segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

390 Buddha Mercador


390
“Alegramo-nos ...etc.” - O Mestre contou isto enquanto residia em Jetavana sobre um estranho mercador. Havia em Sāvatthi um estranho mercador, rico e de grandes posses: ele nem usava a riqueza nem a dava para outros: se comida fina fosse servida não comia, comendo só caldo de casca de arroz e mingau azedo; se roupas de seda perfumadas com incenso fossem trazidas ele mandava voltar e vestia roupas grossas de pelo de bicho por dinheiro; se uma charrete adornada com jóias e ouro e puxada por cavalos puro sangue fosse trazida, ele mandava voltar e vinha uma carroça velha meio quebrada com um parassol de folhas em cima. Toda sua vida não quis presentes ou outros méritos, e quando morreu renasceu no ínfero Roruva. Suas posses ficaram sem herdeiro: e os homens do rei ficaram carregando tudo para o palácio durante sete dias e sete noites. Quando já estava tudo no palácio real, o rei foi após o café da manhã à Jetavana, e saudou o Mestre. Quando perguntado por quê demorara para ver o Buddha, ele respondeu, “Senhor, um estranho mercador morreu em Sāvatthi : sete dias foram gastos transportando sua riqueza, à qual não deixou herdeiro, para meu palácio : e apesar de ter tanta riqueza ele nem usava nem dava para outros : sua riqueza era como um tanque de lótus guardado por demônios. Um dia ele caiu nas mandíbulas da morte depois de recusar saborear carne e semelhantes. Bem, por quê este homem egoísta e sem mérito ganhou tanta riqueza, e por quê razão não inclinava os pensamentos em usá-la?” Esta foi a questão que ele coloca para o Mestre. “Grande rei, a razão porque ele ganhou sua riqueza e ainda assim não usá-la, foi esta,” e com a pergunta o Mestre contou uma história de tempos antigos.

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, havia um mercador egoísta descrente em Benares : não dava nada pra ninguém, não ajudava ninguém. Um dia indo esperar junto ao rei ele viu um paccekabuddha, chamado Tagarasikhi, colhendo ofertas, e saudando ele perguntou, “Senhor, colheste oferta?” O paccekabuddha disse, “Não estou colhendo, mercador?” O mercador deu ordens a um empregado, “Vá, leve-o a minha casa, coloque-o na minha cadeira e encha a tigela dele com a comida preparada para mim.” O empregado levou-o à casa, sentou-o, e falou com a esposa do mercador: ela colocou na tigela comida de excelentes sabores. Ele comeu a comida e deixando a casa foi pela rua. O mercador, voltando da corte, o viu e saudando-o perguntou se comera a comida. “Comi, mercador.” O mercador, olhando a tigela, não conseguiu reconciliar sua vontade, mas pensando, “Se meus empregados comeram a comida, me prejudicariam: ai, é uma perda de tempo para mim!” e não conseguia controlar o pensamento. Bem, dar é rico em frutos só para quem pode aperfeiçoar os três pensamentos:-

Alegramo-nos em sentir o desejo de dar,
Dê o presente, e dê animadamente,
Nunca arrependa-se de dar enquanto vivermos,
Crianças nascidas de nós não morreriam.
Alegria diante do dom munificente, dê animadamente,
Prazer no pensar a partir daí, isto é caridade aperfeiçoada.

Assim o estranho mercador ganhou muita riqueza, por ter dado ofertas a Tagarasikhi, mas não pode usar sua riqueza porque não purificou posteriormente o pensamento. “Senhor, por quê ele não tinha filhos?” O Mestre disse, “Ó rei, esta é a causa dele não ter tido filho” : e assim com a pergunta contou uma velha história.
___________________

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu numa família de mercadores ricos de oitenta milhões. Quando ele cresceu, com a morte dos pais ajudava o irmão mais novo e cuidava da casa : fez um átrio de ofertas no portão da casa e vivia como chefe de casa fazendo ofertas. Nasceu um filho dele; e quando o filho já podia andar nos próprios pés, viu a miséria dos desejos e a benção da renúncia, e assim entregando todas suas posses e a esposa e o filho para o irmão mais jovem, exortou-o a contiuar a fazer ofertas com diligência; e então ele se torna asceta, e ganhando as Faculdades e as Consecuções habitava no Himālaia. O irmão mais jovem pegou o filho único : mas vendo que ele crescia pensou, “Se o filho de meu irmão vive, os haveres serão divididos em duas partes, matarei o filho de meu irmão.” Então um dia, afogando-o num rio, o matou. Depois que banhou-se e voltou para casa, a esposa de seu irmão perguntou-o, “Onde está meu filho?” “Ele estava brincando no rio : procurei-o mas não encontrei.” Ela chora e nada diz. O Bodhisatva, sabendo do problema, pensa, “Tornarei tudo isto público” ; e indo pelos ares e pousando em Benares com belas vestes, ficou na porta : não vendo o átrio de ofertas, ele pensou, “Aquele perverso destruiu o átrio.” O irmão mais jovem escutando que tinha chegado, veio e saudou o Bodhisatva e levando-o ao terraço, deu-lhe boa comida. E quando acabaram a refeição e sentados em conversa amigável ele disse, “Meu filho não aparece : onde ele está ?” “Morto, meu senhor.” “De que jeito?” “No rio : mas não sei de que jeito.” “Não sabe, seu cruel ! Seu ato foi conhecido por mim : não o mataste de tal modo? Serás capaz de manter as posses quando destruída por reis ou outros? Que diferença existe entre você e o pássaro Mayha?” Assim o Bodhisatva expondo a lei com a simplicidade de um Buddha falou estas estrofes:-

Há um pássaro chamado Mayhaka, vive nas grutas das montanhas:
Em árvores pipal [Ficus religiosa] com frutos maduros, ‘meu’, ‘meu’ ele grita.

