bodhisatva vivia nesta ilha na morada dos Garudas. E ele foi a Benares, disfarçado como um jovem, para jogar dados com o rei Tamba. Realçando em beleza disseram a Sussondi, “Tal e tal jovem joga dados com nosso rei.” E anseia em vê-lo, e um dia adorna-se e acorre a sala de jogo de dados. Lá, permanecendo entre os empregados, fixou o olhar no jovem.

 Ele também olhou para a rainha, e os dois caíram de amor um pelo outro. O rei Garuda por um ato de poder sobrenatural, espalhou uma tempestade na cidade. O povo com medo que a casa caísse, fugiu do palácio. Pelo seu poder fez com que escurecesse, e carregando a rainha com ele pelos ares, foi para sua própria morada na ilha Nāga. Mas ninguém soube da vinda ou ida de Sussondi. O Garuda teve prazer com ela, e ainda voltou para jogar dados com o rei. O rei tinha um menestrel chamado Sagga, e sem saber para onde a rainha foi, o rei dirigiu-se ao menestrel e disse, “Vá e explore toda a terra e o mar, e descubra o que aconteceu com a rainha.” E assim dizendo o mandou ir.

Ele tomou o que era necessário para a jornada, e começando pelos portões da cidade, por fim chegou em Bhārukacha. Naqueles dias certos mercadores de Bhārukacha levantavam velas para a Terra Dourada. Ele aproximou-se e disse, “Sou menestrel. Se remido do dinheiro da passagem, toco como menestrel. Levem-me com vocês.” Eles aceitaram e colocando-o a bordo, levantaram âncora. Quando o barco já tinha bem navegado, o chamaram e pediram que tocasse algo. Ele disse, “Faria música, porém se fizer, os peixes se excitarão tanto que acabarão por quebrar o barco.” “Se um mero mortal,” eles disseram, “faz música, não haverá nenhuma excitação por parte dos peixes. Toque para nós.” “Então não se enfureçam comigo” , ele disse, e afinando sua viola e mantendo perfeita harmonia entre as palavras da canção e as cordas do violão, fez música para eles. Os peixes enlouqueceram com o som e começaram a pular. E um certo monstro do mar pulando caiu em cima do barco e o quebrou em dois. Sagga descansando numa prancha foi levado pelo vento até que alcançou uma árvore banian na ilha Nāga, onde o rei Garuda vivia. Bem, a rainha Sussondi, quando o rei Garuda ia jogar dados, descia de sua casa, e quando vagava na ponta da praia, ela viu e reconheceu o menestrel Sagga, e perguntou-lhe como chegou lá. Ele contou toda a história. E ela o confortou e disse, “Não tema,” e abraçando-o , levou para casa e o colocou na cama. E quando ele estava reestabelecido, alimento-o com comida celeste, banhou-o com água perfumada celeste, vestiu-o com vestes celestes, e adornou-o com flores de perfumes celestes e o fez deitar numa cama celeste. Assim ela o guardou, e quando o rei Garuda voltava, ela escondia seu amante, e logo que o rei saía, sob a influência da paixão ela tomava seu prazer com ele. No final de um mês e meio, alguns mercadores que moravam em Benares, aportaram aos pés da árvore banian nesta ilha, para pegar lenha e água. O menestrel entrou no barco deles, e alcançando Benares, logo que viu o rei, enquanto estava jogando dados, Sagga tomou seu violão, e fazendo música recitou a primeira estrofe:-

Cheiro o perfume no bosque de timira,
Escuto o murmúrio do mar que vira em roda:
Tamba, atormento-me com meu amor,
Pois a bela Sussondi habita longe de mim.

Escutando isto o rei Garuda falou a segunda estrofe:-

Como atravessaste o tempestuoso alto-mar,
E Seruma alcançaste salvo?
Como tu, Sagga, diga-me, peço,
À bela Sussondi ganhaste o caminho?

Então Sagga repetiu três estrofes:-

Com povo comerciante da terra de Bhārukaccha
Meu barco foi destruído pelos monstros do mar;
Numa prancha à praia salvo cheguei,
Quando uma rainha ungida com mão gentil
Ergueu-me ternamente com seu joelho
Como se um filho de verdade fosse para ela.
Ela trouxe comida e vestes, e enquanto eu jazia
Com olhos de amor abandonado, estendia-se sobre meu leito.
Saiba, Tamba, bem ; estas palavras são verdadeiras.

O Garuda, enquanto o menestrel assim falava, encheu-se de remorso e disse: “Apesar de morar na residência dos Garudas, falhei em guardá-la em segurança. O quê esta mulher fraca é para mim ?” Então ele a trouxe de volta e entregou-a ao rei e saiu. E daí em diante não foi mais lá.
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O Mestre, sua lição terminada, declarou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o Irmão com a mente mundana atingiu a fruição do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo Ananda era o rei de Benares e eu mesmo era o rei Garuda.”

Jataka 327 // .


terça-feira, 22 de setembro de 2009

359 Buddha Cervo real




359
“Ó Pata dourada...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre quando morava em Jetavana, sobre uma donzela nobre de Sāvatthi. Ela era, dizem, filha de um servidor dos dois discípulos chefes em Sāvatthi, e crente fiel, ternamente unida a Buddha, Dharma, Sangha, cheia de bons trabalhos, sabendo sobre salvação, e devota de oferta e atos piedosos assim. Outra família de Sāvatthi de rank igual mas de visões heréticas, escolheu ela para casar. Então seus pais disseram, “Nossa filha é crente fiel, devota dos Três Tesouros, dada a ofertas e outros bons trabalhos mas vocês sustentam crenças heréticas. E como vocês não permitirão que ela faça ofertas, ou escute a Verdade, ou visite o mosteiro, ou guarde a lei moral, ou observe dias santos, como lhe agrade, não a daremos em casamento a vocês. Escolham uma donzela de uma família de crenças heréticas como a de vocês.” Quando a oferta foi rejeitada, eles disseram, “Que sua filha quando vier para nossa casa, faça todas estas coisas, que a agradem. Não a impediremos. Aceitem.” “Então podem tomá-la,” eles responderam. Então festejaram num casamento em estação auspícia e a levaram para casa. Ela se mostrou fiel no cumprimento das obrigações, e esposa dedicada, e prestou serviços ao sogro e a sogra. Um dia ela disse ao esposo, “Desejo fazer ofertas aos sacerdotes de nossa família.” “Muito bem, querida, pode oferecer o que quiser.” Então um dia ela convidou estes sacerdotes, e fazendo um grande encontro, alimentou-os com comida requintada, e ela tomando um lugar disse-lhes, “Senhores santos, esta família é herética e descrente. Eles são ignorantes do valor dos Três Tesouros. Então, Senhores, até que esta família entenda o valor dos Três Tesouros, continuem a receber a comida aqui.” Os padres aceitaram e continuaram a fazer as refeições lá. Então ela falou para o marido, “Senhor, os padres vêm constantemente aqui. Por quê você não os vê ?” Escutando isto ele disse, “Muito bem, eu os verei.” De manhã ela o chamou quando os padres já tinham acabado a refeição. Ele veio e sentou-se respeitosamente de um lado, conversando afavelmente com os padres. Então o Capitão da Fé pregou a Lei para ele. Ele ficou tão encantado com a exposição da fé, e com o comportamento dos padres, que depois daquele dia passou a preparar esteiras para os anciãos sentarem, e a filtrar a água para eles, e durante a refeição escutava a exposição da fé. Aos poucos sua visão herética acabou. Assim um dia o ancião na exposição da fé declarou as Verdades ao marido e a esposa, e quando o sermão já estava terminado, ambos estavam estabelecidos na fruição do Primeiro Caminho. Daí em diante todos eles, dos pais aos empregados, desistiram das visões heréticas, e tornaram-se devotas ao Buddha, Dharma, Sangha. Então um dia esta jovem disse a seu marido, “O quê, Senhor, tenho a ver com a vida de dona de casa? Quero adotar a vida religiosa.” “Muito bem, querida,” ele disse, “eu também quero ser asceta.” E ele a conduziu com grande pompa à irmandade feminina, e ela foi admitida como noviça, e ele mesmo foi ao Mestre e pediu para ser ordenado. O Mestre admitiu-o primeiro no diaconato e depois no sacerdócio. Ambos receberam clara visão espiritual, e logo atingiram a Santidade. Um dia levantaram discussão no Salão da Verdade, “Senhores, uma certa mulher por causa de sua fé e da de seu marido tornou-se noviça. E ambos tendo adotado a vida religiosa, e ganho clara visão espiritual, atingiram a Santidade.” O Mestre, quando veio, inquirindo qual o tópico que os Irmãos sentados em conselho discutiam, e escutando qual era, disse, “Irmãos, não apenas agora, ela libertou o marido dos laços da paixão. Antes também ela libertou sábios antigos mesmos do laço da morte.” E com estas palavras ele calou mas sendo pressionado por eles, contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio a vida como um jovem cervo, e cresceu belo e gracioso, da cor do ouro. Suas patas dianteiras e traseiras eram como que cobertas por tinta. Seus chifres como uma trança de prata, seus olhos pareciam jóias redondas, e sua boca como uma bola de lã carmin. A cerva sua companheira também era bela criatura e eles viviam felizes e em harmonia juntos. Oito miríades de cervos malhados seguiam os passos do Bodhisatva. Enquanto assim viviam, um certo caçador colocou armadilha em trilha de cervos. E assim um dia o Bodhisatva, enquanto liderava a horda, pisou na armadilha, e tentando soltar o nó, corta a pele. Novamente puxa e corta a carne, e uma terceira vez e fere o tendão. E o laço penetrou até o osso. Sem ser capaz de quebrar a armadilha, o cervo assustado com o medo da morte, gritou gritos. E escutando-os a horda de cervos fugiu em pânico. A cerva contudo, enquanto fugia, olhando entre os cervos, não viu o Bodhisatva, e pensou, “Este pânico deve certamente ter a ver com meu senhor,” e correndo até ele, com lágrimas e lamentos ela disse, “Senhor, és muito forte. Por quê não sais da armadilha? Ponha para fora sua força e quebre-a.” E assim animando-o a fazer uma força pronunciou a primeira estrofe:-

