segunda-feira, 21 de setembro de 2009

358 Buddha príncipe Dhammapala





                                    Veluvana, Bosque de Bambu, Bambual, Índia.

358
“A infeliz rainha...etc.” - Esta história o Mestre, enquanto morava no Bosque de Bambu, contou, relativa as tentativas de Devadatra em matar o Bodhisatva. Em todos os outros nascimentos, Devadatra falhou em excitar um átomo que seja de medo no Bodhisatva, mas neste jātaka 358, quando o Bodhisatva tinha apenas sete meses de idade, teve suas mãos e pés e cabeça, cortados do corpo, e o corpo mesmo picado como uma grinalda. No jataka 172 e 304 matou-o torcendo o pescoço, e cozinhando a carne num fogão e comendo-o. No jataka 313 açoitou-o com duas mil chibatadas, e ordenou que orelhas nariz mãos e pés fossem cortados e amarrado pelos cabelos foi arrastado até ficar todo esfolado, e chutando-o na barriga naquele mesmo dia morreu o Bodhisatva. Em ambos, no Culla Nandaka e no Vevaiyakapi jatakas, meramente matou-o. Assim Devadatra por muito tempo segue a matá-lo, e continua a fazer isto, mesmo após o Bodhisatva ter-se tornado Buddha. Então um dia levantou-se uma discussão no Salão da Verdade, “Senhores, Devadatra está continuamente formando planos para matar os Buddhas. Pensando em matar o Supremo Buddha, ele subornou arqueiros para acertá-lo, atirou uma rocha sobre ele, e soltou nele o elefante Nalagiri.” Quando o Mestre veio e inquiriu o tema da discussão dos Irmãos reunidos, ouvindo o que era, ele disse, “Irmãos, não só agora, mas antes também ele segue a me matar, mas agora falha em excitar uma partícula de medo, mas antes quando eu era príncipe Dhammapāla ele me matou apesar de ser seu próprio filho , cortando o corpo todo em picadinhos como numa guirlanda. “ E assim falando contou uma história do passado.
_____________

Certa vez quando Mahāpatāpa reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como o filho de sua rainha Candā e o chamou Dhammapāla. Quando tinha sete meses de idade, sua mãe o banhou em água perfumada, o vestiu ricamente e sentou para brincarem. O rei veio para o lugar em que estavam. E como ela brincava com o menino, cheia de amor de mãe por sua cria, ela esqueceu de levantar-se, ao ver o rei. Ele pensou, “Já agora esta mulher enche-se de orgulho por seu filho, e não me dá o valor de uma palha, e quando o garoto crescer, ela pensará, ‘meu homem é meu filho,’ e nem me notará. Vou matá-lo logo de uma vez.” Então ele voltou e sentando no trono chamou o carrasco, com todos os instrumentos de seu ofício. O homem colocou sua roupa amarela e vestindo uma grinalda carmin, colocou seu machado no ombro e levando um cepo e uma tigela nas mãos, veio e ficou diante do rei saudando-o dizendo, “Qual a sua vontade , Senhor ?”
“Vá ao real closet da rainha e traga aqui Dhammapala,” disse o rei.
Mas a rainha sabia que o rei saíra irado e colocou o Bodhisatva em seu seio e sentou chorando. O carrasco veio e golpeando-a pelas costas arrancou o garoto das mãos dela e foi até o rei e saudando-o disse, “Qual a sua vontade, Senhor ?” O rei fez com que se trouxesse uma tábua e a colocassem diante de si, dizendo, “Deitem-no aí.” O homem assim o fez. Mas rainha Canda veio e ficou justo atrás do seu filho, chorando. Novamente o carrasco disse, “Qual a tua vontade , Senhor ?” “Corte fora as mãos de Dhammapala,” disse o rei. Rainha Canda disse, “Grande rei, meu filho é apenas uma criança, de sete meses. Nada sabe. A falta não é dele. Se há falta, é minha. Portanto mande que se corte fora minhas mãos.” E para fazer -se entender, pronunciou a primeira estrofe :-

A infeliz rainha de Mahapatapa,
Eu apenas sou culpada.
Mande que se liberte Dhammapala, Senhor,
E tirem de mim, infeliz, as mãos.