Os outros pássaros, enquanto ele assim clama, em bandos ao redor voam:
Eles comem o fruto, mas o grito choroso do Mayha continua.

E do mesmo jeito uma única pessoa pode ganhar imensa riqueza,
E ainda assim não dividí-la com justiça entre ele e parentes.

Nenhum prazer ele colhe, de roupa ou comida,
De perfumes ou de guirlandas alegres; nem seu bom povo.

‘Meu, meu,’ ele lamuria enquanto guarda cobiçoso seu tesouro:
Mas reis, ou ladrões, ou seus herdeiros que desejam vê-lo morto
Pilham sua riqueza : ainda assim continua o choro lamúria do miserável.

Pessoa sábia, ganhando grandes riquezas, ajuda parentes :
Então ganhará reputação na terra e no céu depois.

Assim o Grande Ser expondo a ele a lei fê-lo reconstruir o átrio de ofertas, e indo para o Himālaia buscou meditação sem interrupção e depois foi para o céu Brahmaloka.

-------------------------

Após a lição, o Mestre disse, “Então, grande rei, o estranho mercador não teve nem filho nem filha todo este tempo porque ele matou o filho do irmão, o sobrinho,” e então identificou o Jātaka: “O irmão mais jovem era o estranho mercador, o mais velho era eu mesmo.”




quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

389 Ananda Caranguejo



389
“Criatura de garras douradas...etc.” - O Mestre contou esta história quando residia no Bosque de Bambu, sobre Ānanda morrer por ele [ele queria ficar na frente do elefante bêbado que Devadatra atirou contra Gautama]. A ocasião será apresentada no Jātaka 542, sobre a contratação de arqueiros [para matá-lo] e no Jātaka 533 sobre o atroar do elefante Dhanapāla [Gautama grita com ele, que pisaria numa criança no caminho, e o elefante converte-se deixando de chamar-se Nalāgiri]. Então começaram uma discussão no Salão da Verdade : “Senhores, o Ancião Ānanda, Tesoureiro da Lei, que atingiu toda sabedoria possível àlguém em disciplina, deu a vida pelo Buddha Perfeito quando Dhanapāla veio?” O Mestre chegando e sabendo do tema da discussão , disse, “Irmãos, em tempos anteriores também Ānanda deu sua vida por mim :” e contou um conto antigo.
_________________

Certa vez havia uma vila brahmin chamada Sālindiya no lado leste de Rājagaha. O Bodhisatva nasceu lá nesta vila numa família de fazendeiro brahmin. Quando cresceu ele estabeleceu-se e trabalhava numa fazenda de mil karisas [oito mil acres] em um distrito de Magadha à nordeste da vila. Um dia ele foi para o campo com seus empregados e dando ordens para arar, foi para um poço no fim do campo lavar o rosto. Neste poço vivia um caranguejo dourado, belo e encantado. O Bodhisatva com a escova de dentes na boca entrou no poço. Quando estava lavando a boca, o caranguejo aproximou-se. Então levantou o caranguejo e o colocou no seu casaco : e depois de fazer seu trabalho no campo colocou o caranguejo novamente no poço e foi para casa. A partir de então quando ia ao campo passou sempre primeiro naquele poço, colocando o caranguejo no casaco e então indo para o trabalho. Assim um forte sentimento de confiança nasceu entre eles. O Bodhisatva vinha ao campo constantemente. Em seus olhos eram vistas as cinco graças e os três círculos muito puros. Uma ‘corva’ (corvo fêmea) no ninho duma palmeira no canto daquele campo viu seus olhos e desejando comê-los disse para o corvo, “Marido, tenho um desejo.” “Desejo de que?” “Desejo comer os olhos de um certo brahmin.” “Seu desejo é ruim : quem será capaz de pegá-los para você?” “Sei que você não pode : mas no cupinzeiro perto da nossa árvore vive uma serpente preta : espere por ela : ela morderá o brahmin e o matará, então você arrancará os olhos e os trará para mim.” Ele concordou e depois foi esperar a serpente preta. O caranguejo tinha crescido e estava grande no tempo em que a semente semeada pelo Bodhisatva brotava. Um dia a serpente disse ao corvo, “Amigo, estais sempre me esperando : o que posso fazer por você?” “Senhor, sua escrava fêmea está com desejo dos olhos do dono deste campo : espero com a esperança de pegar os olhos com a sua ajuda.” A serpente disse, ”Bem, isto não é difícil, você os pegará,” e o encorajou. Dia seguinte a serpente esperou pelo brahmin chegar, escondida na grama, no limite do campo onde ele vinha. O Bodhisatva entrando no poço e lavando a boca sentiu um retorno de afeição pelo caranguejo, e abraçando-o colocava-o no casaco e ia para o campo. A serpente viu ele vir, e correndo rapidamente mordeu-o na panturrilha e fazendo-o cair no lugar fugiu para o cupinzeiro. A queda do Bodhisatva, o salto do caranguejo dourado do casaco, e o pousar do corvo no peito do Bodhisatva seguem junto um do outro. O corvo pendurado coloca o bico nos olhos do Bodhisatva. O caranguejo pensou, “Foi por causa deste corvo que veio perigo para meu amigo : s'eu segurá-lo a serpente virá,” e assim segurou o corvo pelo pescoço com sua garra firmemente como num torno, até cansar e soltar um pouquinho. O corvo chamou a serpente, “Amigo, por quê me abandonas e foges? Este caranguejo me aflige, venha antes qu’eu morra,” e falou a primeira estrofe:-

Criatura de garras douradas com olhos projetados,
Alimentada em mangues montanhosos, careca, encouraçada em concha óssea,
Ele me pegou : ouça meus gritos de dor !
Por quê deixas um companheiro que te quer bem?
A serpente escutando-o, alargou a crista e veio consolar o corvo.