Ó Pata dourada, não poupe esforço
Para soltar-se da armadilha de couro.
Como posso alegrar-me, privada de ti,
Em vagar livre na floresta ?

O Bodhisatva, escutando isto, respondeu numa segunda estrofe:-

Não poupo esforço, mas é vão,
Minha liberdade não ganho.
Quanto mais luto para soltar-me,
Mais me aperta o laço de couro.

Então a cerva disse: “Meu senhor, não tema. Pelo meu próprio poder solicitarei ao caçador, e desistindo da minha vida, ganharei a sua em troca.” E assim confortando o Grande Ser, ela continuou abraçada ao ensangüentado Bodhisatva. Mas o caçador aproximou-se, com espada e lança na mão, como a chama destruidora no começo de um ciclo. Vendo-o, a cerva disse, “Meu senhor, o caçador está vindo. Com meu próprio poder o resgatarei. Não tema.” E assim consolando o cervo, ela foi ao encontro do caçador, e permanecendo a uma distância respeitosa, o saudou e disse, “Meu senhor, meu marido é da cor do ouro, e dotado de todas as virtudes, rei de oito miríades de cervos.” E assim louvando as virtudes do Bodhisatva, suplicou que matasse a ela mesma, para que o rei da horda se salvasse, e falou a terceira estrofe:-

Que na terra uma cama de folha,
Caçador, onde possamos cair, seja espalhada:
E tirando da bainha tua espada,
Mate-me e depois a meu senhor.

O caçador, escutando isto, foi tomado de assombro e disse, “Nem os seres humanos dão suas vidas pelos reis; muito menos as bestas. O quê isto significa? Esta criatura fala com voz doce na linguagem das pessoas. Ho-je lhe darei a vida e a de seu companheiro.” E bastante encantado com ela, o caçador falou a quarta estrofe:-

Uma besta que fala com voz de gente,
Nunca apareceu diante da minha percepção.
Descanse em paz, gentil cerva,
E largue, Ó Pata dourada, o temor.

A cerva vendo o Bodhisatva livre, ficou altamente deliciada e retornando agradecida ao caçador, falou a quinta estrofe:-

Como ho-je alegro-me em ver
Este animal poderoso em liberdade,
Do mesmo modo, caçador que soltaste àrmadilha,
Alegre-se com todos os seus.

E o Bodhisatva pensou, “Este caçador deu-nos a vida a mim e a esta cerva, e a oito miríades de cervos. Ele foi meu refúgio, e devo ser um refúgio para ele.” E com o caráter de alguém supremamente virtuoso ele pensou, “Deve-se retornar propriamente um benefício,” e deu ao caçador uma jóia mágica que ele tinha achado na sua área de alimentação e disse: “Amigo, de agora em diante não tire a vida de nenhuma criatura mas com esta jóia estabeleça uma casa e mantenha esposa e filhos, e faça ofertas e outros bons trabalhos.” E assim o advertindo, o cervo desapareceu na floresta.
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O Mestre aqui terminou sua lição e identificou o Jātaka: “Naquele tempo Channa (um Irmão suspenso por ficar do lado dos heréticos) era o caçador, esta mulher noviça era a cerva, e eu mesmo era o cervo real.”

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

358 Buddha príncipe Dhammapala





                                    Veluvana, Bosque de Bambu, Bambual, Índia.

358
“A infeliz rainha...etc.” - Esta história o Mestre, enquanto morava no Bosque de Bambu, contou, relativa as tentativas de Devadatra em matar o Bodhisatva. Em todos os outros nascimentos, Devadatra falhou em excitar um átomo que seja de medo no Bodhisatva, mas neste jātaka 358, quando o Bodhisatva tinha apenas sete meses de idade, teve suas mãos e pés e cabeça, cortados do corpo, e o corpo mesmo picado como uma grinalda. No jataka 172 e 304 matou-o torcendo o pescoço, e cozinhando a carne num fogão e comendo-o. No jataka 313 açoitou-o com duas mil chibatadas, e ordenou que orelhas nariz mãos e pés fossem cortados e amarrado pelos cabelos foi arrastado até ficar todo esfolado, e chutando-o na barriga naquele mesmo dia morreu o Bodhisatva. Em ambos, no Culla Nandaka e no Vevaiyakapi jatakas, meramente matou-o. Assim Devadatra por muito tempo segue a matá-lo, e continua a fazer isto, mesmo após o Bodhisatva ter-se tornado Buddha. Então um dia levantou-se uma discussão no Salão da Verdade, “Senhores, Devadatra está continuamente formando planos para matar os Buddhas. Pensando em matar o Supremo Buddha, ele subornou arqueiros para acertá-lo, atirou uma rocha sobre ele, e soltou nele o elefante Nalagiri.” Quando o Mestre veio e inquiriu o tema da discussão dos Irmãos reunidos, ouvindo o que era, ele disse, “Irmãos, não só agora, mas antes também ele segue a me matar, mas agora falha em excitar uma partícula de medo, mas antes quando eu era príncipe Dhammapāla ele me matou apesar de ser seu próprio filho , cortando o corpo todo em picadinhos como numa guirlanda. “ E assim falando contou uma história do passado.
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Certa vez quando Mahāpatāpa reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como o filho de sua rainha Candā e o chamou Dhammapāla. Quando tinha sete meses de idade, sua mãe o banhou em água perfumada, o vestiu ricamente e sentou para brincarem. O rei veio para o lugar em que estavam. E como ela brincava com o menino, cheia de amor de mãe por sua cria, ela esqueceu de levantar-se, ao ver o rei. Ele pensou, “Já agora esta mulher enche-se de orgulho por seu filho, e não me dá o valor de uma palha, e quando o garoto crescer, ela pensará, ‘meu homem é meu filho,’ e nem me notará. Vou matá-lo logo de uma vez.” Então ele voltou e sentando no trono chamou o carrasco, com todos os instrumentos de seu ofício. O homem colocou sua roupa amarela e vestindo uma grinalda carmin, colocou seu machado no ombro e levando um cepo e uma tigela nas mãos, veio e ficou diante do rei saudando-o dizendo, “Qual a sua vontade , Senhor ?”
“Vá ao real closet da rainha e traga aqui Dhammapala,” disse o rei.
Mas a rainha sabia que o rei saíra irado e colocou o Bodhisatva em seu seio e sentou chorando. O carrasco veio e golpeando-a pelas costas arrancou o garoto das mãos dela e foi até o rei e saudando-o disse, “Qual a sua vontade, Senhor ?” O rei fez com que se trouxesse uma tábua e a colocassem diante de si, dizendo, “Deitem-no aí.” O homem assim o fez. Mas rainha Canda veio e ficou justo atrás do seu filho, chorando. Novamente o carrasco disse, “Qual a tua vontade , Senhor ?” “Corte fora as mãos de Dhammapala,” disse o rei. Rainha Canda disse, “Grande rei, meu filho é apenas uma criança, de sete meses. Nada sabe. A falta não é dele. Se há falta, é minha. Portanto mande que se corte fora minhas mãos.” E para fazer -se entender, pronunciou a primeira estrofe :-

A infeliz rainha de Mahapatapa,
Eu apenas sou culpada.
Mande que se liberte Dhammapala, Senhor,
E tirem de mim, infeliz, as mãos.

