quarta-feira, 23 de setembro de 2009
360 Buddha rei Garuda
360
“Cheiro o perfume...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana relativa a um Irmão que errava. O Mestre perguntou se era verdade que queria voltar ao mundo, e o quê o fez arrepender-se de tomar ordens. O Irmãos respondeu, “É tudo devido aos encantos de uma mulher.” O Mestre disse, “Verdadeiramente, Irmão, não há jeito de guardar-se de mulheres. Sábios antigos, apesar de precaverem-se e morarem no lugar dos Garudas, falharam em guardá-las.” E sendo incitado por ele, o Mestre contou uma história do passado.
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Certa vez rei Tamba reinava em Benares e sua rainha chamada Sussondi era uma mulher de beleza extraordinária. Naquele tempo o Bodhisatva veio a vida como um jovem Garuda ( Pássaro ). Então a ilha Nāga era chamada de ilha Seruma, e o Bodhisatva vivia nesta ilha na morada dos Garudas. E ele foi a Benares, disfarçado como um jovem, para jogar dados com o rei Tamba. Realçando em beleza disseram a Sussondi, “Tal e tal jovem joga dados com nosso rei.” E anseia em vê-lo, e um dia adorna-se e acorre a sala de jogo de dados. Lá, permanecendo entre os empregados, fixou o olhar no jovem.
Ele também olhou para a rainha, e os dois caíram de amor um pelo outro. O rei Garuda por um ato de poder sobrenatural, espalhou uma tempestade na cidade. O povo com medo que a casa caísse, fugiu do palácio. Pelo seu poder fez com que escurecesse, e carregando a rainha com ele pelos ares, foi para sua própria morada na ilha Nāga. Mas ninguém soube da vinda ou ida de Sussondi. O Garuda teve prazer com ela, e ainda voltou para jogar dados com o rei. O rei tinha um menestrel chamado Sagga, e sem saber para onde a rainha foi, o rei dirigiu-se ao menestrel e disse, “Vá e explore toda a terra e o mar, e descubra o que aconteceu com a rainha.” E assim dizendo o mandou ir.
Ele tomou o que era necessário para a jornada, e começando pelos portões da cidade, por fim chegou em Bhārukacha. Naqueles dias certos mercadores de Bhārukacha levantavam velas para a Terra Dourada. Ele aproximou-se e disse, “Sou menestrel. Se remido do dinheiro da passagem, toco como menestrel. Levem-me com vocês.” Eles aceitaram e colocando-o a bordo, levantaram âncora. Quando o barco já tinha bem navegado, o chamaram e pediram que tocasse algo. Ele disse, “Faria música, porém se fizer, os peixes se excitarão tanto que acabarão por quebrar o barco.” “Se um mero mortal,” eles disseram, “faz música, não haverá nenhuma excitação por parte dos peixes. Toque para nós.” “Então não se enfureçam comigo” , ele disse, e afinando sua viola e mantendo perfeita harmonia entre as palavras da canção e as cordas do violão, fez música para eles. Os peixes enlouqueceram com o som e começaram a pular. E um certo monstro do mar pulando caiu em cima do barco e o quebrou em dois. Sagga descansando numa prancha foi levado pelo vento até que alcançou uma árvore banian na ilha Nāga, onde o rei Garuda vivia. Bem, a rainha Sussondi, quando o rei Garuda ia jogar dados, descia de sua casa, e quando vagava na ponta da praia, ela viu e reconheceu o menestrel Sagga, e perguntou-lhe como chegou lá. Ele contou toda a história. E ela o confortou e disse, “Não tema,” e abraçando-o , levou para casa e o colocou na cama. E quando ele estava reestabelecido, alimento-o com comida celeste, banhou-o com água perfumada celeste, vestiu-o com vestes celestes, e adornou-o com flores de perfumes celestes e o fez deitar numa cama celeste. Assim ela o guardou, e quando o rei Garuda voltava, ela escondia seu amante, e logo que o rei saía, sob a influência da paixão ela tomava seu prazer com ele. No final de um mês e meio, alguns mercadores que moravam em Benares, aportaram aos pés da árvore banian nesta ilha, para pegar lenha e água. O menestrel entrou no barco deles, e alcançando Benares, logo que viu o rei, enquanto estava jogando dados, Sagga tomou seu violão, e fazendo música recitou a primeira estrofe:-
Cheiro o perfume no bosque de timira,
Escuto o murmúrio do mar que vira em roda:
Tamba, atormento-me com meu amor,
Pois a bela Sussondi habita longe de mim.
Escutando isto o rei Garuda falou a segunda estrofe:-
Como atravessaste o tempestuoso alto-mar,
E Seruma alcançaste salvo?
Como tu, Sagga, diga-me, peço,
À bela Sussondi ganhaste o caminho?
Então Sagga repetiu três estrofes:-
Com povo comerciante da terra de Bhārukaccha
Meu barco foi destruído pelos monstros do mar;
Numa prancha à praia salvo cheguei,
Quando uma rainha ungida com mão gentil
Ergueu-me ternamente com seu joelho
Como se um filho de verdade fosse para ela.
Ela trouxe comida e vestes, e enquanto eu jazia
Com olhos de amor abandonado, estendia-se sobre meu leito.
Saiba, Tamba, bem ; estas palavras são verdadeiras.
O Garuda, enquanto o menestrel assim falava, encheu-se de remorso e disse: “Apesar de morar na residência dos Garudas, falhei em guardá-la em segurança. O quê esta mulher fraca é para mim ?” Então ele a trouxe de volta e entregou-a ao rei e saiu. E daí em diante não foi mais lá.
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O Mestre, sua lição terminada, declarou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o Irmão com a mente mundana atingiu a fruição do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo Ananda era o rei de Benares e eu mesmo era o rei Garuda.”
Jataka 327 // .
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