---------------------------

O Mestre explicando o caso em sua Sabedoria Perfeita falou a segunda estrofe:-

A serpente caiu em poder do caranguejo, não abandonaria seu amigo:
Estufando sua crista poderosa veio : mas o caranguejo dominou a serpente.

--------------------------------

O caranguejo cansando soltou um pouquinho. A serpente pensando, “Caranguejos não comem carne de corvo nem de serpentes, então por quê razão este aí nos segura ?” e perguntando falou a terceira estrofe:-

Não é por causa de comida
Que caranguejo segura serpente e corvo:
Diga-me, tu com olhos para fora,
Por quê nos segura e aperta tanto?

Escutando-o, o caranguejo explicou a razão em duas estrofes:-

Este homem me tirou do poço,
Grande gentileza ele fez;
Se ele morrer, minha dor é toda:
Serpente, ele e eu somos um.

Vendo-me crescido e grande
Todos me quererão matar:
Gordo e doce e delicado,
Corvos me vendo atacariam!

Escutando-o, a serpente pensou: “De algum modo devo enganá-lo e libertar-me e ao corvo.” Então para enganá-lo falou a sexta estrofe:-

Se tu nos segura somente pelo bem dele,
Dele tirarei o veneno : que ele se levante:
Rápido! Tire as pinças de mim e do corvo;
Senão o veneno aprofunda e ele morre.

Escutando-o o caranguejo pensou, “Este aí quer que eu solte os dois e ambos fujam, não sabe minha habilidade em tramas; afroxarei a garra para que a serpente mova-se, mas não libertarei o corvo,” e falou a sétima estrofe:-

Libertarei a serpente mas não o corvo;
O corvo será refém amarrado:
Nunca o deixarei sair
Até meu amigo estar são e salvo.

Assim dizendo soltou a garra para a serpente sair. A serpente tirou o veneno e deixou o corpo do Bodhisatva livre dele. Ele levantou-se e ficou na sua cor natural. O caranguejo pensando, “Se estes dois ficarem bem não haverá prosperidade para meu amigo, matarei-os,” esmagando ambas as cabeças com suas garras como brotos de lótus e tirou a vida deles. A ‘corva’ fugiu do lugar. O Bodhisatva espetou o corpo da serpente com um pau e atirou em um arbusto, deixou o caranguejo dourado livre no poço, banhou-se e foi para Sālindiya. A partir daquele dia houve maior amizade ainda entre ele e o caranguejo.
--------------------------

A lição terminada, o Mestre declarou as Verdades, e identificando o Jātaka falou a última estrofe:-

Māra era a serpente escura, Devadatra era o corvo,
Bom Ānanda era o caranguejo, eu mesmo o brahmin tempos atrás.

Ao final das Verdades muitos alcançaram o Primeiro Caminho e outros Caminhos. A ‘corva’ era Ciñcamānavikā, apesar disto não estar dito na última estrofe.”




sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

388 Buddha Porco pregando alto











                 Imagem de Vishnu Vahara, Javali, em Khajuharo, Índia. O Javali então teria levantado os três vedas de enterrados que estavam, levantado com as presas os três vedas que afundavam. 

388
Algo estranho ho-je...etc.” - O Mestre contou esta história enquanto residia em Jetavana relativa a um Irmão que temia a morte. Ele nasceu em Sāvatthi em boa família e foi ordenado na Fé: mas temia a morte e quando escutava um mover de folha, ou um cair de galho ou um piar de pássaro ou de uma besta qualquer, aterrorizava-se com medo da morte, e fugia como uma lebre ferida na barriga. Os Irmãos no Salão da Verdade começaram a discutir o caso dizendo, “Senhores, dizem que um certo Irmão, temendo a morte, corre agitado quando escuta mesmo um pequeno som : bem , para seres neste mundo morte é certa, vida incerta, e deve isto ser sabiamente comportado na mente?” O Mestre os encontra neste tema e que o Irmão admitido temia a morte : então ele disse, “Irmãos, ele não está com medo da morte pela primeira vez,” e assim contou um conto antigo.
________________