O rei olhou para o carrasco. “Qual a tua vontade, Senhor ?” “Sem mais delongas, corte as mãos dele,” disse o rei. Neste momento o carrasco pega o machado afiado e cortou fora as duas mãos do menino como se fossem dois brotos jovens de bambu. O menino, quando suas mãos foram cortadas, nem chorou nem se lamentou, mas movido pela paciência e pela caridade suportou com resignação. Mas rainha Canda colocou as mãos no seu colo e banhada em sangue continuou chorando. Novamente o carrasco perguntou, “Qual a tua vontade, Senhor ?” “Corte fora os pés dele,” disse o rei. Escutando isto, Canda pronunciou a segunda estrofe :-

A infeliz esposa de Mahapatapa
Eu apenas sou culpada.
Mande que se liberte Dhamapala, Senhor,
E tirem de mim, infeliz, os pés.

Mas o rei deu um sinal ao carrasco e ele cortou fora os pés do menino. Rainha Canda colocou também os pés no colo e banhada em sangue, chorando disse, “Meu senhor Mahapatapa, as mãos e os pés dele foram cortados fora. Mãe é obrigada a amparar seus filhos. Trabalharei por salário e cuidarei de meu filho. Dê ele para mim.” O carrasco disse, “Senhor, está a vontade do rei satisfeita ? Meu serviço terminado ?” “Não ainda,” disse o rei. “Qual então é tua vontade, Senhor ?” “Corte fora a cabeça dele,” disse o rei. Canda então repetiu a terceira estrofe :-

A infeliz esposa de Mahapatapa
Eu apenas sou culpada.
Mande que se liberte Dhamapala, Senhor,
E tirem de mim, infeliz, a cabeça.

E com estas palavras ela ofereceu a própria cabeça. Novamente o carrasco perguntou, “Qual a tua vontade, Senhor ?” “Corte fora a cabeça dele,” disse o rei. Assim ele cortou fora a cabeça do menino e perguntou, “Está a vontade do rei satisfeita ?” “Não ainda,” disse o rei. “Que mais devo fazer, Senhor ?” “Pegue-o com a ponta da espada,” disse o rei, “rodeie-o de cortes de espada como se com grinalda.” Então ele atirou o corpo do menino no ar e pegando-o com a ponta da espada, rodeou-o com cortes de espada, como se fosse uma grinalda e espalhou pedaços pelo estrado, tablado. Canda colocou a carne do Bodhisatva em seu colo e sentada no estrado chorando, falou estas estrofes :-

Nenhum conselheiro amigo aconselha o rei,
'Não mates o herdeiro que dos teus rins brota' :
Nenhum parente amável urgindo o tenro apelo,
'Não mates o menino que deve a vida a ti.'

Com isto após falar estas duas estrofes, rainha Canda, apertando ambas as mãos no peito, repetiu a terceira estrofe :-

Tu, Dhammapala, eras por direito de nascença
Senhor da terra :
Teus braços, banhados em óleo de sândalo da floresta,
Jazem banhados em sangue.
Meu respirar caprichoso, ai ! Está chocado de suspiros
E gritos fragmentados.

Enquanto ela assim chorava, teve um ataque cardíaco, como um estalo de bambu, quando o bosque está em chamas e e caiu morta no mesmo lugar. Quanto ao rei sendo incapaz de permanecer no trono, caiu no estrado. Um abismo abriu-se separando o chão, e nele entrou direto. Então a sólida terra, apesar de espessa mais de duzentos mil quilômetros, sendo incapaz de suportar tal fraqueza, clivou separando-se, e abriu um abismo. Chama saiu dos ínferos de Avici e o pegou, envolvendo-o, como com uma veste real de lã, e o jogou em Avici. Seus ministros realizaram os ritos fúnebres de Candā e do Bodhisatva.
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O Mestre, tendo terminado este discurso, identificou o Jātaka : “Naquele tempo Devadatra era o rei, Mahā Pajāpati era Candā, e eu mesmo era o príncipe Dhammapāla.”




sexta-feira, 18 de setembro de 2009

357 Buddha Elefante




357
“Elefante de sessenta...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto residia no Bosque de Bambu, relativa a Devadatra. Um dia levantaram uma discussão no Salão da Verdade, dizendo, “Senhores, Devadatra é ríspido, cruel e violento. Ele não tem um átomo de piedade pelas pessoas.” Quando o Mestre veio, inquiriu qual o tópico que os Irmãos juntos discutiam, e escutando o quê era, ele disse, “Irmãos, não somente agora, mas antes também ele foi sem piedade.” E com isto contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um jovem elefante, e crescendo como um belo animal, tornou-se líder da horda, com um contigente de oitenta mil elefantes e habitava nos Himālaias. Naqueles dias uma codorna deixou seus ovos no campo de alimentação dos elefantes. Quando os ovos estavam prontos para serem partidos, os jovens pássaros quebraram as cascas e saíram. Antes que suas asas crescessem, e enquanto ainda eram inaptos para voar, o Grande Ser seguido de oitenta mil elefantes, rondando por comida, chegou naquele lugar. Vendo-os a codorna pensou, “Este elefante real vai pisar nos meus filhotes e matá-los. Vejam! vou implorar sua correta proteção para a defesa da minha ninhada.” Então ela levantou suas duas asas e em pé diante dele repetiu a primeira estrofe:-

Elefante de sessenta anos,
Senhor da floresta entre seus pares,
Sou apenas um pequeno pássaro,
Tu líder de uma horda;
Com minhas asas homenagem presto,
Poupe meus pequenos, peço.

O Grande Ser disse, “Ó codorna, não se preocupe. Protegerei teus filhotes.” E permanecendo acima dos jovens passarinhos, enquanto os oitenta mil elefantes passavam, ele depois se dirigiu à codorna: “Atrás de nós vem um elefante mau solitário. Ele não fará o que pedirmos. Quando vier, fale com ele também, e assim assegure a segurança de seus filhotes.” E com estas palavras, foi-se. E a codorna saiu a esperar o outro elefante, e com ambas as asas abertas, fazendo uma saudação respeitosa, falou a segunda estrofe:-

Vagando por montes e vales
Acalentando teu caminho solitário,
Tu, ó rei da floresta, eu saúdo,
E com minhas asas presto homenagem.
Sou apenas uma codorna infeliz,
Poupe minha tenra cria da morte.

Escutando as palavras dela, o elefante falou a terceira estrofe:-

Matarei seus jovens filhotes, codorna;
De que vale teu pobre pedido?
Minha pata esquerda pode esmagar fácil
Milhares de pássaros como estes.

E assim dizendo, com sua pata ele esmagou os passarinhos em átomos, e urinando neles levou-os para uma corrente d'água, e saiu trompeteando alto. A codorna pousou num galho de árvore e disse, “Então fora contigo e seu trumpete. Logo verás o que farei. Pouco sabes da diferença entre força do corpo e força da mente. Bem! Te ensinarei esta lição.” E assim ameaçando-o repetiu a quarta estrofe:-

Abuso de poder não é ganho,
Poder geralmente é a perdição do tolo.
Besta que mataste meus pequeninos,
Obrarei ainda o teu mal.

E assim dizendo, logo depois ela fez um favor a um corvo, e quando o corvo, que estava altamente agradecido, perguntou, “O que posso fazer por você?” a codorna respondeu, “Não há nada a ser feito, Senhor, apenas espero que você atinja com o bico e fure e retire os olhos do elefante mau, cruel.” O corvo prontamente concordou, e a codorna tendo feito um serviço a um azulão, este perguntou, “O que posso fazer por você?” ela disse, “Quando os olhos do elefante mau forem retirados pelo corvo, então você deixe cair lêndeas neles.” O azulão concordou, e então a codorna tendo sido gentil com um sapo , e o sapo perguntando o que faria, ela disse, “Quando o elefante mau ficar cego, deverá procurar água para beber, então tome posição e coaxe no topo da montanha, e quando ele subir para o topo, desça e coaxe novamente no fundo do precipício. Este tanto deixarei em tuas mãos.” Após ouvir o que a codorna disse, o sapo logo aceitou. Assim um dia o corvo com seu bico, arrancou ambos os olhos do elefante, e o azulão largou lêndeas neles, e o elefante sendo comido por larvas de insetos, enlouqueceu de dor, e tomado de sede, errava à procura d’água. Neste momento o sapo, no topo da montanha, coaxou. Pensou o elefante, “Deve haver água lá,” e subiu o monte. O sapo desceu, e parado no fundo do abismo, coaxou novamente. O elefante pensou, “Deve haver água lá,” e movendo-se para frente em direção ao precipício, rolou para baixo da montanha e foi morto. Quando a codorna soube que o elefante estava morto, ela disse, “Vi as costas do meu inimigo,” e em um alto estado de prazer andou empertigada sobre seu corpo, e foi-se sendo tratada de acordo com seus atos.
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O Mestre disse, “Irmãos, não deve-se incorrer em hostilidade com ninguém. Estas quatro criaturas, juntas, trouxeram o elefante à destruição, forte como era.

