segunda-feira, 14 de setembro de 2009

354 Buddha Brahmin



354
“A pessoa deixa...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana relativa a um fazendeiro cujo filho morreu. A estória introdutória é a mesma do homem que perdeu a esposa e o pai. Aqui também o Mestre do mesmo modo vai à casa do fazendeiro e depois de saudá-lo e sentar, pergunta, “Prego, Senhor, choras?” E com a resposta, “Sim, reverendo, com a morte de meu filho, choro,” ele disse, “Senhor, verdadeiramente o que está sujeito a dissolução é dissolvido, e o que está sujeito a destruição é destruído, e isto não acontece com uma pessoa apenas, nem meramente em uma cidade, mas em esferas incontáveis, e nos três modos de existência, não há criatura que não esteja sujeita à morte, nem há coisa existente capaz de suportar uma mesma condição. Todos os seres estão sujeitos à morte, e todos os compostos submetidos à dissolução. Mas sábios antigos quando perderam o filho, disseram, ‘Aquilo que está sujeito a destruição é destruído,’ e não choraram.” E daí com o pedido do fazendeiro contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu em uma casa brahmin, numa vila fora dos portões de Benares e erguendo família provia-os com trabalho no campo. Tinha uma filha e um filho. Quando o filho cresceu, o pai trouxe uma esposa para ele de uma família de mesmo rank que o deles. Mais uma empregada, formavam uma casa de seis: o Bodhisatva e sua esposa, o filho e a a filha, a nora e a empregada. Viviam felizes e amavam-se. O Bodhisata advertia os outros cinco; “De acordo com que recebes, dês ofertas, observem dias santos, mantenham a lei moral, demorem-se no pensamento da morte, sejam conscientes de seu estado mortal. Pois no caso de seres como nós, a morte é certa, a vida incerta: todas as coisas existentes são transitórias e submetidas a corrupção. Portanto prestem atenção nos seus caminhos dia e noite.” Eles prontamente aceitaram seu ensinamento e demoraram-se atentos no pensamento da morte.
Um dia o Bodhisatva foi com seu filho arar seu campo. O filho juntou o cisco e tocou fogo. Perto de onde estava vivia uma cobra num formigueiro abandonado. A fumaça atingiu os olhos da cobra . Saindo fora da toca com raiva, ela pensou, “É tudo por causa daquele sujeito,” e amarrando-se nele o picou com seus quatro dentes. O jovem caiu morto. O Bodhisatva vendo-o cair, deixou os bois e veio até ele, e encontrando-o morto, tomou-o e levou-o ao pé de uma determinada árvore, e cobrindo-o com um manto, nem chorou nem se lamentou. Ele disse, “Aquilo que está sujeito a dissolução é dissolvido, e aquilo que está sujeito a morte morre. Todos compostos existentes são transitórios e propensos a morte.” E reconhecendo a natureza transitória das coisas continuou seu arar. Vendo um vizinho passando perto no campo , perguntou, “Amigo, estais indo pra casa?” E com a resposta “Sim,” ele disse, “Por favor então passe lá em casa e diga a patroa, ‘Não precisas como antes trazer comida para dois, apenas para um. E até agora a empregada apenas trazia a comida mas ho-je todas quatro , colocando vestes limpas, e vindo com perfumes e flores nas mãos.’”
“Certo,” ele disse, e foi e falou estas palavras mesmas para a esposa brahmin.
Ela perguntou, “Quem lhe deu esta mensagem Senhor?”
“O brahmin, senhora,” ele respondeu.
Então ela entendeu que seu filho estava morto. Mas ela nem tremeu. Assim mostrando perfeito auto controle, e vestindo roupas brancas e com perfumes e flores nas mãos, levou a comida acompanhada dos outros membros da família no campo. Mas nenhum deles nem chorou nem se lamentou. O Bodhisatva, ainda sentado à sombra em que o jovem jazia, comeu sua comida. E quando terminou de alimentar-se, eles todos tomando lenha de fogo e colocando o corpo na pilha funerária, fizeram ofertas de perfumes e flores, e então atearam fogo. Mas nenhuma lágrima foi vertida por ninguém. Todos demoravam-se no pensamento da morte. Tal era a eficácia da virtude deles que o trono de Sakra manifestou sinais de calor. Sakra disse, “Quem, imagino, está ansioso em me tirar do trono?” E refletindo descobre que o calor é devido à força da virtude existente nestas pessoas, e ficando altamente contente ele disse, “Devo ir até eles e gritar um alto brado de exultação como um rugido de leão, e imediatamente depois encher a morada deles com os sete tesouros.” E apressando a ir lá , ficou do lado da pilha fúnebre e disse, “O que vocês estão fazendo?”
“Queimamos o corpo de um homem, meu senhor.”
“Não é nenhum homem que queimam,” ele disse. “Me parece que tostam a carne de alguma besta que vocês mataram.”
“Não, senhor,” eles disseram. “É só o corpo de um homem que queimamos.”
Então ele disse, “Deve ter sido algum inimigo.”
O Bodhisatva disse, “Era o nosso próprio filho, e não inimigo.”
“Então ele não era querido como um filho para você.”
“Ele era muito querido, senhor.”
“Então por que não choras?”
Então o Bodhisatva, explicou a razão de porque não chorava, pronunciando a primeira estrofe:-