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva foi concebido por uma porca selvagem : no tempo devido ela concebeu dois bacurinhos machos. Um dia ela os levou a um fosso e lá deitou. Uma velha da vila no portão de Benares estava voltando para casa com uma cesta cheia de algodão colhido no campo de algodão e batia o chão com sua bengala. A porca escutando o som com medo da morte deixou os bacurinhos e correu. A velha vendo-os, e gostando deles como filhos dela, colocou-os na cesta e levou-os para casa : então ela chamou o mais velho de Mahātundila ( grande focinho ) e o mais jovem Cullatundila ( pequeno focinho ) , e deles cuidou como filhos. Com o tempo cresceram e ficaram gordos. Quando à velha perguntada de vendê-los por dinheiro, respondeu, “Eles são meus filhos,” e não vendia-os. Em certa festa bêbados lúbricos quando ficaram sem carne congitavam onde conseguir carne : e descobrindo que haviam porcos na casa da velha, pegaram dinheiro e indo lá, disseram, “Mãe, pegue este dinheiro e dê-nos os porcos.” Ela disse, “Chega, jovens : há alguém que venda seus filhos para compradores comerem suas carnes ?” e assim recusava-os. Os bêbados disseram, “Mãe, porcos não podem ser filhos de gente, dê-nos” : mas não conseguiram por mais que pedissem de novo e de novo. Então eles fizeram a velha ficar bêbada e quando ela estava bêbada disseram, “Mãe, o que a senhora fará com os porcos ? pegue o dinheiro e gaste-o,” eles colocando moedas de dinheiro na mão dela. Ela pegou as moedas dizendo, “Não posso dar Mahātundila, leve Cullatundila.” “Onde ele está?” “Lá está ele, naquele arbusto.” “Chame-o.” “Não vejo comida para ele.” Os bêbados foram comprar arroz. A velha pegou-o e enchendo a manjedoura dos porcos que ficava à porta esperou por ele. Trinta bêbados estavam do lado com laços às mãos. A velha chamou-o, “Venha, pequeno Cullatundila, venha.” Mahātundila escutando pensou, “Todo este tempo a mãe nunca chamou Cullatundila primeiro, sempre me chama primeiro; certamente algum perigo nos surge ho-je.” Ele disse ao irmão mais novo, “Irmão, a mãe te chama, vá e veja.” Ele foi, e vendo-os parados junto à manjedoura pensou, “Morte chega sobre mim ho-je,” e então com medo da morte voltou tremendo para o irmão; e quando ele voltou ele não podia se conter e tremia de medo. Mahātundila vendo-o disse, “Irmão, estais tremendo ho-je e olhando a saída: o que houve ?” Ele explicando o quê tinha visto falou a primeira estrofe:-

Algo estranho ho-je temo:
A manjedoura está cheia e a patroa de lado;
Homens, laços às mãos, estão perto:
Comer parece um risco.

Então o Bodhisatva escutando disse, “Irmão Culatundila, o propósito pelo qual minha mãe alimentou porcos todo este tempo ho-je preencheu-se : não chore,” e então com voz doce e simples de um Buda expôs a lei e falou duas estrofes:-

Você teme, e busca ajuda, e treme,
Mas, desamparado, para onde fugirás?
Fomos engordados por causa de nossa carne :
Coma Tundila, e com alegria.

Mergulhe corajoso poço cristalino,
Tire toda sujeira suor:
Verás que nossa unção é maravilhosa,
Cuja fragrância nunca decai.

Enquanto ele dissertava sobre as Dez Perfeições, estabelecendo a Perfeição do Amor como seu guia, e falando a primeira linha, sua voz alcançou e extendeu-se até Benares por até vinte quilômetros. No instante em que a escutaram o povo de Benares de rei a vicerei pra baixo vieram, e aqueles que não vieram ficaram escutando em casa. Os homens do rei quebraram o arbusto e nivelaram o chão com areia. A bebedeira deixou os bêbados, e largando os laços ficaram escutando a lei : e a bebedeira deixou a velha também. O Bodhisatva começou a pregar a lei a Cullatundila diante da multidão.
Cullatundila escutando-o, pensou, “Meu irmão diz para mim: mas nunca foi nosso comportamento mergulhar no poço, e banhando tirar suor sujo e depois ungir-se : por quê meu irmão me diz isto?” E então falou a quarta estrofe:-

Mas que é este poço cristalino,
E que sujeira de suor, prego?
E que unção maravilhosa,
Cuja fragrância não decai?

O Bodhisatva escutando disse, “Então escute com ouvido atento,” e expondo a lei com a simplicidade de Buddha falou estas estrofes:-

A lei é o belo poço cristalino,
Pecado o suor sujo, dizem:
Virtude a unção maravilhosa,
Cuja fragrância não decai.

Pessoas que perdem a vida são felizes,
Pessoas que a mantém sentem-se incomodados:
Pessoas devem morrer e não entristecerem-se,
Como numa alegria de festa de meio de mês.

Assim o Grande Ser expôs a lei em voz doce com encanto de Buddha. A multidão de milhares estalava os dedos e balançava as roupas, e o ar estava cheio de gritos, “Bom, bom.” O rei de Benares honrou o Bodhisatva com lugar real, e glorificou a velha, fez os dois porcos serem banhados em água perfumada e vestidos de roupas, e ornados com jóias no pescoço, e os colocou na posição de filhos na cidade : e os guardou com um grande cortejo. O Bodhisatva deu os cinco preceitos ao rei, e todos os habitantes de Benares e Kāsi mantiveram os preceitos. O Bodhisatva pregou a lei a eles nos dias santos (luas cheia e nova), e sentado para julgar decidiu causas : enquanto viveu lá não houve queixas de decisões injustas. Depois o rei morreu. O Bodhisatva fez as últimas honras ao corpo : então fez um livro de julgamentos ser escrito e disse, “Observando este livro vocês estabelecerão processos” : então expondo a Lei às pessoas e pregando com zelo, foi para a floresta com Cullatundila enquanto todos choravam e se lamentavam. Assim a pregação do Bodhisatva durou por sessenta mil anos.
_____________

Após a lição, o Mestre declarou as Verdades e identificou o jātaka:- ao fim das Verdades o Irmão que temia a morte foi estabelecido na fruição do primeiro Caminho:- “Naqueles dias o rei era Ananda, Cullatundila era o Irmão que temia a morte, a multidão era a Congregação, Mahātundila eu mesmo.””

  As dez perfeições cf https://vidasdebuddha.blogspot.com.br/2017/12/buddha-sumedha-as-dez-perfeicoes.html







sábado, 12 de dezembro de 2009

387 Buddha Ferreiro jovem


                Mah'Osadha à direita em pintura de Ajanta, Índia


387
“Rápida de enfiar,”, etc. – O Mestre contou esta história enquanto em Jetavana, relativo à perfeição da sabedoria. A ocasião da história será dada no MahaUmmagga,
[ jātaka 546 história de Mahosadha e Amarā, sabedoria justamente deste casal, que já estamos contando aos poucos em várias contas]. O Mestre dirigiu-se aos Irmãos, “Esta não é a primeira vez que o Tathāgata é sábio e hábil em artifícios,” e então contou um conto(a) antigo.
_________________

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu no reino de Kāsi numa família de ferreiro, e quando cresceu tornou-se excelente em sua arte. Seus pais eram pobres. Havia outra vila de ferreiros com mil casas perto da deles. O ferreiro principal dos mil era favorito do rei, rico com grandes posses. Sua filha era extremamente bela, como uma ninfa celeste, com todas as marcas auspiciosas de uma mulher da terra. Pessoas vinham das cidades ao redor para comprar tesouras, machados, arados e aguilhões feitos, e geralmente viam esta moça. Quando voltavam para suas vilas, louvavam a beleza dela nos lugares em que os homens se juntavam ou em outro lugar qualquer. O Bodhisatva, sendo atraído só de escutar falar dela, pensou, “Farei dela minha esposa” : e então pegou ferro do melhor tipo e fez uma agulha forte delicada que atravessava tocos e boiava na água: então ele fez um revestimento para ela do mesmo jeito e atravessava madeira com ele : e do mesmo modo fez sete revestimentos : como foram feitos não deve ser dito pois tais trabalhos prosperam pela grandeza do conhecimento do Boddhisatva . Então ele colocou a agulha num tubo e o colocou numa caixa indo para aquela cidade e perguntando na rua onde era a casa do ferreiro-chefe : então parado na porta ele disse, “Quem comprará por dinheiro na minha mão uma agulha deste tipo?” descrevendo a agulha, e assim de pé na porta da casa do ferreiro-chefe falou a primeira estrofe:-

Rápida de enfiar, macia e lisa
Polida com esmeril,
Ponta afiada e delicada,
Agulhas! Quem quer comprar ?

Depois disto novamente louvou as agulhas falando a segunda estrofe:-

Rápida de enfiar, forte e lisa,
Arredondada propriamente,
No ferro penetrarão,
Agulhas ! Quem quer comprar ?

Naquele momento a moça abanava o pai com folha de palmeira ele deitado numa cama pequena para diminuir o desconforto depois do café da manhã , e escutando a doce voz do Bodhisatva, como se ela estivesse tivesse sido atiçada por um pedaço de carne assada, tivesse o desconforto extinto por mil potes de água, ela disse, “Quem está apregoando [to hawk] agulhas com voz doce em vila de ferreiros ? Veio com qual propósito ? Descobrirei” : então largando a folha de palmeira saiu e falou com o de fora, parada na varanda. O propósito do Bodhisatva prospera : foi por causa dela que veio à vila. Ela falando com ele disse, “Jovem senhor, moradores de todo o reino vêm a esta vila por agulhas e semelhantes : é tolice vender agulhas em vila de ferreiros; apesar de louvardes tua agulha todo o dia ninguém vai tirá-la de tua mão; se queres vender vá a outra vila” : assim falou duas estrofes:-

Nossos ganchos são vendidos, para baixo e para cima,
As pessoas conhecem bem nossas agulhas:
Somos todos ferreiros nesta boa cidade:
Agulhas! Quem poderá vender?

Em trabalho em ferro temos renome,
Em armas somos excelentes:
Somos todos ferreiros nesta boa cidade:
Agulhas! Quem poderá vender?

O Bodhisatva escutando as palavras dela disse, “Senhora, falas sem saber e ignorando” : e falou duas estrofes:-

Apesar de todos serem ferreiros nesta boa cidade,
Ainda assim habilidade pode vender agulhas;
Para mestres na arte obterem
Um artigo de primeira linha.

Senhora, se apenas teu pai soubesse
Desta agulha feita por mim ;
Tua mão à minha ele daria
E toda tua propriedade.

O ferreiro chefe escutando a conversa chamou a filha e perguntou, “Com quem estais falando?” “Pai, um homem vendendo agulhas.” “Chame-o aqui.” Ela foi e o chamou. O Bodhisatva saudou o ferreiro-chefe e ficou de pé. O ferreiro-chefe perguntou, “De que vila és?” “Sou de tal vila e filho de tal ferreiro.” “Por quê vieste aqui ?” “Para vender agulhas.” “Venha, vamos ver tua agulha.” O Bodhisatva, desejando mostrar suas qualidades para todos, disse, “Não é um coisa vista entre todos melhor que vista singularmente por cada um?” “Certo, amigo.” Então juntando todos os ferreiros no meio deles disse, “senhor, pegue a agulha.” “Mestre, traga uma bigorna e um prato de bronze cheio d’água.” Isto foi feito. O Bodhisatva pegou o tubo da agulha na caixa e deu a eles. O ferreiro pegando perguntou, “É esta a agulha?” “Não, esta não é a agulha, isto é o invólucro.” Ele examinando não viu nem cabeça nem rabo. O Bodhisatva, pegando dele, tirou o invólucro com a unha e mostrando para o povo com “Isto é a agulha, isto o invólucro,” ele colocou a agulha na mão do mestre e o invólucro nos seus pés. Novamente quando o mestre disse, “Isto é a agulha, suponho,” ele respondeu, “Isto também é um invólucro de agulha” : então ele abre com a unha, e assim deposita seis invólucros em sucessão aos pés do ferreiro-chefe, e dizendo “Aqui está a agulha,” deixou-a na mão dele. Os mil ferreiros estalaram os dedos deliciados, e começou o agitar das roupas; então o ferreiro-chefe perguntou, “Amigo, qual a força desta agulha ?” “Mestre, faça uma pessoa forte levantar esta bigorna e coloque o vaso de água debaixo da bigorna : depois bata a agulha direto na bigorna. A agulha [ o tr. alerta para a estranheza do nome da agulha: adhikaranim ] a agulha atravessando a bigorna descansou na superfície da água sem mexer-se uma espessura de cabelo para cima ou para baixo. Todos os ferreiros disseram, “Nunca escutamos nem por rumores que haviam ferreiros tais:” e estalaram os dedos e balançaram milhares de roupas. O ferreiro-chefe chamou sua filha e no meio da assembléia disse, “Esta moça é um par ideal para você,” derramou água neles e ela foi concedida. E depois quando o ferreiro-chefe morreu o Bodhisatva tornou-se o ferreiro-chefe da vila.
_______________

Depois da lição, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jātaka: “A filha do ferreiro era a mãe de Rāhula, o jovem inteligente ferreiro era eu mesmo.”