Uma codorna com um corvo, aliada de um azulão e um sapo
Certa vez mostraram o fim de uma hostilidade mortal.
Através deles o rei elefante morreu fora de hora:
Portanto toda querela deve ser evitada. “

Pronunciando esta estrofe inspirada pela Sabedoria Perfeita, ele assim identificou o Jataka : “Naquele tempo Devadatra era o elefante mau e eu mesmo era o líder da horda de elefantes.”





quinta-feira, 17 de setembro de 2009

356 Buddha Brahmin Karandiya


356
“Por quê na floresta...etc.” - Esta foi uma história contada pelo Mestre enquanto residia em Jetavana, relativa ao capitão da Fé ( Sariputra ). O ancião, dizem, quando pessoas simples iam até ele, tais como, caçadores, pescadores e semelhantes, pregava a lei moral a eles, e a quaisquer outras pessoas que viesse a ver, dizendo, “Recebas tu a lei.” Por respeito ao ancião, não podiam desobedecer suas palavras e aceitavam a lei mas falhavam em mantê-la e em seguida cada um ia  para seu próprio negócio. O ancião aconselhou-se com seus companheiros padres e disse, “Senhores, estas pessoas recebem a lei mas não a mantem.” Eles responderam, “Santo Senhor, pregas a eles em detrimento do desejo deles e como não ousam desobedecer o que pregas a eles, aceitam. De agora em diante não apresente a lei a estes.” O ancião ficou chateado. Escutando o iincidente, começaram uma discussão no Salão da Verdade, como o ancião Sariputra pregara a lei a quem quer que acontecesse de ver. O Mestre veio e inquiriu qual o assunto que os Irmãos debatiam em assembleia e entendendo qual era, disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas antes também ele pregou a lei a qualquer pessoa que tivesse a chance de ver, mesmo que elas não o pedissem tanto.” E com isto ele contou uma história do passado.
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    Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu e cresceu
em uma casa brahmin e tornou-se o pupilo principal de um famoso professor de Takkasilā ( Taxila ). Naquele tempo este professor pregava a lei moral a qualquer um que ele via, pescadores, caçadores, e semelhantes, mesmo que não quisessem repetidamente solicitando que aceitassem a lei. E apesar de recebê-la eles não a guardavam. O professor falou disto a seus discípulos. Seus discípulos disseram, “Santo Senhor, pregas a eles contra o desejos deles, e por isto não guardam a lei. Assim pregue somente para aqueles que desejam te ouvir, e não àqueles que não desejam.” O professor ficou desapontado mas mesmo assim continuou a pregar a todos que via.

Bem, certo dia algumas pessoas vieram de uma cidade e convidaram o professor para partilhar dos bolos oferecidos aos brahmins. Ele convocou seu discípulo chamado Kārandiya e disse, “Meu querido filho, eu não vou, mas você vai com os quinhentos discípulos e receba os bolos, e traga-me o pedaço que me cabe.” E o enviou. O discípulo foi e quando retornava, viu no caminho uma caverna e um pensamento o acertou, “Nosso mestre prega a lei, sem que ninguém peça, a todos que ele vê. De agora em diante farei que pregue apenas àqueles que desejam escutá-lo.” E enquanto os outros discípulos estavam confortavelmente sentados, ele levantou-se e pegando uma pedra pesada, jogou-a dentro da caverna, e novamente repetiu a ação, sem parar. Então os discípulos ficaram de pé e disseram, “Senhor, o que fazes?” Kārandiya não disse nenhuma palavra. E foram correndo avisar o Mestre. O mestre veio e conversando com Kārandiya falou a primeira estrofe:-

Por quê totalmente só na floresta
Tomando sem parar pedras pesadas,
Joga-as como que com vontade
De encher a caverna da montanha ?

Ouvindo estas palavras, Kārandiya para levantar seu mestre pronunciou a segunda estrofe:-

Farei esta terra cercada de mar
Plana como a palma da mão humana :
Assim outeiro e monte nivelarei
E com pedras cada buraco encherei.

O brahmin, escutando isto, repetiu a terceira estrofe:-

Nunca alguém de nascimento mortal
Terá poder de nivelar a terra.
Mal Kārandiya pode esperar
Dar conta de uma única caverna.

O discípulo, escutando isto, falou a quarta estrofe:-

Se uma pessoa de nascimento mortal
Não tem poder de nivelar a terra,
Heréticos podem bem recusar,
Brahmin, tuas visões adotar.

Escutando o professor deu uma resposta apropriada. Pois agora reconheceu que outras pessoas podem ser diferentes dele, e pensando, “Não agirei mais asssim,” pronunciou a quinta estrofe:-

Amigo Kārandiya, de forma resumida
Para meu bem, exortas:
Terra nunca pode ser nivelada,
Nem todas as pessoas concordarem.

Então o professor cantou louvores ao discípulo. E ele, após assim ter advertido seu professor, conduziu-o para casa.
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O Mestre, tendo terminado esta lição, identificou o Jataka : “Naquele tempo Sariputra era o brahmin e eu mesmo era o discípulo Kāraņdiya.”



terça-feira, 15 de setembro de 2009

355 Buddha rei Gatha, Ananda rei Vanka


355
“Enquanto outros...etc.” - Esta história o Mestre, morando em Jetavana contou, relativa a um ministro do rei de Kosala. A história introdutória é idêntica a outra versão já dada. Mas neste caso o rei após conceder grande honra a um ministro que o servia bem, deu ouvidos a certos 'criadores de caso' e fez com que fosse amarrado e preso. Enquanto lá jazia, ele entrou no Primeiro Caminho. O rei, tornando-se ciente do seu grande mérito, o libertou. Ele apanhou um guirlanda perfumada e entrando na presença do Mestre, saudou-o e sentou. Então o Mestre perguntou se algo ruim acontecera com ele. “Sim, Reverendo Senhor,” ele respondeu, “mas através do mal, bem me adveio. Entrei no Primeiro Caminho.” “Verdadeiramente,” disse o Mestre, “não apenas você, mas sábios antigos tiraram o bem do mal.” E com isto ao pedido dele, contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu para ele como filho da rainha. E o chamaram príncipe Ghata. Ele posterormente adquiriu o conhecimento das artes em Takkasilā ( Taxila ) e legislou seu reino com retidão.

Um certo ministro extraviou-se no harém real. O rei, após testemunhar a ofensa com os próprios olhos, baniu-o do reino. Naqueles dias um rei chamado Vanka reinava em Sāvatthi. O ministro foi para este rei e entrando a seu serviço, justo como na história anterior ( Jātakas 351, 303, 282 ), ganhou os ouvidos do rei e incitou-o a tomar Benares. Após tomar posse do reino, colocou o Bodhisatva na prisão em correntes. O Bodhisatva entrou em ênstase de meditação e sentou de pernas cruzadas no ar. Uma febre tomou o corpo de Vanka. Ele veio e contemplando o semblante do Bodhisatva radiante da beleza de uma lótus plenamente desabrochada, como um espelho dourado, na forma de pergunta repetiu a primeira estrofe:-

Enquanto outros choram e lamentam-se, as bochechas encharcadas de lágrimas
Por que não reclamas Ghata e ainda estais sorridente ?

O Bodhisatva, para explicar porque não lamentava-se, recitou o resto das estrofes:-

Para mudar o passado, toda dor é vã,
Não abençoa estado futuro :
Por que deveria, Vanka, reclamar de minhas dores ?
Dor não é ajudante adequado para ajudar.

Alguém que adoece de dor definha,
Sua comida torna-se insípida e insossa,
Atravessada como que por flechas, presa da dor,
Afunda como chacota de todos seus inimigos.

Esteja minha morada em terra seca ou no mar,
Esteja na cidade, ou em alguma floresta temível,
Dor nenhuma deve de mim aproximar-se,
Uma alma convertida nada deve temer.

Mas àquele que falta inteireza em si
E está incendiado com a luxúria das coisas sensuais,
Nem todo o mundo, com todo seu patrimônio roubado,
Será suficiente para o desejo de tal pessoa.