A pessoa deixa sua forma mortal, quando a alegria da vida passa,
Como uma cobra está acostumada a desfazer-se da pele velha.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra escutando estas palavras do Bodhisatva, perguntou à esposa do brahmin, “Como, senhora, o morto era para você?”
“Guardei-o dez meses no útero, e amamentei-o no seio, e direcionei os movimentos das mãos e dos pés dele, e ele era meu filho crescido, senhor.”
“Dado, senhora, que um pai de natureza masculina possa não chorar, um coração de mãe é certamente mole. Por que não choras?”
E para explicar porque ela não chorava, pronunciou um par de estrofes:-

De repente ele veio para cá, e logo soltando-se foi embora;
Como veio, foi. Que causa há aqui para choro?
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Escutando as palavras da esposa brahmin, Sakra perguntou à irmã: “Senhora, como era o morto para você?”
“Ele era meu irmão, senhor.”
“Senhora, irmãs certamente amam seus irmãos. Por que não choras?”
Mas para explicar a causa de não chorar pronunciou duas estrofes:-

Apesar de poder jejuar e chorar, de que me adiantaria ?
Olhem meus amigos e parentes! Ficariam mais infelizes.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra escutando as palavras da irmã, perguntou à viúva : “Senhora,o que era ele para ti ?” “Ele era meu esposo, meu senhor.”
“Mulheres certamente, quando morre um marido, como viúvas estão desamparadas. Por quê não choras ?”
Mas para explicar a razão porque não chorava, pronunciou duas estrofes :-

Como crianças choram em vão para pegar a lua acima
Assim mortais em vão choram a perda daqueles que amam.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto:
Por que choraria ? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra escutando as palavras da viúva, questionou a empregada, dizendo, “Mulher, o que ele era para ti ?”
“Ele era meu patrão, senhor.”
“Sem dúvida você deve ter sido oprimida, castigada e abusada por ele e daí pensando feliz que está morto, não choras.”
“Não diga isto, meu senhor. Isto não se adequa no caso dele. Meu jovem mestre era cheio de paciência, amor e piedade por mim e o considerava como filho de criação.”
“Então por quê não choras ?”
E ela para explicar por que não chorava, pronunciou um par de estrofes :-

Um pote de barro quebrado, ah! quem pode colar ?
Assim também prantear morto é apenas trabalho vão.
Nenhum lamento de amigo pode tocar as cinzas do morto :
Por que choraria? Ele andou o caminho que tinha que trilhar.

Sakra depois de escutar o quê todos tinham a dizer, ficou contente e disse, “Vocês demoraram-se no pensar a morte. De agora em diante não trabalharão com as próprias mãs. Eu sou Sakra, rei do céu. Colocarei os sete tesouros em incontável quantidade na casa de vocês. Vocês farão ofertas, manterão a lei moral, e observarão dias santos e atentarão aos seus caminhos.” E assim os advertindo, encheu o casa deles com incontáveis tesouros e depois os deixou.
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O Mestre tendo terminado sua exposição da Lei, declarou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o fazendeiro atingiu o fruto do Primeiro Caminho :- “Naquele tempo Khujjuttarā era a empregada, Uppalavannā era a irmã, Rāhula o filho, Khemā a mãe e eu mesmo era o brahmin.”





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