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

386 Buddha Sakra


386
“Bodes são estúpidos...etc.” - O Mestre contou esta história em Jetavana, relativa à tentação de um Irmão pela antiga esposa. Quando o Irmão confessou que anelava ao mundo, o Mestre disse, “Irmão, esta mulher te faz mal : antes também entraste no fogo por causa dela e foste salvo da morte por sábios,” e assim ele contou um conto antigo.
_______________

Certa vez quando um rei chamado Senaka reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era Sakra. O rei Senaka estava amigo de um certo rei-nāga. Este rei-nāga, dizem, deixou o mundo-nāga e vagava pela terra buscando comida. Os meninos da vila vendo disseram, “Isto é uma cobra,” e nele bateram com paus e outras coisas. O rei, indo passear no parque, os viu, e sendo informado que batiam numa cobra, disse, “Não deixem que batam, afastem-nos” ; e isto foi feito. Então o rei-nāga ficou com sua vida e quando voltou ao mundo-nāga, tomou muitas jóias, e vindo à meia-noite à câmara real deu-lhas ao rei dizendo, “Tenho minha vida por sua causa” : e fez amizade com o rei e vinha sempre visitá-lo. Indicou uma de suas garotas nāga, insaciável de prazeres, para ficar perto do rei e protegê-lo : e deu ao rei um encanto dizendo, “Se em algum momento não a ver, repita este encanto.” Um dia o rei foi ao jardim com a garota nāga e divertia-se no tanque de lótus. A garota nāga vendo um cobra-d’água, larga sua forma humana e faz amor com ele. O rei não vendo a garota diz, “Onde ela foi?” e repetiu o encantamento : então a viu prevaricando e nela bateu com um bambu. Ela foi irada para o mundo-nāga, e quando questionada, “Por quê veio ?” ela disse, “Seu amigo me bateu nas costas porque não fiz o que ele ordenou,” mostrando a marca do golpe. O rei-nāga, sem saber a verdade, chamou quatro jovens nāgas e os enviou com ordens de entrar na câmara do rei e destruí-lo como palha com o sopro das narinas. Eles entraram na câmara na hora do sono real. Quando entravam o rei dizia à rainha: “Senhora, sabes para onde foi a garota-nāga?” “Rei, não sei.” “Ho-je quando nos banhávamos no tanque, ela largou a forma humana e transava com um cobra-d’água : eu disse, ‘não faça isto,’ e bati nela com um bambu como lição : e agora temo que tenha ido ao mundo-nāga e contado alguma mentira ao meu amigo, destruindo a boa-vontade dele para comigo.” Os jovens nāgas escutando isto voltaram para o mundo-nāga e contaram ao rei. Ele, mexido, foi instantaneamente ao quarto do rei, e contou-lhe tudo e foi perdoado : “Deste modo me corregirei,” e deu ao rei um encanto que fazia conhecer todos os sons : “Isto, Ó rei, é um encanto sem preço : se der para alguém este encanto entrarás imediatamente no fogo e morrerás.” O rei disse, “’Tá bem,” e aceitou. A partir daquele momento entendia a voz mesmo das formigas. Um dia sentado no tablado comendo comida sólida com mel e melado deixou cair uma gota de cada, e um pedaço de bolo, no chão. Uma formiga vendo veio gritando, “O pote de mel do rei quebrou no tablado, e o de melado e o de bolo ; venham e comam mel melado e bolo.” O rei escutando o grito riu. A rainha estando perto dele pensou, “O quê o rei viu que faz rir?” Quando o rei já tinha comido sua comida sólida e banhado-se e sentava de perna cruzada, um ‘mosco’ disse para sua esposa mosca, “Venha, senhora, vamos gozar o amor.” Ela disse, “Desculpe por um instante, marido : logo trarão perfumes para o rei; enquanto ele se perfuma algum pó cai a seus pés : estarei lá e me tornarei fragrante, então gozaremos um ao outro deitados nas costas do rei.” O rei escutando a voz riu novamente. A rainha pensou novamente, “O quê ele viu que o faz rir?” Novamente quando o rei estava tomando sopa, um pouco de arroz caiu no chão. As formigas gritaram, “Um ‘caminhão’ de arroz quebrou no palácio do rei, e não há ninguém para comê-lo.” O rei escutando isto riu novamente. A rainha então pegou uma colher dourada e refletindo-se nela, “É me olhando que o rei ri ?” E foram para o quarto de dormir e na cama ela perguntou, “Por quê você ri, Ó rei?” Ele disse, “O quê você tem a ver com o meu riso ?” mas sendo questionado mais e mais contou a ela. Então ela disse, “Dê-me seu encanto de saber.” Ele disse, “Não posso te dar” : mas apesar de repelida ela ainda o pressionava.