Vanka assim, depois de escutar estas quatro estrofes, pediu perdão ao Bodhisatva, e devolveu seu reino e seguiu seu caminho. Mas o Bodhisatva deixou o reino com os ministros, e retirando-se para os Himālaias tornou-se asceta, e sem quebrar seu ênstase meditativo foi destinado a nascer no mundo de Brahma.
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O Mestre, tendo terminado sua lição, identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era rei Vanka e eu mesmo era rei Ghata.”
Jatakas // 282, 303, 351.





segunda-feira, 14 de setembro de 2009

354 Buddha Brahmin



354
“A pessoa deixa...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana relativa a um fazendeiro cujo filho morreu. A estória introdutória é a mesma do homem que perdeu a esposa e o pai. Aqui também o Mestre do mesmo modo vai à casa do fazendeiro e depois de saudá-lo e sentar, pergunta, “Prego, Senhor, choras?” E com a resposta, “Sim, reverendo, com a morte de meu filho, choro,” ele disse, “Senhor, verdadeiramente o que está sujeito a dissolução é dissolvido, e o que está sujeito a destruição é destruído, e isto não acontece com uma pessoa apenas, nem meramente em uma cidade, mas em esferas incontáveis, e nos três modos de existência, não há criatura que não esteja sujeita à morte, nem há coisa existente capaz de suportar uma mesma condição. Todos os seres estão sujeitos à morte, e todos os compostos submetidos à dissolução. Mas sábios antigos quando perderam o filho, disseram, ‘Aquilo que está sujeito a destruição é destruído,’ e não choraram.” E daí com o pedido do fazendeiro contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu em uma casa brahmin, numa vila fora dos portões de Benares e erguendo família provia-os com trabalho no campo. Tinha uma filha e um filho. Quando o filho cresceu, o pai trouxe uma esposa para ele de uma família de mesmo rank que o deles. Mais uma empregada, formavam uma casa de seis: o Bodhisatva e sua esposa, o filho e a a filha, a nora e a empregada. Viviam felizes e amavam-se. O Bodhisata advertia os outros cinco; “De acordo com que recebes, dês ofertas, observem dias santos, mantenham a lei moral, demorem-se no pensamento da morte, sejam conscientes de seu estado mortal. Pois no caso de seres como nós, a morte é certa, a vida incerta: todas as coisas existentes são transitórias e submetidas a corrupção. Portanto prestem atenção nos seus caminhos dia e noite.” Eles prontamente aceitaram seu ensinamento e demoraram-se atentos no pensamento da morte.
Um dia o Bodhisatva foi com seu filho arar seu campo. O filho juntou o cisco e tocou fogo. Perto de onde estava vivia uma cobra num formigueiro abandonado. A fumaça atingiu os olhos da cobra . Saindo fora da toca com raiva, ela pensou, “É tudo por causa daquele sujeito,” e amarrando-se nele o picou com seus quatro dentes. O jovem caiu morto. O Bodhisatva vendo-o cair, deixou os bois e veio até ele, e encontrando-o morto, tomou-o e levou-o ao pé de uma determinada árvore, e cobrindo-o com um manto, nem chorou nem se lamentou. Ele disse, “Aquilo que está sujeito a dissolução é dissolvido, e aquilo que está sujeito a morte morre. Todos compostos existentes são transitórios e propensos a morte.” E reconhecendo a natureza transitória das coisas continuou seu arar. Vendo um vizinho passando perto no campo , perguntou, “Amigo, estais indo pra casa?” E com a resposta “Sim,” ele disse, “Por favor então passe lá em casa e diga a patroa, ‘Não precisas como antes trazer comida para dois, apenas para um. E até agora a empregada apenas trazia a comida mas ho-je todas quatro , colocando vestes limpas, e vindo com perfumes e flores nas mãos.’”
“Certo,” ele disse, e foi e falou estas palavras mesmas para a esposa brahmin.
Ela perguntou, “Quem lhe deu esta mensagem Senhor?”
“O brahmin, senhora,” ele respondeu.
Então ela entendeu que seu filho estava morto. Mas ela nem tremeu. Assim mostrando perfeito auto controle, e vestindo roupas brancas e com perfumes e flores nas mãos, levou a comida acompanhada dos outros membros da família no campo. Mas nenhum deles nem chorou nem se lamentou. O Bodhisatva, ainda sentado à sombra em que o jovem jazia, comeu sua comida. E quando terminou de alimentar-se, eles todos tomando lenha de fogo e colocando o corpo na pilha funerária, fizeram ofertas de perfumes e flores, e então atearam fogo. Mas nenhuma lágrima foi vertida por ninguém. Todos demoravam-se no pensamento da morte. Tal era a eficácia da virtude deles que o trono de Sakra manifestou sinais de calor. Sakra disse, “Quem, imagino, está ansioso em me tirar do trono?” E refletindo descobre que o calor é devido à força da virtude existente nestas pessoas, e ficando altamente contente ele disse, “Devo ir até eles e gritar um alto brado de exultação como um rugido de leão, e imediatamente depois encher a morada deles com os sete tesouros.” E apressando a ir lá , ficou do lado da pilha fúnebre e disse, “O que vocês estão fazendo?”
“Queimamos o corpo de um homem, meu senhor.”
“Não é nenhum homem que queimam,” ele disse. “Me parece que tostam a carne de alguma besta que vocês mataram.”
“Não, senhor,” eles disseram. “É só o corpo de um homem que queimamos.”
Então ele disse, “Deve ter sido algum inimigo.”
O Bodhisatva disse, “Era o nosso próprio filho, e não inimigo.”
“Então ele não era querido como um filho para você.”
“Ele era muito querido, senhor.”
“Então por que não choras?”
Então o Bodhisatva, explicou a razão de porque não chorava, pronunciando a primeira estrofe:-

A pessoa deixa sua forma mortal, quando a alegria da vida passa,
Como uma cobra está acostumada a desfazer-se da pele velha.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra escutando estas palavras do Bodhisatva, perguntou à esposa do brahmin, “Como, senhora, o morto era para você?”
“Guardei-o dez meses no útero, e amamentei-o no seio, e direcionei os movimentos das mãos e dos pés dele, e ele era meu filho crescido, senhor.”
“Dado, senhora, que um pai de natureza masculina possa não chorar, um coração de mãe é certamente mole. Por que não choras?”
E para explicar porque ela não chorava, pronunciou um par de estrofes:-

De repente ele veio para cá, e logo soltando-se foi embora;
Como veio, foi. Que causa há aqui para choro?
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Escutando as palavras da esposa brahmin, Sakra perguntou à irmã: “Senhora, como era o morto para você?”
“Ele era meu irmão, senhor.”
“Senhora, irmãs certamente amam seus irmãos. Por que não choras?”
Mas para explicar a causa de não chorar pronunciou duas estrofes:-

Apesar de poder jejuar e chorar, de que me adiantaria ?
Olhem meus amigos e parentes! Ficariam mais infelizes.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra escutando as palavras da irmã, perguntou à viúva : “Senhora,o que era ele para ti ?” “Ele era meu esposo, meu senhor.”
“Mulheres certamente, quando morre um marido, como viúvas estão desamparadas. Por quê não choras ?”
Mas para explicar a razão porque não chorava, pronunciou duas estrofes :-

Como crianças choram em vão para pegar a lua acima
Assim mortais em vão choram a perda daqueles que amam.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria ? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra escutando as palavras da viúva, questionou a empregada, dizendo, “Mulher, o que ele era para ti ?”
“Ele era meu patrão, senhor.”
“Sem dúvida você deve ter sido oprimida, castigada e abusada por ele e daí pensando feliz que está morto, não choras.”
“Não diga isto, meu senhor. Isto não se adequa no caso dele. Meu jovem mestre era cheio de paciência, amor e piedade por mim e o considerava como filho de criação.”
“Então por quê não choras ?”
E ela para explicar por que não chorava, pronunciou um par de estrofes :-

Um pote de barro quebrado, ah! quem pode colar ?
Assim também prantear morto é apenas trabalho vão.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto :
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra depois de escutar o quê todos tinham a dizer, ficou contente e disse, “Vocês demoraram-se no pensar a morte. De agora em diante não trabalharão com as próprias mãs. Eu sou Sakra, rei do céu. Colocarei os sete tesouros em incontável quantidade na casa de vocês. Vocês farão ofertas, manterão a lei moral, e observarão dias santos e atentarão aos seus caminhos.” E assim os advertindo, encheu o casa deles com incontáveis tesouros e depois os deixou.
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O Mestre tendo terminado sua exposição da Lei, declarou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o fazendeiro atingiu o fruto do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo Khujjuttarā era a empregada, Uppalavannā era a irmã, Rāhula o filho, Khemā a mãe e eu mesmo era o brahmin.”





domingo, 13 de setembro de 2009

353 Buddha professor em Taxila



                                                          Buddha de Taxila, Paquistão.

353
“Apesar de agora estares...etc.” - Esta história o Mestre, enquanto vivia no bosque Bhesakala próximo a Sumsumaragiri ( Monte Crocodilo ) no país dos Bhaggas, contou relativa ao jovem príncipe Bodhi. Este príncipe era filho de Udena e naquele momento habitava em Sumsumaragiri. Chamou um artesão habilidoso e o fez construir um palácio chamado Kokanada e fazê-lo diferente do de qualquer outro rei. E depois pensou, “Este artesão pode construir palácio similar para outro rei.” E a partir do sentimento da inveja, arrancou fora os olhos dele. Este acontecimento foi sabido pela assembleia dos Irmãos. Levantaram então discussão no Salão da Verdade, dizendo, “Senhores, o jovem príncipe Bodhi fez com que se arrancassem os olhos de tal e tal artista. Certamente é cruel,
grosseiro e violento.” O Mestre veio e perguntou qual o assunto que os Irmãos debatiam ali sentados juntos e entendendo qual era disse, “Não agora apenas mas antes também , tal foi a natureza dele e anteriormente do mesmo modo ele mandou arrancar os olhos de mil guerreiros e após assassiná-los ofertou a carne deles como um sacrifício religioso.” E assim falando ele contou a eles uma história dos tempos passados.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era um renomado professor em Takkasilā ( Taxila ) e jovens das castas brahmin e guerreira vinham de toda a Índia para serem ensinados nas artes por ele. O filho do rei de Benares também, príncipe Brahmadatra, teve os Três Vedas por ele ensinado. Era de natureza grosseira, cruel e violenta. O Bodhisatva, com seu poder de adivinhação e sabendo do seu caráter, disse, “Meu amigo, você é grosseiro cruel e violento, e verdadeiramente o poder obtido pela pessoa violenta tem vida curta: quando seu poder sai dele, é como um barco que naufraga no mar. Não alcança porto seguro. Portanto não sejas de tal caráter.” E a guisa de advertência repetiu duas estrofes:-

Apesar de estares agora com a benção da paz e da abundância
Tal fado feliz pode provar-se de curta vida :
Que devam as riquezas perecerem, não é acidente grave,
Como navegante agitado pela tempestade, náufrago no mar.

Com cada um acontece de acordo com seus atos,
E ceifa a colheita como semeia a semente,
Seja de boa erva ou de erva daninha.

Então ele despediu-se do professor e retornou a Benares e após exibir as ciências nas artes ao pai, foi estabelecido como vice-rei e com a morte do pai, o sucedeu no trono. O capelão da família, que chamava-se Pingiya, era grosseiro e cruel. Sendo cobiçoso de fama, pensou, “Que seria se eu fizesse os outros legisladores da Índia serem apanhados por este rei e se ele tornar-se único monarca eu me torno único sacerdote?” E fez o rei ouvir suas palavras.
E o rei marchou com um grande exército e investiu contra uma cidade de um certo rei e o tornou prisioneiro. E por meios similares ganhou a soberania sobre toda a Índia, e com um milhar de reis em sua comitiva, foi para tomar o reino de Takkasilā ( Taxila ). O Bodhisatva consertou as muralhas da cidade e a tornou inexpugnável pelos inimigos. E o rei de Benares colocou uma cobertura (dossel, pálio) e uma cortina ao redor, ao pé de uma grande árvore banian nas margens do Ganges. E tendo estendido uma cama fez lá seu quarto (quartel). Brigando nos campos da Índia fez cativos um milhar de reis mas falhando no seu ataque à Takkasilā ( Taxila ), pergunta ao capelão (mau), “Mestre, apesar de aqui termos vindo com uma hoste de reis cativos, não tomamos Takkasilā. Que faremos agora?”
“Grande rei,” ele respondeu, “tire os olhos dos mil reis e abrindo a barriga deles as carnes e com as cindo substâncias doces faz uma oferta à deidade guardiã desta árvore baniam. Circundando a árvore com um aro de circunferência fundo cinco polegadas cheio de sangue deles. E então a vitória logo será nossa.”
O rei logo consentiu e escondendo fortes lutadores atrás da cortina, chamou cada rei separadamente e quando os lutadores os esmagavam nos braços até os fazerem inconscientes, tiravam-lhes os olhos e depois de mortos, tiravam a carne e as carcaças largavam no Ganges. Então ele fez a oferta, como descrita acima, e o tambor bateu e foi para a batalha. Então veio um certo Yaksha de sua torre de vigia e arrancou o olho direito do rei. Fortes dores o atacaram, e o enlouquecido pela agonia que sofria, foi e deitou estendido na cama ao pé da árvore banian. Neste momento um urubu tomou um osso pontudo, e pousado no alto da árvore, comendo a carne deixou cair o osso, e a parte pontuda caiu como um espeto de ferro no olho esquerdo do rei, destruindo este olho também. Neste momento ele lembrou-se as palavras do Bodhisatva e disse, “Nosso professor quando disse ‘Os resultados das experiências mortais correspondem aos atos, como a fruta corresponde à semente,’ falou, eu suponho, com tudo isto diante do olho de sua mente.” E lamentando-se dirigiu-se a Pingiya em duas estrofes:-

Ah! Agora finalmente reconheço a verdade
O Mestre ensinou-me na juventude distraída:
‘Não peque,’ ele gritava, ‘ou o ato mal
Pode ser à tua própria punição.’

Debaixo desta árvore adornada aos ramos e sombra balançante
Libações com óleo de sândalo foram feitas.
Foi aqui que matei mil reis, e veja!
As dores que sofreram então, devo agora suportar.

Assim lamentando, ele trouxe à mente sua rainha, e repetiu esta estrofe:-

Ó Ubbari, minha rainha de cor morena,
Graciosa como um broto de árvore de cabaça,
Que orvalha os membros com óleo de sândalo,
Como posso viver, privado da vista de ti ?
Melhor a morte mesma do que isto, de longe menos doloroso!

Enquanto ainda falava estas palavras, morreu e nasceu novamente nos ínferos. O capelão tão ambicioso de poder não pode salvá-lo, nem a si-mesmo, e logo que o rei morreu, seu exército dividiu-se e fugiu.
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O Mestre, tendo terminado esta lição, assim identiifcou o Jataka : “Naquele tempo o jovem príncipe Bodhi era o rei usurpador, Devadatra era Pingyia e eu mesmo era o professor famoso mundialmente.”

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

352 Buddha Fazendeiro



352
“Por quê diligentes...etc.” - Esta história o Mestre contou quando em Jetavana, a respeito de um fazendeiro que perdeu o pai. Com a morte do pai, diziam, saiu chorando incapaz de livrar-se da tristeza. O Mestre percebendo no homem uma capacidade para atingir o Fruto da Salvação, quando saiu na ronda de ofertas em Sāvatthi, em companhia de um padre ajudante, veio para a casa dele e sentando num lugar próprio e saudando ao hospedeiro, que também sentava-se, disse, “Irmão Leigo, choras ?” e com a resposta, “Sim, Reverendo Senhor, choro,” ele disse, “Amigo, sábios antigos escutaram palavras da Sabedoria, e quando perderam o pai, não choraram.” E ao pedido do fazendeiro contou uma história dos tempos antigos.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio a vida na casa de um fazendeiro. E o chamavam o jovem Sujāta. Quando já estava crescido seu avô faleceu. Então seu pai com a morte do avô encheu-se de tristeza e tomando os ossos no lugar da cremação, erigiu um monte de terra em um agradável jardim, depositando os restos lá, e quando visitava o lugar, adornava o topo com flores e diligentemente lamentava-se, sem banhar-se, ungir-se e sem comer. Nem prestou mais atenção aos negócios. O Bodhisatva observando isto, pensou, “Meu pai desde a morte do meu avô está tomado de dor. E ninguém, com certeza, a não ser eu mesmo tem poder de consolá-lo. Encontrarei um jeito de livrá-lo da dor.”
Assim, vendo um boi morto que jazia fora da cidade, trouxe grama e água, e colocando-se lá diante do boi morto disse, “Coma e beba, coma e beba.” E todos que passavam, vendo, diziam, “Amigo Sujāta, estais doido ? Ofereces grama e água a um boi morto ?” Mas ele não respondia palavra.
Então foram até seu pai e disseram, “Seu filho enlouqueceu. Ele ‘tá dando grama e água a um boi morto. Ouvindo isto o fazendeiro parou de chorar pelo avô e começou a chorar pelo filho. E foi correndo e gritou, “Meu querido Sujāta não estais sóbrio dos sentidos ? Por que ofereces grama e água a uma carcaça de boi ?” E daí falou duas estrofes :-

Por quê diligentes trazes grama agora moída,
E gritas à besta sem vida, ‘Levanta e coma’ ?

Nenhuma comida fará ressurgir um boi que está morto,
Tuas palavras são vãs e da loucura nascidas.

Então o Bodhisatva falou duas estrofes:-

Me parece que esta besta pode voltar de novo à vida,
Permanecem cabeça e rabo e as quatro patas.

Mas do meu avô cabeça e membros já se foram :
Nenhum tolo chora sobre seu túmulo, apenas tu.

