domingo, 13 de setembro de 2009

353 Buddha professor em Taxila



                                                          Buddha de Taxila, Paquistão.

353
“Apesar de agora estares...etc.” - Esta história o Mestre, enquanto vivia no bosque Bhesakala próximo a Sumsumaragiri ( Monte Crocodilo ) no país dos Bhaggas, contou relativa ao jovem príncipe Bodhi. Este príncipe era filho de Udena e naquele momento habitava em Sumsumaragiri. Chamou um artesão habilidoso e o fez construir um palácio chamado Kokanada e fazê-lo diferente do de qualquer outro rei. E depois pensou, “Este artesão pode construir palácio similar para outro rei.” E a partir do sentimento da inveja, arrancou fora os olhos dele. Este acontecimento foi sabido pela assembleia dos Irmãos. Levantaram então discussão no Salão da Verdade, dizendo, “Senhores, o jovem príncipe Bodhi fez com que se arrancassem os olhos de tal e tal artista. Certamente é cruel,
grosseiro e violento.” O Mestre veio e perguntou qual o assunto que os Irmãos debatiam ali sentados juntos e entendendo qual era disse, “Não agora apenas mas antes também , tal foi a natureza dele e anteriormente do mesmo modo ele mandou arrancar os olhos de mil guerreiros e após assassiná-los ofertou a carne deles como um sacrifício religioso.” E assim falando ele contou a eles uma história dos tempos passados.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era um renomado professor em Takkasilā ( Taxila ) e jovens das castas brahmin e guerreira vinham de toda a Índia para serem ensinados nas artes por ele. O filho do rei de Benares também, príncipe Brahmadatra, teve os Três Vedas por ele ensinado. Era de natureza grosseira, cruel e violenta. O Bodhisatva, com seu poder de adivinhação e sabendo do seu caráter, disse, “Meu amigo, você é grosseiro cruel e violento, e verdadeiramente o poder obtido pela pessoa violenta tem vida curta: quando seu poder sai dele, é como um barco que naufraga no mar. Não alcança porto seguro. Portanto não sejas de tal caráter.” E a guisa de advertência repetiu duas estrofes:-

Apesar de estares agora com a benção da paz e da abundância
Tal fado feliz pode provar-se de curta vida :
Que devam as riquezas perecerem, não é acidente grave,
Como navegante agitado pela tempestade, náufrago no mar.

Com cada um acontece de acordo com seus atos,
E ceifa a colheita como semeia a semente,
Seja de boa erva ou de erva daninha.

Então ele despediu-se do professor e retornou a Benares e após exibir as ciências nas artes ao pai, foi estabelecido como vice-rei e com a morte do pai, o sucedeu no trono. O capelão da família, que chamava-se Pingiya, era grosseiro e cruel. Sendo cobiçoso de fama, pensou, “Que seria se eu fizesse os outros legisladores da Índia serem apanhados por este rei e se ele tornar-se único monarca eu me torno único sacerdote?” E fez o rei ouvir suas palavras.
E o rei marchou com um grande exército e investiu contra uma cidade de um certo rei e o tornou prisioneiro. E por meios similares ganhou a soberania sobre toda a Índia, e com um milhar de reis em sua comitiva, foi para tomar o reino de Takkasilā ( Taxila ). O Bodhisatva consertou as muralhas da cidade e a tornou inexpugnável pelos inimigos. E o rei de Benares colocou uma cobertura (dossel, pálio) e uma cortina ao redor, ao pé de uma grande árvore banian nas margens do Ganges. E tendo estendido uma cama fez lá seu quarto (quartel). Brigando nos campos da Índia fez cativos um milhar de reis mas falhando no seu ataque à Takkasilā ( Taxila ), pergunta ao capelão (mau), “Mestre, apesar de aqui termos vindo com uma hoste de reis cativos, não tomamos Takkasilā. Que faremos agora?”
“Grande rei,” ele respondeu, “tire os olhos dos mil reis e abrindo a barriga deles as carnes e com as cindo substâncias doces faz uma oferta à deidade guardiã desta árvore baniam. Circundando a árvore com um aro de circunferência fundo cinco polegadas cheio de sangue deles. E então a vitória logo será nossa.”
O rei logo consentiu e escondendo fortes lutadores atrás da cortina, chamou cada rei separadamente e quando os lutadores os esmagavam nos braços até os fazerem inconscientes, tiravam-lhes os olhos e depois de mortos, tiravam a carne e as carcaças largavam no Ganges. Então ele fez a oferta, como descrita acima, e o tambor bateu e foi para a batalha. Então veio um certo Yaksha de sua torre de vigia e arrancou o olho direito do rei. Fortes dores o atacaram, e o enlouquecido pela agonia que sofria, foi e deitou estendido na cama ao pé da árvore banian. Neste momento um urubu tomou um osso pontudo, e pousado no alto da árvore, comendo a carne deixou cair o osso, e a parte pontuda caiu como um espeto de ferro no olho esquerdo do rei, destruindo este olho também. Neste momento ele lembrou-se as palavras do Bodhisatva e disse, “Nosso professor quando disse ‘Os resultados das experiências mortais correspondem aos atos, como a fruta corresponde à semente,’ falou, eu suponho, com tudo isto diante do olho de sua mente.” E lamentando-se dirigiu-se a Pingiya em duas estrofes:-

Ah! Agora finalmente reconheço a verdade
O Mestre ensinou-me na juventude distraída:
‘Não peque,’ ele gritava, ‘ou o ato mal
Pode ser à tua própria punição.’

Debaixo desta árvore adornada aos ramos e sombra balançante
Libações com óleo de sândalo foram feitas.
Foi aqui que matei mil reis, e veja!
As dores que sofreram então, devo agora suportar.

Assim lamentando, ele trouxe à mente sua rainha, e repetiu esta estrofe:-

Ó Ubbari, minha rainha de cor morena,
Graciosa como um broto de árvore de cabaça,
Que orvalha os membros com óleo de sândalo,
Como posso viver, privado da vista de ti ?
Melhor a morte mesma do que isto, de longe menos doloroso!

Enquanto ainda falava estas palavras, morreu e nasceu novamente nos ínferos. O capelão tão ambicioso de poder não pode salvá-lo, nem a si-mesmo, e logo que o rei morreu, seu exército dividiu-se e fugiu.
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O Mestre, tendo terminado esta lição, assim identiifcou o Jataka : “Naquele tempo o jovem príncipe Bodhi era o rei usurpador, Devadatra era Pingyia e eu mesmo era o professor famoso mundialmente.”

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