O rei disse, “Se eu te der este encanto, eu morro.” “Mesmo que você morra, me dê.” O rei, estando em poder das mulheres, disse, “’Tá bem,” consentiu e foi para o parque numa carruagem, dizendo, “Devo entrar no fogo depois de passar este encanto.” Naquele momento, Sakra, rei dos deuses, olhando a terra em baixo, e vendo este caso disse, “Este rei tolo, sabendo que entrará no fogo por causa das mulheres, segue seu caminho ; lhe darei a vida” : então chamou Sujā, filha dos Asuras, e foi para Benares. Ele se tornou um bode e fez ela cabra, e decidindo que as pessoas não deveriam vê-los, permaneceram diante da carruagem do rei. O rei e os asnos Sindh que puxaram o carro os viram, mas ninguém mais os viram. Para começar conversa ele ficou como que fazendo amor com a cabra. Um dos asnos Sindh amarrado a carruagem vendo disse, “Amigo bode, já escutamos antes mas não tínhamos visto, que bodes eram estúpidos e sem vergonhas : mas estão fazendo, com todos nós olhando, isto que deve ser feito em segredo e em lugar privado, e não está envergonhado : o quê escutamos antes concorda com o quê vemos:” e falou a primeira estrofe:

‘Bodes são estúpidos’, diz o sábio, e verdadeiras certamente são as palavras:
Este aí não sabe que está badalando o quê devia ser um segredo.

O bode escutando-o falou duas estrofes:

Ó, senhor burro, pense e perceba sua própria estupidez,
Estais amarrado com cordas, sua mandíbula freada, e seu olhar bem direcionado.

Quando estais solto, não escapas, Senhor, este é um hábito estúpido também:
E aquele Senaka que carregas, é ainda mais estúpido que você.

O rei entendendo a fala de ambos os animais, e escutando-a rapidamente aproximou a carruagem. O asno escutando a fala do bode falou a quarta estrofe:

Bem, Senhor rei das cabras, sabes inteiramente da minha grande estupidez:
Mas por quê Senaka é estúpido, por favor explique.

O bode explicando falou a quinta estrofe:

Aquele que seu próprio tesouro especial sobre a esposa jogará fora,
Não pode mantê-la fiel e à sua vida deve trair.

O rei escutando estas palavras disse, “Rei das cabras, tu certamente agirás em meu benefício : diga-me o que é certo fazer.” Então o bode disse, “Rei, para todos os animais nada é mais querido que si mesmo : não é bom destruir-se e abandonar toda a honra ganha em troca de qualquer outra coisa querida” : e falou a sexta estrofe:-

Um rei, como tu, concebeu desejo
E ainda assim renuncia a ele ao custo da vida:
Vida é a coisa primeira : o quê as pessoas podem buscar de mais alto?
Se a vida está assegurada, desejos não necessitam travessia.

Assim o Bodhisatva exortou o rei. O rei, deliciado, perguntou, “Rei dos bodes, de onde vens?” “Sou Sakra, Ó rei, vim para salvá-lo da morte com dó de ti.” “Rei dos deuses, prometi dar a ela o encanto : que faço agora ?” “Não há razão para a ruína de
vocês dois : você diz, ‘É o caminho do ofício,’ e dê uns tapas nela : deste jeito ela não terá.” O rei disse, “’Tá bem,” e concordou. O Bodhisatva depois de exortar o rei foi para o céu de Sakra. O rei foi para o jardim chamou a rainha e disse, “Senhora, terás o encanto ?” “Sim, senhor.” “Então vamos pelo costume usual.” “Que costume?” “Cem chicotadas nas costas mas não podes emitir um som.” Ela consentiu pela cobiça do encantamento. O rei mandou escravos baterem nela dos dois lados. Ela agüentou duas ou três chibatadas e gritou, “Não quero o encanto.” O rei disse, “Você me teria matado para ter o encanto,” e tendo açoitado a pele das costas dela a mandou embora. Depois disto ela nem conseguiu mais falar do assunto de novo.
___________________

Ao final da lição o Mestre declarou as Verdades, e identificou o Jātaka:- ao final das Verdades, o Irmão foi estabelecido no Primeiro Caminho :- “Naquele tempo o rei era o irmão descontente, a rainha sua antiga esposa, o asno Sāriputra, e Sakra era eu mesmo.”




sábado, 5 de dezembro de 2009

385 Buddha Cervo


385
“Irás ao Parque do Rei...etc.” - O Mestre contou esta história em Jetavana sobre um Irmão que amparava pai e mãe. Ele perguntou o Irmão, “É verdade que amparas leigos?” “Sim, senhor.” “Quem são eles?” “Meu pai e minha mãe, senhor.” “Muito bem, muito bem, Irmão : guardas a regra de sábios antigos pois eles também quando natos bestas, deram a vida pelos pais,” e contou um conto antigo.
_______________

