terça-feira, 28 de janeiro de 2014

475 Buddha Árvore





[ Primeira cena : “Não devemos nos surpreender do próximo painel noos trazer de volta após um longo intervalo a Kapilavastu e nos mostrar de seu modo o 'Buddha perfeitamente realizado' retornar para sua cidade nativa pregando sua doutrina na Nyagrodha-arama. A árvore central apenas não seria suficiente para identificar a cena em que o Abençoado prega em uma assembleia de nobres Sakya com seu pai Suddhodana de chefe; o que finalmente a determina para nós é o carácter aristocrático e particularmente a atitude reverente da numerosa audiência. É claro que todos estes grandes personagens, sentados à maneira indiana em almofadas, estão escutando muito devotamente uma homilia. Podemos adicionar que o desenho de cima do mesmo modo acontece em Kapilavastu assim como o proximo painel com a mesma nyagrodha, a mesmo trono no topo do qual esta o Abençoado.”
Segunda cena : “o retorno a Kapilavastu ; a identificação parece certa ; atrás do Rei Suddhodana pode-se ver mulheres carregando o parassol e o abanador, uma terceira mulher ajudando e as cabeças de dois cortesãos. Acima, um dos três veneradores sobrenaturais, diferente dos usuais kinnaras, parece ser um Devaputra ou Yaksha em forma humana, montado em um leão alado. A cankrama ( trave horizontal ) simboliza a ponte entre o céu e a terra.” sir John Marshall, The monuments of Sañchi, Swati Publications, Delhi, 1983.

475
        “Ó homem, que estás...etc.” - Esta história o Mestre contou às margens do rio Rohini, sobre uma briga de família. As circunstâncias serão descritas largamente no Jataka 536. Nesta ocasião o Mestre dirigiu-se aos seus parentes e disse :
___________________

Certa vez, quando Brahmadatra era rei de Benares, havia fora da cidade uma vila de carpinteiros. Nela havia um carpinteiro brahmin, que ganhava a vida trazendo madeira da floresta e construindo carroças.
Naquele tempo havia uma grande árvore espatódea na região do Himalaia. Um Leão negro costumava ir e deitar nas suas raízes quando caçando para comer. Um dia um vento atingiu a árvore e um galho seco caiu e atingiu seu ombro. O choque doeu e rapidamente, temeroso, levantou e afastou-se ; então virando, olhou o caminho pelo qual viera e não vendo nada pensou, “Não há nenhum outro leão ou tigre, nem ninguém perseguindo. Bem, me parece, que a deidade daquela árvore não me quer deitado lá. Descobrirei se é isto.” Assim pensando, ele ficou irado fora da hora, e bateu n'árvore e gritou - “Não comi nenhuma folha da tua árvore, nem quebrei nenhum galho ; você pode aguentar outras criaturas morando aqui e não pode me aguentar ! O quê há de errado comigo ? Espere alguns dias e te cortarei pela raiz e pelos galhos, te picando em pedaços pequenos !” Assim ele repreendeu a deidade da árvore e partiu em busca de um homem.
Naquele tempo o carpinteiro brahmin falado acima com outros dois ou três homens, veio com uma carroça para aquela vizinhança para conseguir madeira para seu comércio de carroças. Ele deixou sua carroça em certo lugar e com enxó e machadinha nas mãos foi em busca de árvores. Aconteceu de aproximar-se desta espatódea. O Leão vendo-o, foi e ficou debaixo d'árvore pois pensava, “Ho-je devo ver as costas do meu inimigo !” Mas o artesão olhando para um lado e outro fugiu da vizinhança da árvore. “Falarei com ele antes que se afaste demais,” pensou o Leão e repetiu a primeira estrofe :
Ó homem, que estás com machado nas mãos, rondando nesta floresta,
Venha diga-me a verdade, te pergunto, que árvore queres ?

Olhem, um milagre !” respondeu o homem, escutando esta fala, “Juro nunca tinha visto ainda qualquer animal que pudesse falar como ser humano. Claro que ele sabe que tipo de madeira é boa para construção de carroça. Perguntarei a ele.” Assim pensando, repetiu a segunda estrofe :

Acima na montanha, abaixo no vale, pela planície, um rei você percorre a floresta :
Vamos diga-me a verdade que te pergunto – que árvore é boa para rodas ?

O Leão escutou e disse para si mesmo, “Agora conquistarei o desejo do meu coração !” e repetiu a terceiro estrofe :

Nem salgueiro, nem acácia, nem 'orelha de égua', muito menos arbusto é bom ;
Há uma árvore que chamam espatódea e aquela é a melhor madeira de roda.

O homem ficou feliz de escutar isto e pensou, “Um feliz dia me trouxe para a floresta. Aqui está uma criatura na forma de um animal me dizendo qual a melhor madeira para construir carroça ! Isto é bom !” Então questionou o Leão com a quarta estrofe :

Qual a forma das folhas, e o tronco de que tipo parece,
Vamos, diga-me a verdade, te pergunto, para que possa conhecer àrvore ?

Em resposta o Leão repetiu duas estrofes :

Esta é a árvore cujos ramos você vê curvar, dobrar mas nunca quebrar ;
Esta espatódea em cujas raízes fiz meu lugar de parada.

Para raios e aro, eixo do carro ou roda ou qualquer parte,
Esta espatódea fará para ti na construção de carroça.

Após esta declaração, o Leão afastou-se, alegre de coração. O artesão começou a derrubar àrvore. Então a deidade d'árvore pensou, “Nunca joguei nada naquele animal ; ele ficou irado no momento errado e agora está fazendo com que destruam minha casa e eu também serei destruído. Devo descobrir um jeito de destruir sua majestade.” Então assumindo a forma de um madeireiro, aproximou-se do artesão e disse para ele, “Ó cara ! É uma bela árvore que você tem aí ! O quê fará com ela quando estiver derrubada ?” - “Farei uma roda de carroça.” - “O quê?! Alguém te disse que esta árvore é boa para roda ?” “Sim, um Leão preto.” -”Muito bom, falou bem o Leão preto. Você pode fazer uma carroça boa com esta árvore disse ele. Mas te digo que se você esfolar a pele do pescoço de um leão preto e colocá-la ao redor da borda exterior da roda, como um revestimento de ferro, apenas uma tira de quatro dedos de largura, a roda ficará muito forte e você fará um grande negócio com isto.” -”Mas onde conseguirei uma pele de leão preto ?” -”Como és estúpido ! Àrvore permanecerá na floresta e não fugirá. Vá e encontre o leão que te falou sobre esta árvore e pergunte a ele em que parte da árvore deves cortar e traga-o aqui. Então enquanto ele não suspeita de nada e aponta um lugar ou outro, espere até ele esticar as mandíbulas e atinja-o enquanto ele fala com o machado mais afiado , mate-o, tire a pele, coma o melhor da carne e derrube a árvore quando oportuno.” Assim ele deu vazão à sua cólera.
____________________

Para explicar o assunto, o Mestre repetiu as seguintes estrofes :

Assim certa vez a espatódea tornou clara sua vontade e desejo :
Também tenho uma mensagem para falar : escute Ó Bharadvaja !

Do ombro do rei dos animais corte fora uma pele de quatro dedos de largura,
E coloque na borda da roda, para ela ficar mais forte.

Assim em um instante a espatódea, indulgindo em sua ira,
Trouxe destruição medonha para leões nascidos e não nascidos.

______________________

O artesão de carroças escutando as orientações da deidade d'árvore, gritou, “Ah, este é um dia de sorte para mim !” Ele matou o Leão, cortou àrvore e foi embora.

_______________________

O Mestre explicou a matéria recitando :

Então a espatódea brigou com a besta e a besta brigou com a espatódea,
E cada um em disputa mútua enviou o outro à morte.