O rei olhou para o carrasco. “Qual a tua vontade, Senhor ?” “Sem mais delongas, corte as mãos dele,” disse o rei. Neste momento o carrasco pega o machado afiado e cortou fora as duas mãos do menino como se fossem dois brotos jovens de bambu. O menino, quando suas mãos foram cortadas, nem chorou nem se lamentou, mas movido pela paciência e pela caridade suportou com resignação. Mas rainha Canda colocou as mãos no seu colo e banhada em sangue continuou chorando. Novamente o carrasco perguntou, “Qual a tua vontade, Senhor ?” “Corte fora os pés dele,” disse o rei. Escutando isto, Canda pronunciou a segunda estrofe :-

A infeliz esposa de Mahapatapa
Eu apenas sou culpada.
Mande que se liberte Dhamapala, Senhor,
E tirem de mim, infeliz, os pés.

Mas o rei deu um sinal ao carrasco e ele cortou fora os pés do menino. Rainha Canda colocou também os pés no colo e banhada em sangue, chorando disse, “Meu senhor Mahapatapa, as mãos e os pés dele foram cortados fora. Mãe é obrigada a amparar seus filhos. Trabalharei por salário e cuidarei de meu filho. Dê ele para mim.” O carrasco disse, “Senhor, está a vontade do rei satisfeita ? Meu serviço terminado ?” “Não ainda,” disse o rei. “Qual então é tua vontade, Senhor ?” “Corte fora a cabeça dele,” disse o rei. Canda então repetiu a terceira estrofe :-

A infeliz esposa de Mahapatapa
Eu apenas sou culpada.
Mande que se liberte Dhamapala, Senhor,
E tirem de mim, infeliz, a cabeça.

E com estas palavras ela ofereceu a própria cabeça. Novamente o carrasco perguntou, “Qual a tua vontade, Senhor ?” “Corte fora a cabeça dele,” disse o rei. Assim ele cortou fora a cabeça do menino e perguntou, “Está a vontade do rei satisfeita ?” “Não ainda,” disse o rei. “Que mais devo fazer, Senhor ?” “Pegue-o com a ponta da espada,” disse o rei, “rodeie-o de cortes de espada como se com grinalda.” Então ele atirou o corpo do menino no ar e pegando-o com a ponta da espada, rodeou-o com cortes de espada, como se fosse uma grinalda e espalhou pedaços pelo estrado, tablado. Canda colocou a carne do Bodhisatva em seu colo e sentada no estrado chorando, falou estas estrofes :-

Nenhum conselheiro amigo aconselha o rei,
'Não mates o herdeiro que dos teus rins brota' :
Nenhum parente amável urgindo o tenro apelo,
'Não mates o menino que deve a vida a ti.'

Com isto após falar estas duas estrofes, rainha Canda, apertando ambas as mãos no peito, repetiu a terceira estrofe :-

Tu, Dhammapala, eras por direito de nascença
Senhor da terra :
Teus braços, banhados em óleo de sândalo da floresta,
Jazem banhados em sangue.
Meu respirar caprichoso, ai ! Está chocado de suspiros
E gritos fragmentados.

Enquanto ela assim chorava, teve um ataque cardíaco, como um estalo de bambu, quando o bosque está em chamas e e caiu morta no mesmo lugar. Quanto ao rei sendo incapaz de permanecer no trono, caiu no estrado. Um abismo abriu-se separando o chão, e nele entrou direto. Então a sólida terra, apesar de espessa mais de duzentos mil quilômetros, sendo incapaz de suportar tal fraqueza, clivou separando-se, e abriu um abismo. Chama saiu dos ínferos de Avici e o pegou, envolvendo-o, como com uma veste real de lã, e o jogou em Avici. Seus ministros realizaram os ritos fúnebres de Candā e do Bodhisatva.
_______________

O Mestre, tendo terminado este discurso, identificou o Jātaka : “Naquele tempo Devadatra era o rei, Mahā Pajāpati era Candā, e eu mesmo era o príncipe Dhammapāla.”




Nenhum comentário: