sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

457 Buddha Dharma



457
Faço o certo ...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre como Devadatra foi engulido pela terra. Eles se reuniram no Salão da Verdade para conversar : “Amigo, Devadatra tornou-se inimigo do Tathagata e foi engulido pela terra .” O Mestre entrando perguntou sobre o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. Ele respondeu, “Agora, Irmãos, ele foi engulido pela terra porque planejou um golpe em minha autoridade vitoriosa ; mas anteriormente ele planejou um golpe na autoridade do direito e foi engulido pela terra e seguiu seu caminho para o ínfero mais profundo.” Assim falando ele contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu no mundo dos sentidos como um dos deuses, e foi chamado Dharma, ou Direito ( Dever ), enquanto Devadatra foi chamado Adharma, ou Erro.

No jejum da lua cheia de tarde quando as refeições são oferecidas, os homens estavam sentados cada qual em sua porta no campo e na cidade e na capital real, quando Dharma apareceu diante deles, pousado nos ares em sua carruagem celestial, montado e adornado com arreios celestes no meio de uma multidão de ninfas e assim se dirigiu a eles :
Não tirem a vida das criaturas ( e os outros dez caminhos para evitar a conduta errada, cumprir o dever de serviço para com a mãe e o dever de serviço para com o pai e o triplo curso do direito ( obrar certo, falar certo e pensar certo ) ) ; assim sereis destinados ao céu e recebereis grande glória.” Deste jeito ele urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos retos e fez o circuito solene ao redor da Índia no sentido anti horário. Mas Adharma os ensinava, “Matem o quê vive,” e deste jeito urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos do erro e fez o circuito ao redor da Índia no sentido horário.

Bem, suas carruagens encontraram-se face a face no meio dos ares e suas multidões de ajudantes perguntaram uma à outra, “Vocês são de quem ? Vocês são de quem ? “ Elas responderam, “Nós somos de Dharma, nós somos de Adharma,” e pararam de modo que os caminhos estavam divididos. Mas Dharma disse a Adharma, “Bom senhor, tu és Adharma e eu sou Dharma ; tenho direito ao caminho ; coloque sua carruagem no acostamento e me dê passagem,” repetindo a primeira estrofe :

Faço o certo, a fama das pessoas é graça minha,
Sábios e brahmins a mim sempre exaltam,
Venerado pelas pessoas e deuses, o direito de passagem
É meu. Dharma sou : então, Ó Erro, saia do caminho !

Seguem seis estrofes, um respondendo ao outro.

No forte carro do Erro no alto entronizado
Sendo poderoso nada há que possa me aterrorizar :
Então por quê deveria, quem nunca ainda deu passagem,
Abrir caminho ho-je para Dharma me deixar para trás ?

O Dharma da verdade se manifestou primeiro,
Primordial ele, o mais velho, e o melhor ;
Erro era mais novo, nasceu depois de um tempo.
Abra o caminho, meu jovem, ao comando do mais velho.

Nem se você valesse isto, nem se pedisse,
Nem se fosse apenas justo, daria caminho :
Aqui vamos nós dois ho-je travar batalha ;
Terá o lugar, quem quer que vença a luta.

Saiba que estou em todas as regiões longe perto
Forte, de glória ilimitada, sem igual,
Todas as virtudes estão unidas na minha forma.
Dharma sou : Erro, como podes vencer aqui ?

Pelo ferro o ouro é batido, e nunca
Ouro para bater ferro jamais vimos :
Se Erro contra Dharma vencer a luta ho-je,
Ferro ficará tão belo quanto o ouro.

Se você realmente é forte na luta,
Apesar de nem bom nem sábio ser o quê dizes,
Engolirei todas as suas palavras ruins ;
E a contragosto te tiro do caminho.

Mas naquele momento mesmo em que o Bodhisatva repetiu esta estrofe, Adharma não podia mais ficar de pé no carro e mergulhou de cabeça na terra que abriu um fenda para recebê-lo e nasceu novamente no ínfero mais profundo.
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O Abençoado logo que percebeu o quê acontecera, recitou em sua Perfeita Sabedoria as estrofes restantes :

Logo as palavras escutadas, Erro das alturas
Mergulhou de cabeça para baixo para fora de vista :
Este foi o fim e o fado medonho de Erro.
Não tive batalha apesar de querer lutar.

Assim pelo Poder da Paciência jaz
Conquistado o Poder Guerreiro de Erro que morreu
Engulido pela terra : o outro, alegre, forte,
Armado com a Verdade, em seu carro apressou-se em partir.

Quem em sua casa não presta a devida observância
Aos pais, sábios, brahmins, quando cae
O corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Ele, deste mundo, vae direto para o ínfero,
Como Adharma caiu de cabeça para baixo.

Quem em sua casa presta toda a devida observância
Aos pais, sábios, brahmins, quando cae
O corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Apressa-se direto deste mundo para o celeste,
Qual Dharma em sua carruagem buscou os céus.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas em tempos antigos também, Devadatra me atacou e foi engulido pela terra “ : então ele identificou o Jataka - “Naquele tempo Devadatra era Adharma e seus ajudantes eram os ajudantes de Devadatra e eu mesmo era Dharma e os ajudantes do Buddha eram os ajudantes de Dharma.”

   

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

456 Buddha e Ananda


       
           ( Buddha e Ananda em pintura de Ajanta )

         456
Ó rei dos homens...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre os dons recebidos por Ancião Ānanda. Durante os primeiros vinte anos da sua vida qual Buddha, os ajudantes do Abençoado não foram sempre os mesmos : algumas vezes Ancião Nagasamala, algumas vezes Nagita, Upavana, Sunakkhatta, Cunda, Sagala, algumas vezes Meghiya ajudavam o Abençoado. Um dia o Abençoado disse aos Irmãos : “Agora estou velho, Irmãos : e quando digo, Vamos por este caminho, alguns da Irmandade vão por outro caminho, alguns largam minha tigela e hábito no chão. Escolham algum Irmão que possa me acompanhar .” Então todos se levantaram, começando pelo Ancião Sariputra juntaram as mãos nas cabeças e gritaram “ Te ajudarei Senhor, te ajudarei !” Mas ele os recusou, dizendo, “O pedido de vocês está impedido ! Basta !” Então os Irmãos disseram ao Ancião Ananda, “Você amigo peça o posto de ajudante.” O Ancião disse, “Se o Abençoado não me der a roupa que receber, se ele não me der o donativo de comida, se me não conceder habitar na mesma cela cheirosa, se ele não me tiver com ele quando e onde for convidado mas se o Abençoado for comigo onde eu for convidado, se me for concedido apresentar a companhia que no momento da chegada do estrangeiro de outros estados e países para ver o Abençoado, se me for concedido aproximar do Abençoado tão logo dúvida surja, se quando o Abençoado discursar em minha ausência ele repetir seu discurso para mim assim que eu retorne : então eu servirei e permanecerei do lado do Abençoado.” Estes oito pedidos, ele anelou, quatro negativos e quatro positivos. E o Abençoado os concedeu todos a ele.
Após isto ele permaneceu ao lado de seu Mestre continuamente por vinte e cinco anos. Assim tendo alcançado preeminência nos cinco pontos e tendo ganho as sete bençãos, benção da doutrina, benção da instrução, benção do conhecimento das causas, benção de inquirir sobre o bem de alguém, benção de residir em um lugar santo, benção da devoção iluminada, benção de ser Buddha em potencial, na presença do Buddha recebeu a herança de oito dons e tornou-se famoso na religião do Buddha e brilhou como a Lua nos céus.
Um dia falavam sobre isto no Salão da Verdade : “Amigo, o Tathagata satisfez Ancião Ananda cocedendo-lhe pedidos.” O Mestre entrou e perguntou, “Sobre o quê conversam, Irmãos, sentados aí ?” Eles disseram. Então ele falou, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, mas em dias idos como agora concedi a Ananda seu pedido ; em dias antigos, como agora, o quê quer que ele pedisse, eu lhe concedia.” E assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, um filho dele chamado Príncipe Junha, ou Príncipe Luz da Lua, estudava em Takkasila. Uma noite, após escutar cuidadosamente as instruções de seu professor, ele deixou a casa do professor no escuro e dirigiu-se para sua casa. Um certo brahmin que havia buscado ofertas, voltava para casa, e o príncipe não o percebendo atropelou o brahmin e quebrou a tigela dele com um golpe de seu braço. O brahmin caiu com um grito. Misericordioso o príncipe voltou e segurando as mãos do brahmin o levantou em seus pés. O brahmin disse, “Agora, meu filho, que você quebrou minha tigela me dê o preço de uma refeição.” Disse o Príncipe, “Não posso te dar agora o preço da refeição, brahmin ; mas sou Príncipe Junha, filho do rei de Kasi e quando voltar para meu reino, venha até mim e peça o dinheiro.”
Quando sua educação estava completa, ele pediu licença ao professor e retornando para Benares, mostrou a seu pai o quê havia aprendido.
Contemplei meu filho antes de morrer,” disse o rei “e o verei rei na realidade.” Então o aspergiu e o fez rei. Sob o nome de Rei Junha o príncipe legislou retamente. Quando o brahmin escutou sobre isto, ele pensou que agora iria recobrar o preço de uma refeição. Então para Benares ele foi e viu a cidade toda decorada e o rei passando em procissão solene no sentido horário ao redor dela. Tomando posição em um lugar alto, o brahmin esticou a mão e gritou, “Vitória ao rei !” O rei passou sem olhar para ele. Quando o brahmin percebeu que não estava sendo notado, pediu explicação repetindo a primeira estrofe :

Ó rei das pessoas, escute o que tenho para dizer !
Não sem razão venho aqui ho-je.
É dito, Ó melhor dos homens, não se deve atravessar
Um brahmin errante estando no caminho.

Escutando estas palavras o rei voltou o elefante com seu aguilhão em jóias e repetiu a segunda estrofe :

Escuto e paro : vamos brahmin, rapidamente diga,
Que razão te traz aqui ho-je ?
Que dádiva desejas de mim
Que tenhas vindo me ver ? Fale, peço !

O quê em seguida rei e brahmin disseram um ao outro a guisa de pergunta e resposta, e relato nas estrofes restantes :

Dê-me cinco cidades, todas belas e ricas
Cem mulheres empregadas e setecentas cabeças de gado,
Mais de mil ornamentos de ouro
E duas esposas, de mesmo nascimento que o meu.

Tens uma penitência, brahmin, terrível de dizer,
Ou tens muitos encantos e muitos feitiços
Ou demônios, prontos para fazer tua vontade,
Ou qualquer reclame por ter me servido bem ?

Nenhuma penitência tenho, nem encanto nem feitiço,
Nenhum demônio pronto a me obedecer
Nem qualquer recompensa por serviço posso clamar ;
Mas nos encontramos antes, verdade seja dita.

Não me lembro, no tempo já passado,
De ter já visto tua face antes.
Diga-me, te suplico, me diga isto,
Quando nos encontramos, ou onde, em dias idos ?

Na bela cidade do rei Gandhara,
Takkasila, meu senhor, era tua morada.
Lá no breu da escuridão da noite
Ombro contra ombro você e eu demos um encontrão.

E enquanto estávamos lá em pé, Ó príncipe,
Uma conversa amigável teve início entre nós.
Então nos encontramos, e lá apenas,
Nem uma vez antes e nenhuma depois.

Onde quer, brahmin, que um sábio encontre
Um homem bom no mundo, ele não deve deixar
Amizade antiga ou um velho conhecido ir
Sem nada, nem uma coisa feita antes ser esquecida.

Tolos negam a coisa feita e deixam
Velhas amizades faltarem àqueles que antes conheceram,
Muitos gestos dos tolos não levam a nada
São ingratos e podem esquecer.

Mas homens confiáveis não podem esquecer o passado,
Amizade e convivência com eles é sempre mais estreita.
Uma insignificância para este não é rejeitada :
Assim homens confiáveis são gratos até o fim.

Cinco cidades te dou, belas e ricas,
Cem mulheres empregadas e setecentas cabeças de gado,
Mais de mil ornamentos d'ouro,
E mais, duas esposas iguais a ti em nascimento.

Ó rei, assim é quando os bons concordam :
Como quando vemos a Lua cheia entre as estrelas
Do mesmo modo, Ó Senhor de Kasi, eu estou,
Agora que cumpriste a barganha feita comigo.

O Bodhisatva adicionou grande honra a ele.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que concedi dádivas a Ananda mas concedi-as antes.” Com estas palavras, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o brahmin e eu mesmo era o rei.”