Do mesmo modo entre as pessoas, onde quer que rixa ou querela surja,
Como a besta e àrvore fizeram agora, cortem a dança qual pavão inteligente.
[n. do tr.: alusão ao Jataka 32 ]

Digo isto a vocês : que sempre estão bem os que estão unidos :
Sejam concordes e não briguem, qual besta e árvore fizeram.

Aprendam a viver em paz com todas as pessoas ; todos os sábios louvam isto
E quem deseja paz e justiça, certamente atingirá a paz final.

Quando escutaram o discurso real do Buddha, se reconciliaram.

____________________

O Mestre, tendo terminado este discurso, identificou o Jataka : “Naquele tempo, eu era a deidade que vivia na floresta e viu todo o negócio.”

[ n. do tr.: procurando as fábulas de Esopo referentes a este Jataka encontramos as de números 85 e 86 :
85 O lavrador e a árvore
Nos campos de um lavrador, havia uma árvore que não tinha frutos mas servia apenas como refugiu de pardais e de cigarras barulhentas. O lavrador, como a árvore era estéril, resolveu cortá-la. E então, tendo pego o machado, deu o primeiro golpe. As cigarras e os pardais puseram-se a suplicar que não abatesse o seu abrigo mas que o deixasse para que pudesse nele cantar e distrair o lavrador. O lavrador, sem se preocupar com eles, aplicou o golpe uma segunda e uma terceira vez. Como fizessem um buraco n'árvore, encontrou um enxame de abelhas e mel. Experimentou-o, atirou o machado fora e passou a honrar àrvore, como se fosse sagrada, e a tomar conta dela.

86 Os filhos do lavrador desunidos
Os filhos de um lavrador viviam brigando. E ele, apesar de muito tentar, com suas palavras não conseguia persuadi-los a mudarem. Sentiu que era preciso fazer isto por meio de atitudes e pediu-lhes que trouxessem um feixe de varas. Então primeiro lhes deu as varas reunidas e ordenou que as quebrassem. Apesar de todo o esforço, eles não conseguiram. Em seguida, tendo desatado os feixes deu-lhes as varas uma a uma. Como ele as quebrassem facilmente, disse : 'Pois bem, vocês também, filhos, se ficarem unidos, serão invencíveis aos inimigos mas se se dividirem, serão facilmente vencidos'. ] 
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

474 Buddha e o milagre da mangueira




( “ na imagem em pedra de Sañchi vemos a representação do grande prodígio de Sravasti no sermão junto da mangueira carregada miraculosamente debaixo do parassol real e acima do trono do Buddha invisível. As quatro pessoas sentadas em almofadas na frente são sem dúvida o Rei Prasenajit no canto direito ( esquerda do trono ) seu vicerei no canto esquerdo e dois cortesãos no meio vistos de costas. As quatro personagens de pé acima deles cujos pés tocam o chão são os Quatro Reis Guardiães do Mundo ( Lokapalas ) sendo que acima estão os deuses em fileiras nos céus com Indra e seu vicerei à direita na primeira fila e Brahma acima na segunda com os deuses das puras moradas. Os dois tambores acima anunciam para todo o universo o milagre em que Buddha faz a mangueira crescer e dar mangas diante do rei e dos seis mestres heréticos “. sir John Marshall, The Monuments of Sañchi, Swati Publications, Delhi, 1983. )

474
Jovens estudantes quando...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre Devadatra. Devadatra repudiou seu professor, dizendo, “Serei o Buddha eu mesmo e Gautama o asceta não é meu professor nem monitor !” Então, levantando de sua meditação mística, causou uma brecha na Ordem. Depois passo ante passo dirigiu-se para Savatthi e do lado de fora de Jetavana a terra escancarou-se e ele desceu para o ínfero de Avici.
Então todos falavam sobre isto no Salão da Verdade : - “Irmão, Devadatra abandonou seu Professor e teve destruição medonha, nascendo na outra vida no profundo ínfero Avici !” O Mestre, entrando, perguntou o que eles falavam e eles disseram. Ele falou, - “Não apenas agora mas em dias anteriores também Devadatra abandonou seu professor e teve destruição medonha.” Assim falando ele contou uma história do passado.
_________________________

Certa vez, quando Brahmadatra era Rei de Benares, o capelão de sua família foi destruído pela malária. Um filho apenas arrebentou a parede e escapou ( ver jataka 178 ). Ele veio para Takkasila ( Taxila ) e sob um professor renomado mundialmente aprendeu todas as artes e realizações. Depois deu adeus a seu professor e partiu com a intenção de viajar para diferentes regiões ; e em sua viagens chegou a uma cidade da fronteira. Próxima dela havia um grande cidade de Candalas de casta baixa ( casta misturada como a pukkusa e portanto desprezada igual à sudra ) . Neste tempo o Bodhisatva morava nesta cidade, era um sábio letrado. Conhecia um encanto que podia fazer colher fruto fora da estação. Cedo de manhã ele pega sua vara de transporte e sai da cidade até alcançar uma mangueira que crescia na floresta ; e permanecendo sete pés de distância, ele recita o encanto e joga uma mão cheia de água que atinge àrvore. Em um instante cae a sequência de folhas, brota novas, as flores se abrem e as flores caem, as mangas crescem : e em um momento – estão maduras, são doces e suculentas, crescem qual frutos divinos e caem d'árvore ! O Grande Ser escolhe e come as que quer e depois enche as cestas que pendura na vara e vae para casa, vende a fruta e assim encontra meio de vida para a esposa e criança.
Bem, o jovem brahmin viu o Grande Ser oferecer mangas maduras para vender fora da estação. “Sem dúvida”, pensou ele, “deve ser em virtude de algum encanto que elas crescem. Este homem pode me ensinar o encanto que não tem preço.” Ele vigiou para saber o modo como o Grande Ser conseguia as frutas e descobriu exatamente. Então foi para a casa do Grande Ser no momento em que não havia retornado da floresta e fingindo que não sabia de nada, perguntou à esposa do sábio, “Onde está o Professor ?” Ela respondeu, “Foi para a floresta.” Ele permaneceu esperando até vê-lo vir e então foi até ele e pegando a vara e as cestas, carregou-as até a casa e lá as deixou. O Grande Ser olhou para ele e disse para sua esposa, “Senhora, este jovem veio para pegar o encanto ; mas nenhum encanto permanecerá com ele, pois não é pessoa boa.” Mas o jovem pensava, “Pegarei o encanto sendo empregado do meu professor “ ; e assim a partir daquele momento ele fez tudo que devia ser feito na casa : trouxe lenha, bateu o arroz, cozinhou, trouxe todo o necessário para lavar o rosto, lavar os pés.
Um dia quando o Grande Ser disse a ele, “Meu filho, traga-me um banquinho para colocar os pés” , o jovem, não vendo outro jeito, manteve os pés do Grande Ser em sua própria coxa por toda a noite. Quando em uma estação posterior a esposa do Grande Ser deu à luz um filho, ele fez todo o serviço necessário para o parto. A esposa disse um dia ao Grande Ser :- “Marido, este jovem, apesar de bem nascido, para ganhar o encanto realiza trabalhos servis para nós. Deixe-o ter o encanto, apesar de permanecer com ele ou não.” Ele concordou com isto. Ensinou o encanto e falou deste modo : “Meu filho, este é um encanto sem preço ; e você vae conseguir grande ganho e honra a partir daí. Mas quando o rei, ou seu grande ministro, perguntarem a você que foi seu