Escutando isto o pai do Bodhisatva pensou: “Meu filho sabe. Sabe a coisa certa a ser feita para este mundo e para o próximo. Ele faz isto para me consolar.” E ele disse, “Meu querido e sábio filho Sujāta, sei que todas as coisas existentes são impermanentes. Portanto não chorarei. Todos os filhos devem ser como este que remove a dor do pai.” E cantando elogios ao filho disse:-

Como chama alimentada de ghee queimando vigorosamente
É apagada com água, assim ele apagou minha dor.
Com uma flecha de dor meu coração afligia-se na ferida,
Ele curou a ferida e restaurou minha vida.
A ponta extraída, enche-me de paz e alegria,
Paro de chorar e escuto meu filho.
Assim almas gentis curam mortais de suas dores,
Como o sábio Sujāta trouxe alívio a seu pai.
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O Mestre tendo terminado seu discurso, revelou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o fazendeiro atingiu a fruição do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo eu mesmo era Sujata.”

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

351 Buddha rei de Benares


                                       Savatthi, Kosala capital, Índia.

351
“Despojado de todas...etc.” - Esta história o Mestre, enquanto residia em Jetavana, contou relativa a um conselheiro que era culpado de errar no harém do rei de Kosala. O incidente que dá origem à história foi relatado anteriormente. // aos Jātakas 51, 282 e 303.
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Aqui também o Bodhisatva tornou-se rei de Benares. O conselheiro ruim chamou o rei de Kosala e fez com que ele tomasse o reino de Kāsi e atirou o Bodhisatva na prisão. O rei de Benares desenvolveu meditação enstática e sentou de pernas cruzadas no ar. Uma febre forte tomou o corpo do usurpador e aproximando-se do rei de Benares repetiu a primeira estrofe:

Despojado de todas as alegrias da vida,
Brincos jóias, cavalo e carro,
Roubado do filho e da esposa amada,
Nada parece teu prazer estragar.

Escutando-o o Bodhisatva recitou estes versos:-

Prazeres logo apressam-se em nos deixar,
De prazeres devem todos se privar,
A dor não tem poder de nos afligir,
Alegria ela mesma logo transforma-se em pesar.
Luas aparecendo em órbitas novas
Crescem um pouco, minguam e morrem,
Sóis com calor animam toda natura,
Apressa-se em se pôr no céu distante.
Mudança vejo como lei neste mundo,
Dor não me agoniza.

Assim o Grande Ser expôs a Verdade ao rei usurpador, e testando a conduta dele, repetiu estas estrofes:- ( // no Jātaka 332 )

Detesto o leigo sensual ocioso,
O falso asceta farsante declarado.

Um mal rei decidirá um caso sem escutar;
Ira no sábio nunca se justificará.

O príncipe guerreiro dá um veredicto bem pesado,
Vive a fama para sempre de um justo juiz.

O rei de Kosala tendo assim ganho o perdão do Bodhisatva e devolvido seu reino, partiu para seu próprio país.
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O Mestre, tendo terminado seu discurso, assim identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o rei de Kosala e eu mesmo era o rei de Benares.”

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

350 Osadha e Amara (cont.) : a deusa do parassol branco




350
( cont. história de Mah' Osadha e Amara, Jatakas 110, 111, 112, 170, 192, 350, 364, 387, 402, 471, 500, 508, 515, 528 e 546. )

As questões da deusa do parassol branco.

Quando ele disse isso, o rei fez com que o Grande Ser sentasse no trono real debaixo do parassol branco aberto e ele mesmo sentou em um assento mais baixo e disse : “Sábio senhor, a deidade que habita o parassol branco me fez quatro perguntas. Consultei os quatro sábios e eles não descobriram : resolva-me as dúvidas, meu filho !” “Senhor, seja a deidade do parassol ou sejam os quatro grandes reis, ou seja quem for ; quem quiser faça pergunta e eu responderei.” Então o rei colocou a pergunta como a deusa fez e falou :

Ele bate com mãos e pés e bate na face ; e ele, Ó rei, é mais querido que um marido.

Quando o Grande Ser escutou a pergunta, o significado ficou claro como a lua alta no céu. “Escute, Ó rei !” ele disse, “Quando uma criança no colo da mãe feliz e brincando, bate na face de sua mãe, com mãos e pés, puxa o cabelo dela, dá socos, ela diz, cafagestinho, por quê me bates ? E amando ela aperta ele ainda mais contra o peito, incapaz de conter sua afeição e o beija ; e em tal momento ela é mais querida que o seu pai.” Assim ele tornou clara a resposta, como se fizera o sol elevar-se no céu ; e escutando isto, a deusa mostrou metade de seu corpo na fresta do parassol e disse com voz doce, “A questão está bem resolvida !” Ela então presenteou o Grande Ser com uma caixa preciosa cheia de perfumes e flores divinas e desapareceu. O rei também presenteou-o com flores e coisas assim e fez a ele a segunda pergunta, recitando a segunda estrofe :

Ela xinga ele redondamente e ainda assim o deseja junto : e ele, Ó rei, é mais querido que um marido.

O Grande Ser disse, “Senhor, a criança de sete anos, que agora pode obedecer as ordens de sua mãe, quando ela diz para ir ao bazaar ou ao campo, diz, Se me deres isto e aquele pedaço de carne, irei ; ela diz, Aqui meu filho, e dá a comida ; ele então come e diz, Sim, você senta na sombra fresca da casa e eu saio para fazer seus negócios ! Ele faz careta, zomba com gestos e não vai. Ela irada, pega pedaços de pau e grita – Comeste o quê te dei e não trarás nada para mim do campo ! Ela o assusta, ele corre o mais rápido que pode ; ela incapaz de segui-lo grita – Saia, que os ladrões te piquem em pedaços pequenos ! Assim ela xinga ele redondamente, tanto quanto pode ; mas o quê a boca fala, ela não deseja nem um pouco e deste modo deseja que ele que junto. Ele brinca o dia todo e à noite não ousando voltar para casa, vai para a de algum parente. A mãe vigia a estrada esperando sua chegada e não o vendo e pensando que não ousara voltar para casa, fica com coração cheio de dor ; com lágrimas fluindo de seus olhos, procura-o nas casas dos parentes e quando vê seu filho, o abraça, beija e aperta forte com ambos os braços e o ama ainda mais que antes e ela grita, Levaste minhas palavras a sério ? Assim, senhor, mãe ama mais o filho na hora da ira.” Deste jeito ele explicou a segunda questão : a deusa deu a ele o mesmo presente que antes e também o rei. Então o rei fez a terceira pergunta em outra estrofe :

Ela o xinga sem razão e sem razão o censura ; ainda assim ele, Ó rei, é mais querido que o marido.

O Grande Ser disse, “Senhor, quando um casal de amantes em segredo gozam as delícias do amor e um diz ao outro, Você não liga para mim, teu coração está em outro lugar, eu sei ! Falsamente e sem nenhuma razão, ralhando e reprovando um ao outro, eles então ficam se gostando ainda mais. Este é o significado da questão.” A deusa fez a mesma oferta que antes e também o rei ; que então perguntou-lhe outra questão, recitando a quarta estrofe :

Alguém toma comida e bebida, roupas e alojamento – verdadeiramente os bons homens carregaram tudo : ainda assim, Ó rei, são mais queridos que um marido.

Ele respondeu, “Senhor, esta questão se refere a brahmins mendicantes corretos. Famílias piedosas que acreditam neste mundo e no próximo, fazem ofertas a eles e deliciam-se em ofertar : quando elas vêem tais brahmins recebendo o que é ofertado e comendo, pensam, Foi para nós que eles vieram pedir, nossa própria comida é que eles comem – cresce àfeição por eles. Assim verdadeiramente eles pegam as coisas e vestindo nos ombros o quê foi dado, ficam mais caros.” Quando esta questão foi respondida a deusa expressou sua aprovação com a mesma oferta que antes e depositou diante dos pés do Grande Ser uma caixa preciosa cheia com as sete coisas preciosas, pedindo-o que aceitasse ; o rei também deliciado o fez Comandante em Chefe. Daí em diante, grande foi a glória do Grande Ser.

( cont. no Jataka 364 )

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

349 Buddha rei de Benares


349
“Nada em comum ...etc.” - Certa vez o Mestre escutando que os Seis Padres fizeram uma coleção de histórias difamatórias, chamou-os e perguntou-lhes, “É verdade Irmãos, que vocês colecionam histórias caluniosas de seus irmãos que inclinam-se à polêmica e à discussão e à disputa e que estas polêmicas assim, que de outro modo não surgiriam, levantam-se e quando assim surgem tem tendência de aumentar?” “É verdade,” eles disseram. Então repreendeu estes irmãos e disse, “Irmãos, maledicência na palavra é como um golpe com espada afiada. Uma amizade firme é rapidamente quebrada pela calúnia e as pessoas que a escutam tornam-se propensas a terem seus afetos pelos amigos destruídos, como aconteceu com o leão e o touro.” E assim dizendo contou um lenda do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como seu filho, e após adquirir todas as artes em Takkasilā ( Taxila ), com a morte do pai, legislou o reino com retidão.

