terça-feira, 15 de setembro de 2009

355 Buddha rei Gatha, Ananda rei Vanka


355
“Enquanto outros...etc.” - Esta história o Mestre, morando em Jetavana contou, relativa a um ministro do rei de Kosala. A história introdutória é idêntica a outra versão já dada. Mas neste caso o rei após conceder grande honra a um ministro que o servia bem, deu ouvidos a certos 'criadores de caso' e fez com que fosse amarrado e preso. Enquanto lá jazia, ele entrou no Primeiro Caminho. O rei, tornando-se ciente do seu grande mérito, o libertou. Ele apanhou um guirlanda perfumada e entrando na presença do Mestre, saudou-o e sentou. Então o Mestre perguntou se algo ruim acontecera com ele. “Sim, Reverendo Senhor,” ele respondeu, “mas através do mal, bem me adveio. Entrei no Primeiro Caminho.” “Verdadeiramente,” disse o Mestre, “não apenas você, mas sábios antigos tiraram o bem do mal.” E com isto ao pedido dele, contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu para ele como filho da rainha. E o chamaram príncipe Ghata. Ele posterormente adquiriu o conhecimento das artes em Takkasilā ( Taxila ) e legislou seu reino com retidão.

Um certo ministro extraviou-se no harém real. O rei, após testemunhar a ofensa com os próprios olhos, baniu-o do reino. Naqueles dias um rei chamado Vanka reinava em Sāvatthi. O ministro foi para este rei e entrando a seu serviço, justo como na história anterior ( Jātakas 351, 303, 282 ), ganhou os ouvidos do rei e incitou-o a tomar Benares. Após tomar posse do reino, colocou o Bodhisatva na prisão em correntes. O Bodhisatva entrou em ênstase de meditação e sentou de pernas cruzadas no ar. Uma febre tomou o corpo de Vanka. Ele veio e contemplando o semblante do Bodhisatva radiante da beleza de uma lótus plenamente desabrochada, como um espelho dourado, na forma de pergunta repetiu a primeira estrofe:-

Enquanto outros choram e lamentam-se, as bochechas encharcadas de lágrimas
Por que não reclamas Ghata e ainda estais sorridente ?

O Bodhisatva, para explicar porque não lamentava-se, recitou o resto das estrofes:-

Para mudar o passado, toda dor é vã,
Não abençoa estado futuro :
Por que deveria, Vanka, reclamar de minhas dores ?
Dor não é ajudante adequado para ajudar.

Alguém que adoece de dor definha,
Sua comida torna-se insípida e insossa,
Atravessada como que por flechas, presa da dor,
Afunda como chacota de todos seus inimigos.

Esteja minha morada em terra seca ou no mar,
Esteja na cidade, ou em alguma floresta temível,
Dor nenhuma deve de mim aproximar-se,
Uma alma convertida nada deve temer.

Mas àquele que falta inteireza em si
E está incendiado com a luxúria das coisas sensuais,
Nem todo o mundo, com todo seu patrimônio roubado,
Será suficiente para o desejo de tal pessoa.

Vanka assim, depois de escutar estas quatro estrofes, pediu perdão ao Bodhisatva, e devolveu seu reino e seguiu seu caminho. Mas o Bodhisatva deixou o reino com os ministros, e retirando-se para os Himālaias tornou-se asceta, e sem quebrar seu ênstase meditativo foi destinado a nascer no mundo de Brahma.
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O Mestre, tendo terminado sua lição, identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era rei Vanka e eu mesmo era rei Ghata.”
Jatakas // 282, 303, 351.





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