professor, não esconda meu nome ; pois se você tiver vergonha que um casta baixa ensine a você um encanto e disser que seu professor era um grande magnata de brahmins, você não terá mais nenhum fruto do encanto.” “Por quê eu deveria esconder teu nome ?” respondeu o rapaz. “Sempre que perguntado direi que é você.” Ele saudou então o professor e partiu da cidade de castas baixas, ponderando sobre o encanto e no tempo devido chegou a Benares. Lá ele vendeu mangas e ganhou muita riqueza.
Bem, um dia o guardador do parque apresentou ao rei uma manga que tinha trazido dele. O rei, tendo comido ela, perguntou onde encontrara fruta tão boa. “Meu senhor,” foi a resposta, “há um jovem que traz mangas fora da estação e as vende : consegui com ele.” “Diga-lhe,” disse o rei, “para de agora em diante trazer mangas aqui para mim.” O homem fez isto ; e a partir daquele momento o jovem levou mangas para a residência do rei. O rei, convidando-o a entrar a seu serviço, tornou-se um empregado do rei ; e ganhando grande riqueza, gradualmente cresceu na confiança do rei.
Um dia o rei questionou-o e disse : - “Jovem, onde você consegue estas mangas fora da estação, tão doces, fragrantes e de belas cores ? Alguma serpente ou garula ( pássaro ) as dá para você ou um deus ou é poder mágico ?” “Ninguém as dá para mim, Ó poderoso rei !” respondeu o jovem, “mas tenho um encanto sem preço e isto é poder do encanto.” “Bem, o quê me diz de mostrar-me o poder do encanto um dia destes ?” “Sem dúvida, meu senhor, mostrarei,” respondeu ele. Dia seguinte o rei foi com ele para o parque e pediu para mostrar o encanto. O jovem estava disposto e aproximando-se da mangueira permaneceu a uma distância de sete passos dela e repetiu o encanto jogando água n'árvore. Em um instante a mangueira produziu frutos da maneira descrita acima : uma chuva de mangas caiu, uma verdadeira tempestade ; o séquito mostrou grande alegria balançando os lenços ; o rei comeu do fruto e deu a ele uma grande recompensa dizendo, “Jovem, quem te ensinou este encanto tão maravilhoso ?” Agora, pensou o jovem, se eu disser que um candala casta baixa me ensinou, serei envergonhado e zombarão de mim ; sei o encanto de cor(ação) e agora nunca poderei perdê-lo ; direi que foi um professor renomado. Então ele mentiu e disse, “Aprendi em Taxila de um professor renomado mundialmente.” Enquanto ele dizia estas palavras, negando seu professor, naquele mesmo instante o encanto foi embora. Mas o rei, grandemente agradecido, retornou com ele para a cidade.
Um outro dia o rei desejou comer mangas ; e indo até o parque sentando num banco de pedra, usado em ocasiões de estado, pediu ao jovem que pegasse mangas para ele. O jovem, propenso para tanto, foi até a mangueira e permanecendo a uma distância de sete pés d'árvore, ficou repetindo o encanto ; mas o encanto não se realizou . Então ele soube que o tinha perdido e ficou envergonhado. Mas o rei pensou, “Anteriormente este sujeito me deu mangas mesmo no meio de uma multidão e o fruto choveu qual tempestade pesada. Agora ele permanece lá igual a um poste : qual será a razão ?” O que ele inquiriu repetindo a primeira estrofe :