Naqueles dias um certo vaqueiro, que cuidava do gado nos abrigos da floresta, voltou para casa e inadvertidamente deixou para trás um vaca preenhe. Entre esta vaca e uma leoa brota uma firme amizade. Estes dois animais tornaram-se amigos leais e andavam juntas. Assim depois de um tempo a vaca deu à luz um bezerro e a leoa a um cachorro [filhote de leão]. Estas duas jovens criaturas também pelos laços familiares tornaram-se amigos leais e vagavam juntos. Então um mateiro, observando sua afeição, tomou as mercadorias que são produzidas na floresta e foi para Benares e apresentou-as ao rei. E quando o rei lhe perguntou, “Amigo, viste alguma maravilha na floresta?” ele respondeu, “Vi nada de maravilhoso, meu senhor, mas vi um leão e um touro vagando juntos, muito amigos um do outro.”
“Se aparecer um terceiro animal,” disse o rei, “certamente haverá dano. Venha e diga-me, se vires o par unido a um terceiro animal.”
“Certamente senhor.” ele respondeu.

Bem, quando o mateiro deixou Benares, um chacal passou a ajudar o leão e o touro. Quando ele retornou para a floresta e viu isto, ele disse, “Direi ao rei que um terceiro animal apareceu,” e foi para a cidade de volta. O chacal pensava, “Não há carne que eu não comi a não ser a de leão e de touro. Colocando estes dois em divergência terei as carnes deles para comer.” E disse, “É deste jeito que ele fala de você,” e assim separando um do outro, logo brota a polêmica que reduziu-os a condições de morte.

Mas o mateiro veio e falou ao rei, “Meu senhor, um terceiro animal apareceu.” “Qual é ele?” disse o rei. “Um chacal, senhor.” Disse o rei, “Ele fará com que briguem e os deixarão quase mortos. Os encontraremos mortos quando chegarmos.” E assim dizendo, subiu na sua carruagem e viajando no caminho apontado pelo mateiro, chegaram justamente quando os dois animais numa briga destruíram um ao outro. O chacal altamente deliciado estava comendo, um pouco da carne do leão e um pouco da do touro. O rei quando viu que estavam ambos mortos, permaneceu onde estava na charrete, e dirigindo-se ao auriga, pronunciou estes versos:

Nada em comum tinha este par,
Nem comida nem esposas dividiam;
E veja como a palavra caluniosa,
Afiada como espada de dois gumes
Planejou com arte astuciosa
Velhos amigos apartar.
Assim touro e leão caíram
Presas da mais baixa das bestas:
Assim todos companheiros ficarão
Como este par , na miséria,
Se emprestarem ouvidos, propensos
Ao murmúrio de escárnio do caluniador.
Mas prosperam muito e bem,
Como os que habitam o céu mesmo,
Aqueles que à calúnia não escutam -
Calúnia que aparta amigo de amigo.

O rei falou estes versos, juntou e amarrou junto a crina, as garras, os dentes e a pele do leão, voltando direto para sua própria cidade.
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O Mestre tendo terminado sua lição, assim identificou o Jataka : “Naquele tempo eu mesmo era o rei.”
     [ Aqui como nos Jatakas que falam da briga entre Corujas e Corvos, entre o Macaco e o Crocodilo, cabe lembrar Visnu Sarma, 'Pañcatantra', que amplia esta história entre Touro e Leão dentro deste tratado de ciência política que é este livro. ]






terça-feira, 1 de setembro de 2009

348 Buddha Asceta



348
“Esta dúvida, meu pai,...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, relativa a sedução de um jovem por uma certa garota tosca. O incidente é o mesmo dos Jatakas 435 e 477. Na cidade de Savathi havia uma garota de dezesseis tal que daria felicidade a qualquer homem mas nenhum a escolheu. Então a mãe dela pensou: "Esta minha filha está madura e ninguém a escolheu. Usarei-a como isca de peixe, e fazer um dos ascetas Sakiya voltar ao mundo (século) e viver com ela." Naqueles dias havia um jovem nobre vivendo em Savatthi que deu seu coração à religião e uniu-se à Irmandade. Mas no momento que recebeu todas as Ordens perdeu todo desejo de aprendizagem e vivia dedicado a adornar-se. A Irmã leiga preparava mingau de aveia e outros pratos, e parada na porta, olhava os irmãos que andavam nas ruas. Fluindo, iam uma multidão de homens que guardavam o Tepitaka, o Abhidhamma, e o Vinaya; mas entre eles ela não encontrou ninguém pronto a morder a isca. Entre as figuras de hábito e cálice, pregradoras da Verdade com voz doce de mel, movendo-se como abelhas no vento, também não viu ninguém. Mas por fim percebeu um homem aproximando-se, com os cantos dos olhos ungidos, o cabelo solto, carregando uma tigela colorida como uma gema preciosa, vestindo abaixo do hábito, uma malha fina, e com o hábito limpo e passado e um guarda chuva à frente do peito, um homem que leva os sentidos a seu próprio curso, com o corpo bronzeado. "Eis um homem que posso fisgar!” ela pensou; e saudando-o tomou sua tigela e convidou-o a entrar na casa. Encontrou-lhe um lugar e deu-lhe mingau de arroz e todo o resto; então depois da refeição, pediu-o que fizesse da casa dela ponto de parada no futuro. Ele passou então a parar na casa e ficou íntimo.
Um dia a Irmã leiga disse no ouvido dele, “Nesta casa somos felizes, apenas não tenho filho nem genro capaz de mantê-la.” O homem escutando, imaginou que razão ela teria para dizer isto e logo foi como que atingido no coração. Ela disse à filha, “Tente-o, e tome-o em seu poder.” Assim a garota depois disto vestiu-se e adornou-se, e tentou-o com todos os truques e malícias das mulheres. (Deve-se entender que uma garota 'tosca' não significa alguém cujo corpo seja gordo, mas seja gorda ou magra, pelo poder das cinco paixões sensuais, dos sentidos, ela é chamada 'tosca'.) Então o homem, sendo jovem e estando debaixo do poder da paixão, pensou em seu coração, “Não posso continuar agora na religião do Buddha” ; e foi para o mosteiro e largando tigela e hábito, disse aos seus professores espirituais, “Estou descontente.” Então o conduziram ao Mestre e disseram, “Senhor, este Irmão está descontente.” “É vero o quê dizem” perguntou ele, “que estais descontente, Irmão ?” “Sim, Senhor, é verdade.” “Então o quê te faz assim ?” “Uma tosca garota, Senhor.” “Irmão,” disse ele, “muito, muito tempo atrás, quando vivias na floresta,esta mesma garota foi impedimento a tua santidade e te fez grande dano ; então por quê estais novamente descontente por conta dela ?” Assim com o pedido dos Irmãos ele contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa casa brahmin. E quando cresceu e aprendeu todas as artes em Takkasilā ( Taxila ), sua esposa morreu e ele adotou a vida religiosa e foi morar com seu filho nos Himālaias. Lá deixando seu filho no ermitério, saiu a catar frutos e raízes. Naquela hora bandidos saquearam uma vila da fronteira e estavam fugindo com sequestrados quando uma donzela escapa refugiando-se no eremitério e com suas seduções corrompeu a virtude do jovem. Ela disse a ele, “Venha, vamos embora.”
“Deixe primeiro meu pai voltar,” ele disse, “e depois que o ver, vou com você.”
“Bem, depois que o tiver visto, venha,” ela disse. E indo ela desceu pelo meio da estrada. O jovem asceta, quando seu pai chegou, falou a primeira estrofe:

Esta dúvida, meu pai, resolva-me, peço;
Se eu extraviar desta floresta em alguma vila,
Pessoas de que escola moral, ou seita
Devo mais sabiamente em amigos afeiçoar-me?

Então seu pai, de modo a avisá-lo, repetiu três estrofes:

Alguém que possa ganhar tua confiança e amor,
Que acredite em tua palavra e contigo prove paciência,
Que em pensamento, palavra e ato nunca ofenderá –
Tome em teu coração e a esta apegue-se como amiga.
Às pessoas caprichosas como macacos
Instáveis, não estejas inclinado,
Ou àlguma solidão deserta teu lote será confinado.

Escutando isto o jovem asceta disse, “Querido pai, como encontrarei uma pessoa que possua tais virtudes? Não irei. Com você apenas viverei.” E assim dizendo ele como que voltou. Então seu pai ensinou os ritos preparatórios para induzir a meditação mística. E ambos pai e filho, sem cair do ênstase religioso, tornaram-se destinados a nascer no mundo de Brahma.
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O Mestre, sua lição terminada, assim identificou o Jataka : “Naquele tempo o jovem e a garota eram os mesmos que agora. O asceta era eu.”

Jatakas 435 e 477 são // .