Certa vez quando o rei Kosala reinava entre os Kosalas em Sāketa (Oudh), o Bodhisatva nasceu como cervo; quando cresceu foi chamado Nandiyamiga e sendo excelente em caráter e conduta amparava pai e mãe. O rei de Kosala gostava de caçar e saía todo dia para caçar com uma grande escolta, de modo que o povo não conseguia continuar a plantar e comerciar. O povo se uniu e em consulta disse, “Senhores, este rei nosso está destruindo o comércio e nosso modo de viver ; e se cercássemos o parque Añjanavana, colocássemos um portão, cavássemos um poço e gramasse e então indo até a floresta com paus e bastões nas mãos, batéssemos nas árvores e enxotássemos os cervos e os dirigíssemos à força para o parque como gado numa fazenda ? Então poderíamos fechar os portões, avisar o rei e retornar ao comércio e plantações.” “Este é o jeito,” eles disseram e assim com vontade unívoca prepararam o parque e entrando na floresta cercaram um espaço de dois quilômetros. Naquele momento Nandiya tinha levado seus pais para um bosque e descansavam no chão. O povo com muitos escudos e armas nas mãos cercou o bosque; e algum entrava procurando cervos. Nandiya os viu e pensou, “É bom que ho-je eu abandone a vida e a dê para meus pais,” e assim levantando e falando a seus pais disse, “Pai e mãe, estas pessoas verão nós três se entrarem neste bosque; só há um jeito de vocês sobreviverem, e é melhor a vida de vocês: darei a vocês suas vidas, ficando na margem do bosque e saindo logo que eles batam: eles pensarão que só tem um cervo e não entrarão: estejam prontos” : e assim com a permissão deles ficou pronto para correr. Logo que o bosque foi batido nas margens pelas pessoas que gritavam ele saiu, e pensando que só tinha um cervo lá, não entraram. Nandiya foi com os outros cervos, e o povo os dirigiram para dentro do parque; e então fechando os portões comunicaram ao rei e foram para suas próprias casas. A partir daí o rei passou a sempre ir e matar um cervo; então ele mesmo ia ou mandava alguém pegar o cervo. Os cervos fizeram turnos, e aquele que chegava a vez ficava de lado : e o pegavam depois de acertar, abater. Nandiya bebeu água do poço e comeu grama mas ainda não era sua vez. Então depois de muitos dias seus pais ansiando em vê-lo pensaram, “Nosso filho Nandiya, rei dos cervos, era forte como um elefante e de saúde perfeita : se ele está vivo certamente pulará a cerca e virá nos ver; enviemos uma mensagem” : então eles permaneceram próximos à estrada e vendo um brahmin perguntaram com voz humana, “Senhor, onde vais?” “Para Sāketa,” ele disse; e assim enviando uma mensagem para o filho eles falaram a primeira estrofe:

Irás ao Parque do Rei, brahmin, quando por Oudh estiveres atravessando ?
Encontre nosso querido filho Nandiya, e fale nossa mensagem verdadeira,
“Seu pai e sua mãe estão acometidos de anos e os corações deles anseiam por ti.”

O brahmin, dizendo, “’Tá bem,” aceitou, e indo para Sāketa no dia seguinte entrou no parque e perguntou “Quem é Nandiya ?” O cervo veio e aproximou-se e disse, “Eu.” O brahmin deu a mensagem. Nandiya, escutando disse, “Devo ir, brahmin; certamente devo pular a cerca e ir : mas gozei de comida e bebida do rei e isto fica para mim como um débito : além do que vivi bem entre estes cervos e seria impróprio sair sem fazer algum bem a este rei e a eles, ou sem mostrar minha força: quando chegar minha vez farei bem a eles e irei feliz” : e assim explicando, falou duas estrofes:

Devo ao Rei, a comida e a bebida diária:
Não posso ir até ter-lhes feito bem.

Mostrarei meu lado às flechas do Rei:
Depois ver minha mãe e me justificar.

O brahmin escutando isto foi embora. Depois no dia que chegou a vez dele, o rei com um grande séquito chegou ao parque. O Bodhisatva ficou de lado: e o rei dizendo, “Acertarei o cervo,” ajustou um flecha afiada na corda. O Bodhisatva não correu como os outros animais fazem quando aterrorizados com o medo da morte mas destemido e fazendo da caridade a guia permaneceu firme, expondo seu lado de poderosas estruturas. O rei devido a eficácia do amor não pode disparar a flecha. O Bodhisatva disse, “Grande rei, por que não disparas a flecha? Atire ! “ “Rei dos cervos, não posso.” “Veja o mérito [n. do tr. : há um trocadilho com guna que significa mérito e corda] do virtuoso, ó grande Rei.” Então o rei, feliz com o Bodhisatva, largou o arco e disse, “Este pedaço de madeira insensível sabe seu mérito : deveria eu sensível que sou sendo gente não saber ? Perdoe-me ; dou-lhe proteção.” “Grande rei, dá-me proteção mas o que será desta horda de cervos?” “Dou proteção a todos também.” Assim o Bodhisatva tendo ganho proteção para todos os cervos no parque para os pássaros nos ares e os peixes na água, da maneira descrita no Jātaka 12 e 445, estabeleceu o rei nos cinco preceitos e disse, “Grande rei, é bom para um rei reinar o reino evitando os caminhos errados, não ofendendo nenhuma das virtudes reais e agindo com retidão justa.

Ofertas, princípios, caridade, justiça e penitência,
Paz, mansidão, misericórdia, doçura, paciência:

Estas virtudes plantadas na alma sinto,
Delas brota o Amor e o perfeito bem interior.

Com estas palavras ele mostrou as virtudes reais na forma de estrofes, e depois de ficar uns dias com o rei este envia um tambor dourado ao redor da cidade proclamando o dom da proteção a todos os seres : e dizendo então, “Ó rei, vigie,” foi para seus pais.

Antigamente em Oudh um rei dos cervos chamei-me
De nome e natureza, Nandiya, Delícia [Prazer, Deleite].

Para matar-me no parque dos cervos veio o Rei,
Seu arco estava curvado e a flecha na corda.

À flecha do Rei expus o lado ;
E então fui ver mamãe para me justificar.

Estas foram estrofes inspiradas pela Perfeita Sabedoria.
_________________

No fim, o Mestre declarou as Verdades, e identificou o Jātaka: - Ao final das Verdades, o Irmão que amparava sua mãe foi estabelecido no Primeiro Caminho: - “Naquele tempo o pai e a mãe eram membros da família real, o brahmin Sāriputra, o rei Ananda, o cervo eu mesmo.”