Jovem estudante, quanto te pedi antes
Me trouxeste manga grande e pequena :
Agora nenhum fruto, brahmin, aparece n'árvore,
Apesar do mesmo encanto reiterar !

Quando escutou isto, o jovem pensou consigo mesmo, s'eu disser que ho-je nenhum fruto haverá, o rei se encolerizará ; portanto pensou em enganá-lo com uma mentira e repetiu a segunda estrofe :

A hora e o momento não são adequados : portanto espere
A junção dos planetas no céu.
A devida conjugação e o momento se aproximam,
Então trarei mangas em abundância.

O que é isto ?” o rei cogitou. “O sujeito não disse nada de conjunção planetária antes !” Para resolver a questão, repetiu duas estrofes :

Você não disse nenhuma palavra de tempos e estações, nem
Conjunções planetárias antes disso :
Contudo mangas, fragrantes, delicadas em paladar,
De belas cores, me trouxeste em abundante estoque.

Anteriormente, brahmin, produziste tanta
Fruta n'árvore pronunciando teu encanto :
Ho-je não consegues, apesar de murmurares.
O quê significa esta conduta, vais me dizer ?

Escutando isto, o jovem pensou, “Não há como enganar o rei com mentiras. Se, quando a verdade for dita, ele me punir, que ele me puna : mas direi a verdade.” Então ele recitou duas estrofes :

Um homem de casta baixa foi meu professor, que me ensinou
Bem e devidamente o encanto e como funcionava :
Dizendo, 'Se te perguntarem meu nome e nascimento,
Nada esconda ou o encanto se desfará'.

Questionado pelo Senhor dos Homens, apesar de bem saber,
Em engano disse o quê não era verdade ;
'Encanto de um brahmin', disse mentindo ; e agora,
Encanto perdido, de minha loucura amargamente me arrependo.

Escutando isto, o rei pensou consigo mesmo, “O pecador não teve nenhum cuidado com o tal tesouro ! Quando se tem um tesouro tão precioso o que tem casta a ver com isto ?” E irado ele repetiu as seguintes estrofes :

Cânhamo, mamona ou espatódea, qualquer que seja a árvore
Onde o que procura colmeias encontra mel, é a melhor das árvores, pensa.

Seja Kshatria, Brahmin, Vaiça, aquele de quem se aprende o certo -
Sudra, Candala, Pukkusa – se mostra o principal a seus olhos.

Que se puna o mal educado sem valor, ou mesmo o mate,
Portanto arrastem-no pelo pescoço sem demora,
A quem tendo ganho um tesouro com grande esforço,
O joga fora com orgulho arrogante !

Os homens do rei fizeram isto, dizendo, “Volte a teu professor e ganho o perdão dele ; então, se conseguires ganhar o encanto outra vez podes voltar aqui de novo mas se não,
nunca mais coloque os olhos nesta terra.” Assim o baniram.
O homem era todo desespero. “Não há refúgio para mim,” ele pensou, “a não ser com meu professor. Irei até ele, ganharei seu perdão e aprenderei o encanto de novo.” Assim se lamentando seguiu seu caminho para a cidade. O Grande Ser percebendo sua chegada o apontou para a esposa dizendo, “Veja, senhora, lá vem aquele patife novamente com seu encanto perdido e saído !” O homem se aproximou do Grande Ser e o saudou sentando em um dos lados. “Por quê estais aqui ?” perguntou o outro. “Ó meu professor !” o sujeito disse, “pronunciei uma mentira e neguei meu mestre e estou completamente arruinado e defeito !” Então recitou sua transgressão em estrofe, pedindo novamente por encantos :

Frequentemente aquele que pensa em baixo nível pisa em falso,
Cae num poço, charco ou precipício, tropeça em raiz podre ;
Outro caminha no que parece corda e descobre ser serpente preta ;
Um terceiro anda no fogo porque seus olhos estão cegos :
Assim pequei e perdi meu encanto ; mas tu, mestre sábio,
Perdoe ! E deixe-me novamente encontrar favor a teus olhos !

Seu professor então respondeu, “O quê dizes, meu filho ? Dê apenas um sinal ao cego e ele se afasta de poços e semelhantes ; mas te disse uma vez e o quê queres aqui de novo ?” Então repetiu as seguintes estrofes :

A ti de modo devido contei,
A ti de modo devido ensinei, o encanto,
De boa vontade sua natureza expliquei :
Nunca teria te deixado, tivesses agido direito.

Quem com muito esforço, Ó tolo ! aprende um encanto
Difícil para aqueles que agora moram no mundo,
Então, tolo ! Ganhando por fim um meio de vida,
O joga fora porque fala mentiras,

A tal tolo, estúpido, ansioso em mentir,
Ingrato, que não consegue se conter,-
Encantos, realmente ! Encantos poderosos não se dá a este :
Saia daqui e não me peça novamente !

Assim enxotado pelo professor o sujeito pensou, “O quê é a vida para mim ?” e afundando na floresta, morreu sem esperança.
_____________________


O Mestre tendo terminado este discurso, disse, “Não apenas agora, Irmão, Devadatra negou seu professor e teve destruição medonha” ; e assim falando, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Devadatra era o homem ingrato, Ananda era o rei e eu mesmo o homem de casta baixa.”

