sexta-feira, 18 de setembro de 2009

357 Buddha Elefante




357
“Elefante de sessenta...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto residia no Bosque de Bambu, relativa a Devadatra. Um dia levantaram uma discussão no Salão da Verdade, dizendo, “Senhores, Devadatra é ríspido, cruel e violento. Ele não tem um átomo de piedade pelas pessoas.” Quando o Mestre veio, inquiriu qual o tópico que os Irmãos juntos discutiam, e escutando o quê era, ele disse, “Irmãos, não somente agora, mas antes também ele foi sem piedade.” E com isto contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um jovem elefante, e crescendo como um belo animal, tornou-se líder da horda, com um contigente de oitenta mil elefantes e habitava nos Himālaias. Naqueles dias uma codorna deixou seus ovos no campo de alimentação dos elefantes. Quando os ovos estavam prontos para serem partidos, os jovens pássaros quebraram as cascas e saíram. Antes que suas asas crescessem, e enquanto ainda eram inaptos para voar, o Grande Ser seguido de oitenta mil elefantes, rondando por comida, chegou naquele lugar. Vendo-os a codorna pensou, “Este elefante real vai pisar nos meus filhotes e matá-los. Vejam! vou implorar sua correta proteção para a defesa da minha ninhada.” Então ela levantou suas duas asas e em pé diante dele repetiu a primeira estrofe:-

Elefante de sessenta anos,
Senhor da floresta entre seus pares,
Sou apenas um pequeno pássaro,
Tu líder de uma horda;
Com minhas asas homenagem presto,
Poupe meus pequenos, peço.

O Grande Ser disse, “Ó codorna, não se preocupe. Protegerei teus filhotes.” E permanecendo acima dos jovens passarinhos, enquanto os oitenta mil elefantes passavam, ele depois se dirigiu à codorna: “Atrás de nós vem um elefante mau solitário. Ele não fará o que pedirmos. Quando vier, fale com ele também, e assim assegure a segurança de seus filhotes.” E com estas palavras, foi-se. E a codorna saiu a esperar o outro elefante, e com ambas as asas abertas, fazendo uma saudação respeitosa, falou a segunda estrofe:-

Vagando por montes e vales
Acalentando teu caminho solitário,
Tu, ó rei da floresta, eu saúdo,
E com minhas asas presto homenagem.
Sou apenas uma codorna infeliz,
Poupe minha tenra cria da morte.

Escutando as palavras dela, o elefante falou a terceira estrofe:-

Matarei seus jovens filhotes, codorna;
De que vale teu pobre pedido?
Minha pata esquerda pode esmagar fácil
Milhares de pássaros como estes.

E assim dizendo, com sua pata ele esmagou os passarinhos em átomos, e urinando neles levou-os para uma corrente d'água, e saiu trompeteando alto. A codorna pousou num galho de árvore e disse, “Então fora contigo e seu trumpete. Logo verás o que farei. Pouco sabes da diferença entre força do corpo e força da mente. Bem! Te ensinarei esta lição.” E assim ameaçando-o repetiu a quarta estrofe:-

Abuso de poder não é ganho,
Poder geralmente é a perdição do tolo.
Besta que mataste meus pequeninos,
Obrarei ainda o teu mal.

E assim dizendo, logo depois ela fez um favor a um corvo, e quando o corvo, que estava altamente agradecido, perguntou, “O que posso fazer por você?” a codorna respondeu, “Não há nada a ser feito, Senhor, apenas espero que você atinja com o bico e fure e retire os olhos do elefante mau, cruel.” O corvo prontamente concordou, e a codorna tendo feito um serviço a um azulão, este perguntou, “O que posso fazer por você?” ela disse, “Quando os olhos do elefante mau forem retirados pelo corvo, então você deixe cair lêndeas neles.” O azulão concordou, e então a codorna tendo sido gentil com um sapo , e o sapo perguntando o que faria, ela disse, “Quando o elefante mau ficar cego, deverá procurar água para beber, então tome posição e coaxe no topo da montanha, e quando ele subir para o topo, desça e coaxe novamente no fundo do precipício. Este tanto deixarei em tuas mãos.” Após ouvir o que a codorna disse, o sapo logo aceitou. Assim um dia o corvo com seu bico, arrancou ambos os olhos do elefante, e o azulão largou lêndeas neles, e o elefante sendo comido por larvas de insetos, enlouqueceu de dor, e tomado de sede, errava à procura d’água. Neste momento o sapo, no topo da montanha, coaxou. Pensou o elefante, “Deve haver água lá,” e subiu o monte. O sapo desceu, e parado no fundo do abismo, coaxou novamente. O elefante pensou, “Deve haver água lá,” e movendo-se para frente em direção ao precipício, rolou para baixo da montanha e foi morto. Quando a codorna soube que o elefante estava morto, ela disse, “Vi as costas do meu inimigo,” e em um alto estado de prazer andou empertigada sobre seu corpo, e foi-se sendo tratada de acordo com seus atos.
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O Mestre disse, “Irmãos, não deve-se incorrer em hostilidade com ninguém. Estas quatro criaturas, juntas, trouxeram o elefante à destruição, forte como era.

Uma codorna com um corvo, aliada de um azulão e um sapo
Certa vez mostraram o fim de uma hostilidade mortal.
Através deles o rei elefante morreu fora de hora:
Portanto toda querela deve ser evitada. “

Pronunciando esta estrofe inspirada pela Sabedoria Perfeita, ele assim identificou o Jataka : “Naquele tempo Devadatra era o elefante mau e eu mesmo era o líder da horda de elefantes.”





Um comentário:

Anagrama Publicidade disse...

Com sessentinha fica mais fácil se rei da horda de elefantes. Feliz sessenta!