  

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

473 Buddha conselheiro




473
Como pode o sábio...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um cortesão justo e íntegro do rei de Kosala.
Este homem, dizem, era muito útil ao rei e por isto o rei o concedeu grande honra. Os outros cortesãos sendo incapazes de engulí-lo, o acusaram diante do rei de ter feito coisas para ferí-lo. O rei o inquiriu e não descobrindo nele nenhuma falta, pensou, “Não vejo nenhuma falta neste homem ; como posso saber se ele é amigo ou inimigo ?” E pensou, “Ninguém a não ser o Tathagata será capaz de decidir esta questão ; irei a ele e perguntarei.” Então após o desjejum visitou o Mestre e disse, “Como pode alguém dizer, Senhor, se uma pessoa é amiga ou inimiga ?” O Mestre então respondeu, “Sábios antigos, Ó rei, ponderaram este problema e questionaram o sábio sobre isto e seguindo o conselho deles, descobriram a verdade e afastando-se dos inimigos prestaram atenção a seus amigos.” Isto dito, com o pedido do outro, contou uma história do passado.

_______________________

Certa vez, quando Brahmadatra era rei de Benares, o Bodhisatva era um cortesão que o aconselhava em coisas temporais e espirituais. Naquele tempo, o resto insultava um certo cortesão que era correto. O rei não vendo nenhuma falta nele, perguntou ao Grande Ser, “Em quê pode alguém chamar outro de amigo ou inimigo ?” repetindo a primeira estrofe :

Como deve o sábio e prudente se esforçar, como discernir,
Quais gestos declaram ao olho ou ao ouvido a pessoa que é inimiga ?

Então o Grande Ser repetiu estas cinco estrofes para explicar as marcas de um inimigo :

Ele não sorri quando te vê, não indicará boas vindas,
Nem olhará para tal caminho e te responde com Não.

Teus inimigos ele honrá, não cuida dos teus amigos,
Aqueles que louvam teu valor ele pára, recomenda a teus detratores.

Não te conta nenhum segredo e teu segredo ele trai,
Nunca fala bem do que você faz, não louvará tua sabedoria.

Não se alegra com teu bem estar mas celebra teu mal :
Se recebe alguma iguaria, não pensa no teu nome,
Não se compadece de ti, nem grita alto – Ó, tenha meu amigo o mesmo !

Estas são as dezesseis marcas pelas quais se vê um inimigo
Estas se um sábio vê ou escuta ele conhece seu inimigo.

Como deve o sábio e prudente se empenhar, o que proporcionará discernimento,
Que gestos declaram ao olho ou ao ouvido a pessoa que é amiga ?

O outro assim questionado com estas linhas recitou as estrofes restantes :

Ausente ele lembra ; retornando ele se alegra :
Então na altura de sua alegria ele te saúda com sua voz.

Nunca honra teus inimigos e ama servir teus amigos,
Aqueles que te caluniam, ele pára ; quem te louva, ele recomenda.

Ele conta seus segredos para você e teus segredos nunca trai,
Fala sempre bem de tudo que você faz, tua sabedoria ama louvar.

Alegra-se de escutar sobre teu bem estar, e não celebra teu mal :
Se recebe alguma iguaria, direto pensa no teu nome,
Se compadece de ti e grita alto – Ó tenha meu amigo o mesmo !

Esta são as dezesseis marcas entre amigos bem estabelecidas,
As quais se um sábio vê ou escuta pode chamar um amigo de verdadeiro.

O rei, deleitado com a fala do Grande Ser, deu a ele grande honra.

__________________


O Mestre, tendo terminado este discurso, disse, “ Assim, grande rei, esta questão surgiu em dias antigos, igual agora, e sábios falaram suas palavras ; por estes 32 sinais pode-se conhecer amigo ou inimigo.” Com estas palavras, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o rei e eu mesmo era o sábio cortesão.”